segunda-feira, maio 25, 2009

A queixaria

O Carlos estava a conversar com um senhor, à porta de um café, numa mesa de esplanada, para ocupar o tempo entre as goladas do café e o poisar da chávena. Ambos sozinhos, isto é, um em cada mesa. Um com uma chávena de café e o outro com um traçadinho. O segundo, na falta de assunto, puxa algo que se torna sempre interessante. O padre da freguesia. Começa a queixaria. Sabe, o padre novo. Que tinha mudado isto. Que tinha dito aquilo. Que tinha feito não sei mais o quê que lhe tinham dito. Coisas de mulherio. Lá para as bandas do pinhal de cima. Uma vergonha, sabe. Até que a certa altura o Carlos lhe perguntou se ele já conhecia o padre. Poisou a chávena, levantou-se e pediu desculpa. Peço desculpa por não me ter apresentado. Como se nada fosse com ele, quando tudo tinha a ver com ele. Padre Carlos. Muito prazer. Partiu com um sorriso dentro dos lábios fechados pela pressão dos dentes. Deixou a chávena vazia sobre a mesa, e o copo de vinho cheio com o seu dono. O seu a seu dono, contou-me. Tu já viste que nem se dão ao trabalho de confirmar as suspeitas ou de conhecer os suspeitos? O que é preciso é dar uma de entendidos para maldizer os padres, seja ou não verdade. Assuntos de café, ou de quem não tem que fazer, anui.

34 comentários:

Alma peregrina disse...

Sem palavras...

Só uma imensa tristeza...

Anónimo disse...

e verdade o que o padre diz , as vezes as pessoas falam sem razao e quem mais fala sao aqueles e aquelas que so poe os pes na igeija , para irem aos casamentos e aos baptismos e mesmo assim pensam que para essas coisas a igeija nao tem regras e se o padre nao -lhes faz a vontade dizem mal a tordo e a direito do padre e eu sei do que falo. um abraco

Anónimo disse...

Só de imaginar a cara do outro senhor, fartei-me de rir.

Canela disse...

Á atitude do Pe. Carlos, eu chamo de... bofetada sem mão!

Não, eu jamais gostaria de vêr semelhante coisa, nem tão pouco ouvir falar mal do Pe., seja este, aquele ou outro qualquer.

O Pe. doa a sua vida a JESUS, por JESUS em prol de quem?

DE nós!!!!

O Pe. não se confessa a ele, confessa-se a um outro colega, por aqui já se vê, que o Pe. é Pe. para NÓS!!!!!

Quem é capaz de "cuspir", na mão que lhe é estendida?

Desculpe o desabafo Pe. C., custa-me é só!!!

Aprendiz disse...

Este episódio fez-me lembrar de um padre que assumiu uma paróquia perto da minha... Esse padre por acaso, ou não, também se chama Carlos. Do padre Carlos, dizem-se muitas coisas (más), tal como esse senhor disse... [Era capaz de apostar que se trata da mesma pessoa! :)]

Mais do que falar mal do padre-da-terra, quando é uma "aquisição" recente começa-se sempre por derrubar o homem, para depois fazer cair o padre. Parece-me ser um mal de todas as freguesias, em todos os tempos... O padre é um alvo fácil que, na maioria das vezes, não se pode defender como "pessoa normal". Daí, qualquer pessoa não ter escrúpulos em divagar, sem a preocupação de atestar a veracidade.

Se fosse comigo, não teria conseguido esperar e ouvir tudo como se nada fosse. Grande virtude a desse homem-padre...

Um abraço padre Confessionário

=)

Anónimo disse...

Esta fez-me lembrar uma cena muito parecida. Eu estava numa esplanada a tomar café e na mesa ao lado três mulheres bebiam caipirinhas enquanto relatavam as últimas proezas sexuais que tinham ouvido contar sobre um conhecido delas. Aquilo era tão mirabolante que tive de me torcer toda para não dizer: Caríssimas, um gajo assim nem com comprimidinhos azuis…

Estão a ver o fim da história, não estão? O meu pobre nariz ficou entupido de café quando percebi que estavam a falar de um padre. É triste, mas no fundo eu nem devia ficar surpreendida. Acho que a invenção de histórias sobre padres qualifica para fenómeno social. Alguém já terá estudado as motivações? Com tanta tese de mestrado e doutoramento sem interesse, os resultados de um estudo assim deviam dar bastante que pensar. Agora que penso nisso, pode não haver um estudo científico propriamente dito, mas o pessoal do marketing já deve andar a meter o nariz no assunto. Já viram que até para vender iogurtes e pastilhas para a garganta se usa a imagem de um padre? (Teodora, se ainda não conheces, procura o anúncio das pastilhas Venco no youtube, vais gostar ih ih ih).

Confessionário, porque não lança um estudo-piloto sobre o tema, com uma votação no blog? Tenho a certeza que terá ideias bem apanhadas para alternativas de resposta a perguntas do género “Porque é que as pessoas inventam histórias sobre os padres?”. Ou então “Porque é que a imagem dos padres vende?”. E não me admirava que a seguir alunos de Sociologia ou de Marketing ficassem inspirados para um estudo mais aprofundado…

Du

Anónimo disse...

Existem padres e padres!São homens!Sabemos muito bem, como é!Alguns tentam a passar despercebidos e fingir q não existe nada! Mas....por vezes muitos partilham a sua vida com mulheres.
Não coloquem os dedos nos olhos!Eh!

Teodora disse...

se os padres vendem é porque são bom produto!

eu nunca me engano! hihihi

Confessionário disse...

Olá, caro e último anónimo.

Penso que o assunto não está à volta do celibato dos padres, mas do que as pessoas gostam de falar e maldizer, sem questionatrem veracidade dos factos ou conhecerem sequer as pessoas em causa.

Quanto ao celibato dos padres, o assunto é diferente. São homens e podem "cair". Mas, acredita (falo com conhecimento de causa), são geralmente as pessoas que se opõem ao celibato dos padres aquelas que depois mais criticam situações similares.

abraço

Luísa disse...

Bom! Não vamos meter os padres no mesmo saco,mas, que há padres que só o são no nome, lá isso é verdade!
A queixaria, acontece com todas as profissões, por um motivo ou por outro.
Cada um fala por si! Até acho que os padres são os mais priviligiados, não têm patrão, não ouvem do chefe, que chegou atrasado, produziu pouco, etc, etc.

Anónimo disse...

Diz o povo que "quem conta um conto acrescenta um ponto".

Em relação aos padres, parece-me que, em alguns casos, teríamos de dizer: "quem conta um ponto acrescenta um conto" ...

Abraço
LPS

Anónimo disse...

Caro confessionário (colega) concordo plenamente consigo quando diz que são as pessoas que se opõe ao celibato as primeiras a maldizer, já senti isso na pele estando inocente.
Todos temos as nossas falhas porque somos humanos, mas estou convencido que a maior parte do que se diz dos padres é mentira. Uma vez quando estava no seminário um professor meu, também padre, disse "a maior parte das pessoas não gosta dos padres, precisa deles" só percebi isso alguns anos mais tarde quando o senti na pele. É difícil quando sentimos que muito pouca gente valoriza a nossa entrega, e principalmente quando somos honestos e sérios e andamos nas bocas do mundo e se fala de nós nos cafés como andando com uma parte considerável das mulheres da paróquia.
Há alguns anos estive num concerto do Padre Borga e antes de ele cantar uma das canções "Um novo olhar dá-me Senhor" introduziu dizendo que "quem tem olho de porco só vê porcaria", e penso que nesta linha de pensamento devemos pedir que Deus dê um novo olhar a cada um de nós para que não julguemos.
Quando fui ordenado era um jovem sonhador, infelizmente hoje já não sonho porque não consigo, sei que é preciso ter fé, mas sem calor humano é muito difícil...
Como amar se não sou amado?

Anónimo disse...

Eheheheh!

Que grande lição de vida! ;)

Confessionário disse...

Caro colega. tenho lido e relido o que escreveste e ainda estou a pensar... sobretudo na frase "a maior parte das pessoas não gosta dos padres, precisa deles". Acho que anda pertíssimo da verdade. E deixou-me a pensar! E já reparaste que parece, quase sempre, que constituímos uma barreira, não sei de quê, para eles?!
Penso que isto ainda dará panos para muita reflexão. Porque é que para tanta gente somos como que um impeditivo de qualquer coisa? Nisto anda dedo de Deus numa perspectiva de algo que incomoda.

Luisinha disse...

"Como amar se não sou amado?"
Talvez as pessoas também pensem assim, pois não vêem que os padres amam as pessoas, acham que os padres só amam a Deus e querem nos transmitir isso (será?)... Então se lhes mostrarmos amor recebemos amor, porque uma coisa sempre leva à outra :)

Ai os maldizeres... Estão sempre em toda a parte! Pela boca de qualquer um. Confessionário, talvez seja mesmo essa barreira de que falas, ainda se há-de descobrir o que é, eu espero...

Paz e Bem
Luisinha

Anónimo disse...

Caro colega, sou eu novamente... penso que há muito que reflectir sim, e que nós incomodamos bastante, mas também não sei porquê... Uma vez falando nisso com outro colega ele dizia que as pessoas muitas vezes olham para nós como detentores de poder humano e "odeiam-nos" tal como odeiam os governantes, os patrões ou quem acima deles está. Penso que o tempo em que o padre era considerado na sociedade já lá vai, pelo menos no meu meio, mas muita gente ainada olha para nós como alguém que está acima dos outros, humanamente falando, por isso muitas vezes somos um alvo a abater.
Resta-me pensar que talvez será porque as pessoas não olham para além da figura do padre, ficando apenas no indivíduo, ou até talvez estejam a projectar a podridão que vai nas suas vidas.. não sei.. o que sei é que tudo isto acontece porque não se encara com fé aquilo que Deus faz através dos seus instrumentos escolhidos "tesouros em vasos de barro".
Passarei a assinar como Samuel para que assim não haja equívocos

Abraço, Samuel

Teodora disse...

quanto à ideia que as pessoas não gostam de padres apenas precisam deles, eu diria que as pessoas gostam pouco umas das outras. Se assim não fosse, não assistiríamos a tanta parvoíce / indelicadeza / egoísmo / boçalidade / arrogância / vulgaridade / presunção... nunca se nivelou tão por baixo.

aquele que possui a função de contribuir para que o outro se confronte consigo próprio é de algum modo rejeitado - só prova que o outro vê não é bonito, por muito que teime em dizer o contrário ou agrida o seu "guia". só lamento termos (às vezes... muitas vezes) de partilhar semelhante paisagem.

o pessoal gosta mesmo é de bolos.

não queiram salvar o mundo. porque ele está irremediavelmente condenado ao fracasso. a tendência é a arruaça, o insulto, o posso quero e mando em tudo.

eu compreendo porque se chegou aqui, e porque a tendência é acentuadamente essa. também sei que muitos sabem que assim é; pena que estes não sejam a maioria.

Confessionário disse...

Samuel, gostaria de pensar com a Teodora que é uma questão de as pessoas se conforntarem com elas mesmo e não gostarem. É uma ideia.
Continuo a achar que eles nos vêm como algo que é de desconfiar, e ainda não comnsegui descobrir porquê. Se somos humanos, queriam que não o fossemos. Se somos pouco humanos, queriam que não o fossemos. enfim... Digo-vos, amigos, às vezes csnsa e apetece bater com a porat ou dar uns murros na mesa ou noutros locais.

Ó Lusisinha, por mais que a gente ame, seja compreensivo, fale do amor, as pessoas (não digo todas, graças a Deus! Vejo perto dfe mim muita gente que tem crescido) continuam na mesma. às vezes pergunto-lhes mesmo porque é que hei-de gastar o meu "latim" se não adianta nada ou quase nada!!!

maria disse...

Nota vinte para a Teodora. :)))

esta conversa não me diria muito. Já não tenho paciência para conversas de padres. E para algumas das suas lamúrias. Porque os padres não precisam de complacência porque são padres. Precisam de ser respeitados porque são pessoas. E as conversas neste e noutros blogues do género rolam à conta do estatuto de ser padre. E isso eu já não respeito.

Os padres querem mesmo ser amados ou querem ser bajulados e admirados?

Infelizmente, nos seminários, as cabeças dos padres enchem-se de sonhos. E o confronto com a realidade é inevitável. A culpa não é da realidade. É das fantasias que alimentaram.

Isto, repito, não é falta de respeito para com as pessoas dos padres, é para as lamúrias que estão à vista.

A amizade passa por dizer a verdade. E todos precisamos de um dia dar de caras com ela. Para nosso bem.

Um abraço aos padres que aqui comentaram e aos que passaram em silêncio.

Confessionário disse...

MC, não sei porque lhe hás-de chamar lamúrias!!

Eu, aliás, estou neste momento a tentar reflectir sobre algo que ainda não tinha pensado: o porquê de tanto desconfiarem de nós! Tu dizes que isto é lamúrias?
O Samuel fala do que sente, e que tantop eu como outros padres sentimos. Porque hão-de ser lamúrias?!

Tb concordo contigo que os padres é para serem respeitados como pessoas e não bajulados. Mas quem está à espera disso?! Prefiro miol vezes uma pessoa que se manifesta claramente amiga e diz tudo o que acha errado em mim, mas que tb compreende, tb acompanha, tb perdoa, tb ajuda, do que aqueles que andam sempre a bajular. Geralmente desconfio eu desses!!!
Imagino que a maior parte (claro que há excepções) dos meus colegas prefira o primeiro. Todos podemos gostar de ser admirados, mas muito mais de amados com verdade, olhados com amizade.
Quando se ama consegue olhar-se a pessoa, o instrumento, Deus, sem desconfiança!

Possato Jr. disse...

Entre idas e vindas...

Estou de volta, padre!!!

Lendo teu texto, não fico indignado porque se está a falar de um padre, mas simplesmente porque se está a falar da vida alheia!

Pessoas há que ficam extremamente irritadas, mas só porque o difamado é um padre! Se fosse outro, essas mesmas pessoas talvez até concordassem, mesmo sem levantar os fatos!

Sei que o senhor não comete este grave erro! E estava com saudades de teus posts!

Aguardo tua visita!!!

Abraço!!!

Zé Luiz.

disse...

Precisamos e gostamos de vós, sim!

Eu penso que o desalento surge de confusões alimentadas por décadas de analfabetismo. Entendo que o Padre tem que ser e sentir-se autoridade. Quem guia tem que saber o caminho e quem é guiado tem que confiar. Sempre. Porém a autoridade a que me refiro não surge de forma automática, não é dada por um qualquer estatuto nem vem apensa à batina ou ao cabeção. Queriam??? Ganha-se com a vida. Sem autoritarismos, nem prepotências, nem ostentações. Mas com a sabedoria e com a humildade de quem está para servir gratuitamente. Não peçam aos vossos paroquianos que se anulem. Não queiram transforma-los em marionetas acéfalas. Valorizem as suas potencialidades e aceitem as suas limitações. Ajudem-nos com discrição. Não coloquem neles expectativas demasiado altas e irrealistas. Acreditem que sempre que se dá também se recebe em abundância.

Quando as frustações da vida me atingem (não pensem que isso acontece só aos padres...) rezo, baixinho, a oração de Santa Teresa de Ávila:
"Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa, Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, nada lhe falta:
Só Deus basta."

E resulta:)))
Bjinho

Anónimo disse...

Talvez alguns queiram ser bajulados, talvez porque não encaram o sacerdócio como um serviço, mas isso acontece noutras vocações também...
Admito críticas ao meu trabalho de qualquer pessoa, mas críticas à minha vida pessoal só as admito vindas dos amigos.. talvez o problema dos padres se resolvessem se mais pessoas os olhassem como amigos, como alguém que prescindiu de muito para muito amar, e como alguém humano que necessariamente também terá de sentir esse "calor humano" da compreensão, respeito e afecto.
Muito poucas pessoas valorizam a nossa entrega, e não são lamúrias, apenas a constatação de que muitas pessoas não olham para os padres com fé e para além do ser humano e frágil que eles são.
Muitas vezes apetece sim bater com a porta e dizer que cada um se salve como puder.
Não quero continuar a "provocar" algumas sensibilidades, mas que às vezes sinto a minha fé ameaçada por causa da indiferença do povo, lá isso sinto.. não sei bem explicar, mas tudo aquilo que vivi no seminário em ordem ao futuro, e não foram apenas "fantasias", muitas vezes parece desmornar-se com a não valorização que os demais fazem da nossa entrega.
Abraço,
Samuel

Rita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Canela disse...

Acho que há por aqui uma grande confusão!

"aquele que possui a função de contribuir para que o outro se confronte consigo próprio é de algum modo rejeitado" - Concordo com esta frase da Teodora.

"Porque os padres não precisam de complacência porque são padres." - Frase de MC.

Em nada concordo com esta frase, eu explico.

O primeiro Sacerdote foi JESUS!
Todos os outros Sacerdotes, e seus sucessores portanto, serão sinais d'ESTE!

O Padre nasce homem, mas nasce homem já escolhido por DEUS, com a sua verdadeira vocação dentro do seu intimo.

Recapitulando:

1- O Padre é o sucessor de JESUS (uma extensão das mãos de JESUS para nós).

2- O Padre é escolhido de DEUS, e como escolhido D'ELE, intocável!!!

As muitas humilhações, maldicências e outras situações que os Padres hoje vivem, são cada chicotada que JESUS recebeu, são cada Espinho cravado na cabeça de JESUS, são cada escarro cuspido na Sagrada Face de JESUS.

Assim sendo, só aguentam os Padres que são verdadeiros homens de Oração, que se alimentam da Dolorosa Paixão de Jesus Cristo, pois todos esses sofrimentos concorrem para a sua santificação!

Tudo isto está nas Sagradas Escrituras, não basta lêr com os olhos...

É bom que aceitem estas verdades, é bom que olhem o Pe. como sinal de DEUS, é bom que acreditem que as mãos do Pe. são santas!

Quem diz amar JESUS Cristo e fala mal do Padre, não ama de verdade a JESUS!

O Padre caiu? Pois então, sejam o Cirineu do vosso Padre, ajudem-no a levantar, ajudem-no a levar a sua cruz ao Calvário. REZEM! REZEM e muito pela Santificação dos Padres e Religiosas, que são os corredentores de JESUS!

Talvez o que falta, seja REZAR a Biblia e não somente ler!

A Paz de Cristo

Anónimo disse...

Não será em vão que tal sucede.

Vejo-o discutir aqui ninharias enquanto na Irlanda, Estado e Igreja fazem um acordo para conceder imunidade aos muitos membros do clero católico que durante anos abusaram sexualmente de milhares de crianças em instituições da Igreja Católica.
É no mínimo bisarro, não acha?

Anónimo disse...

Gostava de dizer ao anónimo ou anónima de 28 Maio, 2009 10:01, que as ninharias fazem parte da nossa vida. A nossa vida são ninharias e não vivemos o que se passa ou na Irlanda ou sei lá onde mais.

Quanto à afirmação, bastante ousada e abusiva, que faz, gostava que pensasse: imagine que teve em tempos - se calhar até teve ou tem - um familiar que foi preso por ter cometido um crime. Acha que, por ser-lhe próximo/a, deve também ser condenado/a?

maria disse...

Caros Padres

Este diálogo apenas permite apontar de forma muito limitada para questões muito complexas. Mas vou tentar sintetizar. Vou sobretudo fazer perguntas. As mesmas que faço a mim própria.

As pessoas são, em geral, desconfiadas. Sobretudo, em relação ao que elas sentem como poder. E os padres, para as pessoas, representam poder.

Nesta questão que estamos a discutir existem duas vertentes importantes: a estrutura da Igreja Católica e a pessoa do padre.
O que é a Igreja, hoje? O que é uma comunidade paroquial?
O que é que as pessoas procuram na Igreja? E o que é que a Igreja tem para dar? Há equilíbrio nesta procura/oferta?
Os sacramentos que a Igreja celebra são celebrações de fé ou artigos de consumo como se encontra em qualquer mercado?

Agora a pessoa do padre:
Geralmente aceitamos bem relações onde nos sentimos gratificados e somos aceites. Já temos mais dificuldade em lidar com a rejeição. Mas somos adultos, e sabemos que encontramos as duas situações. Seremos tanto mais equilibrados, se soubermos relacionarmo-nos tanto com as pessoas (ou situações) que nos gratificam como com as que nos põem em causa.

Mas o principal, ainda, é que nos aceitemos a nós próprios como somos. Que saibamos ver o que há em nós de bom e de mal. Nem sempre o fazemos bem. E quando não o fazemos, também não aceitamos que os outros o façam em relação a nós.
A coisa mais difícil e mais complicada é mostrarmo-nos como somos. Só o fazemos com um ou dois eleitos na vida. E às vezes nem isso. Mas se não nos mostramos como verdadeiramente somos, como é que queremos ser compreendidos como tal?

Muito sinceramente, meus queridos padres, acho que os padres são peritos nessa arte de se esconderem. Por uma razão que compreendo: as pessoas só querem ver na pessoa do padre, o bem. Depois, isto torna-se um círculo viciante. E perigoso. Não é bom para ninguém.

Não se pode ser amigo de toda a gente. Isso não existe. Nem somos obrigados a mostrar o mais íntimo de nós mesmos a qualquer pessoa. Mas quanto mais verdadeiros formos no que mostramos de nós, mais hipóteses temos de construir verdadeiras relações. Relações baseadas na confiança. E não sob o signo de qualquer medo.

Um abraço aos dois

maria disse...

Canela

acho importante que faças uma abordagem ao Jesus Histórico. Não fiques só no Jesus da doutrina. Há bons autores e boas obras para esse efeito.

Confessionário disse...

Obrigado, MC
Obrigado pela reflexão. Gostei muito e vou pensar nela mais ainda do que o que pensei já.
Entendo-te e ajudaste-me. Não interessa esgrimir mais argumentos. Peço só que compreendas as "lamúrias", como qualquer lamúria de qualquer pessoa que por se entregar a uma causa, sofre com ela.

beijocas

Canela disse...

MC;

Não é minha pretensão, ocupar o lugar seja de quem for, até mesmo dos autores de que falas.

Lamento que nada tenhas entendido... não te preocupes, também muitos padres não o entenderão.

Os designios da vida Cristã, não são inteligiveis á sabedoria humana.

"Para entender DEUS, só de joelho no chão." - Frase de Monsenhor Jonas Abib

maria disse...

Padre C.

o que escrevi é um esboço muito básico. Sabes que não sou especialista em nada. :) Mas acho que vale a pena aprofundá-lo.

O meu primeiro comentário era também o desabafo de quem sente as coisas na outra perspectiva. A minha pertença à Igreja é sofrida.

Beijos. Sabes que estás no meu coração. Mesmo quando te provoco. :)

Anónimo disse...

O post coloca à discussão a questão dos mexericos, dos boatos, etc. que infelizmente há muito deste comportamento na nossa "terra".

Gostei igualmente da qualidade da argumentação de alguns comentários.

Para mim este tipo de cena é muito claro.

O tipo de conversa presta-se a divulgação de eventuais falsos testemunhos contra terceiro(s) e neste caso concreto, pretendendo atingir uma pessoa consagrada - o padre.

Ora não me parece que para católicos, possa ser uma boa prática desrespeitando um dos grandes mandamentos de Cristo !

Quando nas homilias se prega para que pratiquemos a paz uns com os outros, o que é que aquele tipo de gente pensará ?

Será que as pessoas percebem a mensagem que houvem nas igrejas ?

Se não percebem ou não querem perceber, é caso para perguntar o que elas lá vão fazer !

A paz de Cristo esteja com todos !

Fernando Gonçalves

disse...

Hoje, ao reler o comentário a este post tremi toda… Se pudesse eliminava-o. Quem o lê e não me conhece, pode imaginar-me, qual catedrática, dando lições… Nada mais falso. O que digo sai-me de dentro. E vem ter aqui porque não há grande escolha. A tolerância é fácil de apregoar mas muito difícil de concretizar. Aceitar a diferença não é para todos:)
Obrigada, Padre, por me aturar… e aos seus “fiéis” pela paciência que têm de lerem o que, com fundamento ou sem ele, vou "escrevinhando"…