domingo, maio 26, 2019

Morrer no céu [poema 217]

No céu também se morre
A água deixa de ser água para ser fonte
A terra deixa de ser terra para ser húmus
O fogo deixa de ser fogo para ser paixão
O ar deixa de ser ar para ser eternidade
Tudo deixa de ser para se tornar a ser

Não sabemos, aqui nesta casa de pedra,
Amuralhada com flores sem raízes,
O que o céu esconde, por detrás
das nuvens imaginárias nos nossos sonhos.
Mas sabemos que deixamos de ser cada um
para sermos um ou mais que um num só

Afinal,
e sem final,
No céu também se morre.

4 comentários:

Anónimo disse...

que bonitinha.,essas coisas lida vindo de ti. Esta azul tua imaginação.

Anónimo disse...

Perfeição nos andas das palavras.

Anónimo disse...

gostei desta parte, ...o fogo deixa de ser fogo e vira paixão. E as cinzas???as lembranças a saudades que se derrete nas aguas da chuva, como lagrimas wue desce dos olhos com ardor da fumaça...

Ailime disse...

Bom dia Sr. Padre.
Simplesmente belo! Um dos seus melhores poemas que, como toda a sua poesia, merecia estar editada em livro.
Ailime