terça-feira, janeiro 13, 2015

se são [poema 39]

São vermelhos, amarelos
Pretos, brancos, às cores

São altos, magros, espadaúdos
Gordos, fortes, cabeludos

São feios, desgastados
Bem feitos e pintados

São bons, pobres, simples
Têm ciúme, usam maldades

São assim os que me destes
Tão diferentes,
tão especiais
Tão únicos
Tão teus
E mos entregaste

6 comentários:

Anónimo disse...

"E mos entregaste"
Foi Ele que tos entregou ou foste tu que "pegaste" neles que os agarraste como forma de "viver" o que sentes no teu interior?

Perdoa a pergunta, atrevo-me ainda a pedir-te que se decidires responder o faças sinceramente.

A seguir eu explico o porquê desta pergunta aparentemente incoerente no contexto da "fé".

Confessionário disse...

De alguma forma foram as duas coisas: mos entregou e eu agarrei-os. Mas agarrei-os porque mos entregou! Ou se quiseres, porque veio de dentro de mim este desejo que nasceu em Deus de agarrar quem me entregou...

Anónimo disse...

Existe dentro de mim algo inexplicável, é uma vontade, é uma ânsia mais semelhante a uma necessidade de agir de determinada forma, de viver o que sinto na "entrega" ao outro, ainda que este outro "me julgue" algumas vezes levianamente e com crueldade.

Por mais do que uma vez fiz propósito de me afastar de um dos grupos de jovens que acompanho e que tu tão bem descreves neste poema, no entanto uma "voz" interior grita para não o fazer, nunca tenho a coragem de levar a efeito a decisão tomada secretamente.
Surge sempre alguma coisa, ou porque alguém adoece é requerida a minha presença, ou uma comissão de pais me pede ajuda para um acompanhamento extra dos filhos ou ainda porque é necessário alguém para orientar um encontro uma celebração... enfim acabo por ser sempre ou quase sempre esse alguém.

Quero acreditar que é Deus que me fala dessa forma apontando-me diversas alternativas!!! mas bem lá no fundo não acredito e duvido.

Quando penso em deixar os compromissos não o faço por puro egoísmo e por medo do sentimento de vazio que adviria se eu os deixasse.

Depreendo desta minha "inércia" em tomar uma decisão que o assunto nada tem a ver com Deus, sendo apenas falta de coragem da minha parte.

A minha pergunta anterior nasce deste emaranhado de dúvidas e hesitações, ao ler a tua afirmação final fiquei a pensar se seria mesmo uma afirmação ou se existia alguma dúvida pelo meio dado que não colocaste o ponto final.

Confessionário disse...

entendo-te, mas não desistas de acolher o que Deus quer operar em ti.

quanto ao ponto final, ele não está nas aspas, porque as coisas de Deus estão sempre abertas. Mas dentro de mim não há duvidas disso.

Anónimo disse...

"entendo-te"
Obrigada pelo entendimento.
Queria muito obter este entendimento, esta "racionalidade" de quem me rodeia... ter alguém que me escutasse sem tomar partido, que me ajudasse nas dúvidas e hesitações sem me ridicularizar.

Permite-me realçar aqui o "ridículo" de uma constatação que me veio de imediato à mente, entende-me uma pessoa que não me conhece, ou melhor uma pessoa que não lida comigo... quem lida comigo parece deturpar as coisas e as situações... em tudo vêem segundas intenções, destilam "maldade" por todos os poros, ah! e quase me esquecia do poder de contradição, tão forte tão irracional e desgovernado. :(

Tão somente queria ser "imune" a este agreste "meio" a esta dura comunidade.

Anónimo disse...

Somos todos Dele.
Todos somos entregues a alguém.
E a cada um de nós é-nos entregue alguém.

A uns Ele envia a uma família, a outros envia aos amigos. A uns Ele envia aos doentes, a outros Ele envia aos desprotegidos e esquecidos. A uns Ele envia a poucos a outros envia a comunidades inteiras.
...
E acredito firmemente que tudo está perfeitamente arquitectado e que a mão de Deus está em tudo e em todos. No mais íntimo e no mais profundo do meu ser sei que é assim.

No entanto, nas tempestades da vida e nas dificuldades do caminho, estas certezas vão ficando menos claras, mais nubladas e a Fé e a certeza que um dia existiram vão esmorecendo.

Tenho que reavivar as brasas da Fé. Reacender a Confiança e a Esperança.

E, por vezes, há mais pessoas a ajudar a desvanecer a fé do que a reavivá-la. E nessas pessoas estão aquelas que nos foram "entregues". E, muito provavelmente, eu já fui, também, uma dessas pessoas para aqueles a quem fui entregue.

Peço a Deus que aquele a quem Ele me confiou não desista de mim. Eu, que estou lá atrás, que não falo, que tento passar despercebido.
Mas, eu preciso daquelas palavras que me fazem aumentar a fé, renascer a esperança e recordar a certeza de que um dia o Reino que Deus criou não será uma utopia. Será uma realidade

Peço-te Senhor, olha por aquele a quem me entregaste.