quinta-feira, junho 14, 2018

Não é fácil encontrar vocações sacerdotais por aí

Nunca houve tão poucos jovens. As percentagens apontam para uma desproporção entre mortes e nacimentos. O nosso país, bem como toda a Europa, está a envelhecer. Também por isso não admira que a maioria das pessoas que frequenta as nossas Igrejas seja maioritariamente envelhecida. Nunca houve tão poucos jovens católicos praticantes. Digamos que a maioria recebeu o baptismo, mas não recebeu a fé. Nunca a juventude esteve tão indiferente e despreocupada com o seu futuro. Quando se lhes pergunta o que gostariam de fazer ou o que querem para o futuro, as respostas são similares ao Nim. Não sei bem, Ainda não pensei nisso, Isto não está fácil. Também é do senso comum que esta malta hoje está cada vez mais individualista, egoísta, descomprometida, sem capacidade de fazer sacrifício. Mesmo as famílias crentes não têm tempo ou formação suficiente para educar estes jovens ou fazê-los crescer na fé. Os religiosos são pouco visíveis, pouco conhecidos, convive-se pouco com eles. É fácil perceber que o seu tempo para estar com as pessoas acaba por se tornar escasso. E muitas vezes quando se ouve falar deles não é por bons motivos Os meios de comunicação social são pródigos em falar dos elementos da hierarquia católica quando um deles se destaca pela negativa. A sociedade não valoriza, e até despreza, a vida religiosa. Vivemos numa época bastante pragmática, pouco idealista. Os jovens regem-se por experiências e por “coisas” efémeras, rápidas e sem consequências. Parece-me ainda que a vida que nós padres vamos levando não suscita grandes encantos. Vivemos a correr, com várias paróquias quase minúsculas, a cumprir preceitos, numa vivência solitária de vida humana, cheios de pequenos conflitos interiores e exteriores. E por tudo isto, e por muito mais que se poderia acrescentar, como será possível termos mais vocações sacerdotais?

9 comentários:

Anónimo disse...

A maioria das famílias deixa Deus e a igreja em segundo plano, apenas para quando tem tempo. E assim também seus filhos são criados.
Eu, ao contrário, gostaria de passar meus dias a acompanhar o padre da minha paróquia em suas atividades. É um homem de tanta sabedoria e que nos fala sobre Jesus é sobre Deus com tanto amor...
Ainda bem que temos o senhor para dividir conosco, pelo menos um pouco, do que se passa em sua cabeça e em seu coração, pois tenho muita curiosidade em saber como vivem, o que pensam, as dúvidas, as certezas...
Obrigada, padre, pelo blog e por sua dedicação a Deus, a igreja, aos fiéis.
Cassi

Anónimo disse...

Os padres (líderes-animadores das comunidades cristãs)terão quer ser gerados nas comunidades locais de fé (que lhes suscitará caminhos de formação adequada) e para essas mesmas comunidades, confirmados pelos sucessores dos apóstolos. Era assim nos princípios e a continuidade do que agora é, não passa de resquícios medievais e forças carreiristas; que irão acabando por falência na teia de continuadores… e porque o Espírito Santo, afinal, continua actuante e não pactua com soluções anquilosadas no tempo.

Anónimo disse...

... mesmo que rezem em sentido contrário, por vocações de "meninos" iluminados.

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Sobre este assunto sobre o qual apontou alguns problemas, há muitas coisas a ter em conta que contribuirão para o não seguimento da vida religiosa dos jovens depois de acabadas as catequeses. Alguns ainda ficam nos grupos, mas mal começam a namorar desistem.
Os apelos do mundo são mais fortes...
Por outro lado, e tomando como exemplo a minha Paróquia nota-se que seria muito importante que as homilias fossem mais atrativas no sentido de despertar o chamamento dos jovens, o que não acontece. São mornas e até os adultos muitas vezes "adormecem" a ouvi-las.
É a maior paróquia da Europa e há cerca de vinte anos esteve cá um padre ainda jovem na época com um discurso muito enérgico conseguindo que dois jovens se tornassem padres, um diácono permanente e muitos jovens que viveram a experiência do Seminário. E deixou rasto… Os miúdos desse tempo são os que agora orientam outros jovens.
A Igreja terá de ser mais atrativa, mais ajustada aos tempos de hoje, de modo a cativar crentes que cada vez são menos, dando especial atenção aos jovens.
Desculpe o tempo que lhe tomei.
Ailime

JS disse...

Note-se: "vocações" e "vocações sacerdotais" não são sinónimos.

JS disse...

Temos o sínodo quase à porta. Vamos deixar que o Espírito sopre?

Confessionário disse...

JS, tens razão pela observação. Não é, de facto o mesmo "vocações" e "vocações sacerdotais". temos todos o mau habito de as unir.

Quanto ao Sínodo... não sei que te diga... tenho sérias dúvidas que de que a Igreja-hierarquia queira fazer algo com os jovens, a começar pela portuguesa...

abraço

JS disse...

Nem de propósito...
http://www.agencia.ecclesia.pt/portal/igreja-portugal-bispos-catolicos-sublinham-necessidade-de-investir-na-arte-de-acompanhar-os-jovens/

Confessionário disse...

JS, li com atenção, e... também estive presente nas jornadas, e...