quinta-feira, novembro 21, 2013

A ver se me aquieto

Estou inquieto. Neste Retiro, em que me encontro neste momento, estou inquieto. Dentro de mim está a parábola da ovelha perdida, que me obriga a ir em busca dela. Mas também está a do Filho Pródigo, ou do Pai misericordioso que está à espera para se lançar aos ombros do filho, mas que não vai em busca dele pelos caminhos afastados que ele escolheu. Esta ali no meio dos seus. E se na primeira parábola quero querer ir em busca daqueles que se afastaram da Igreja ou de Deus, ou que nunca os conheceram, na segunda quero querer estar ali à espera que aqueles que se afastaram da Igreja ou de Deus, ou que nunca os conheceram, apareçam, nem que seja ao fundo do caminho, para os acolher com o abraço misericordioso de Deus. Ficar ali com os meus, à espera. Estão estas duas parábolas dentro de mim e depois estou eu. Inquieto. Sinto que tenho de Ir, ou de Estar ali. E depois. E depois descubro que caiu no esquecimento o Ser. Devo ir ou devo estar, mas quero Ser. Inquieto, pergunto-me se às vezes não andarei demasiado ocupado a pensar que tenho de ir ou tenho de estar, quando o mais importante era ser padre, ser pastor, ser discípulo, e deixar que fora de mim, e naturalmente, eu fosse em busca ou estivesse à espera. Neste retiro, onde me encontro, encontrei-me como aquele que, mais do que se preocupar com o que tem de fazer e o modo de fazer, se deve preocupar com o que deve ser. O resto virá por acréscimo. Vou dizer estas coisas ao Senhor que está no Sacrário. A ver se Ele me entende. A ver se me aquieto.

8 comentários:

Anónimo disse...

Finalmente Sr Padre. Não diga ao Senhor, Ele é que Lhe disse a si. Entendeu por fim.

Anónimo disse...

Quantos "Inquietos" não há por aí. Sr Padre, já que vai até ao ter com o Senhor, peça-Lhe por todos os "Inquietos". Por mim que também assim me sinto. Obrigada e que Deus lhe dê a tranquilidade necessária, para poder transmitir o amor de Senhor. Como o tem feito também por este meio, o blog. Obrigada

Anónimo disse...

Vou ter de repetir! Finalmente Sr Padre. Não diga ao Senhor, Ele é que lhe disse a si!

Anónimo disse...

Boa tarde,
essa inquietude de que fala, parece-me muito natural Sr. Padre, pois para quem já está habituado a este blog, da para perceber que não é pessoa de se "aquietar", mas sim de querer estar presente.
Pela maneira como o Sr. Padre fala, também me parece que Deus gosta de si assim, "INQUIETO".
Continue assim ...
Obrigada, mais uma vez, por este belo testemunho.
MM

j disse...

Gostei muito da reflexão! Tenho estado envolvida em desinquietações dessas...
E achei interessante que logo hoje tenha dado com os olhos neste texto: "...própria alegria tomar-se o que ela é: júbilo, canto, riso, estremecimento feliz que se expande. “AIegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha perdida" (Lc. 15.6); “Alegrai-vos comigo, porque encontrei a moeda perdida" (Lc. 15.9). E, na mesma linha o pai do filho pródigo explicando ao filho mais velho, perplexo com o perdão concedido àquele seu irmão desencaminhado: "Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e encontrou-se" (Lc 15,32)(in http://www.imissio.net/inoticias/item/1360-a-alegria-dos-outros#.Uoy3iy_bivE.facebook.
Pareceu-me que esta referência à Alegria podia ajudar a entender o ir e o acolher... Isto é, que na Vida não haja um ir ou um acolher, mas antes um ir ao encontro e um acolher.

Confessionário disse...

Anónimo que teve de repetir,
Agradeço as palavras e o incentivo... Esta descoberta é sempre um descoberta nova, por mais vezes que a descubramos. É lógico que o mais importante é Sermos, mas no meu caminho sacerdotal, andarei sempre em busca. Não propriamente a busca de certezas, mas de caminhos ou formas de fazer o Caminho.
Neste contexto, fez-se luz maior sobre esta verdade... Mas há ainda muito a caminhar.
Conhecendo-me como conheço (e parece que a/o MM também), andarei sempre inquieto! E voltarei de certeza, muitas a vezes, a ter que descobrir que o mais importante é Ser esse sacerdote pastor discípulo.

Anónimo disse...

Possuir uma “alma inquieta” é uma virtude, continue, desde que isso não o afaste do sentido principal, de Deus e de tudo onde Ele está. A busca de formas de fazer o Caminho é inerente a quem sabe para onde deseja caminhar. Frequentemente a demasiada racionalização implica por vezes mais perdas do que proveitos. Deixar de tender tanto à racionalização, até mesmo das emoções e Ser parece aproximar-nos de um ajuste maior a Deus, e isso vejo-o como uma esperança (para si)!. Uma esperança de ser mais humano. Volte muitas vezes a descobrir a cada momento que o mais importante é Ser, sendo-o; pois que essa verdade se fez luz (maior). Sendo esse sacerdote pastor discípulo à semelhança de Cristo, precisará de pesquisar menos porque realmente tem razão quando diz que o resto virá por acréscimo, tudo deve ser bem mais natural. ..

Anónimo disse...

Continue com essa inquietação, pois é da inquietação que surge o caminho. Quem se aquieta, pode deixar-se acomodar, e precisamos de padres que não se acomodem.