Dispostos uns atrás dos outros, sentados, com o bispo à frente, contava uns trinta padres. O tema da palestra era Fidelidade a Deus. Nada melhor para pensar na minha fidelidade ao Deus que amo. Enquanto o homem falava, eu pensava. Devia pensar no que ele gesticulava. Mas reconheço que pensava apenas no significado das roupas dos padres. Nas cores dos padres. Nas cores de Deus. Estava nos bancos do meio, mais para o fundo que para o cimo. Dava para ter um panorama geral do ambiente e da sua cor. Cinzas, pretos, azuis-escuros, um branco ou outro. Suponho que destoava com o meu vermelho. Desta vez não quis pensar mal dos que vestiam diferente de mim. Afinal eu é que era o diferente. Quis pensar que cada um veste como quer. Quis respeitar as cores diferentes da minha. Quis pensar que cada um deve ser ele próprio. Que devemos viver à nossa maneira. Mas não consegui deixar de me perguntar sobre as cores de Deus. Quais Lhe agradariam. Quais vestiria. A quais daria mais brilho. Quais teria escolhido para serem mais vida, mais alegria, mais amor, mais esperança, mais ressurreição, mais verdade. Imaginei o céu de cor cinza. Não resultava. Preto só à noite. Por isso a noite é noite. Do branco lembrei a Ressurreição. Mas à Sua volta, num céu brilhante, apenas consegui vislumbrar as cores do arco-íris, bem vivas, a sorrirem umas para as outras. E depois apresentamos esse mesmo céu, essa mesma vida, essa mesma Ressurreição, envergados de cores cinzas, pretos, escuros. Ainda desculpei os escuros, porque no meio da cor passam despercebidos e dão lugar à cor mais brilhante. Ainda desculpei os escuros com a humildade, o desprendimento, a austeridade. Mas desculpem-me estas desculpas. O Deus que eu amo pode até ser discreto, mas não se esconde no escuro. Pode ser humilde e desprendido, mas é também aquele que dá a felicidade plena ao homem. Aquele que vive uma eternidade para dar a felicidade ao homem. E não o deve fazer com pouca cor. Se Ele criou tantas cores, porque teremos nós, seus ministros, de as apagar?
20 comentários:
Para que ELE brilhe e resplandeça em vós!
Desculpe, preferia dizer-lhe que gosto muito do azul e do vermelho, que ficam bem a qualquer um...não sei bem porquê... mas saiu-me do coração a primeira frase.
Beijinho fraterno
ora aí está!
bjs
Cores da estação. Se olhar para os seus fiéis na missa dominical verá que as cores predominantes são essas mesmas...escuras! Deixe chegar a Primavera ou Verão, e verá como as cores serão mais alegres e berrantes.
Ah! E depois nem todos são do Benfica, né?
bom,
foste à palestra do Papa? É que também era sobre a Fidelidade. :)
Bom, imagino que o tema te dissesse muito. Fixaste-te foi nas fatiotas.
No meu blogue também ando a postar sobre o tema. Não as fatiotas, claro. ;)
Postei um texto do António Justo, que merece uma boa reflexão.
beijinhos
Bem Hajas pela diferença...no estar, no pensar, no dizer, no partilhar, no amar...na cor diferente!
Abraço em Cristo,
Hermfar
OLÁ,
DESCULPA ESTAR A ESCREVER AQUI...
COSTUMO VIR AQUI E FICAR EM SILÊNCIO...
DEPOIS DO QUE FIZ SÓ ASSIM POSSO FAZER...
HOJE VENHO LANÇAR UM DESAFIO... PASSA PELO MEU BLOGUE (http://avidaarenascer.blogspot.com/)E LÊ...
UMA ABRAÇO EM CRISTO
ZÉ GUSMÃO
Boas!... O utilizador Canela já disse quase tudo: "Para que ELE brilhe e resplandeça em vós!" e eu acrescentaria: Porque graças a ELE o mundo é colorido e não a preto e branco!... Será assim tão difícil perceber isto?... Infelizmente para muitos até é!... Porque razão existem diferentes cores litúrgicas?... Justamente por isso!... Cada tempo tem a sua emoção própria!!!... E alguns Padres gostam de os celebrar com cores bem vivas e contrastantes, para não dizer berrantes!!!... Então porque não existirem diferentes cores para o vestuário secular de todos os dias?... Ui, ui!... Aí lá vêm os dramas!... E que dramas ultimamente... É preferível andar tudo "uniformizado"... Assim já há menos dramas... Ou melhor... Assim escondem-se melhor os dramas!...
Boa tarde!...
Ora, lá está...
A meio do texto pensei que o arco-íris seria o preferido de Deus... :)
E afinal também se lembrou do bendito arco-íris... :)
Bela reflexão.
Sem dúvida que todas as cores têm o seu lugar, mas as cores claras, alegres... são as que melhor caracterizam Deus... :)
Olá!
As cores escuras são naturalmente as mais escolhidas pelos sacerdotes, porem existem aqueles mais arrojados que exibem as cores claras e berrantes.
O proprio Jesus vestia cores claras, não me lembro de o ter visualizado com nenhuma cor escura.Que melhor exemplo do que ele.
Mas mesmo assim penso que deveria existir algum cuidado no vestir e na escolha da cor.
È completamente diferente olhar para um padre quando veste de vermelho, ou quando veste de azul escuro.
Com as cores escuras ele passa despercebido, agora ver um padre com uma camisola azul clara , verde, até mesmo cor de rosa...
Um abraço!
Alexandra
As vestes pretas não combinam bem com a mensagem de vida que Jesus nos deixou. Alguns podem é estar de luto. Luto carregado. Já não sei nada... Mas há factos que, a serem mesmo verdade, entristecem e nos pintam a alma de negro.
Zé Gusmão
Apague definitivamente da memória essa situação. Um padre tem que conseguir perdoar, PERDOAR MESMO!!!
Um abraço
A mim confesso que me agrada ir na rua e reconhecer um padre. Traz-me paz. Sinto-o como um sinal de Deus, uma forma de me lembrar d'Ele ao longo do dia. Inclusivamente já me aconteceu, num dia em que estava "chocha", pedir uma conversa/confissão assim mesmo, no meio da rua.
Gosto de ir a Roma e ver tantos padres vestidos de padres. Anima-me. Penso "ena, somos mais do que eu pensava!".
Certamente que a indumentária é apenas um sinal. Mas precisamos tanto de sinais...!
A alegria, essa, vem de dentro, da disposição com que encaramos a vida e os outros. A cor pouco importa!
Eu própria tantas vezes ando de cinzento só por estar na moda! :) não me torno "cinzentona" só por isso, pois não?
bj, obrigada,
inês
O Inês tenho pouca sorte. São mais as vezes que vejo padres que não conseguem dar esperança do que o contrário porque alguns nem a têm. Se isso que escreveu fosse realidade seria bom. Até agora na Páscoa as confissões parecem a fila para pagar impostos e sai-se de lá na mesma ou pior. Já aconteceu comigo há pouco tempo. Pedi ao sacerdote, paramentado, que me ajudasse a organizar as ideias e nada de nada. Olhe nem boa vontade eu vi... Fogem quando estão dentro da Igreja qd mais qd estão fora. Há excepções mas não são muitas
deus tem tantas cores , pois criou o mundo , achoque nao fica mal aos padres vestirem de claro , consuante a altura do ano , e a solenidade em causa.
Senhor Padre,
Concordo consigo plenamente. De facto é "ousar" um padre pensar assim.
Mas tem toda a razão, Eu lembro o meu professor de religião e moral, nos anos sessenta, pós Concílio Vaticano II, todo de preto e com cabeção e volta ao pescoço, insurgir-se contra essas mesmas roupas e fazia-o abertamente em conversas connosco. Era um padre "rebelde" para a época.
Coitados dos padres. Agora querem que escolham a cor da roupa segundo o tempo liturgico! Já agora! Se gostarem de ser identificados -acho bem...- ponham uma cruzinha discreta. Chega!
Olá confessionário...
Depois de ler várias vezes este post "AS Cores de Deus" e ter refletido muito, hoje tomei a coragem de dar um pouco daquilo que penso, não sei se será o mais correcto?
Mas que importa a cor da roupa ou de como nos vestmos?
Porquê andarem os padres de preto, quando eles devem mostrar alegria, amor e a vida de Deus nas suas vidas, para nós podermos seguir as suas pégadas.
Devem ser a imagem de Jesus nas nossas vidas, que importa o que se veste, o importante é o que vai no nosso coração.
Não é por se andar de cara baixa, com ar de santinhos e certinhos que são bons( por vezes revelase os piores, aqueles que atraiçoam pelas costas). Tenhamos um coração, limpo e puro como o de Jesus e não liguem tanto ao que se veste, a como se penteiam, como vaão vestidas para a missa. Não critiquemos tanto o próximo nem os padres, pois são homens como os outros e por isso também cometem os seus erros, têm é que saber vê-los e saber perdoar e não haver orulho e arrogância.
que importa a cor...o cerco está a fechar
A mim não me incomodam nada as cores que vestem os padres… e, de acordo com a ocasião, podem estar vestidos “à civil” ou com “à padre”… mas gosto quando passo na rua por padres e freiras, também me traz uma sensação de paz.
Custa-me mais aceitar as roupas que vestem… principalmente quando vemos os maiorais da Igreja reunidos: aqueles trajes, anéis, chapéus (ou lá como se chamam…) de opulência, a marcar estatutos, para que ninguém os confunda com simples padres… e fora essas ocasiões quando usam fatos e sapatos de marcas conhecidas, caríssimos, para quem prega a simplicidade… isso sim, custa-me aceitar e compreender.
As cores de Deus são as cores da água.
A água que purifica, a água que lava, as lágrimas que aliviam. Conhece alguma cor da água? A água que eu saiba, é transparente.
As cores de Deus são nenhumas.
Ou por outra é só uma: a transparência...da alma, evidentemente.
F.
Enviar um comentário