terça-feira, janeiro 06, 2015

Como se a fé

Como se a fé se comprasse numa qualquer primeira loja da rua. Como se ela estivesse nas montras de uma loja de santuário. Como se levar um expositor de santinhos baratos de loja para casa fosse a força da nossa fé. Ou se esta se quantificasse pela quantidade de santinhos que supersticiosamente são alumiadas num canto da casa por uma vela pronta comprada no mesmo mercado. Como se a fé fosse um negócio ou uma empresa de remédios low cost. Como se a fé não fosse as entranhas que nos fazem viver.

9 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia!
Comecei por escrever "Votos de um bom Ano 2015", apaguei e deixo o que realmente quero desejar:
Votos de dias vindouros felizes (independentemente da data) na plenitude da fé, que não seja a mudança de ano a fazer a diferença nos nossos dias... hoje somos o produto do ontem e amanhã seremos o fruto do hoje, para que o fruto vindouro seja mais delicioso temos que o cuidar hoje.
"Como se a fé não fosse as entranhas que nos fazem viver." há tantas pessoas que vivem no engano.
O percurso da fé é deveras alucinante ou não fosse ele o percurso da própria vida.
Gostei de ler esta reflexão, no entanto parece-me ser à semelhança de "recado para alguém" e não gostei do que li nas entrelinhas, pois acredito que há pessoas que vivem a fé como se fosse "uma empresa de remédios low cost" por conveniência ou para iludir mas há também aqueles que o fazem por desconhecimento, por ingenuidade na inocência.

Anónimo disse...

Como se um texto tão pequenino pudesse dizer tanto...

Anónimo disse...

"Como se a fé não fosse as entranhas que nos fazem viver."
Um texto pequeno,mas que diz muito.
mas esta última frase é mesmo de "mestre"...fica mesmo entranhada nos nossos pensamentos.
Obrigada
MM

Anónimo disse...

Padre permita que lhe faça uma pergunta.
Se a fé é um dom de Deus, e eu só tenho o que Deus me quer dar,em que medida posso eu aumentar ou diminuir a minha fé?

Confessionário disse...

08 janeiro, 2015 11:12
a Fé é um dom de Deus, mas não é um monólogo de Deus!
Tenho textos no blogue sobre a fé que te poderão ajudar. Mas basicamente podes fazê-la crescer na tua resposta!

Confessionário disse...

07 janeiro, 2015 11:57

Não foi propriamente um recado, mas um desbafo. Comecei a escrever este texto há muito tempo e nem recordo porque motivo. Quando há dias o encontrei, achei que ele estava completíssimo e que não precisava dizer mais nada. Por isso o publiquei.

"mas há também aqueles que o fazem por desconhecimento, por ingenuidade na inocência"
Tens razão quanto a estes... mas já reparaste que a maior parte deles não faz nada para deixar a ingenuidade, inocência e desconhecimento?!

JS disse...

Para o anónimo/a de 08 janeiro, 2015 11:12

Acrescentando ao que te disse o Confessionário:

Precisamente, a propósito da fé, como de outras dimensões, costuma-se falar de dom e tarefa. Juntam-se os dois vocábulos para assinalar a iniciativa gratuita de Deus que nos cabe acolher e desenvolver / corresponder.

Talvez te ajude pensar que tudo aquilo que te é dado por Deus, te é dado em semente. A ti de o fazer crescer, florir e frutificar.

JS disse...

Quanto ao post:

Volto a sublinhar que não deve ser descurada a importância das mediações e externalizações para sustento da fé.

Pode causar incómodo a parte folclórica ou kitsch de coleccionar santinhos, pode-se lamentar a pobreza artística dos artefactos, pode-se recear o lado mágico ou a deriva idolátrica.

Mas a história mostra que sempre soubemos resistir ao iconoclasmo. Deus fez-se carne, nunca nos cansaremos de o proclamar. Conhecemos o seu rosto, a sua imagem.

A quem compra um santinho, eu diria: Muito bem! Venere a imagem com carinho, aprenda a história da sua vida e procure imitar as suas virtudes!

Anónimo disse...

Olá!
"a maior parte deles não faz nada para deixar a ingenuidade, inocência e desconhecimento?!" é verdade que assim é.

Esta tua observação fez-me pensar no meu trajecto pessoal.

É bem verdade que muitos nada fazem para sair dessa situação, uns por medo outros por timidez e outros porque não conseguem perceber a necessidade de tratar os assuntos por tu.

Cresci no seio de uma família muito humilde... onde o mais importante era sobreviver, ter comida para comer... não era permitido opinar acerca da politica e religião, e quando interpelados, especialmente se fosse pelo padre, tínhamos de responder o que acharíamos que lhe iria agradar, não fosse ele "excomungar-nos".
Sentia uma grande frustração pois não me era permitido ir muito mais além...
Eu apenas queria saber "como o mundo funcionava". Queria saber porque os pássaros tinham asas e eu tinha pernas... queria perceber a função de cada coisa no seu contexto.
Quase sempre tinha por perto um livro um caderno e um lápis.
Lia em voz alta... escrevia histórias incríveis, baseadas na realidade que me rodeava, cheguei a pensar em publicar um livro!!!
Era um sonho, um delírio.

No intimo sabia que se queria ir mais além teria de arranjar meios para ir tão longe quanto as forças e a vontade me permitissem.
Errei, aprendi, chorei desesperei em silêncio mas a partir do momento em que decidi voar nunca mais fui a mesma... tinha medo muito medo do desconhecido mas a vontade de "ir mais além" era tão intensa que me queimava por dentro e fui, vou, irei sempre tão longe quanto o instinto, a vontade me levarem.
"O bando" não percebe, mas começa a respeitar e aceitar... Já perdi a conta dos anos e dos milagres que foram acontecendo.

Não trago, não levo bagagem e apenas uma lei está gravada a fogo no meu coração "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti, ama-os como queres que te amem."

Perdoa ter-me aproveitado da tua frase para me "alongar" desta forma.