A avó contou o sucedido como quem conta a melhor coisa do mundo. Pelos vistos, ela tinha-se esquecido de parabenizar uma das suas melhores amigas no dia do seu aniversário. Passara já um dia da data quando foi recordada pelo lapso, e ficou muito triste. Aliás, muito preocupada. Como fora capaz de se esquecer de uma data que lhe era tão especial! Ia no carro, de regresso a casa, conduzindo, lamentando-se do esquecimento, e falando sozinha da desfaçatez que a preocupava. Falava sozinha mas não estava sozinha. No banco de trás trazia os seus dois netos, uma menina de oito anos e um menino de cinco anos. Contou-me então que, às tantas, no meio do seu monólogo, foi interrompida pelo menino que lhe disse. Ó vó, não te preocupes porque os amigos desculpam sempre. A avó ficou sem palavras. Na verdade, os amigos autênticos são sempre capazes de perdoar. E ouvi-lo da boca de uma criança, que à partida, prima pela ingenuidade, só dá maior garantia a esta verdade. Não há palavras para a alegria e admiração da avó. Os verdadeiros amigos perdoam sempre.
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