terça-feira, novembro 25, 2014

Que faço aqui?

Que faço aqui? Faço esta pergunta imensas vezes. Tantas quantas não entendo que faço aqui. Ou o que me queres, Senhor, aqui? Ou o que esperas de mim aqui? Ou o que me pedes aqui? E quando vou de aqui para ali, a pergunta vem atrás como uma sombra ou uma perseguição doentia. Sei que pretendes alguma coisa. Sei até aquilo da salvação. Sei que sabendo-o Tu, eu não precisava saber. Sei que queres que eu esteja aqui. Ou penso que queres. Sei pequenas coisas que penso que faço aqui. Mas nunca sei deveras que faço aqui. E quando penso que há tanta gente que pensa que os padres, que escolheram ser padres, devem saber tudo o que Deus quer deles, como se tivessem uma ligação telefónica ao céu, como se não fossem como os restantes humanos criados e com perguntas, dou por mim a perguntar de novo Que faço aqui? E depois chego a pensar que no dia em que deixar de perguntar que faço aqui, nesse dia já não faço nada aqui.

5 comentários:

Anónimo disse...

Tu perguntas o que fazes aqui eu perguntava porque nasci, quem és TU, (ele) e quem sou eu.
Tu acreditas n' Ele eu nem acredito nem o nego permaneço no limbo.

Não tenho fé no deus que a maioria dos homens nos transmite com os seus gestos e atitudes, em teoria transmitem-nos um deus justo bom e compreensível, na prática é "faz o que eu digo e não o que eu faço", quando o exemplo é melhor forma de "educação".

Quanto a esta frase "há tanta gente que pensa que os padres, que escolheram ser padres, devem saber tudo o que Deus quer deles, como se tivessem uma ligação telefónica ao céu, como se não fossem como os restantes humanos criados e com perguntas" creio que de facto existem pessoas que assim o acreditam graças aos teus antecessores, que se "pavoneavam" julgando-se donos da verdade, olhando de cima para baixo os pobres pecadores a quem "concediam" a absolvição como sendo um ato de boa vontade própria.

Actualmente e grande parte das pessoas sabe que os padres são homens iguais a todos os homens.

Sabemos que não tendes uma ligação telefónica ao céu, mas devido ao vosso estilo de vida em teoria, porque na prática isso não se verifica, a vossa "compreensão/apreensão" de deus deveria ser mais "apurada".

Há cerca de uma semana andei uns quantos quilómetros, precisava falar com alguém, e o que eu precisava falar não era algo que eu pudesse partilhar com quem me rodeia, (penso ser compreensível)
cheguei dentro da hora que está no horário de "atendimento" seriam 4 padres a "confessar"... O padre a estava com gripe, o padre b como é professor também não se encontrava, o padre c teve que celebrar na capela tal, foi o padre d que falou comigo, estava atrasado para uma reunião com o bispo da diocese. Volte outro dia, amanhã... o amanhã foi tarde, não foi possível e eu afastei-me de um deus que assiste à degradação de um ser humano e da sua família imperturbável, constante.
A minha opinião é que muitos padres se desdobram entre compromissos e mais compromissos, são economistas, professores, gestores... e por aí adiante, mas pouco padres. Fá-lo-ão pelos mais diversos motivos, os quais tento compreender, mas "dói" sentir na pele a ausência de um Padre, especialmente quando mais precisamos dele.

Anónimo disse...

"Que faço aqui?"
Uma pergunta que que não deve ter uma resposta muito difícil, penso eu, mas sim uma pergunta com sabedoria!
Sempre ouvi dizer que interrogações ou dúvidas só as tem que sabe bem a "lição"!!!
Como vê essa regra não se aplica apenas aos padres, mas também aos "restantes humanos".
...no dia em que deixar de perguntar que faço aqui, nesse dia já não faço nada aqui. É isso mesmo.
Continue assim.
Bjs

Anónimo disse...

Não leve a mal, Confessionário, mas parece que ultimamente a sua espiritualidade anda muito em busca de respostas. Desculpe a indiscrição, mas estará numa fase da sua vida em que precisa encontrar mais respostas?

atentamente

Confessionário disse...

26 Novembro, 2014 18:24
Talvez tenhas razão. Houve umas mudanças na minha vida que, embora sendo altamente positivas, me fazem perguntar "Que faço aqui". Não é que eu queira respostas prontas, delimitadas, claras, mas quero ir caminhando!

Confessionário disse...

26 Novembro, 2014 09:55

Gostava de não concordar, mas compreendo o que dizes!