quarta-feira, janeiro 25, 2006

A pensar em si

Tal como na eucaristia, aqui, ao meu encontro, muito discreta. Precisava confessar-me. O normal. O comum. Óculos pretos. Mas bonita. Assim uma beleza normal. Daquelas que não chama a atenção, mas que depois de olhar, concentra a atenção. Rosto bem torneado. Formas na média, que nem costumo olhar! Imagino que sejam. Reparo agora que sim. Mas aquilo que podia concentrar a minha atenção eram, de facto, os olhos verdes. Porque sim. Porque são cor da esperança. Porque gosto.
Recolhemo-nos para um canto, o canto do Confessionário. Havia algum ruído na sacristia. Abstraímo-nos. Diga. Não sei por onde começar. Não tenho certeza de querer confessar. Receio o que possa significar o que quero confessar. Como sempre, deixo que o diálogo flua. Olho nos olhos porque é hábito. Não porque sejam verdes. Ela desvia. Fico desconfiado. Mas não desisto porque estou certo de que o perdão nos aproxima de Deus e nos traz a paz que precisamos interiormente. Está à vontade, minha senhora. Tem poucos mais anos que eu, mas é uma senhora. Masturbei-me. A palavra surgiu seca. Eu não me assustei. Não é palavra que me assuste. Ia falar-lhe do egoísmo desta forma de usar a sexualidade. Do prazer que pode ofuscar coisas mais belas, como o amor. Mas que não fizesse um campo de batalha. Que não se mutilasse por isso. Nem física nem espiritualmente. Que tentasse ser fiel ao primeiro princípio do acto sexual, qualquer que fosse o acto: o Amor… quando fui interrompido por ela. A pensar no senhor. Masturbei-me a pensar em si. Olhou-me nos olhos. Eu desviei-os. Olhei na direcção do chão. Ela levou os olhos dela na mesma direcção, como que a procurar o que eu procurava. No chão. Fiquei no chão, com os olhos e com tudo. Não sabia o que acrescentar à minha conversa. Nem o padre nem o homem sabia o que acrescentar.
Engoli em seco as palavras seguintes. Ela também engoliu. Deus tudo perdoa. Agora diga o Acto de Contrição. Vá em paz e que o Senhor a acompanhe. Havia algum ruído na sacristia...

103 comentários:

Anónimo disse...

estes (como outros) são os nossos campos de batalha!

Unknown disse...

para aliviar o constrangimento... só digo:


isso é que é fazer sucesso!

maria disse...

Ai, ai, ai, ai. Os padres, os padres...de onde é que vem o fascínio?

Mas deixaste a senhora assim, a seco? Foi só: vá em paz?

Confessionário disse...

Não é por nada. Se calhar não fiquei só por ali e achei que devia ficar agora só por aqui. Mas que dirias ou farias tu, MC?

Anónimo disse...

Padre, ontem perdi uma pessoa chegada, da família, uma tia, cuja morte, apesar de doente, não deixou de nos surpreender e magoar. Hoje vi-a ser enterrada e olhei para ela uma última vez, enquanto ouvia as bonitas palavras proferidas por um seu colega. Como vê, o meu estado de espírito não é o melhor, mas esta confissão não deixou de me provocar um sorriso. Tal como já desconfiava, o padre é um homem como todos os outros e como tal também pode despertar sentimentos. Além de tudo o mais, as mulheres gostam de homens que as saibam ouvir. E isso, o padre parece saber fazer na perfeição.

Luz Dourada disse...

Uma confissão deve ir até esse extremo?
Seria busca de perdão ou enfrentar o alvo dos seus pensamentos???
Um padre não é, antes de ser padre, um homem também? É suposto falar-se dessas coisas numa confissão?
Eu só acho que ela não deveria ter falado no assunto... ainda por cima dirigindo-se ao seu alvo. Isso cheira-me a desafio. As mulheres, ás vezes, são terríveis...
A MC tem razão: o fruto proibido é muito desafiador...
E o alvo, às vezes, muito frágil...

Luz Dourada disse...

Depois de ter publicado ainda fiquei a pensar nisto! Não deveria haver alguma pedagogia sobre estas atitudes, ou por outra, não há???

CA disse...

"Ia falar-lhe do egoísmo desta forma de usar a sexualidade. Do prazer que pode ofuscar coisas mais belas, como o amor."

Esta parece uma resposta padrão, mas neste assunto a resposta padrão talvez não seja adequada. Se calhar a senhora podia estar a começar a amar. A masturbação até tinha servido para comunicar o seu amor a quem amava. E não percebo bem como haveria aqui egoísmo. E sexualidade é mais do que a genitalidade. O problema nesta resposta padrão é que parte do acto e vai procurando razões para o condenar.

Contudo, se não ficarmos centrados no acto, colocam-se várias questões: Como é que esta senhora tem a sua vida organizada? É casada, solteira, para que vive a sua vida? Qual o seu projecto de felicidade? Como procura organizar o seu amor, para se dar no sentido cristão?

Em cada estado de vida há uma vocação para o nosso corpo e aí podemos procurar segui-la, eventualmente com quedas.

Neste relato o que me preocuparia seria a vida afectiva da senhora e não tanto a sua genitalidade.

Confessionário disse...

CA, "Em cada estado de vida há uma vocação para o nosso corpo e aí podemos procurar segui-la, eventualmente com quedas.", dizias... e gostei da expressão e da sua força. Muito.

E tb me preocupa mais a vida afectiva da senhora. O que quererá significar uma coisa assim? O que devemos pensar numa ocasião destas?

Confessionário disse...

Ahhh, CA, e aquela do padrão!!! Repara na diferença entre um acto sexual que se partilha e outro que é concretizado sozinho. Não te parece que o segundo é egoista em comparação com o primeiro?

Confessionário disse...

Luz, há???

Luz Dourada disse...

Confessionário, não sei se há...não sei o que a Igreja ensina sobre sentimentos e actos como este...
é perturbador...
como é que se pode falar sobre isto de uma forma espiritual, como é que se pode resolver casos assim, encaminhar pessoas com problemas como este, que eu acho não será pequeno...ainda por cima indo-se confessar ao homem/padre a quem eram dirigidas???
Para mim isto é uma situação surrealista...
Claro que o é surrealista é o acto de confessar ao próprio alvo...
A mente humana é mesmo muito estranha...
Mulher desvairada ou simplesmente muito honesta e corajosa?
Cuidado que não estou a fazer julgamentos morais mas sim uma análise "tout court" dos circuitos mentais envolvidos.

CA disse...

"Não te parece que o segundo é egoista em comparação com o primeiro?"

Confessionário

Se trocares "acto sexual" por "comer um gelado" verificas que não é óbvio que resulte deste argumento que a masturbação seja egoísta. Afinal se eu me deliciar com um gelado sozinho isso não quer dizer que sou egoísta. Pode apenas querer dizer que não tinha com quem partilhar o gelado naquele momento. Ou até que precisava de estar sozinho.

A masturbação pode mesmo ser importante para o conhecimento do próprio corpo, para permitir que o corpo possa dar e receber prazer numa relação a dois.

O que me parece problemático é quando a masturbação se torna o fim em si própria: aí pode-se estar a abdicar de um amor que se dá aos outros. Ou quando se torna uma adicção.

No caso desta senhora não me parece que o objectivo da vida dela seja viver a vida só consigo própria.

Perguntas o que pensar. Bem, para estas situações os padres deveriam talvez saber um pouco de psicologia. Ou ter à mão algum(a) psicólogo(a) (com mais bom senso do que sentido das regras dos pecados) a quem recorrer.

Como diz a Cláudia, parece que a senhora não se estava a confessar de um pecado mas a dizer-te algo mais. O delicado é avaliar até que ponto a senhora está bem de saúde e o que a levou a dizer-te o que disse. Ocorrem-me muitas explicações diferentes, cada uma a pedir uma resposta diferente.

Confessionário disse...

Ca, essa comparação do gelado!!! ai ai.
Hoje vou ser mais arrojado! De facto a masturbação dentro do amor não me parece nada repugnante. Mas, mesmo assim, sempre me pareceu um acto para dentro, para o próprio. Para uma ocasião de prazer e não de partilha, de amor. Isso é egoísmo. Não vou entrar na questão do conhecimento do corpo. Não vou entrar no que se chama desiquilibrios. A masturbação é tida pela Igreja como um pecado. Não me interessa avaliar os motivos das pessoas que a praticam, nem julgar. Para mim a consciência do próprio salvaguarda-se sempre. E tb penso que Deus tem mais coisas com que se preocupar. Mas, mesmo assim, não me parece a forma mais adequada sexualmente de transmitir amor. E é para isso que serve o sexo, não!?

E, CA, fico por aqui que já é tarde. Vou descansar. Mas estou ansioso por esas explicações e perguntas... Gostava mesmo de perceber aquela senhora!!!

CA disse...

"Mas, mesmo assim, não me parece a forma mais adequada sexualmente de transmitir amor. E é para isso que serve o sexo, não!?"

Primeiro seria preciso esclarecer o que significa aqui o "sexo". Se falarmos em sexualidade teremos que incluir mais do que as relações genitais.

Quanto à sexualidade ela não serve apenas para transmitir amor. Serve também para a procriação, para o prazer, é um jogo, exprime ternura, ajuda a unir, reforça a comunicação.

" Ca, essa comparação do gelado!!! ai ai."

Podes esclarecer, por favor, o teu "ai ai"?

"A masturbação é tida pela Igreja como um pecado. (...) E tb penso que Deus tem mais coisas com que se preocupar."

Estou de acordo: a Igreja preocupa-se com coisas para as quais Deus não tem tempo.

Quanto à senhora, poderias fazer um concurso literário aqui: cada concorrente escreveria um pequeno conto que incluiria a cena que descreves. Cada um poderia atribuir à senhora (e à personagem padre, se não te importas) as intenções, motivações e acções que entendesse.

Aqui vão algumas hipóteses que permitem ainda múltiplas recombinações:

1. A senhora quer ter com o padre uma aventura sobretudo física e achou que esta seria uma boa maneira de dizer ao padre que sente por ele um desejo físico. Na melhor das hipóteses (para as intenções da senhora) o padre corresponde e na pior das hipóteses ainda a ouve e guarda segredo.

2. A senhora sente-se completamente apaixonada. Tem receio dos seus próprios sentimentos mas não resiste a masturbar-se pensando no padre. Está confusa, quer ajuda, mas a atracção pelo padre não a deixa ver que não é nele que se deve apoiar. A sua piedade diz-lhe que a confissão é o lugar onde pode dizer tudo o que lhe vai na alma.

3. A senhora tem um problema psiquiátrico e desenvolve uma obsessão pelo padre, que mistura com um sentimento de culpa. Pensa permanentemente nele e procura-o para se sentir melhor, para se sentir mais perto dele. Ao confessar-se sente que se aproxima dele.

José Avlis disse...

Caros Irmãos e Amigos

Raramente leio os insolentes postes do insólito "Confessionário", que geralmente acho muito imprórios dum bom sacerdote, dum Ministro de Cristo, que na Santa Missa tem o poder da Consagração e da Transubstanciação, para além de administrar os Sacramentos, em especial o da Penitência/Reconciliação, cujos pecados, se devidamente confessados - com sinceridade e contrição -, serão perdoados, através do poder do confessor, em nome da Santíssima Trindade...

Todavia, o poste actual (das 10:24) chocou-me e indignou-me sobremaneira, dado que:

a) Nunca um sacerdote pode revelar os pecados ouvidos em Confissão, ainda que se trate de penitentes desconhecidos e o faça de modo parcial, indirecto ou simulado.

b) Nunca um padre deve satirizar ou brincar com os pecados ou sentimentos de ninguém, muito menos ainda em público e sendo provenientes do sacramento da Confissão;

c) Nunca um padre pode divulgar ou discutir vícios, tentações ou pecados próprios e alheios com outras pessoas, sobretudo em público, e muito menos ainda se constituem sigilo de Confissão;

d) Nunca um confessor pode abusar ou explorar fraquezas, sentimentos ou provocações maldosas, de um/uma penitente em plena confissão, porque se trata de um Sacramento sagrado, e jamais de uma farsa ou simulacro pagão.

e) Finalmente, nunca será permitido moralmente, muito menos canonicamente, que um sacerdote católico abra e explore um blogue para criticar e ridicularizar sitematicamente o Sacramento da Penitência/Confissão em particular, ou cometer aí outras graves infidelidades ao seu ministério em geral, assim como para contestar ou criticar a doutrina oficial da Igreja, como infelizmente acontece frequentemente neste iníquo blogue.

* Rezo e penitencio-me para que o padre em causa reconsidere o mal que está a fazer a muitas almas, para além das ofensas directas a Deus, o que por sua vez compromete muito seriamente a salvação da sua própria alma.
E peço a todos os bons Cristãos e Católicos que façam o mesmo.

+ Que Deus e a Rainha do Clero abençõem este e todos os demais sacerdotes rebeldes e infiéis, a fim de se converterem antes que seja tarde demais.

Respeitosa e solicitamente, em Jesus e Maria.

José Mariano

maria disse...

Confessionário

não sei bem qual o teu objectivo com este post.

Se é falar da masturbação, o CA já te deu as pistas que eu diria.
Masturbação/pecado-depende. Até o CATIC afirma que nem todas as situações o são.

Se é falar dos "envolvimentos" padres/mulheres, teremos muito que falar. Dos dois lados. Aqui só aparece a mulher. E o teu?

Se é um caso concreto, valem também as questões que o CA, já disse.

maria disse...

Mariano

Não te escandalizes, vives onde? Achas que isto são problemas do outro mundo? Não, são deste.

Isto não é caso para rasgar vestes.

É um tema importante e acho bem que o padre aqui o trouxesse. Não fiquemos só, é a falar da senhora...

Carla Santos Alves disse...

olá amigo!

Foi com alguma surpresa que li este post!
Nunca me passaria pela cabeça falar de tal assunto numa confissão..mas tb já não me confesso desde os 15 anos...conversei algumas vezes com um padre e transmitia-lhe os meis medos e anseios apenas isso!
Acho que a masturbação é demasiado pessoal para ser um pecado confessável...pk não o entendo assim!
Acho que essa srª se apixonou por si...apenas isso!E deve senti-lo inalcansável...algo que ela não pode ter!
Acho tb que foi uma mulher de coragem!
E tu meu amigo ...um homem de coragem!
Já agora ...o comentário do "nova evangelização" deixou-me a pensar que é uma pena estes falso moralismos ...acredita que dececrto este homem gostaria de ter a tua coragem!

Bjs
CArla

Anónimo disse...

Bom dia
Embora leitora assidua, é o meu primeiro comentário.

Em relação ao post da nova evangelização, pergunto-me: onde está a "nova"... será que reparou que estamos no sec. xxi?

Em relação ao assunto aqui levantado fiquei realmente surpresa. Surpresa porque, por um lado, jamais levaria a confissão tal assunto (não o considero pecado...) e, por outro, porque me levou a pensar nessa mulher e em ti. Na mulher porque fiquei na dúvida se foi coragem ou se foi um momento de loucura - afinal se está apaixonada há tantas formas de o dizer...e não é necessário que seja em confissão. Em ti porque me levou a pensar na relação padre/mulher (que dá muito que falar) e no celibato (com o qual eu não concordo).

Bjs e parabéns pela tua coragem em nos contar a tua perspectiva

Anónimo disse...

Se eu fosse o Diácono Remédios, agora diria ao Sr. Mariano: Oh balha-me Deuszzzz, não habia nexexidade de tanta pobrezzzza zzzzpiritual, meu amigo. Acho que o comentário do senhor da Nova (???) Evangelização (????) não merece grandes comentários e serve apenas para explicar o motivo pelo qual tantos fogem talvez não da fé, mas daquelas que a professam como este senhor, que se julgam superiores a tudo e todos, incluindo Deus e por isso julgam e condenam sumariamente quem nem conhecem. A si, Mariano, peço que Deus o perdoe e tenha piedade de si e que as pessoas que consigo convivem tenham pachorro para aturar criatura tão chatinha.
Quanto ao nosso Padre, devo dizer que há muito leio, com muito agrado, o que escreve, apesar de ter comentado ontem pela primeira vez. Sou católica de formação, mas não sou praticante, ou seja, não vou à missa todos os domingos e há muito que não me confesso. No entanto, tenho fé. Acredito em Deus e falo com ele muitas vezes. Muitas vezes lhe peço coisas, raramente para mim à excepção de saúde, mas mais para os outros. Acredito que se todos os católicos tivessem à sua disposição um padre como este que nos escreve, a Igreja Católica estaria mais saudável, unida e coesa e seria, também mais tolerante. Mas também acredito que a tendência é que cada vez mais surjam padres com essas características.
Quanto à confissão da senhora, sinceramente acredito que esteja apaixonada por si, Padre. Deve encará-lo como uma pessoa inatingível e a confissão foi a forma que encontrou para lhe transmitir o que de outra forma não conseguiria, poderia ou teria coragem. Compreendo que esta confissão lhe tenha causado constrangimento a si, Padre, mas a mim não me suscita estranheza. Porque considero que o celibato a que os padres são obrigados, é pouco ou nada natural. Acredito que a médio prazo essa imposição deixe mesmo de existir. Por isso, acho que um padre pode suscitar numa mulher os mesmos sentimentos que qualquer outro homem. Se virmos bem, um padre, em teoria, estará bem mais perto do esteriotipo de homem perfeito, que qualquer outro homem: é um homem que sabe ouvir, que sabe compreender os outros, com grande disponibilidade para os outros e muito mais liberto do egoísmo que impera nos nossos dias. Por isso, como diz o outro, what's not to love?

Vítor Mácula disse...

Caro confessionário.

Mágnifico post!
Menos pelas conversas de terceiros que suscita, discutindo doutrina ou antropologia, cristianismo e sexualidade, etc... mas mais pela apresentação duma situação viva e talvez problemática entre leiga e ordenado.

Desculpe lá, mas porque não conversar com a senhora "pessoa a pessoa"?...

Penso também (desculpe 2?)... gostaria que respondesse ao José Mariano relativamente ao segredo da confissão, para aqui ou para o mail dele, tanto faz (mentirinha... preferia que fosse para aqui ;) Tem a sua pertinência.

Um grande abraço.

Manuel disse...

Caro colega,
Surpreendeu-me este teu post.É um pouco mais "atrevido" que o normal aqui nesta tua "casa". Mas ainda bem, porque o assunto que aborda é normal e faz parte da vida como todos os outros.
Apesar dessa normalidade, basta ver os comentários que já há por aqui, para ver que tocaste num "tema tabu". Näo há nada como falar de sexo num contexto religioso para abrir uma "caixa de pandora...". E isso prova que ainda näo se olha para a sexualidade com a normalidade desejável.
Estranho esse conceito da masturbaçäo como um pecado de egoísmo escabroso. Essa ideia é consequência de uma concepçäo redutora e moralista da sexualidade. O CA já colocou algumas questöes pertinentes sobre o assunto, de forma que näo me alongarei.
O que mais me chamou a atençäo foi a forma como a senhora é "despachada": 'Deus tudo perdoa. Agora reze o acto de contriçäo'. E quanto a tudo o que se supöe estar por trás desta confissäo? E a necessária conversa pessoal necessária para resolver, de facto o tema? É que parece evidente que o "acto" confessado é o menos importante ali: o que importa é a pessoa com todos os seus sentimentos, a sua eventual confusäo afectiva e a sua urgência de ajuda esclarecedora. E isso näo vai lá com um acto de contriçäo...
Desculpa se estou a ser inconveniente.

Anónimo disse...

Espero que esta historia seja mesmo uma historia. Alem de pecado grave, quebrar o sigilo de confissao abre na net um poderoso precedente. Peço que me tranquilize caro padre. Tenho agora medo de um dia chegar a net e ler as minhas confissões mais pessoais num qualquer blog.
Peço que me tranquilize, a mim e a quem lê o blog.

Confessionário disse...

Manuel, não, não estás a ser inconveniente. è verdade que a pessoa é o mais importante. A conversa, o diálogo esclarecedor e e amigo devia ser o principal. E têm todos razão quando dizem que a história está contada numa perspectiva apenas ligada à mulher. No entanto, fica entre-linhas a parte do homem, a parte do padre (pelo menos penso eu). Não interessa aqui propriamente os contornos do que aconteceu a seguir, mas sim o que está na cabeça da mulher e o que está na cabeça do padre. Se o referido pecado fosse uma simples confissão de algo que em consciência afecta a senhora é uma coisa. outra será o que leva a senhora a fazer esse acto a pensar no padre. Torna tudo mais difícil: para o sacramento em si e para o padre que a atende! Ou acham que não?
E se fossem o padre em causa, que atitude tomavam? Faziam de conta que não era a ele que se referia? Não ficavam sem palavras? Não ficavam incomodados? Sobretudo se a questão afectiva do padre, embora consistente, seja humana?!
Reconheço que é de facto um assunto tabu. Vamos falar então da afectividade das pessoas sem falar de sexo. Aliás, os padres não têm sexo, pois não?! Seria mais fácil. Assim como seria mais fácil se os padres fossem apenas seres divinos... Mas isso não é verdade. Eu sei que não é. Não nego a minha condição, a minha fé, a minha força (mesmo em situações idênticas). Mas quem sabe lidar com estas situções? Quem?

... a seguir vem a resposta tão desejada ao Nova Evangelização...

Carla Santos Alves disse...

Olá ...outra vez...
Isto hoje tá a dar pano para mangas!

Olha acho que como homem te deves sentir bem...qual é o homem que não gosta de ser "apreciado"..."amado"?

E como não concordo com o celibato dos padres...

Mas esta foi seguramente uma situação muito complicada de lidar...

Será que secretamente ela pensou que deixarias tudo por ela????
Que outro motivo a levaria a tal coonfissão?

Bjs

Carla

Vítor Mácula disse...

Claro que os padres "têm" sexualidade.
E ainda bem que disso se fala!

maria disse...

Confessionário

para bem de todos nós, acho que fizeste bem trazer este assunto.
Estas coisas são o pão-nosso-de-cada-dia, na vida das comunidades. Geralmente, falam-se em "privado", e não onde devem ser tratadas.
Depois, são sempre as mulheres é que "provocaram", é que "desencaminharam". Os padres são sempre apresentados como estando acima dessas coisas. Sexo, afectivdade? Não. Não faz parte das suas vidas.
Tu próprio, neste caso, apenas falavas da parte da mulher. Aliás, achava-la atraente, chamou-te a atenção...
Se o caso se passou contigo, tens de achar a melhor forma de o resolver, com a pessoa em questão. Se precisares, pedes ajuda.

Anónimo disse...

Caro MC
Geralmente falam-se nas comunidades e nao onde devem ser tratados.... mas será que é aqui - uma comunidade virtual - que uma situaçao embaraçante para a senhora deve ser tratada?
O que está em causa nao é a sexualidade do padre, mas a forma como abusa da privacidade de uma penitente e trazer para a blogosfera algo que a pessoa interessada nao autorizou.
Muito menos uma confissão.

Vítor Mácula disse...

Curioso... tudo o que "meta" sexualidade têm uma dinâmica pessoal, social e ideológica... fracturante.

maria disse...

Luís

Não sou um, sou uma! Não se nota? (pela reguilisse, claro!)

Sei que o padre do confessionário não trazia para aqui esta questão, se não a achasse importante para falar.
Se é um caso pessoal ou não, isso não nos interessa. Interessa-nos sim, é o que o tema nos provoca e convoca.

Estamos a levar isto muito para o lado "pessoal", devemos vê-lo com o olho clínico que o Zé sugere.

Anónimo disse...

Caro Colega:
Para ajudar á reflexão deixo aqui um pensamento da nova Encíclica de Bento XVI: "Não há nada de errado no amor erótico entre homem e mulher".
Como é possível que um papa fale de amor erótico e diga que é uma coisa boa e desejável (ainda que seja dentro dentro do casamento).
O José Mariano ainda não deve ter assimilado que a verdadeira "nova evangelização" já não é a "nova evangelização" que ele defende...
Leia porque é surpreendente...

Anónimo disse...

Ha aqui varias coisas a ter em conta. Em primeiro lugar, este blog é lido por muita gente. Que o aprecia como eu. Muita gente que passa por aqui de vez em quando, outros assiduos. Uma das coisas mais sagradas e importantes no sacramento da reconciliação é a certeza de que aquilo que digo ao sacerdote não será revelado.
Mesmo que seja em figura de estilo, acho de muito mau gosto, revelar coisas que devem ficar em silencio.
Não deixa de ser curioso o numero de pessoas que aqui disse que nunca confessaria tal coisa... é sintomático. É a minha intimidade, que por ser intimo o padre nao tem nada com isso.
Ainda por cima coloca na net para toda a gente ler.
Certamente que de hoje em diante tenho de perguntar a quem me confessa se tem blogs na net e se tem por habito la escrever as confissoes.

Confessionário disse...

Luís, pões o acento na revelação de uma situação. Até aqui estás certo. Mas como poderías sentir-te mal se um pecado ou uma situação idêntica à que tu revelaste numa confissão te ajudasse a reflectir sobre o teu próprio pecado ou situação?
E quem iria saber que eras tu? Só tu, não? Já estou como o Zé. Nunca se vai poder falar em homilias ou afins acerca de situações reais que devem ser mudadas, porque podemos estar a revelar algo que se refere a alguém em concreto. Achas? Ainda no Domingo passado, por coincidência, 4 pessoas em momentos e paróquias diferentes me vieram dizer que aquilo que falei era mesmo para elas... e eu longe de pensar que assim fosse!

Confessionário disse...

Ahh, e podes descansar, Luís, que nenhum padre vai revelar o teu pecado. Eu tb não gostaria que o fizessem. eu não faço. Mas a seguir explico-me melhor...

maria disse...

Luís

não desprezando o argumento de que o que falamos na confissão será para ficar lá...volto a dizer que o caso em debate envolve mais do que uma pessoa. Supostamente envolve uma mulher que é penitente, mas aborda o padre que é alvo das suas "fantasias".

Confessionário disse...

Claro que é pertinente o comentário do amigo Nova evangelização e o que o anónimo e o luís contestam. Muito mesmo. E são livres de pensar o que quer que seja, como qualquer um, e como eu!
Mas contém alguma contradição e inconsistência, sobretudo a do amigo Nova evangelização. Explico melhor. Num comentário anterior, a um outro post, o mesmo dizia ( e passo a transcrever):

“Caro Amigo Confessionário
Embora me pareça, infelizmente, nada poder fazer para ajudá-lo de modo mais objectivo e adequado, e sobretudo a esses seus 'paroquianos inquietos e rebeldes' (que tragicamente proliferam cada vez mais em quase todas as comunidades cristãs) - para além do contributo da minha humilde oração, ou indirectamente através desta minha tentativa de 'nova evangelização' (embora seja o primeiro a reconheçer que lamentavelmente deixo muito a desejar) -, ofereço-lhe mesmo assim os meus modestos préstimos de boa vontade, ou eventualmente algo mais que no seu entender possa estar ao meu alcance, assim como me ofereço para ajudar os demais sacerdotes e religiosos a quem possa realmente servir em conformidade com a vontade de Deus (nomeadamente através dos respectivos blogues).
Entretanto, queira aceitar um abraço de muito respeito, apreço e dedicação.
J. Mariano”


Agora diz que raramente lê os posts do confessionário, e que os considera impróprios. Eu diria, por entre o que se percebe, que os considera abomináveis. Pronto. É uma leitura. Pouco consistente, mas é. Além do mais, me pergunto, porque é que só este post (que fala abertamente de sexo e de um tabu) traz ao de cima os pensamentos e sentimentos conturbados deste amigo?! Ou de outros amigos! As outras histórias idênticas não levam aos mesmos pensamentos?! Só deu conta neste post que escrevia assim? Porquê este? Assustou-se com a história ou com o que ela leva a reflectir?

Alguns reparos e respostas sem malícia:
0). “serão perdoados, através do poder do confessor, em nome da Santíssima Trindade...”, disse.
Não. Serão antes perdoados pelo poder de Deus através de um ministro seu.

a).Quem pode garantir que isto foi ouvido em confissão?
Amigo, uma vez expliquei que o que escrevo tem o objectivo de levar a uma reflexão de fé. Pode estar baseado em algo real ou não. Mas o real pode não ter acontecido numa confissão! Não deixa de ser uma verdade que acontece. Eu sei de mulheres que perseguem padres para obterem dividendos afectivos ou sexuais.

b). Não é o que toda agente que conta histórias faz: usar os sentimentos das pessoas ou das personagens?! Senão, como escrever. Fazíamos apenas descrições dos espaços?!

c).Retire-lhe o sigilo da confissão, e deixa de ter razão. Além do mais, retomo e reforço a ideia do Zébeirão, a quem agradeço. Disse melhor do que eu conseguiria.

d). Ninguém abusou ou explorou isso em plena confissão!

e).Quanto ao iníquo é uma opinião. Mais nada.
Quanto ao contestar a doutrina oficial da Igreja, gostava que fosse mais claro, porque não vejo onde. E, mesmo que acontecesse, tb não prometi obediência cega senão a Deus.
Quais são as infidelidades?
E onde ridicularizo o sacramento da confissão?
Fique sabendo que através deste blogue houve gente que se encaminhou para Deus e descobriu a fé. Podem-no provar vários emails que recebo e não revelo, bem como aqueles que quiserem ser honestos e provarem a este amigo. Imagino que já tenha acontecido o mesmo com o seu blogue. Mas reconheço que, apesar da pertinência da questão levantada por si (reconheço humildemente), não me parece adequada a sua escolha de nik “Nova Evangelização”. Não deve estar a par dos documentos da Igreja que falam de nova evangelização.

0).“Rezo e penitencio-me para que o padre em causa reconsidere o mal que está a fazer a muitas almas, para além das ofensas directas a Deus, o que por sua vez compromete muito seriamente a salvação da sua própria alma.”
Pois, reze tb pelo bem que este blogue (não eu) tem feito a muitas almas, e para que faça muita mais, Reze para que eu obtenha o perdão de Deus (Ele é tão compreensivo!) e para a salvação da minha pessoa.

0). ”Que Deus e a Rainha do Clero abençõem este e todos os demais sacerdotes rebeldes e infiéis, a fim de se converterem antes que seja tarde demais.”
Estou convertido. Sei o significado da palavra conversão. Sei que Jesus foi considerado um rebelde no Seu tempo. Sei igualmente o que significa estar castrado mental e espiritualmente.

Peço desculpa se o magoei! Não era minha intenção. Continuamos amigos (pelo menos da minha parte). Não considero propriamente ofensivo o seu comentário. Referiu-se ao padre que escreveu este post e não ao padre que procura ser verdadeiro e ministro de Deus (penso eu que não se referiu a este) Se o considerasse ofensivo à minha pessoa em concreto apagava-o e sentia-me ofendido. Obrigado por não o ter feito. Levou-me a reflectir mais, o que é bom.

Agora vem o assunto mais importante. Aquilo que, de facto, considero pertinente no seu comentário.
Já o afirmei em tempos. Não me sinto totalmente de consciência tranquila quando insinuo histórias como se retiradas de confissões ou possíveis confissões. Várias vezes me confrontei com a dúvida da utilização da palavra “Confessionário”, e não do segredo de confissão. Disso é que, às vezes penso se não será abusivo. Porém, como sabem, um confessionário não é apenas um espaço ou ocasião de confissão de pecados. É igualmente um espaço ou ocasião de se fazerem desabafos e se confiar a alguém algo que nos vai no íntimo. Tratam-se de confidências e não de tornar possível na Internet um sacramento. Portanto, aquilo que escrevo, radicando desta última parte a sua existência, é aquilo que sinto e penso, aquilo com o qual me confronto diariamente, quer ao nível da fé, do amor a Deus, dos afectos, das vidas e do mundo.
Mesmo assim, estou receptivo a palavras destas e a que ponham em causa a minha integridade virtual de confessionário virtual.
Mas, por outro lado, tb já deixei claro que o que escrevo não tem necessariamente que ver com confissões ou desabafos de pessoas. O que escrevo pode ter a ver com verdades, e não necessariamente com realidades. Ou melhor, eu escrevo sobre situações que acontecem ou podem acontecer sem que aconteçam num confessionário verdadeiro ou comigo. É uma forma de escrever (que pode ser posta em causa; aliás, gostava imenso que me dissessem honestamente o que acham que devo fazer ou alterar. Uso o símbolo do confessionário, espaço de encontro com Deus e com a própria pessoa, mas não o uso como na realidade. Este é um confessionário virtual. O objectivo dele não é delatar confissões, mas levar as pessoas a reflectir sobre verdades e coisas que acontecem no mundo, na vida, na Igreja). Mas nunca revelei um segredo de confissão. Nunca. Não era capaz. São coisas demasiado íntimas para se tratarem de uma forma banal.

Posto isto, decido confidenciar. Esta história não aconteceu nem assim nem comigo. Foi uma reflexão de colegas sobre um assunto que há muito aconteceu com um deles. Nunca revelou a pessoa, nem as circunstâncias, nem os contornos. Confidenciou apenas a sua preocupação e pediu auxilio sobre como agir nestas circunstâncias, que era o que eu vos estava a pedir!

CA disse...

Quatro observações:

- Quanto ao estilo do Confessionário: é útil ir lembrando que não são necessariamente verdadeiras, mas gosto do estilo: "si non è vero è bene trovato".

- Quanto ao segredo de confissão. Não sei se existe algum fundamento para o segredo de confissão além de proteger a pessoa que se confessa. Enquanto pessoa que se confessa não vejo nenhum drama em que se sigam regras semelhantes aos dos casos médicos; e as vantagens de os casos serem discutidos em abstracto são muitas; esta discussão parece-me provar isso mesmo. O único risco seria que a pessoa que fez a confissão viesse a descobrir toda a discussão ligada ao assunto. Ninguém mais saberia que se trata dela, mas ela saberia. Mesmo neste caso penso que se a pessoa tiver um mínimo de equilíbrio não deveria haver nenhuma tragédia. Quanto àqueles que dizem que não se confessam por haver o risco de aparecer alguma coisa algures, mesmo sem a sua identificação, diria o seguinte: partilhar a vida é partilhar tudo o que pudermos, incluindo algumas das situações da nossa vida. Posso dizer, por experiência própria nas duas posições, que os testemunhos pessoais da própria vida (e de casos reais) ajudam muito à transmissão e desenvolvimento da fé. Não acredito que possamos transmitir a fé se não dermos também a nossa vida.

- Quanto à situação do padre. Em primeiro lugar o padre tem uma sexualidade normal e rica, da qual não tem que abdicar. O padre abdica sim do exercício da sua genitalidade. Acho normal que o padre continue a observar as formas, os olhos, o falar, das mulheres. Acho normal que isso desperte nele reacções. Agora o padre, tal como qualquer pessoa, tem que saber o que faz com o que sente e qual o efeito do que sente e faz na sua orientação da própria vida. Se sou casado, tenho que defender o amor com o meu cônjuge. Se sou solteiro e quero namorar tenho que ser sério e ver se a pessoa que tenho em frente é aquela com que quero aprofundar uma relação. Se sou padre tenho também que defender o amor que escolhi. Ao mesmo tempo tenho que pensar no que sente a outra pessoa e no que quero realmente transmitir-lhe.

- Sobre o celibato. O que me parece errado não é o celibato mas sim a negação da ordenação a quem não opte pelo celibato. O celibato existe na vida do dia-a-dia. Há muitas pessoas que se dedicam de tal modo à sua profissão que não teriam tempo para uma relação de família. E é muito bom quando as pessoas o reconhecem e assumem. É que uma relação exige uma atenção permanente, somos responsáveis pelo outro e isso leva tempo, atenção, disponibilidade, etc. Acho normal que um padre assuma que se quer dedicar de tal modo ao sacerdócio que não quer ter outro compromisso do calibre de uma família.

Vítor Mácula disse...

Caro Confessionário.

Quanto a mim, e relativamente ao que está em discussão (estilo e expressão dos posts e do blogue) não tens que mudar nada: as liberdades de expressão, ficcionais ou transpostas, têm trazido á baila tantos temas pertinentes, e sob a forma directamente adequada á religiosidade, isto é, a vida tal qual.
E é isso que caracteriza claramente este blogue, e de modo nenhum qualquer desvendar de segredos e bisbilhotices e abusos e desrespeito sacramental e por aí fora. Nem eu viria cá se tal fosse o caso.

Penso que foi muito bom esta questão ter sido esclarecida.

Eh pá, agora reparei que passei para o tu sem notar... Deve ter sido da leitura matinal da encíclica do Bento ;) Ou então da fracturação do tema eh eh

Fortíssimo abraço! (expressão gamada ao blogger Caminante, ao qual aproveito para mandar-lhe outro.)

Anónimo disse...

Olá... mais uma vez.

Concordo perfeitamente com o zébeirão... não me senti minimamente melindrada, como católica que sou, numa possível falha ao segredo de confissão. Vi o post como um exemplo meramente académico para nos levar a reflexão de um assunto que, pelos vistos e apesar de estarmos no sec. xxi, ainda levanta muita controversia.

O que fazer então perante esta situação:
como mulher eu jamais confessaria, como já referi, tal coisa... se é uma tentativa de dizer que gosta de ti, é a forma mais ridicula que conheço (daí eu ter ficado confusa se teria sido um acto de coragem ou um momento de loucura).

Se eu estivesse realmente apaixonada por um padre e se lhe desse a entender tal facto, gostaria de não ser despachada como foi relatado... acho que tentar chamar a senhora a razão, fazê-la ver que, em situações ditas normais, já ha tantos momentos em família que temos de abdicar (com todas as consequencias que daí advém) por motivos profissionais, neste caso, ela estaria a lutar não contra uma profissão mas contra uma vocação (que, pelo que leio, acho que é bastante forte e convicta). Tentar que ela percebesse que não será um amor terreno, ou melhor, que é por amar demasiado os "terrenos" (os que nos são próximos), que se irá abdicar de uma vida....

Agora, e como também já referi, estórias de relações padres/mulheres há muito que falar.

No entanto "entende-se"... qualquer mulher que se sinta mais carente, ao conhecer uma pessoa que sabe falar, tem espírito de liderança e acima de tudo, que sabe ouvir é normal que canalize os seus afectos para essa pessoa, na expectativa de que troque uma vocação de amor por um amor.

Isto dá mesmo muito que falar... para terminar com este tipo de problemas era terminar com o celibato dos padres... assim vocês namoravam/casavam e deixavam de ser vítimas directas de paixões +/-assumidas e, quiçá, entenderiam melhor alguns dos problemas que afectam os paroquinos...

Confessionário disse...

Obrigao Cr e Vitor pelas dicas...

Gambozina disse...

Da discussão nasce a luz. É disso que aqui (no Confessionário) se trata, não? Pelo menos é assim que o entendo.

Gosto de vir aqui porque me faz pensar em coisas banais (e quando digo banais, quero dizer do dia-a-dia) sobre as quais às vezes nos faz bem reflectir, sobre as quais às vezes nunca pensamos.

O post da senhora velhinha que conversava com o Padre serena e feliz, e que lhe pedia para voltar; o post de hoje (ontem?); os anteriores; serão assim tão diferentes? Apenas o assunto é diferente, o objectivo parece-me o mesmo. Este foi mais polémico. Ainda bem, levou-nos a pensar mais no assunto.

E ao Padre só posso dizer uma coisa: não aconteceu consigo, mas poderia ter acontecido. Não sei qual deveria ser a sua reacção. Sei que se acontecesse comigo, a única coisa que faria seria corar e gaguejar qualquer coisa sem sentido. É uma situação bem complicadita :)

Anónimo disse...

Isto tudo só vem confirmar que os padres têm mesmo que ter uma paciência de Santo!!!

é que às vezes não há mesmo pachorra para tanta complicação!!

Obrigada padre pela maneira pertinente como nos coloca problemas para discutir e reflectir!!

A mim tem-me ajudado imenso!!

Anónimo disse...

e já agora que é quase santo... deixei-lhe umas perguntinhas no mail... se me puder responder (prometo que não é uma confissão - só um desabafo!!) he he he

Obrigada e Abraço

xana disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
xana disse...

Tantas ideias,
tantas opiniões,
tantas vozes
a dar som às emoções
tantas pessoas aqui reunidas
que já se "mais ou menos conhecem"
de outros posts
de histórias antigas
de outros blogues
mas que, como eu,
aqui se encontram
para reflectir
e tantas vezes
sair bem,
sair em paz,
sair a sorrir..
ou simplesmente a sentir..


Eu vos digo:
Ainda bem que este espaço renasceu!
Vale a pena estar aqui!
Esta é a certeza com que fico
lendo tudo o que eu li.


eh ehe eh
E como a reunião já vai longa, eu estava a pensar fazer um cafézito com biscoitos para todos nós!
Merecemos, que acham?
A todos, sem excepção!
Bem..
Ao nosso confessionário.. uma dose maior. De biscoitos e de gratidão.
Ah, sim, e de admiração.

Anónimo disse...

A sexualidade dos padres, tal como a sexualidade dos leigos, é algo com a qual, confesso que nada tenho a ver. Um sacerdote, como um casado, tem as mesmissimas obrigações de fidelidade assumidas no dia do matrimónio ou ordenação.
Que ha muita gente carente e que da amisade e atenção do sacerdote passa para outro plano todos sabemos. Esperamos dos sacerdotes uma solida formação moral e espiritual que os ajude a ultrapassar as tentações.
Pessoalmente, tenho outros temas mais importantes que me preocupam do que este tipo de situações da dita sexualidade das pessoas. Penso que os leigos tem um campo tão grande para evangelizar, em vez de se preocupar se o padre anda metido com A ou B.
Fico satisfeito com a explicação dada pelo confessionário, para bem do povo de Deus. Reitero que o sigilo de confissão impede que a propria materia de confissão - ciencia sacramental - seja divulgado. Não basta o sacerdote pensar de modo diferente. As coisas sao o que são.E se ha quem se tenha aproximado, tambem ha quem se tenha inibido de falar com o sacerdote com medo que ele falasse...
Ha de tudo.

José Avlis disse...

Caro Confessionário
Prezados Blogonautas

Queira desculpar-me, amigo Confessionário, se em alguma coisa o magoei/desiludi, mesmo sem querer.

Efectivamente, umas horas depois após reflectir melhor, tentei apagar esse último comentário em questão, ou ao menos fazer umas ligeiras alterações mais razoáveis e suaves, menos pessimistas ou radicais, mas verifiquei que já era um pouco tarde demais, porquanto então já havia várias réplicas ao mesmo comentário.

Todavia, antes de responder concreta e sucintamente à sua consequente alegação em geral, faço questão de alterar dois ou três adjectivos empregados nesse meu comentário em questão (das 7:37), que são os seguintes:

- Assim, no primeiro parágrafo, deverá constar, com mais prudência e respeito, o seguinte:
* "Raramente leio os 'insólitos' postes do 'blogue' Confessionário"...

- Na alínea "e)", prefiro, mais sensata e cortesmente, comentar assim:

* e) Finalmente, não deveria ser permitido moralmente, como creio que não sê-lo-á canonicamente, que um sacerdote católico se aproveite de um auto-blogue para criticar e contestar, com alguma frequência, o Sacramento da Penitência/Confissão em particular, ou cometer aí (no blogue) algumas aparentes infidelidades relacionadas com o seu ministério em geral, assim como para contestar ou criticar certos aspectos da doutrina oficial da Igreja, como infelizmente parece acontecer, por vezes, nesse seu "estranho" blogue...

[Aqui mesmo, tinha antes empregue o radical epíteto de "iníquo" blogue, pelo que apresento as minhas sinceras desculpas, pois reconheço que foi um exagero meu de certa insensatez e grosseria, embora sem maldade].

* * *

1. Portanto, sincera e felizmente, não considero o seu blogue 'iníquo', nem tão pouco (como fui interpretado) algo 'abominável', mas simplesmente um pouco ousado demais, um tanto rebelde, ao ponto de (mesmo sem querer e ocasionalmente) poder induzir em erro certas pessoas menos compreensivas ou mais ingénuas, mais ateias ou anticristãs, assim como, em geral, os chamados 'católicos-não-praticantes' e os 'liberalistas' ou 'modernistas'...

2. Da maneira verosímil que contou essa história acerca de uma suposta Confissão passada recentemente entre si e uma senhora 'pseudo-penitente', deu a entender claramente aos seus leitores que se tratou de um facto real, tal como foi relatado ou aproximadamente, o que, no meu sincero parecer, não abona nada a seu favor, nem a favor de nenhum Confessor que se preze minimamente, isto é, que seja bastante digno, honesto e discreto, pelo menos...

3. Mais pareceu uma simples confidência de alcova, ou uma declaração de paixão amorosa passada nalgum lupanar, e jamais uma Confissão sacramental a sério (em conta, peso e medida), o que é bastante lamentável (ou até mesmo nocivo e chocante), mesmo para ser contado num blogue católico como mero exemplo ficcional ou alegórico...

* Resumindo e concluindo:
Pessoalmente, não gostei nada disso - até porque já não apreciava minimamente a maioria dos postes do "Confessionário" (e por isso mesmo nem sequer os lia, para além do título), até porque tais "exageros, anomalias e leviandades" vão frontalmente contra a minha fé e formação de católico convicto, conservador e tradicionalmente moderado, exactamente na linha do ensino oficial do Magistério da Igreja, nem mais nem menos, e portanto completamente avesso aos "liberalismos e modernismos exacerbados", que grassam por aí, como muito bem saberá, o que representa, quanto a mim e a muitos outros fiéis tradicionais (mas de todo não tradicionalistas), uma das maiores e piores crises morais e espirituais, eclesiásticas e cristãs, de sempre, com todas as suas funestas consequências, aliás demasiado evidentes e chocantes para os bons e honestos observadores, sobretudo crentes e cristãos, que lutam ou anseiam de alma e coração - tal como eu mesmo sempre tento fazer, embora com muitas dificuldades, quedas e decepções, que só Deus sabe! -, para que haja um mundo profundamente melhor, muito mais justo e exemplar, sobretudo moral e espiritualmente, visando principalmente a maior Glória de Deus, assim como a Salvação ou Vida Eterna de todos nós, como última e definitiva etapa do homem na terra, neste mundo de muitas e necessárias provações e tribulações, como sendo um autêntico 'vale-de-lágrimas' incontornável, ou um salutar purgatório terreno, os quais, se bem suportados (com pureza, altruísmo, abnegação e santidade), nos levam, sem sombra de dúvida, à Glória Eterna, à suprema felicidade no Paraíso, no Seio de Deus, último e principal fim para que todos nós fomos criados.

Caro Confessionário, como Padre que é, não deveria ter, mesmo assim, nem V. nem outro qualquer sacerdote, nenhuma razão de queixa, por qualquer falta de consideração ou estima, a meu respeito (não obstante todos os meus defeitos), pois, mesmo assim, eu louvo e admiro verdadeiramente todos os Clérigos e Religiosos consagrados, de modo especial (por vezes mesmo com uma pontinha de santa inveja), pois considero-os a todos, quer sejam justos ou relativamente pecadores, legítimos ministros e discípulos de Cristo, a quem todos nós tanto devemos, mesmo os ateus e descrentes.

Por isso mesmo, peço-lhes sinceramente que não se preocupem demasiado com a minha modesta maneira 'sui generis' de ensinar catequese ou de fazer apostolado, mesmo comentando/criticando positivamente certas atitude alheias, chame-se a isso "nova Evangelização" ou o quer que seja, desde que bem dentro da Igreja, e jamais contra a hierarquia legitimamente constituída, a começar pelo Papa como Chefe supremo e Cabeça visível de Cristo.

Cordiais saudações para todos vós, em Jesus e Maria.

José Mariano

Unknown disse...

* Não esqueça que, como muito bem definiu
S. José Maria Escrivá:

«Da discussão [egoísta e agressiva] não nasce a luz,
porque ela é apagada [neutralizada] pela paixão [ira e soberba]».


li isto no blog Nova Evangelização.

o Escrivá, não é o fundador da OPUS-DEI?????

Em contra-corrente disse...

Não sei se é padre mas se o for deve prestar mais atenção àquilo que escreve pois pode ser lido por pessoas menos preparadas como eu.
Digo-lhe que estou escandalizada porque na catequese sempre me disseram que um segredo de confissão é mesmo para guardar contra tudo e contra todos.

Sei que é tentador vir trazer aqui «estórias» como nas novelas paa atrair «fregueses».
Mas há que ter decência pelo menos em usar o nome de padre com «estórias» dessas.

Sou catequista e sei como os adolescentes têm dificuldade em confiar no segredo dos adultos.

Aqui têm uma «prova» de que nem nos padres podem confiar...

Lastimável tal post!

maria disse...

Ai, esta díficil relação...quando é que se dá outro rumo a isto?

Cara anónima, não conheço o seu prior pessoalmente, mas punha as mãos no fogo de que ele não colocou este tema, por intenções menos correctas. Por acaso, interpelei-o e gostava que ele me tivesse dado o lado dele. Porque assim pareceu-me que ficou a pender mais para o lado da mulher. E já que isto foi assunto de encontro de padres como é que os vãrios reagiram?

Quer um conselho meu? Dê graças a Deus pelo prior que tem. Se tiver coragem vá falar com ele pessoalmente e manifeste-lhe os seus sentimentos. Dialogue, vale sempre a pena. Não se feche. É mau para si e para a comunidade. Nós somos comunhão. Somos um corpo.

Tenho a certeza que o objectivo deste blogue não é movido por busca de fama nenhuma.
Aproveite o seu prior. Olhe, eu tenho pena não o ter mais perto.

Abraço para os dois.

maria disse...

Contra corrente

mas que porra! A intenção da mulher era lá confessar-se? Se fosse, não ia directamente ao padre em questão. Ia procurar outro e pedia ajuda para a maluquice. Que também tem limites.

maria disse...

Isto foi uma maneira modernaça de se atirar ao pedre. Não?

Contaram-me que na minha paróquia, um dia (isto para aí há trinta anos) uma senhora chegou-se ao pé do prior e disse:"Olhe já tenho o enxoval pronto! Para nós."

Agora usa-se uma abordagem mais pós-moderna.

Confessionário disse...

Peço desculpa, que retirei um comentário que não achei adequado. Podem pensar que fiz mal, mas assumo. Tratava-se de alguém que dizia que era minha paroquiana (não acredito) e que me conhecia (isso acredito). Se for verdade, gostava que viesse falar comigo pessoalmente. Senão é verdade, que interesse pode ter em fazer afirmações como fez?! Eu, ao menos, sou sincero. A única coisa que me move a escrever no blogue e a entusiasmar-me são os frutos que descobri ser possível conseguir através dele, numa verdadeira NOva Evangelização. Mas tudo é muito efémero. O que hoje existe, amanhã deixa de existir.

maria disse...

Se quiseres apaga também o meu! Agora, ficou deslocado.

Anónimo disse...

Olá Confessionário!
Não tão frequentemente como eu gostava, costumo visitar o seu Blog.
Quando li o post que colocou sobre a confissão "confesso" que fiquei algo confuso. Ao mesmo tempo lia com admiração e aprovação e por outro lado estava perdido. Decidi, como é meu hábito, não comentar para não o ferir (porque muito o aprecio).
Gostava apenas de manifestar o meu agrado pelo seu blog. Quanto aos comentários do "nova evangelização" por causa da última confissão, esses sim deixaram-me bastante triste. São por comentários destes que temos de lutar todos os dias: falar às pessoas de Deus, desconstruir a imagem que têm da igreja…
Muito obrigado pelas suas partilhas
zaqueu

Vítor Mácula disse...

Tudo é muito efémero... excepto... ;)

CA disse...

"A única coisa que me move a escrever no blogue e a entusiasmar-me são os frutos que descobri ser possível conseguir através dele, numa verdadeira NOva Evangelização. Mas tudo é muito efémero. O que hoje existe, amanhã deixa de existir."

Caro confessionário

Espero que não estejas outra vez a pensar fechar o blog. Claro que ao falares de um tema tabu deixaste muita gente nervosa, mas fugir ao tema apenas deixa tudo na mesma.

Diz-se nos comentários que de algum modo terias posto em causa o segredo de confissão, mas parece-me que as pessoas estão incomodadas com outra coisa: é que esperavam que temas como a masturbação feminina só pudessem ser referidos no segredo de confissão.

Para uma visão sobre a sexualidade recomendo-te o site seguinte com textos de um sexólogo e padre dominicano espanhol:
http://www.espirituyvida.org/ESPIRI/sexualidad/menusexualidad.htm

Um abraço

Vítor Mácula disse...

Mas vê lá (já que ninguém me diz nada mantenho o tu :) essa efemeridade bloguística, caraças, não me obrigues a fazer outro Ora bolas! lá na minha net-casa.

Vamos lá ver a brincadeira... :)

Anónimo disse...

ainda há confissoes bem feitas...

Vítor Mácula disse...

Cara Em contra-corrente.

Desculpe lá, talvez seja eu mas... continuo com a sensação que você não lê os conteúdos dos posts e das mensagens. Digo isto porque relativamente ao teor do seu comentário já tanto foi comentado antes, a que você não replica nem interpela e nem parece estar ciente (por exemplo a transposição e ficção, a função modelar e temática das ideias e situações etc etc etc)...

Sei lá...


Esta coisa dos índios e cow-boys... Como se se estivesse que estar dum lado qualquer duma qualquer barricada... Faz-me lembrar o: Gostas mais do papá ou da mamã?... :)

Enfim, como já lhe disse, sou um pouco melga... ;)

Um abraço mestiço de cowbíndio.

Confessionário disse...

Mc, descul+a, mas não vou apagar. Quero apenas registar que o teu comentário das 10.48 foi a seguir ao tal comentário que decidi apagar. Não quero que sejam misturadas coisas de algo virtual como são texto para reflectir num blogue com a vida pessoal seja de quem for. Continuo à espera dessa minha paroquiana para lhe esclarecer aquilo que ela precisa. Fico triste porque ela não deve ter lido o que escrevi num comentário anterior e não me deve conhecer realmente. eu sei que existem paroquianos a quem lhes interessa especular coisitas do seu pároco. Mas eu sou bastante transparente no meu relacionamento com os paroquianos e não escondo a miunha forma de ser. Se de facto é minha paroquiana devia saber como sou na realidade.
Eu suporto que não concordem comigo. Não suporto é que ponham em causa a minha integridade de pastor. São muito mais importantes as minhas paróquias e os meus paroquiano que um blogue ou um texto. Não misturem o padre do blogue com o padre que tenta (embora tenha consciência de não conseguir ser perfeito) ser um bom padre!!
Fico à espera dessa conversa com essa pessoa... senão é mais um ou uma cristã que não vive o evangelho e não quer ajudar os eu pároco a ser melhor pároco. Só quer atirar lenha para a fogueira... a ver se alguém se queima!!

maria disse...

Por causa dos atrapalhamentos a falar de sexo:

A minha moça mais velha era bem pequena (precoce a rapariga) e resolveu perguntar-me como é que apareciam os bébés. Já não me lembro muito bem do que lhe disse, mas não inventei muito. Só me lembro da resposta:"Isso é tão lindo, mãe!"

(Isto é por causa dos tabús.)

maria disse...

Vou quebrar uma jura:

Engraçadinho, o comentário do anónimo das 12:06.

Confessionário disse...

Bem, queria agradecer a todos, mesmo os que fizeram deitar algum sangue nesta correria.
Reflecti bastante e tomei algumas decisões. Não vou dizer por ora. Mas valeu a pena por isso. E também por me obrigar a aceitar opiniões diferentes com humildade. Isso faz bem a uma pessoa de Fé.

Em contra-corrente disse...

Amigos:

Não tenho concerteza acolhimento das minhas razões por parte dos que defendem este post.
Mas continuo a achá-lo inadequado (para não ir mais longe). Seja ficção ou, como diz o padre, algo que lhe foi contado por um colega, julgo que será considerado inadequado por todos os que prezam o sacramento da confissão e respectivo sigilo.
Vindo dum padre, ganha força de delacção.
Não sou da Opus Dei nem de qualquer outro movimento considerado retrógrado. Sou uma cristã que visitou Taizé e aprendeu a respeitar as coisas sagradas.
Dou catequese a jovens adolescentes e acho que se eles tiverem conhecimento deste post irão ficar marcados negativamente contra a confissão.

CA disse...

"Reflecti bastante e tomei algumas decisões. Não vou dizer por ora."

Agora que acabaram as presidenciais surge um novo "tabu"? ;)

Luna disse...

Caro Padre,

Sou mulher e há vários anos que não me confesso, nem comungo. Ultimamente, nem sequer tenho ido à missa, mas tenho saudades do tempo em que acreditava ... Bom, só lhe queria dizer que o mundo actual é muito complicado. Fale do amor e da bondade, porque vale a pena, mas tenha em atenção que é muito difícil saber o que vai na alma de uma pessoa. Pode ser uma paixão ou pode ser apenas um desafio para contar às amigas ... Muito cuidado com isso. As mulheres, quando querem, podem ser perigosas ...
Um abraço

Anónimo disse...

Parabéns, pela coragem desta “confissão”.
Pessoalmente fiquei com a ideia que algo está a mudar, e a mudar para melhor.
Não concordo, que possa ser considerado quebra de sigilo, mas sim, um exemplo de abertura ao diálogo.
Sou mulher e falar com alguém que nos sabe ouvir, faz bem ao “Espírito e à Mente”, mesmo na confissão.
Como diz Escrivá “da discussão nasce a luz…” e com tanta discussão com certeza vai nascer muita luz.

Anónimo disse...

Há mulheres e mulheres... padres e padres... situações e situações! Ninguém é perfeito nem ninguém sabe qd os sentimentos vão surgir...
Acho q a questão aqui não tem tanto a ver c o q foi confessado ou pq foi confessado... se é q o foi de facto!
A questão q mais me preocupa é esta: qd há verdadeiro sentimento de amor (c td o q ele implica!) e por acaso um dos elementos envolvidos é padre, cm lidamos c isso? É a mulher q é maluca? Q quer um trofeu? Ela até pode já ter conseguido plo menos "despertar" a atenção dele e isso ser o segredo mais bem guardado da sua vida!!!

Há realmente situações complicadas!

Acredito q p o Confessionário e p tds os seus colegas padres haja numerosas situações destas q se tornam até confusas e constrangedoras! Mas já reflectiram cm será p a mulher q passa às vezes anos a lutar contra um sentimento puro? Só pq teve o azar d se apaixonar pela pessoa errada? Pq teve a sorte de conhecer uma das melhores pessoas do mundo?

Já estou cm diz o Confessionário... n q se tenha passado cmg... m gostaria de ouvir opiniões...

A ti Confessionário, apenas digo q continues a trazer p aqui estas situações mais ficticias ou mais reais... pq elas existem e pq temos q falar e reflectir sobre elas.

Obrigado por me ajudares a crescer

Anónimo disse...

só gostava de deixar outra questão...e se fosse o padre a confessar que se tinha masturbado a pensar nessa senhora...isso seria mais normal?

Luz Dourada disse...

Confessionário,
És uma pessoa com coragem e os teus posts são importantes para quebrar alguns tabus que povoam mentes "antigas" que precisam ser arejadas. Pode-se falar de TUDO desde que se fale correctamente e esse é o teu modo de enfrentar as coisas que vão acontecendo no dia a dia e que devem ser analisadas pois a fé implica abertura espiritual, capacidade de ouvir os outros e de ajudá-los, se for caso disso. Estou certa que quem por aqui passa não são perversos,nem os pró e os contra; portanto a discussão, desde que honesta e sincera, será sempre proveitosa para nós todos.
Para ti um grande abraço amigo,

CA disse...

"Mas já reflectiram cm será p a mulher q passa às vezes anos a lutar contra um sentimento puro? Só pq teve o azar d se apaixonar pela pessoa errada? Pq teve a sorte de conhecer uma das melhores pessoas do mundo?"

Cara anónima

A paixão é um sentimento humano mas não podemos basear a nossa vida nela. Não é a mesma coisa que o amor embora funcione muitas vezes como "motor de arranque" do amor. Repare que qualquer pessoa se pode apaixonar em qualquer fase da vida e em qualquer estado de vida. Se todos deixarmos crescer e alimentarmos as nossas paixões quem acaba a perder é o amor.

Imagine que a mulher se apaixona genuinamente pelo padre e este corresponde de modo a que cresce um amor. Podem até casar. Alguns anos mais tarde há outra mulher que se apaixona verdadeiramente pelo padre e este apaixona-se por esta segunda mulher. Deve deixar a primeira mulher pela segunda?

sp disse...

xiça...hoje consegui entrar no confessionário...hum tá aqui escuro não tá?
se isto é escandaloso...pior seriam outras conversas que provavelmente não escandalizavam ninguém...mas se não é escandalo e é algo real, porque tantas insinuações...assim até parece que essa coisa de masturbação é coisa dos anjinhos...ei...acordem os anjinhos não têm sexo...`
Ó Senhor confessionário eu tinha-te dito...tens de arranjar uma máquina pra tirar os tickets pra fila...
Só nos escandalizamos daquilo que fazemos, com medo, ás escondidas...se calhar era bom pensarmos nisto (não anónima)

Luna disse...

Ora aí está CA, muito boa observação. Os antigos gregos tinham um ditado que dizia "Conhece-te a ti mesmo". Isto a propósito da diferença entre paixão e amor. É que, do meu ponto de vista, e tomando por base aquilo que conheço de mim própria, eu sou realmente capaz de me apaixonar várias vezes ao longo da vida. E cheguei à conclusão de que isso é mau para mim, porque me faz sofrer. Penso que nem todas as pessoas serão assim, isto é, nem todas as pessoas nascem com esta predisposição para se apaixonarem tão facilmente. Talvez tenha a ver com a falta de mimos na infância, sei lá, meu pai sempre foi um bocado distante. Bom, mas o que eu queria dizer é que com o tempo a paixão realmente passa. Sofre-se um bocado, mas passa. E no caso de um padre só ele poderá saber que tipo de pessoa é, embora eu pense que o ideal seria que um padre realmente fosse um tipo de pessoa que não se apaixonasse facilmente, de tal forma se encontra entregue no amor a Deus. Mas eu sei que é uma utopia, nem todos os padres serão assim.

Luna disse...

Só em jeito de remate, deixo aqui a frase de uma escritora de que gosto muito.

"Ele amava demais a Humanidade, para se dedicar a uma só pessoa"

Goldmundo disse...

Não tinha podido vir aqui com sossego desde que reabriu o blog. Abraço ao homem e pedido de benção ao padre. Ainda bem que voltaste.

Será inoportuno dizer aqui que detesto "confessionários"? Não falo do blog :)... falo daquela espécie de caixões verticais, pintados de negro e com cortininhas de veludo, que estragam a beleza das naves das igrejas antigas (é bem pior quando são modernaços, caixinhas de vidro com uma luz verde). Não gosto de confessionários, e não é por não gostar de me confessar.

É porque essas caixinhas simbolizam o encaixotar das coisas com que não sabemos lidar. Como ficou claríssimo nos oitenta comentários anteriores (e vai continuar inalteradamente claro depois do meu). Não tenho solução, não. Também não sei lidar com elas. Não é, sequer, um problema da Igreja (ou melhor, problema especifico da Igreja, pois nada em cada um dos mundos lhe pode ser estranho): é uma parte apenas do imenso grito que somos todos.

Acho que as palavras da mc e as da luz dourada foram absoluta e arrepiantemente certas. Já disse aqui, no blog anterior, que a igreja católica está agora, na questão da sexualidade, a ser confrontada pelo mundo e pela verdade do mundo e pelo senhor deste mundo como nunca o foi ao longo da sua estranha história de milénios. E é terrível, mas não vejo meio-termo possível (nem aqui nem em lado nenhum, por isso o defeito deve ser meu).

E agora vou ligar isto ao post mais recente do chefe zulu ou lá quem era o senhor zangado que não gostou do cristo-mulher. Pois. É que as coisas que o fizeram a ele assim (e também as fizeram a nós) são armaduras violentas que sustentaram o mundo desde "o dia da fundação das coisas" (frase da biblia, nao me lembro de onde). A violência, que não é só a da espada, foi desde sempre a estrada dos homens. Trazemos todos a impensavel marca de Caim. E, queiramos ou não, gostemos ou não, o mundo está a ser percorrido por um vento que não sabemos se é o vento do espírito (eu penso que sim): e esse vento levou-nos as armaduras zulus, e cada vez são mais os que nada sabem a não ser que andam despidos, como Adao e Eva.

Se der um passo mais na linha do que estou a pensar saio das terras seguras e entro na mais terrível das perguntas que podemos fazer: porque é que deus por vezes nos quer abismo?

Mas a tua história, padre, só tem duas histórias possiveis por trás. A primeira já só é contada em livros velhos que ninguém lê: "havia numa paróquia um padre santo, e o demonio tomou a forma de uma mulher, que é a sua forma mais simples, e apresentou-se diante dele como a prostituta da babilonia". É terrível esta história, e mais terrível é que não sabemos se não será verdadeira (porque é que a verdade há-de ser doce?).

A outra história é igualmente terrível. Tão terrível que nunca os catolicos a quiseram contar, deixaram-na para hereges e pagãos, poetas e caminhantes das trevas. Também a não vou contar agora, não é o lugar apropriado. O abismo invoca o abismo. Poderíamos partir, para a escutar, da sugestão da mc, quando nos sugeriu "historias literárias".
Só não gosto da expressão que usou, "problema psiquiátrico".

maria disse...

Gold!!!
Bem-vindo!
Isto sem ti, não era a mesma coisa. Estava a sentir a falta das tuas "picadelas"...

Agora, quanto ao tema do post: Acho que me atribuis palavras que eu não disse. Queres explicar melhor?

Vítor Mácula disse...

Podes crer, Goldmundo, a psiquiatria pesca pouco "aqui" ;)

Abraço.

Goldmundo disse...

Hum. MC, devo ter lido mal?! Ai ai. Pois, de facto não disseste... eu ainda volto :)

Luz Dourada disse...

Gold!
Puxa vida! Gostei mesmo de te ler!Ainda bem que voltaste entre nós! Fazias muita falta. Visitei-te muitas vezes mas via-te sempre tão tristonho que tinha medo de interromper a tua meditação...
Beijinho,

Henrique Santos disse...

Foi um acto de coragem, contar o que se passou, embora eu nunca o fizesse nessas circunstâncias. Precisamente porque poderia ser muito mal entendido. Não devemos julgar, mas "julgadores" há tantos...
Um abraço, Ricky

Goldmundo disse...

Vitor, pois a psiquiatria não pesca. Seria preciso voltar à antiga linguagem da alquimia: "solve et coagula". Dissolve e solidifica. A psiquiatria (enfim, quase toda) confunde o estado da dissolução com o estado do "verdadeiro" ser. Diria, se quisesse ser provocador, que a moral (agora diz-se ética..) católica fez tradicionalmente o inverso: procurou solidificar (chamou a isso "resistir à tentação")se cuidar do que necessariamente se dissolve. E agora, ao fim de cem anos de psiquiatria e quatrocentos de moralidade mais ou menos protestante, estamos todos malucos. Tenho saudade dos bons tempos medievais em que S. Francisco deu a um dos seus monges seguidores a ordem de, como lição de humildade, pregar nu numa igreja.

De qualquer modo... hum. Agora é demasiado tarde. Não para Deus, claro e tal. Mas pergunto-me se ele não quer que lidemos com isto de uma vez por todas. Se eu, que sou maldoso (ai de mim) fosse o nosso Padre, recontava a história começando assim:

"Tal como na eucaristia, aqui, ao meu encontro, muito discreto. Precisava confessar-se. O normal. O comum. Óculos pretos. Mas bonito.". E aguardava não oitenta e oito comentários, mas oitenta e oito vezes oitenta e oito. :)

Luz :) Mas eu ando sempre tristonho. E gosto muito que me visites, sempre. A sério.

Jorge Oliveira disse...

Sinceramente, chocaram-me mais as palavras e “as pedras” do MARIANO (Nova Evangelização!!???) do que a história de uma rapariga de olhos verdes, que se masturba com o pensamento no padre.

No caso da rapariga de olhos verdes ser solteira, e dada a afinidade mútua, eu aconselhava o Padre confessor a casar-se com a pecadora penitente. Assim resolvia-se tudo! E sem pecado!
:))))

Abraços

Vítor Mácula disse...

Goldmundo, magnifico diagnóstico!

Mas agora que fazer… Não me vejo outra saída senão andar para dentro, para fora e para a frente… Aliás eu também tenho saudade, mas que é que se há de fazer? Ah, glorioso Francisco… Eu delicio-me com as “fioretti”, que qualquer dia são ilegíveis, se é que não o são já (isto cultural e epocalmente, que pessoalmente tudo (?) é possível…)

E essa da sexualidade, com a ou com o, atrair blog-multidões é realmente... Ainda agora noutro blog jardinado com luz passa-se o mesmo... Será que a sexualidade é o fundamental da salvação (e valha-nos S. Freud ;) Quero dizer, é evidente que a sexualidade é algo de transversal na vida, que tem que ver com decisões e comportamentos identitários mas enfim... Não andarão para aqui... Sei lá... Não deixa de ser estranho fazer um post acerca da superstição e idolatria e ter um ou dois comentários, número que se multiplica por mil mal se fala da masturbação...

Abraços.

Goldmundo disse...

Vítor: É o fundamental da salvação, sim.

Goldmundo disse...

Agora que fazer?! Sei lá.

Redescobrir o sentido do terrível. Perceber que a santidade é a porta para a alegria, e não a alegria a porta para a santidade. Cavalgar o tigre. Perceber que as Trevas, quando se fazem Príncipe deste Mundo, não tomam a forma da noite, mas a forma da luz (não da nossa luzinha :) ). Rasgar a luz que nos separa das coisas. Guardar e aguardar. E já agora, para não sair muito da conversa anterior, deixar de bater no peito... dos outros.

Anónimo disse...

Reencontro o "Confessionário" com uns dias de atraso... mas não resisto! Junto-me a tantos que, ao se falar de sexo, têm que opinar.
Exerço o ministério da reconciliação sacramental e nele tenho encontrado a alegria surpreendente de ver a Graça de Deus em acção no coração das pessoas. Na verdade não há pecados demasiados grandes ou demasiados íntimos para expôr ao perdão de Deus, celebrado na Igreja. Confesso que, para mim, seria sempre um risco demasiado grande alguém poder pensar que eu uso o que ouço em confissão. Enfraqueceria a confiança que em mim depositam, quantos se aproximam para a reconciliação. Mesmo a ficção me parece arriscada. Sendo director espiritual, se escrevesse textos ficcionais, temeria que alguém se sentisse retratado nas minhas personagens. No entanto, em rigor, é possível contar/criar casos, sem quebrar o sigilo, não prejudicando ninguém. É arriscado, mas possível.
E quanto ao "caso"?
Li os comentários na diagonal, e penso que ninguém disse o que me ocorre dizer. Se alguém se masturbasse a pensar em mim e disso se arrependesse, provavelmente procuraria um confessor diferente de mim. Se me procurasse, deveria fazer-lho notar, para que tomasse consciência do erro. Sentir-me-ia abusado, pelo uso da minha qualidade de confessor, para me dirigir palavras que podem ser entendidas como assédio. Mas creio que poderia lidar com isso, orientando a senhora no sentido de pôr ordem na sua vida afectiva. E, para isso, estou certo de que a deveria levar a procurar outro confessor. Não tenho a mais leve dúvida de que, estando eu envolvido, não seria nunca a pessoa certa para a ajudar (perguntem a um psicanalista o que faria). Quanto à abolvição sacramental, talvez sim... não sei bem, é muito delicado e depende do decorrer da conversa. É que, à partida, me parece ser insuficiente o arrependimento e o sacramento procurado com intenção errada (não disse com má intenção!...). Mas isto depende sempre do encontro de duas pessoas na presença do Espírito Santo. Por isso, só mesmo estando lá.
Creia que respeito e aprecio o colocar do tema, que não me parece tanto o da masturbação, quanto o da atitude a tomar pelo confessor.

p.jsantos@iol.pt

Vítor Mácula disse...

Goldmundo, quando dizes que a sexualidade é o fundamental para a salvação, referes-te à relação do próprio com a sua sexualidade, ou a uma metafísica da sexualidade? Esta última tem que ver, sem ironia absolutamente nenhuma, com o sexo dos anjos, e também com a questão da masculinidade biológicas de Jesus ser determinante simbólica e metafisicamente - entre outras "coisas". Estou totalmente de acordo com o que dizes acerca da santidade e da alegria, das trevas e da luz... Abraço.

Confessionário disse...

Caro colega pjsantos, não é fácil não. É arriscado sim. Também tenho esse receio, e, se queres que te diga, penitencio-me por tal. Não com medo, mas com algum temor. Não o faço de ânimo leve. No entanto, não é de todo mal que as pessoas se revejam nos casos. Podem, com isso, fazer alguma luz. Porém, continua arriscado... sobretudo para um director espiritual, que é que somos ou podemos ser. Penso que relativamente às pessoas que de mim se abeiram para tal, não têm razão de queixa. Mas... mas... Por isso tomei uma decisão, como afirmei atrás. Não vou, repito, dizer qual foi, para já. Mas posso assegurar que vou ter mais cuidado. Não quero fazer sofrer ninguém. Não é esse o objectivo do blogue. Apenas pretendo levar à reflexão.
E agradeço as sugestões que deixaste relacionadas com o caso. Espero que sejam muito úteis para alguém, para algum colega.
Um abraço em cristo de colega para colega...

Goldmundo disse...

estava a ler o comentário do p.jsantos e pensei nisto: por outro lado conheço imensa gente que pensa que se passam coisas terríveis nos confessionários. Género "inquisição portátil". Aliás há um livro publicado cá (e espanhol, creio) que tem supostamente gravações de confissões. "e então, minha filha, diz-me, que pensaste de vergonhoso? conta-me tudinho". E esses livros, ao contrário dos catolicos, vendem-se nas fnacs e nos hipers.

Isto para dizer que pode ter um aspecto bem bom o perceber-se que ... afinal é isto.

vitor, penso que falo de "metafísica", sim. Não de "teologia" mas de "metafisica". E do sexo dos anjos (também sem ironia) e da fronteira entre o "limpo" e o "sujo", que ainda está (ainda???) tão presente em s. paulo. é muito dificil separar estas coisas.

Anónimo disse...

Eu pecadora me confesso:
Diz-me a vida que a masturbação é um abismo vertiginoso de vazio, que corta-me na liberdade e, mesmo a dois não traz laços para a eternidade, descamba no vício e fecha no umbigo de cada um.

Conhecimento do corpo? como é bom conhecê-lo na presença de um outro.. mas como eu gostava de apenas o ter conhecido na presença do meu esposo. e como ficou um "demónio" de memória marcado no meu corpo - lembrei-me agora da árvore do conhecimento - que me fez desesperar tantas vezes.

... diz-me a vida. contra a luxúria, castidade.. e a par da castidade, oração e amor.

Quanto à senhora em causa, tenho uma teoria: resolveu ir a fundo na confissão e confessar dois pecados num só - a masturbação e o desejo de si, um padre.
Será que quem gosta de um padre não sofre um duplo problema de consciência com Deus: como uma amiga que "rouba" um namorado a outra? Ou quer roubar?

Resolveu confessar-se a Deus e a si, porque o ofendeu no amor.
bem.. é uma teoria.

BLUESMILE disse...

Caro Padre:

Tenho em alta estima o seu blogue que reflecte o seu trabalho e o seu esforço quotidiano ao serviço dos outros..

Mas, Desculpe lá, Padre mas por vezes não pisa o risco de ... violar o segredo da confissão?

SEria a mesma coisa que um(a) psiquiatra colocar no seu blogue comentários íntimos dos seus doentes...

Já há uma série de tempo que me sinto incomodada com estas inconfidências de um padre que publica na net os desabafos, as confissões e os dilemas íntimos dos que nele confiam...

Não seria melhor uma ponderar umaavaliação ética da sua conduta?

Por causa destas e doutras é que nunca me confesso...

Sinceramente, se há uma mulher que se masturba a pensar em si, o que temos nós a ver com isso?

Porque torna público algo que se passou durante a Confissão?


www.muralidades.blogspot.com

Confessionário disse...

Ó bluesmile, lá vou eu outra vez: não leste os coentários anteriores,pois não?! Não faz mal. A er se agora lês este. É que este assunto tb me perturba a mim. Só que esta história não é verdadeira. Pode ser real (e é de certeza, porque acontece!), mas não é verdadeira. Eu utilizo histórias para que reflictamos. Mas nunca revelei um segredo de confissão. O problema do blogue está em dar a entender que sim. Mas isso vai concerteza ter alterações. Por favor, confessa-te. Não deixes de o fazer por causa de um blogue... ou que um blogue não seja desculpa para te afastares da graça de Deus. Para mim isso é muito mais importante! O blogue é mero... nem digo. Vá, força, e espero que me entendas.

BLUESMILE disse...

Caro Padre - eu não me confesso há vinte anos.. Precisamente porque não confio nos padres nem na forma como usam a confissão. Não que tenha muitos segredos terríveis. Mas porque há zonas da minha intimidade ( onde se inclui aminha relação pessoal com Deus e com aqueles que eu mais amo), que não são para partilhar com estranhos.

E atenção que conheço muitos e muitos padres...alguns deles pessoas extraordinárias.... MAS...

Claro que não é por causa de um blogue que deixo ou não de me confessar... è uma opção pessoal que resulta de uma convicção profunda.

Mas o que é um facto é que no seu blogue decreve situações reais e pessoas concretas e usa as suas confidências, algumas muito íntimas publicamente, na net.

Ora isso parece-me muito grave. Onde está o limite?

SE a história da paroquiana que se masturba não é verdadeira (?) porque sentiu necessidade de a colocar on-line sem previamente estabelecer que era um episódio fictício?

O que pretendia demonstrar? Que os padres são seres sexuados? Que sentem desejos e fantasias por mulheres, mesmo no Confessionário? Isso todos sabemos...

Queria demosntrar publicamente que os padres também são vítimas de assédio sexual por parte de mulheres? Isso toda a gente sabe... e mais, acrescento, toda a gente sabe que maior parte dos padres tem amantes, liaisons e engates, sobretudo com paroquianas e quem está mais á mão.

Basta andar de olhos abertos e observar o que se passa...

Por tudo isto, achei o seu post desajustado. Só tem uma coisa positiva... A sua resposta face á questão da masturbação, em si mesma como um não pecado....

Sinceramente, gosto muito so seu blogue e, sobetudo dos valores que revela, enquanto pessoa e enquanto padre.
Mas sugeria-lhe que delimitasse claramente o relato ficcional do relato de life events...
Por uma questão ética.

Bluesmile

Goldmundo disse...

HUm. A última coisa que me deteria ou me faria hesitar se me confessasse era a ideia de "partilhar com estranhos". Por duas razões: a primeira, porque não há estranhos; a segunda, porque "todos os outros são abismos". Com quem partilharia eu fosse o que fosse?

Anónimo disse...

não é pelo assunto, não é pela história... mas não percebo a atitude de um padre ao banalizar desta forma o acto da confissão. não é suposto ser um acto de uma profunda entrega ao julgamento divino? é "normal" um padre servir-se de um tal conceito para escrever uma história (por muito interessante que possa ser) tipo telenovela?

Confessionário disse...

Resposta à bluesmile e ao anónimo:

Eu não pretendo usar ou abusar da confissão ou do segredo de confissão. Muito menos banalizar. Podiam ter lido um comentário do zebeirão que explica um pouco aquilo que é quebrar um sigilo de confissão; mas eu nem sequer me coloco nessa perspectiva. O que contei não tem nada de pessoal. Mas eu sei que acontecem coisas deste género. Ouço-as a colegas que desabafam situações parecidas. Estas situações é que são reais! Não a que eu contei ou as que conto. Claro que muitas das histórias que escrevo são mesmo verdadeiras, são tal e qual... mas essas têm mais a ver com a minha forma de sentir e de ver. Esta não. Esta tinha o objectivo de trazer à baila dois assuntos: 1º, a perturbação de muitas mulheres que perseguem sacerdotes com intenções afectivas e sexuais (conheço muitos) e 2º, a perspectiva de alguém celibatário, que provavelmente está entre a espada e a parede, isto é, entre o aceitar a sua condição de castidade e a sua condição instintiva e sexual.
Pena que o assunto tenha virado para a questão do sigilo de confissão. A culpa foi minha, foi. Reconheço. Por isso decidi ter mais alguns cuidados na minha forma de escrever, sobretudo o que se refere à utilização da confissão como circunstância espacial. Esse foi o meu erro. De resto tenho a consciência tranquila, como cuido que os meus colegas sacerdotes agem e têm.
O objectivo do blogue não é inibir ninguém. É fazer luz a tantos problemas e dificuldades na perspectiva da fé e do amor de Deus.
Só que algumas pessoas, muitas, podem rever-se nestas histórias... e a algumas destas(como é o meu caso) isso é bom e pode ajudar; a outras isso pode melindrar ainda mais (porquê?! Será que é porque incomoda a realidade?!)
Termino, e espero não ter que escrever mais sobre este assunto e neste post, pedindo perdão a Deus! Só a Ele.

Confessionário disse...

Um ponto directo em resposta à Bluesmile:
- Porque é que tinha de dizer que era uma história fictícia? Ela não trata a realidade? Se eu afirmasse que era uma ficção não passava de um filme...

Anónimo disse...

com que então quer trazer à baila assuntos que considera importante serem discutidos e depois "espera não ter que escrever mais acerca dele(...)"? foi bastante opinado, é verdade.
a banalização a que me referi não é em relação ao sigilo da confissão, mas sim ao acto da confissaõ em si, tendo em conta o contexto sagrado subjacente. o problema não é só do ambito da utilização da confissão como circunstância espacial: vai muito para além disso como decerto saberá. o que nos encanta é precisamente o mistério...
Todos os assuntos têm a sua pertinência e é muito válido explorá-los, mas quanto a mim a harmonia da sua correcta contextualização é de uma beleza extraordinária! o conteúdo é importante, mas é o contentor que lhe vai da a forma. está a perder-se o conteúdo e o contentor por falta de harmonia entre os dois.
ainda por cima este blog destina-se "a algumas pessoas, muitas que podem rever-se nestas histórias...e a algumas destas isso é bom e pode ajudar; a outras isso pode melindrar ainda mais(...)"
porquê? todos temos determinadas propenções, só necessitam de ser activadas (responsabilidade do quem carrega no botão activador...). qual "realidade?!"
peço desde já desculpa pela insistência, mas...

Confessionário disse...

Tens razão no que dizes em relação ao "acto da confissão"... mas eu já respondi atrás que, de facto, eu devia reconsiderar algumas coisas e não pretendia banalizá-lo.
Obrigado pelas tuas considerações e descupa eu dizer que não queria falar mais sobre este assunto. É que já me fartei de reptir para ser claro...

Anónimo disse...

muito obrigado por ter respondido à minha interpelção senhor padre.
eu não tive qq formação religiosa durante a minha vida e ela, a vida, graças a Deus, levou-me a questionar a minha condição de Ser Humano e neste momento inicio a minha busca espiritual. Ainda não consigo encontrar respostas, ando à procura das perguntas...
foi pois, em busca de um sentido que tentei expressar as minhas dúvidas.

atenciosamente,

Confessionário disse...

Amigo Guimarães, ouso tornar a responder. Apenas para dizer que estou disponível para te ajudar. Conta comigo e com algumas respostas... Um grande abraço.
Tb podes contactar-me por correio electrónico.