quinta-feira, junho 21, 2018

As histórias do nosso cangalheiro

O cangalheiro aqui da zona é um homem que se distrai com facilidade, mas com a mesma facilidade se despacha. Digamos que é despachado e castiço, embora o seu serviço não perca a dignidade. E há dias contaram-me o que ocorreu há uns anos quando ele preparava um morto para colocar no caixão. Tinha ido a casa do referido defunto para o vestir e preparar convenientemente. Como manda a etiqueta da ocasião, vestira o seu fato negro para não chocar os familiares e para que o assunto tivesse a sua dignidade. Entretanto, para poder fazer o serviço nas devidas condições, pousou o casaco do seu fato nas costas de uma cadeira que estava por ali perto. Como devem imaginar, a preparação ainda leva o seu tempo, porque é necessário tratar um pouco o rosto e vestir o defunto. E assim fez, como habitualmente o nosso amigo cangalheiro. Vão primeiro as roupas mais interiores, depois as calças do fato escuro, a camisa branca e por aí fora. Entretanto, ao vestir-lhe o casaco do fato reparou que este não lhe servia, que lhe ficava um pouco apertado. Como ninguém daria por nada, decidiu cortá-lo, com uma tesoura, nas costas. Finalmente o senhor estava conforme manda a coisa. Faltava o toque final, ou seja, alisar e dar um jeito para que tudo ficasse nos conformes, quando, ao passar a mão no peito do casaco e do senhor, deu conta que este ainda tinha uma carteira no bolso de dentro. Pensou para os seus botões que os familiares a deveriam ter esquecido. Pegou nela, com o devido cuidado, para a entregar à esposa. Mas ao avistá-la, teve a sensação de que já tinha visto aquela carteira nalgum lado. Por isso a abriu. E assim que a abriu reparou numa foto que era bem visível e conhecida. Era uma foto que ele tinha tirado com a esposa numas férias. Tratava-se, portanto, da sua carteira. Graças a Deus, pois por pouco não era enterrada com dinheiro e os seus documentos. Que alívio, pensou. Contudo, no mesmo instante deitou as mãos à cabeça. Acabara de ficar sem um casaco que não tinha sido nada barato.

6 comentários:

Anónimo disse...

que risadaaaaaaa

Anónimo disse...

Kkkkk...
Boa!
Cassi

Anónimo disse...

ahahahah

Anónimo disse...

Brincando um pouco...
Imagine que em vez da carteira era o telmovel....
Ehehehehh
La estaria o dr.padre a fazer a liturgia habitual e toca o telm...
É que seria fugir dali pra fora! Ou nao!
Mais caricato seria a caminho do cemiterio....ai! Ja nao digo mais nada!
Historias de um cangalheiro! Ehehehheh

Confessionário disse...

04 julho, 2018 10:17

realmente era excepcionalmente fantastico ouvir-se o tocar do telemóvel do morto. ahahahah

Anónimo disse...

kkkkkkkkkkkkkri-me que me farteiahahah