quinta-feira, junho 16, 2016

aceitação [poema 109]

Aceitar que a árvore é árvore e não floresta
Que a floresta está na terra e não no mar
Que o mar tem peixes e não pássaros
Que os pássaros debicam e não mordem
Que as pessoas não devem morder a árvore
Que a árvore, a floresta, o mar e os pássaros
Não são pessoas de um conto de Andersen
É ser-se assim como se é e assim aceitar
Para além do que é aceitar em mim ou em nós
Longe do que se pode simplesmente aceitar

5 comentários:

Anónimo disse...

Padre, fez-me lembrar a "casa Comum" do Papa Francisco

Anónimo disse...

Que as pessoas não devem morder a árvore
Que a árvore, a floresta, o mar e os pássaros
Não são pessoas de um conto de Andersen
É ser-se assim como se é e assim aceitar

Verdadeiro. Preciso ler isso várias vezes... aceitação.

Paulina Ramos disse...


Por querer parecer simples é que se torna intrigante!

Com este poema veio-me à mem+oria esse grande nome da poesia portuguesa, Fernando Pessoa e o seu heterónimo Alberto Caeiro.

Quer-me parecer que as tuas poesias estão a deixar aquela vertente da sensibilidade (que me levavam a querer ser a protagonista), para retratarem um "eu" que vive num "emaranhado" numa busca intensa por vezes desesperante de respostas complicadas.

É apenas a minha frágil e duvidosa opinião.

Confessionário disse...

Paulina, não sei que te diga. Agradeço a comparação com Alberto Caeiro. Penso que é excessiva, mas gostei mt dela.

O resto, não sei que te diga. Os poemas escrevem-se, tão só porque sim...

Mas, como alguém, dizia, é "aceitação"

Paulina Ramos disse...

Confessionário,
Bem eu sei que os poemas se escrevem sem porquê, muito semelhante às lágrimas que muitas vezes surgem como forma de rezar, representam uma oração.

De resto sê tu mesmo e continua a escrever os teus poemas dessa forma linda e espontânea, tal como os sentes, sem porquês.

Fica bem!