terça-feira, abril 08, 2014

As marotas da homilia

Estava a minha pessoa no meio de uma homilia. Foi num dia daqueles em que me apeteceu ir por ali fora pela coxia dentro. A Palavra de Deus desse dia dava ganas de não ficar parado. E para explicar como ser discípulos de Cristo, de acordo com o Evangelho do dia, a minha pessoa pegava nas imagens do Sal e da Luz, tal como Jesus pegara há muitos anos. Às páginas tantas, entre muitas outras alusões, referi que a luz servia para nós fazermos tudo, pois que sem luz, a apalpar, era mais difícil, e às vezes impossível. Olha o verbo que eu fui utilizar. Apalpar. Umas devotas, que estavam para os lados do coro, deixaram escapar uns sorrisinhos sonoros. Na verdade, até já estamos habituados ou andamos a habituar-nos a um ambiente descontraído ou bem disposto na nossa comunidade. Mas aquela tinha sido demais. Eu tivera um pensamento semelhante na hora em que elaborara a homilia. Talvez o mesmo que estais agora a ter. Deixara-o para trás, porque me parecera inoportuno ou desajustado. Porém, depois das minhas amigas terem deixado escapar os sorrisos, não resisti, fiz uma pausa profunda, respirei com a mesma profundidade, e chamei-as de marotas. Ora o que eu fui fazer. Logo os sorrisos se alastraram pela Igreja toda, e eu próprio caí no mesmo riso desgarrado. Ainda hoje sorrio quando me lembro, e fico a pensar como a marotice entra em todo o lado. Não que isso seja mau ou grave. Eu diria que era desajustado. Mas pelo menos serviu para nos rirmos a bom rir. Espero que o Senhor Deus se tenha rido também. E se não se riu connosco, que se tenha rido de nós

5 comentários:

Anónimo disse...


Ó Senhor Padre...!!!
Que falta de tacto, na difusão do verbo!!!

barro disse...

Quem se mete por atalhos sem "apalpar" terrenos do verbo mete-se na panela ao lume das "marotas"...lol... e tinhas tu pressentido o que aí vinha... lol... não consigo parar de rir ao ler esta bela crónica... muito humana...!

Anónimo disse...

Ó padre, o que eu já me ri com as marotas e com o maroto!

PR disse...

Bom dia!
Confessionário, com esta história arrancou-me um sorriso enorme, de "orelha a orelha" como se costuma dizer.
Imaginei a cena, mudei as personagens, o padre era o "meu" pároco, o ambiente a minha paróquia de residência, as senhoras devotas eram as "pudícas" lá do sitio sempre a tricotar. a vida alheia e a imaginar cenas férteis... os padres são os predilectos...
Com o "feitio" e a idade que tem imagino-o a parar calmamente a homilia começar a ficar vermelho de irritação, virar-se lentamente para o lado oposto ao dos sorrisos e dizer em alta e clara voz:
"Quando o coração é impuro até os risos são "desavergonhados"."
Depois continuaria a homilia reforçando o "apalpamento", quanto às caras teriam ficado menos sorridentes.
Deus não se riria muito, (teria umas valentes dores de cabeça para tentar por tento na língua das ditas) e as orelhas do padre iriam ferver durante uns bons tempos.
Padre, permita-me, não o conheço mas ADMIRO-O, ou admiro a imagem que em mim fica depois de ler os seus "escritos".
Fica em mim a imagem de uma pessoa que desempenha a sua "tarefa" como uma forma de vida e não propriamente como um trabalho, fazendo a diferença.
Muito haveria a dizer sobre este episódio, de momento não me sinto à altura.
Gostei muito mais do que consigo expressar.
Fique bem.
Permita-me deixar um forte abraço.

Teodora disse...

:)

http://www.tabrutal.pt/padre-surpreende-todos-num-casamento/