segunda-feira, maio 29, 2017

Fazer catequese para se crismar

A senhora mãe daquele adolescente que já está no 8º ano da catequese soube pela catequista que o seu filho querido, porque ainda por cima é o mais novo, tem faltado a algumas sessões de catequese. Não sabia, disse. Por isso pediu desculpas à catequista. Contudo, talvez para amenizar a situação, para a desvalorizar, para não sentir o peso de uma certa culpa, ou porque simplesmente foi o que sentiu de verdade, lá foi acrescentando. Também são tantos anos de catequese! Acaba por cansar tanto tempo de catequese para fazer o crisma. 
A catequista respondeu que ninguém era obrigado ou deveria sentir-se obrigado a andar na catequese. Mas a mãe quer muito que o menino faça o crisma. Talvez o menino nem queira. Mas quer a mãe.
Creio que, ao invocar a quantidade de anos de catequese, a mãe tem alguma razão. Dez anos de catequese quase dá direito a um doutoramento de doutrina da fé. O problema é que a catequese não é como a escola. Quando muito é a escola do amor e da fé. E acerca destas coisas, nunca se sabe tudo. 
Ela também pode ter alguma razão ao invocar que é muito tempo para se fazer o crisma. Ou outros sacramentos. O problema é que a catequese não serve para se fazerem sacramentos. Quase como se fosse uma moeda de troca. Tanto a catequese como os sacramentos servem ou deveriam servir a fé. A catequese para a aprofundar, e os sacramentos para a alimentar. 
Não estará na hora de repensarmos este tipo de catequese preocupada com a doutrina e com os sacramentos?

12 comentários:

Idalina disse...

"Não estará na hora de repensarmos este tipo de catequese preocupada com a doutrina e com os sacramentos?" - está aí, acabadinha de sair, a carta pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa "Catequese - A Alegria do Encontro com Jesus Cristo" para a qual todos os catequistas e párocos foram convidados a contribuir. Cabe-nos primeiro a nós catequistas tomarmos consciência que a catequese não é uma escola e o Crisma não é o "canudo" do "final do percurso académico".

Confessionário disse...

Idalina

Gostei muito:

«Cabe-nos primeiro a nós catequistas tomarmos consciência que a catequese não é uma escola e o Crisma não é o "canudo" do "final do percurso académico"»

29 maio, 2017 22:56

Servir com Alegria disse...

Pois, na pratica tudo está mal, mas primeiro e antes de tudo repensar a célula Família, dá a primeira catequese, como está? Os pais como estão com a catequese, e querem também ser catequizados, porque o que começa mal, é o núcleo familiar, e o querermos que os filhos venham ter connosco catequistas, quando os próprios, lhes dizem e fazem o contrario!.
Também repensarem bem a catequese da adolescência, não na sala de catequese 60 minutos, mas mais no terreno estar em missão como Jesus com quem sofre, quem precisa, o doente o idoso, a criança. Estarmos com as catequeses que temos nos catecismo nada dá, e por isso o Crisma até tem alguns dos muitos jovens que se afastam, e seguidos do Crisma vão quase todos. Por vezes pergunto como catequista de Adolescentes jovens o que está mal, aonde estou a falhar, porquê este nada querer com Jesus?!. Estamos numa sociedade em que não precisam de Deus, só quando vem uma doença, uma troca, cura-me que eu dou-te!.Juntos os jovens ainda sem maturidade, vêm filhos, o que é desta sociedade, cada qual passado algum tempo já está para seu lado, os filhos com outro Pai ou outra Mãe, com outros irmãos, bem... sinto-me muito triste com todo esta sociedade, que tudo se faz e tudo é permitido e quem não o faz já não está na Moda. Deus Pai de Misericórdia, venha iluminar todo este mundo, e derrame a sua bênção, com a força do Espírito Santos, e unicamente Rezemos muitooo, por tudo e todos.

Anónimo disse...

São os pais que precisam de catequese na maioria das vezes...Os pais de uma geração em que Deus de alguma forma se perdeu...

Enquanto não se começar pelos adultos e pais, terá pouco efeito o que se ensina às crianças na catequese. Terão sempre, no entanto, pomposas festas de Primeira Comunhão para publicar no facebook...

Esquecer ou aliviar um pouco a catequese junto das crianças em favor da evangelização dos pais. Porque tudo começa em casa, em família.Porque não tornar requisito obrigatório que os pais frequentem também uma catequese?

Tenho às vezes a sensação que a catequese se limita a cumprir calendário, se torna numa rotina pura, com muito pouco impacto junto das famílias.

Anónimo disse...

A ideia da Catequese Familiar é interessante... mas ficam-me dúvidas se resultará! Só vendo

Ana Melo disse...

"Luc.10.39- Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
Luc.10.40- Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Diz-lhe, pois, que me ajude.
Luc.10.41- Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;
Luc.10.42- entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada."

Também eu! “fiz” o crisma, muito por questões funcionais, pois sou madrinha de 5 afilhados, tenho 7 sobrinhos (já tudo grande), e não quis ser complicação de qualquer espécie no seu percurso/rituais católicos, quando este fosse/seja o caminho por eles escolhido.

REZA EM MIM ESPIRITO SANTO

Anónimo disse...

Acabem com a obrigação de se ser crismado para ser padrinho e vao ver que maioria já nao quer crisma para nada!

Anónimo disse...

O mais certo é acabar-se com os padrinhos, que já ninguém aguenta o joguinho da hipocrisia.
E com os baptismos de crianças também.

Ou então, dá-se os sacramentos todos às crianças, enquanto há quem as ature; e depois, seja o que Deus quiser.

Ana Melo disse...

Acabar é muito radical!! é coisa de homens! Os homens é que acabam com tudo. Deus está sempre a começar tudo, e a esperar que comecemos também, que comecemos de maneira diferente, ao jeito Dele.

JS disse...

Este é um bom tempo para reflectir.

As charutadas dadas pelo Papa aos bispos portugueses sobre a pastoral juvenil e o nosso itinerário catequético não estão esquecidas.
Continua a avançar a discussão alargada sobre o projecto que o SNEC lançará para os próximos dois lustros.
Começa a dar os primeiros passos a auscultação para o Sínodo 2018.

Quem puder participar, faça-o; quem puder acompanhar, idem; os outros aguardem expectantes, como quem espera pelo Espírito.

JS disse...

Quanto à figura dos padrinhos:

Num ou noutro lado decidiu-se já fazer a experiência de extinguir esse ministério.
Noutros locais vai-se dando passo a uma outra figura, a de testemunha.
Noutras igrejas locais ainda, o acento vai-se pondo no suscitar garantes saídos do seio das próprias comunidades, os "ainés dans la foi".

Dulce disse...

Por partes (e na minha opinião):

A catequese deve ser vista e entendida como a escola, como um percurso escolar. Muitas crianças são avessas à catequese, por várias razões, em última instância a ida à catequese pode ser vista como tão importante como a ida à escola. À escola não se falta, à catequese também não pois é tão ou mais importante que a escola.
Depois de terminado esse percurso o jovem deve estar preparado para seguir autonomamente um caminho de fé, procurar por si próprio as respostas que necessita e sempre que necessário (através da memória) reviver os ensinamentos catequéticos que lhe permitam resolver os seus problemas. E por isso a catequese é , de certo modo, um percurso académico (independentemente do conteúdo dado, da sua forma ou da sua importância).
O crisma por sua vez é uma escolha que deveria ser autónoma e consciente e por isso talvez não devesse estar colada ao terminar da catequese. No entanto, o ser humano necessita de rotinas, directrizes e orientações. Ás vezes é simplesmente mais fácil seguir uma orientação, que neste caso: é no final dos 10 anos faz-se o crisma.
Pessoalmente acredito que os sacramentos são muito importantes e demasiado sérios para serem tomados com leviandade, e não creio (salvo excepções) que os jovens de 16 anos empurrados pela família estejam preparados para o crisma. Contudo, na minha ignorância não devo julgar a fé dos outros e se elas acham que estão preparadas , se é assim que querem viver a sua fé... resta-me aceitar.
Como não sou padre nem catequista, não me cabe mudar a forma de como as coisas são feitas, apenas posso viver de acordo com o que acredito. Agora para quem estas questões podem ser debatidas com resultados práticos é preciso perceber se maiores restrições na adesão aos sacramentos não levará a curto e médio prazo e um diminuir ainda maior de fieis.
Por último concordo que a catequese deveria começar pelos pais. E felizmente encontrei para o meu filho uma paróquia onde os pais podem frequentar a catequese e estarem presentes as vezes que quiserem. Faz muito sentido sim, tirando o facto de que por vezes os miúdos ficam mais agitados e talvez se a adesão dos pais fosse maior, as catequeses tivessem de mudar de modelo, possuírem formas de formação diferentes, mais interactivas... mas sim resulta mas muitos pais não aderem pois é facultativo.

O texto já vai longo... no confessionário tem-se sempre muito a dizer..

Dulce