Dava um bom título para um dos nossos pasquins mediáticos. Assim como dava um bom artigo de teologia numa revista especializada. Mas a pergunta surgiu numa reunião de padres que se queixavam a propósito de uma notícia badalada na comunicação social e que percorreu as redes sociais.
O padre ainda é preciso para fazer funerais, as festas bonitas de alguns sacramentos e as festas populares com procissões e romarias que terminam com bailaricos, cantores famosos e muita bebida. Nalgumas paróquias servem ainda para as reclamações de missas, sobretudo as de sétimo dia ou de notícia, aquelas missas com intenções, em determinados aniversários de defuntos.
São, a meu ver, necessidades autênticas e que a Igreja deve valorizar. Mas a pergunta, para mim, é muito mais profunda. A pergunta mexe com a razão verdadeira da existência dos sacerdotes, a própria existência da Igreja Católica, Apostólica e Romana, e que hoje já é costume chamar de ICAR (não gosto nada que lhe chamem assim, como se fosse o nome de uma instituição que se designa pelas suas iniciais e não pela sua razão de ser, o mandato de Cristo).
Precisa a Igreja dos padres, quando o seu número tem tendência a diminuir drasticamente e já não se conseguem manter as comunidades cristãs como no tempo da cristandade? O futuro dir-nos-á da necessidade dos padres, mas di-lo-á na procura daquilo que é a sua missão específica. Com o tempo creio que a Igreja assentará sobretudo no Povo de Deus que é constituído maioritariamente por leigos. Em breve serão eles a tomar conta das comunidades cristas, com um sacerdote que vai passando a celebrar missa de vez em quando. O próprio tempo fará com que deixemos de querer manter o de sempre. Talvez nessa altura descubramos que a Igreja é de Deus e não ao contrário, que a Igreja tem um deus. Na verdade, não é Cristo que precisa da Igreja, mas a Igreja que precisa de Cristo.
Talvez nesse tempo sejamos obrigados a dar conta que os padres só são necessários porque Cristo é necessário.