Foi durante uma missa festiva com e para as crianças. Abordei o assunto após a homilia que falava, a propósito da viúva de Sarepta e da que deitou duas moedas no Templo, que era mais importante dar-se que dar, dar-se o que se é do que o que se tem. Comecei assim como quem não quer fazer alarido. A propósito, hoje tem início a Semana dos Seminários. E voltei-me para as crianças que estavam atentas, perguntando se tinham conhecimento desta semana. Que não, não conheciam. Perguntei se sabiam o que eram os Seminários. Que não, não faziam a menor ideia. Se já tinham ouvido falar dos Seminários. Ou da boca dos pais, ou dos avós, ou na escola, ou aos amigos. Agora que lembro, não acrescentei a catequese. Nada, nunca tinham ouvido essa palavra sequer. Pronto. Acho que fiquei sem palavras, embora não me tivesse calado de imediato. Recordo que antigamente a cultura valorizava muito mais os padres e a mesma cultura achava que esta era uma boa proposta para propor aos meninos. Hoje as propostas são outras. Passam pelas engenharias, pelas medicinas, pelas advocacias, pelas doutorices. Embora eu ache que o valor dos padres está em Deus e não neles, embora eu ache que os padres não devam procurar reconhecimentos, embora eu ache que os padres devam ser um que conduz e vai ao lado, sem que espere que caminhem atrás ou à sua frente de joelhos, a verdade é que me incomoda que esta proposta tenha sido posta de parte, mesmo por aqueles que se acham católicos e vão à missa.
30 comentários:
De todo o teu post fica-me uma pergunta que levanto a mim mesmo:
Porque será que deixou de ser uma proposta feita pelo menos nos ambientes cristãos se o Padre é assim tão necessário ás comunidades?
Eu sei que é fácil ser redutor, e dar-encontrar imensas respostas…mas…!
vp
Confessionário:
“ Hoje as propostas são outras. Passam pelas engenharias, pelas medicinas, pelas advocacias, pelas doutorices. “ Claro, apesar do desemprego! Mas alguém de bom senso estará disposto a abdicar de direitos básicos e elementares só porque o Papa … pensa … (!?)
Em Abril passado os bispos portugueses sublinhavam a importância da utilização de meios de diagnóstico (recorrendo, por exemplo, a psicólogos) e da recolha de informação sobre os candidatos a padres. Esta abordagem, parece-me ingénua, quase infantil porque se sabe que têm sido sobretudo elementos sociológicos: influência da família, catequese, posição social, emprego certo e outras mordomias que no passado muito pesaram em algumas (penso que bastantes) “ vocações”.
O que me faz confusão, é que pessoas inteligentes e muito cultas, com conhecimentos sobre ciências humanas não percebam que a testosterona cumpre a sua função biológica na formação do caracter arquétipo masculino, mesmo à revelia da vontade Papal; por muito altruísta que ela seja. Aliás, a prática tem provado que a castidade compulsiva não resolve nada. Só complica. E estará na base de muitos traumas e escândalos.
Retiro tudo o que disse, e já cá não está quem isto escreveu, se me provarem que o celibato obrigatório é vontade expressa de DEUS, ou que tal prática o compraz! Até lá considero-o o maior desincentivo para alguém em quem a função bioquímica daquela hormona cumpra a função, por muito grande que seja a sua vocação. A não ser que se defenda que a vocação de sacerdote e de pai de família sejam incompatíveis.
Apesar de no passado as "mordomias"oferecidas terem pesado em muitas "vocações", talvez a falta de vocações hoje nao esteja só relacionada com a colmatação dessas mordomias noutras esferas da vida social.
Penso que a falta de vocações se relaciona com a ausência de fé, ou a presença de uma fé relacionada apenas com a imagem e com o ritual.
Talvez poucos coloquem essa questão aos seus jovens porque poucos sentirão em si uma fé profunda. Para perguntar a um menino aé quer ser padre , seria preciso que esse menino convivesse no seio da Igreja, e a muitos é já vedado esse convívio. Mais tarde poderão sentir um chamamento mas dificilmente saberão geri-lo e dificilmente ele culminará no sacerdócio.
Creio que as vocações do sacerdócio vão surgindo de forma espontânea mas nem sempre em famílias católicas praticantes, e quando tal acontece, nao há muito a fazer.
Dulce
Este tema é muito delicado.
1.- Porque, não faz sentido nenhum que não tenha de haver sacerdotes, no centro do cristianismo.
2.- Com a função de serem os elos e permanentes fomentadores da correcta e viva ligação da comunidade dos crentes a Deus.
3.- Não vejo que devam exercer essa funçao, necessariamente, por imposição, em regime de exclusividade e a tempo inteiro.
Esse aspecto poderia ficar ao livre criterio do sacerdote.
Tudo dentro duma correcta coordenação , digamos, institucional.
3.- Porque estes têm de sair do seio dessa comunidade, sem deixarem de ser partes integrantes dela.
4.- Não faz sentido que, o exercício dessa missão retire ao sacerdote, necessariamente, nenhum dos atributos essenciais à sua plenitude existencial, como ser humano.
5.- bem como, e este é um ponto muito importante:
nada justifica, muito pelo contrario, que o acesso ao sacerdócio seja exclusivo do homem.
6. E que, nada impõe o celibato como condição sine qua non, para o exercício sacerdotal.
Este aspecto ficaria também ao criterio do próprio.
Da plena e total inserção do sacerdote no modus vivendi da comunidade dos crentes, só poderão advir vantagens quer para o correcto equilíbrio pessoal dos próprios quer para o da própria comunidade.
Com esta perspectiva em prática, desapareceria a maior parte dos problemas de ajustamento que, ao longo dos séculos, ficaram bem evidenciados e que são fonte de tantos desvirtuamentos.
Se assim se entendesse, desapareceria o problema da falta de vocações bem como o dos seminários. Estes seriam espaços adequados à formação dos sacerdotes.
Esclareço que falo como leigo. Casado. Um profissional como outro qualquer.
Que diz o que pensa sem se preocupar com o que possam pensar....
Em minha opinião e pela forma como estão a fazer divulgação para cativar jovens ao sacerdócio, por exemplo pelos videos "promocionais" de testemunhos,com a crise que se vive, penso que o numero de candidatos em breve vai aumentar. A questão do celibato, parece-me, se nao o maior, um entrave,no entanto os jovens de hoje vêm a sexualidade como uma necessidade fisiologica de qualquer ser,vao dizer sim ao celibato, mas satisfazer as suas necessidades fisiologicas sem constrangimentos, claro que ás "escondidas". Mas há coisas que não se fazem sob todos os olhares. Perante uma vida de felicidade, sem dificuldades economicas, muitos amigos, passa a ser facil desistir das engenharias, das medicinas e aceitar ser padre. Não critico, muito pelo contrario. Se devemos aceitar o chamamento de Deus e cumprir a nossa missão, seja em que área for, que não sejam as ordens/leis dos homens que o impeçam. Não tenho filhos, mas também não me choca quando vêm a lume verdades ou mentiras que sejam, de que um padre de determinada paroquia tem por companhia regular uma mulher. Pois se o padre é também homem. Não se pode controlar as necessidades do corpo, como a sede, a fome, a sexualidade ou outras. Cumprimentos em Cristo
Fica a pergunta, que o Padre fez em plena Homilia:
Pe. - De que precisamos nós?
Silêncio!!!
Pe.- Onde está Jesus?
Nós - No Sacrário.
Pe. - E quem é que tira JESUS do Sacrário?
Silêncio!!!
Silêncio, porque nunca se pensa na importância do padre, porque se pensa que a "cegonha", por vezes traz um carregamento de "padres"... porque na verdade se reza pouco, se vive pouco o amor a JESUS, com JESUS e por JESUS! Não se ama, o que não se conhece.
Partilho uma oração que escrevi com o meu coração para a Semana das Vocações…! Será a minha oração sobretudo nestes dias em que pedimos ao Pai por braços para a sua Seara…
Oração para a Semana das Vocações
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros que saibam construir e reparar os tectos da tua Igreja para que não existam mais desabrigados do teu Amor nas noites mais frias da Comunhão entre os homens!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros que ajudem a alargar as mesas nas famílias, para que todos os membros afastados do lar possam voltar a ter espaço à mesa do diálogo e do partir do pão diário!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros que carreguem martelos e pregos não mais para levantar cruzes no mundo, mas para construir mais bancos na tua Igreja, para que a tua Palavra chegue a todos!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros que saibam alargar as portas dos templos para que nunca mais nenhum irmão encontre as portas demasiado estreitas e nelas não consiga passar por causa das intolerâncias!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros que construam pontes entre todos os caminhos da Fé nos diálogos ecuménicos!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros para reparar a barca que é a tua Igreja, tão cheia de rombos por causa das suas fragilidades e pecado!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros que saibam aproveitar toda a madeira nessa floresta que é a humanidade, mesmo aquela que seria recusada por causa das suas poucas qualidades e dons aos olhos do mundo!
Jesus, tu que és o carpinteiro de almas…
envia-nos da carpintaria do Pai novos carpinteiros …
vp (19-11-2012)
a imagem que coloquei na oração é esta para quem quiser:
http://s17.postimage.org/6rkq6o7sv/carpinteiro2012.jpg
Todos somos chamados… todos devemos responder…
... do Catecismo da Igreja
(nº1141). A assembleia que celebra é a comunidade dos baptizados, que «pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para ser uma casa espiritual e um sacerdócio santo, para oferecerem, mediante todas as obras do cristão, sacrifícios espirituais» (13). Este «sacerdócio comum» é o de Cristo, único Sacerdote, participado por todos os seus membros (14):
«É desejo ardente da Mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e activa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da liturgia exige e que é, por força do Baptismo, um direito e um dever do povo cristão, "raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido"(1 Pe 2, 9) (15)»(16).
vp
Padre,não podemos esquecer que, antigamente, os seminários estavam cheios mas que não era garantido que correspondesse verdadeiramente a vocações. Por tradição, por relevo social ou outras razões, os jovens eram enviados para os seminários, independentemente da sua vontade ou vocação; depois ou a encontravam ou iam vivendo a existência que lhes havia sido imposta, às vezes, de forma um pouco atabalhoada. Os tempos mudaram,e os jovens passaram a poder expressar a sua vontade e o número de seminaristas diminuiu mas, mesmo assim, teve a sua parte positiva, visto que, supostamente, só eram ordenados os vocacionados.
Só que entre a preparação e a realidade a diferença era enorme e no pós-Vaticano II foram muitos os que abandonaram os seminários e o
sacerdócio, procurando uma forma de vida que os preenchesse e os libertasse da solidão. Nem todos conseghuiram enquadrar-se no que procuravam e, se podessem, talvez, ou não, regressassem ao sacerdócio.
Os tempos continuaram a mudar e chegou-se a uma secularização desmedida, com abandono de muitos e variados princípios morais que, além de não serem nobres, são contra os próprios princípios da Igreja.
Se os jovens vivem um ambiente familiar que não é modelo, se deixaram de ter formação moral e religiosa obrigatória nas escolas,
se os sacramentos até já nem fazem parte dos actos sociais, onde vão eles sentir o chamamento?
Mas, também os pais, ainda que católicos, deixaram de desejar para os filhos uma vida de privações em prol da comunidade, porque vivemos num tempo de grande crise ideológica.
Acredito, porém, que aqueles que sentirem o chamamento poderão vir a ser uns bons sacerdotes,desde que a sua formação seja feita adequadamente à realidade que irão encontrar no exercício do seu ministério.
Beijinho
Ruth
A sociedade está vazia de valores. Como pode essa proposta ser uma proposta interessante?!
Quem frequenta os seminários?
Quem conhece para promover e difundir informação sobre o que lá se pretende?
A pergunta que deixo é por que razão não falam os padres do seminário que frequentaram como escola importante, fundamental no discernimento vocacional e no crescimento como homens a sério?
Ninguém melhor que o Dono da carpintaria para avaliar da falta/ ou não, de carpinteiros. Com rezas não conseguimos distrair o Patrão que sabe muito bem o que nos quer fazer ver! Porque não humanizamos o “estatuto” de carpinteiro ??? …
Muranguito
Gosto da ideia.
Na semana passada vi um vídeo com jovens seminaristas a falarem, e digo-vos, fiquei triste. Estava tão sem sabor. Eu acho que devemos apresentar a diferença, sim, mas uma diferença alegre e que traz felicidade. Não uma diferença que parece um peso.
Um dia hei-de propor um filme dinâmico, atractivo (como alguns que já vi de Espanha) com padres a falar do Seminário...
Adalberto,
Tb me parece que precisamos humanizar mais tudo isto. O carpinteiro não se importará de certeza que se diga que ir para o Seminário é fixe! ...se for.
às vezes tenho receio que entrem no Seminário apenas frustrados!
Se os seminaristas forem jovens, sem terem ainda atingido a maioridade (18 anos). Como podem já ser frustrados nessa idade?
Não digo que os mais velhos, não possam entrar apenas, por desilusão disto ou daquilo, da vida cá fora... mas os mais jovens penso que será por vocação e gosto pessoal...
Joana, pode nao ser propriamente esse tipo de frustração que estás a imaginar. Mas existem muitas frustrações na vida desde pequeninos!
Bom, mas eu quero pensar que os jovens que vão para o Seminário vão com vontade e não para fugir ao que quer que seja... por isso não digo mais nada sobre este tema das frustrações.
Deixo apenas o que um sacerdote disse certa vez em uma homilia: as pessoas pensam que o problema das vocações está no celibato, mas antes os problemas fossem este - olhemos para os nossos irmãos ortodoxos, também, a braços com a falta de vocações sacerdotais (e podem casar)- o verdadeiro problema está na crise das famílias. E eu digo: Amén! Amén! Amén!
Bom dia
Tinha decidido não comentar, não gosto de semanas disto ou daquilo, tal como não gosto de dias especificos.
Parece que fora dessas datas não pensamos nas vocações, não temos fé ou não somos capazes de ser solidários.
Na minha juventude morava numa região do país que num raio de cerca de 10 Km tinha dois seminários, ainda hoje tem, conheci vários seminaristas.
Cada um era um universo de motivos.
Lembro-me de um padre que gerou grande polémica no meio católico, e com quem me cruzei por motivos profissionais.
Admirava-o pois apesar das contrariedades, (todos as temos) era autêntico, não escondia essa autênticidade nas celebrações a que presidia.
Aquele homem polémico, evangelizava com as atitudes do dia a dia.
Era frontal e direto, muitas vezes brusco, pouco dado a simpatias.
Hoje penso numa resposta que ele deu a uma colega minha que resolveu provocá-lo acerca das motas.
"Tu achas que és melhor porque andas de carro?"
"Não julgues pelas aparências."
Falar de vocações é fácil.
Falar de fé não é dificil.
Dificil é viver autênticamente uma vocação.
Dificil é ajudar os outros a perceber o que é uma vocação, fazendo-o com o exemplo próprio de quem a vive.
A semana dos seminários terá valido pela intenção mas ficará por aí se não passarmos a viver no nosso dia a dia e com autênticidade a vocação à qual cada um foi chamado, ou se sente chamado a viver.
O tema é muito delicado. Não há posições absolutas. Sou católico. Praticante. Casado. Já tenho netos. Sou dos tempos em que, pelo menos em Portugal tudo eraabsoluto.
O padre é um homem. Não casado. Vive do sacerdócio e para a comunidade da paróquia.
Era uma figura indispensável ao equilíbrio da casa. Como uma peça importante de mobília. Sai duma família praticante. Vai menino para um seminário para vir a ser padre.
- Olha lá! Se queres ser padre não te podes casar!...e o puto lá ia todo contente, com um enxoval, na camioneta da carreira, todo engravatado. Chapéu à homem e fato preto. Casar? Ele quer lá saber disso. Ainda não percebe nada disso...
Os seminarios eram verdadeiros quarteis de tropa, em disciplina e regulamento. As liberdades estavam serradas ao meio. Quase tudo era proibido. Até virem a casa...só nas férias.
O puto ia crescendo. No meio daquele mundo fechado, onde fervilhavam os mesmos erros e tendências cá de fora. Concorrência. Autoritarismo. Rivalidades. Invejas. Facciosismos. Tudo a carburar num caldeirão de sopa, à mistura com repetidas idas à capela para rezar, para receber o endoutrinamento, em doses maciças e um afastamento cada vez maior do mundo exterior.
continua...
Socialmente, o seminarista era apontado a dedo. Até porque tinha uma indumentária própria. Tinha de ser bonzinho e sorridente, para dar ar de felicidade.
Havia os que aguentava tudo. E os que se revolviam, cada vez mais, até ao golpe final. Saída. Como uns falhados...de reabilitação espinhosa. Foi assim. Era assim.
Os que almejavam o sacerdócio, um dia, dum dia para o outro, passavam para outro mundo. Mas o desajustamento estava lá. Com todas as fracturas internas ocultas. Mas reais. Uma delas era o celibato. Uma fractura exposta que nunca solda por mais voltas que se dê.
Porquê meu Deus?...
Porquê só o homem pode ser sacerdote, meu Deus? Que cegueira!...
Tudo seruia mais fácil. Mais são, desde a base. O sacerdócio em si não tem sexo. É comum de dois...
Porque não uma mulher a celebrar, a confessar, a atender as pessoas suas iguais, com pessoas consaggradas ao exercício do sacerdócio.
Este tem de haver. Como elo de ligação das pessoas a Deus.
E como preparar um sacerdote?
Muito simplesmente. Como se prepara um médico ou um juiz...ou um empresário. Tem de ir aprender a arte...num espaço próprio. mas sem muros altos nem cães à porta. Espaço aberto...comunicante com o resto dpo mundo...
Nada de seitas. É um espaço borolento, onde crescem bactérias e vermes...Por isso, desapareçam os seminários todos...e surjam Escolas de Sacerdotes...
20 Novembro, 2012 13:59
O tema é muito delicado. Não há posições absolutas. Sou católico. Praticante. Casado. Já tenho netos. Sou dos tempos em que, pelo menos em Portugal tudo eraabsoluto.
O padre é um homem. Não casado. Vive do sacerdócio e para a comunidade da paróquia.
Era uma figura indispensável ao equilíbrio da casa. Como uma peça importante de mobília. Sai duma família praticante. Vai menino para um seminário para vir a ser padre.
- Olha lá! Se queres ser padre não te podes casar!...e o puto lá ia todo contente, com um enxoval, na camioneta da carreira, todo engravatado. Chapéu à homem e fato preto. Casar? Ele quer lá saber disso. Ainda não percebe nada disso...
Os seminarios eram verdadeiros quarteis de tropa, em disciplina e regulamento. As liberdades estavam serradas ao meio. Quase tudo era proibido. Até virem a casa...só nas férias.
O puto ia crescendo. No meio daquele mundo fechado, onde fervilhavam os mesmos erros e tendências cá de fora. Concorrência. Autoritarismo. Rivalidades. Invejas. Facciosismos. Tudo a carburar num caldeirão de sopa, à mistura com repetidas idas à capela para rezar, para receber o endoutrinamento, em doses maciças e um afastamento cada vez maior do mundo exterior.
Socialmente, o seminarista era apontado a dedo. Até porque tinha uma indumentária própria. Tinha de ser bonzinho e sorridente, para dar ar de felicidade.
Havia os que aguentava tudo. E os que se revolviam, cada vez mais, até ao golpe final. Saída. Como uns falhados...de reabilitação espinhosa. Foi assim. Era assim.
Os que almejavam o sacerdócio, um dia, dum dia para o outro, passavam para outro mundo. Mas o desajustamento estava lá. Com todas as fracturas internas ocultas. Mas reais. Uma delas era o celibato. Uma fractura exposta que nunca solda por mais voltas que se dê.
Porquê meu Deus?...
Porquê só o homem pode ser sacerdote, meu Deus? Que cegueira!...
Tudo seruia mais fácil. Mais são, desde a base. O sacerdócio em si não tem sexo. É comum de dois...
Porque não uma mulher a celebrar, a confessar, a atender as pessoas suas iguais, com pessoas consaggradas ao exercício do sacerdócio.
Este tem de haver. Como elo de ligação das pessoas a Deus.
Olá J.
falas em frustrações...e a Joana fez o reparo. E tu não queres acrescentar mais nada. Mas eu acho que era/é uma óptima oportunidade de debate. Não podemos ficar só naquela idealização da figura do padre. Porque depois a vida de todos os dias é outra coisa. E acontecem semanas de oração pelos seminários que já não dizem quase nada a ninguém, muito menos aos jovens.
Porque não falar abertamente dos diferentes motivos que levam um jovem ao seminário? Eugene Drewermann, teólogo e psicólogo tem um importante livro que fala sobre isto. Não esgota o diálogo, nem as motivações e sentidos para um jovem ir para o seminário, mas abre algumas pistas.
beijinhos
Li isto algures e achei interessante partilhar (a ver se cabe tudo)
La crisis del clero
La noticia circula por la red. Y es tema de cometarios preocupados y preocupantes. Se trata de esto: por cada 10 sacerdotes que mueren en Europa, se ordena de presbítero 1 seminarista. A este paso, si no se produce muy pronto un milagro impensable, ¿qué futuro le espera a la Iglesia en el continente donde reside el centro de la cristiandad y que ha difundido la fe por todo el mundo?
Insisto: si las cosas no cambian muy pronto, de aquí a diez años, el catolicismo será un residuo histórico, una curiosidad del pasado, reducida a casi nada, y que se recordará como ahora recordamos los tiempos antiguos, cuando a los herejes se les quemaba en la plaza pública o los esclavos se compraban en el mercado. Por supuesto, es posible que estas estadísticas no se ajusten exactamente a la verdad de los hechos, por igual y en todas partes. Eso, sin duda, puede suceder. Y seguramente sucede.
De hecho, el Vaticano y la Conferencia Episcopal difunden, de vez en cuando, informaciones que aseguran un aumento de vocaciones en la Iglesia. Y puede ser que, algún que otro año, eso sea cierto. En todo caso, hay hechos que nadie me puede negar. Hace más de quince años, hablé detenidamente con un sacerdote francés que, ya entonces, me dijo que era párroco de cuarenta parroquias. Y conste que, ante mi asombro, me insistió: “Sí, ha oído Usted bien. Hablo de cuarenta parroquias”. Y añadió: “A lo más que alcanzo, los fines de semana, es a poder decir siete misas”. Ahora, hace pocos días, un cura amigo, que ha estado en la vendimia del sur de Francia, con trabajadores de su pueblo, me contaba la impresión que le ha hecho ver que los párrocos son casi todos africanos, venidos del Congo, o rumanos que han huido de la penosa situación de su país.
Las consecuencias, que todo esto arrastra, le llaman la atención a cualquiera. Por ejemplo, es notable la cantidad de iglesias y conventos que se están vendiendo, en Alemania, Holanda, Austria, Francia..., para dedicarlos a centros comerciales, salas de cultura, almacenes, hoteles, etc. En la mayoría de los conventos, lo que predomina son los ancianos y ancianas, mientras que los noviciados se han agrupado porque ya quedan pocos y además están medio vacíos. Y conste que los síntomas, que se palpan en Europa, se empiezan a notar en otros continentes, por ejemplo, en no pocos países de América Latina. Hoy, con el exceso de información que funciona por todas partes, este tipo de fenómenos nunca son estrictamente locales.
o resto:
¿Quiere decir esto que la Iglesia se hunde y desaparece? No. Lo que quiere decir, por lo pronto, es que el tipo de sacerdotes, obispos y papas, que viene teniendo la Iglesia, desde hace un siglo, ya no sirve para estos tiempos y para la cultura dominante. Pienso que esto no es una hipótesis. Es un hecho, que ahí está, a la vista de todos. Es más, no se trata sólo del tipo de personas que ocupan esos cargos. El problema está en los cargos mismos. Quiero decir: la Iglesia se tiene que organizar de otra manera. Se les tiene que dar más poder de participación a los laicos. Más presencia a las mujeres. Más autoridad a las Conferencias Episcopales en el gobierno general de la Iglesia. La Curia Romana tiene de cambiar de manera radical. El poder supremo, en la Iglesia, no puede seguir concentrado en un solo hombre, el papa.
Está visto que de esa manera la Iglesia no puede ni aceptar en ella el complimiento de los derechos humanos. Muchos menos, el Evangelio. Por supuesto, debe modificarse el sistema económico de las diócesis y del Vaticano, que, cuanto antes, debe dejar de ser un Estado. Tiene que pensarse muy en serio si lo mejor para la Iglesia es mantener esa forma de presencia de pompa y boato que lleva consigo cualquier obispo, cualquier cardenal y no digamos si es que hablamos del Vaticano y del papado. Todo eso, tal como lo ve la gente, no se parece, prácticamente en nada, a los que leemos en el Evangelio.
Mientras la Iglesia no afronte en serio estas cuestiones, esto no tiene arreglo. Y, además, le queda poco tiempo. Sin olvidar que ninguno de los cambios, que acabo de mencionar, son cuestiones que tienen que mantenerse porque son verdades obligatorias de la fe cristiana. Todo lo contrario, si es que nos atenemos a la forma de vivir que escogió Jesús, tal como la relatan los evangelios.
¿Qué vendrá después, si lo que tenemos se hunde del todo? ¡Cualquiera lo sabe!
20.11.12 - José Maria Castillo
Tive a oportunidade de ouvir isso e muito mais de viva voz (há um video no meu blogue com a gravação da conferência dada em Lisboa no passado Outubro). E pude testemunhar a humildade e o compromisso de vida que valida o que o padre J. Mª Castillo afirma.
Eu não tenho especiais problemas de que um padre emigrante de África ou de outro país qualquer assuma o cargo de pároco de qualquer comunidade. Mas será esse o caminho? Não estará a Igreja a adiar um debate e uma tomada de posição que os tempos actuais exigem?
Eu acho que a Igreja tem adiado muitas coisas a esse nível. Sobretudo aqui na Europa. E depois aqueles que temos vontade de mudar algo, sofremos porque isso não depende só de nós! E é penoso viver desta forma como "funcionário".
Padre confessionário;
se me permite, vou tomar a liberdade de lhe fazer uma sondagem a si neste momento, por favor, se puder, seja sincero...
Se fosse ordenado Bispo ou Papa, qual seria a primeira medida que mudaria a respeito deste tema?
bjs
tens toda a razão no termo "funcionário". Não só, e principalmente como alguns (muitos" da comunidade vêem o padre, mas como o bispo o envia e a Igreja dispõe dele.
Não sei se conheces a história do padre e teólogo José Castillo...como ousou pensar diferente, perdeu o cargo de "funcionário". Já muito poucas coisas me doem em relação à Igreja, mas estas ainda me interpelam profundamente.
Olá, Joana
É pano para mangas, mas sem pensar muito, acho que aquilo em que me esforçaria mais seria mudar o modelo de padre actual para algo mais próximo do "Bom Pastor" a as comunidades paroquiais ou diocesanas para algo mais à imagem das primeiras comunidades cristãs. Acabava com muitos dos rituais, para procurar sinais que entrassem no coração das pessoas. Quase faria por acabar com a Religião, para recomeçar a Igreja de Cristo! Amanha publico algo sobre isto... entretantyo, fiquei a pensar (mas se calhar tb estou errado!, que gostavas de me ouvir dizer que era o Celibato! lol... O que a Igreja tem deveras de mudar é ainda mais complicado e urgente!
Fiquei satisfeita com a resposta...
Por acaso não pensei no celibato, já conheço a sua opinião sobre esse assunto em posts anteriores.
Só queria mesmo conhecer a sua opinião sobre as propostas do seminário, para conseguirem conquistar a atenção dos jovens.
Ficarei à espera da sua publicação de amanhã.
Bjs
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