sexta-feira, abril 26, 2013

Gostava de fechar a minha igreja.

Gostava de fechar a minha igreja. Ela tem umas portas tão bonitas. Servem para entrar e sair, entrar e sair. As pedras de granito estão expostas umas em cima das outras. Pois que assim é que se colocam as pedras da igreja. Os antigos percebiam de construção e não precisavam de cursos. A minha igreja tem retábulos tão bonitos que dá gosto entrar só para apreciar. Aos Domingos ela fica engalanada. Cheia de flores, luzes e pessoas. Toda a gente olha a minha igreja com vaidade ou inveja. Fica-se com uma vontade mórbida de a fechar para ser só nossa. A minha igreja engalanada. Mas não é por egoísmo que eu gostava de fechar a minha igreja. Na verdade eu sei que ela não é só minha. Ela é a Igreja. Apetecia-me fechá-la para que fosse difícil entrar nela e, os que entrassem, em vez de a apreciarem, reparassem nela. Talvez sem pedras ou retábulos, sem flores ou adornos, até sem portas, as pessoas percebessem, de facto, o que ela é, para que ela é, quem ela é.

19 comentários:

Anónimo disse...

Este teu texto, embora pequeno, enche-me as medidas! Profundo. Sincero. Actual. Eclesiológico.
Bem-haja por me ajudares a recordar e reflectir o que é, para quem é, quem é a Igreja.

Um grande abraço

LPS

Maria-Portugal disse...

Sim..isso...a Igreja não são os retábulos,as portas,as imagens,as preciosidades.A Igreja é Cristo connosco.

Maria-Portugal disse...

Por isso nunca entendi, nem entenderei a missa tridentina...se Cristo está no meio de nós,como nos voltaria as costas..é como que negar a Sua Incarnação.

Peregrino disse...

Confiemos, os tempos das colheitas vão se aproximando, antecedidos pelo sopro do ES que vai varrendo das searas as poeiras de tudo o que não deixa entrar a luz do sol para amadurecer as sementes para o momento Divino! A Igreja do Pai vai-se sobrepondo à igreja das pedras, esperemos na Esperança que não engana! Belo este teu pão Irmão Sacerdote, grato por ele!

Nele que é o Construtor que nunca rejeita as pedras vivas…!
.

Unknown disse...

Penso,Padre, que a beleza imensa das igrejas(normalmente as antigas)pode-nos maravilhar de forma terrena, mas também pode ser veículo para uma introspecção pelo apelo que todo o seu conjunto provoca.Mas, muitas vezes, assiste-se apenas a um entrar e sair. As nossas igrejas, ditas modernas,pela sua grande simplicidade, não têm quem entre e saia.E,assim, se vão esvasiando umas e outras.Estamos vivendo tempos difíceis de incertesas, de excesso de secularização, sem
espaço para o espiritual, para ELE.
Pode-se considerar que o actual plano escolar, sem aulas de religião obrigatórias, tem a sua culpa mas também as paróquias, muitas vezes, não têm meios ou capacidade para dar resposta aos jovens e menos jovens de hoje.
Torna-se necessária e urgente uma
nova evangelizsação mas sem abdicar dos princípios básicos em prol do progressismo.
Abraço
Ruth

Anónimo disse...

É tão maravilhoso passar portas a dentro, ainda que por breves minutos, e recolher nessas igrejas antigas. Mesmo naquelas em que os sentidos alucinam com tanta beleza, perdendo-se a admira-las, para quem as procura, há sempre uma experiência mística que fica. As igrejas são apenas meras sedutoras de fiéis, para que os párocos arrebatem mais facilmente para Deus. Por isso não feche as portas. Nem da sua igreja, nem deste Confessionário. É que, mesmo que não repare, neste contínuo entrar e sair, entrar e sair... há sempre algo que entra e não sai, entra e não sai em nós… ainda que seja apenas meia-Palavra D’Ele, o que fique!

Confessionário disse...

Fiquei sem palavras agora, anónimo de 28 Abril, 2013 20:06

Anónimo disse...

Partilho na integra tudo o que disse o Anónimo de 28 Abril, 2013 20:06, caso me permita! Confessionário, este blog é como uma dessas igrejas que não podem fechar as portas! Obrigada por este cantinho caro Confessionário! Cumprimentos

laureana silva disse...

Meu amigo o seu texto é uma janela dessa Igreja que somos todos nós...
Abraço
Maria

PR disse...

Bom dia!
Confessionário,
Dias há em que também eu gostaria de fechar as portas da minha humilde igreja, ela não tem portas tão bonitas quanto a sua mas é onde eu habito.
Mas Jesus Cristo diz-ma para eu as manter abertas com a finalidade de acolher quem chega de novo e permitir a livre circulação daqueles que entraram pelos mais diversos motivos.
Uns entram para ver e acabam ajoelhando-se diante do Sacrário rendidos, outros entram com o intuito de permanecerem ali apenas sem nada dizer, apenas pensando em receber e acabam saindo frustrados, não perceberam ainda que tudo flui que uma relação que não dá e recebe acaba morrendo, pois se apenas receber não suportará em si tudo o que recebe, e se apenas der acabará por se esgotar rapidamente sucumbindo por falta de energia que renova.
Há ainda aqueles outros que se aproximam nem previamente não pensaram nem entrar nem sair a seguir, no entanto algo os cativou algo os seduziu ao ponto de entrar e permanecer, sabem que as portas estão abertas... e que tal como entraram um dia certamente sairão, no entanto optam por livremente permanecer...
Meu amigo (permita-me chamar-lhe assim) confessionário é especialmente, por estes últimos que não fecho as portas da "minha" igreja, especialmente por estes mas "obrigatoriamente" por todos os outros, ela não pode permanecer fechada, perder-se-ia o essencial.
Ainda que ela não esteja sempre engalanada, e tem domingos que ela não tem flores a adorná-la estes especiais fazem questão de permanecer, e a estes eu amo, e eles sabem que eu os amo, sabem no entanto que apenas o Amor de Deus é eterno e que talvez um dia sintam vontade de sair...
Gostei muito deste texto muito mesmo, essa sua igreja transformou-se para mim num templo sagrado esse templo sagrado sou eu.
PR

Emmanuel disse...

God is love!

Catholic blogwalking

http://emmanuel959180.blogspot.in/

Teresa disse...

Adorei o seu comentário PR, bonita reflexão e testemunho.

E para si, amigo pe confessionário, faço minhas as palavras do anónimo de 28 Abril, 2013 20:06, (se ele mo permitir).
Fique o que ficar, já é bom...
Bjs

Confessionário disse...

PR, depois do comentário anterior, não posso (acho eu) aceder ao teu pedido! ok?

Anónimo disse...

O confessionario fala em fechar a igreja e quem acabou por faze-lo foi o amigo peregrino.
Que pena eu ate gostava de entrar e sair por lá.
Ate uma proxima peregrino.
Amigo confessionario só tu tens a chave da porta quem decide és tu.
Mas eu gostava muito de continuar a entrar e sair, entrar e sair mesmo anonimamente.

PR disse...

Bom dia!
Confessionário, não sei muito bem o que dizer perante a observação da Teresa, é realmente o meu "coração" que ali está retratado um pouco baralhado algo dorido e não muito belo.
Comecei a escrever de acordo com o meu estado interior e no seguimento do impacto que o seu texto provocou em mim.
Fi-lo de uma forma espontânea pouco cuidada.
Aceito a sua decisão de não retirar o meu comentário.

Anónimo disse...

Gosto de vir aqui, umas vezes permaneço mais, outras menos.
Gosto da igreja da minha paróquia mas é raro entrar... gosto de olhar para ela e de saber que ela lá está e às vezes isso chega-me. Saber que existe, saber que mantem as portas abertas mesmo que com determinados horários.
Gostava de entrar mais vezes e de senti-la mais como a minha casa. E às vezes olho para ela e imagino como seria.
Não quero que feche as portas, gostava de a ver repleta de gente sorrindo à saída.
Quando olho para ela penso que está no sitio certo e que ali devia permanecer para sempre.
Mas um dia fechará, dará lugar a outros tempos que não sei como serão... espero apenas que Deus lá esteja.

Anónimo disse...

Anónimo 30/04 – 13:41
Gostei muito da simplicidade do teu comentário. Também sinto assim como tu. Também gosto de olhar para a igreja da minha terra e saber que ela está lá. A minha casa fica perto. Todos os dias atravesso a praça onde ela se situa. Dou por mim a sorrir para a igreja, como se fosse uma pessoa. Quando regresso de viagem, basta-me avistar a torre para saber que estou em casa. Gosto de entrar, mesmo quando está vazia. Está sempre muito limpa e bem enfeitada. Gosto do movimento dos baptizados, das missas, dos casamentos. Nela vivem-se muitos dos melhores e dos piores momentos da comunidade. Gosto do badalar dos sinos hora a hora. Tem uns leitores… ai Jesus! Tão engasgados… Mas é a minha igreja. É de todos. Gosto de olhar para ela altaneira. Embora de pedra, é quase como uma mãe. Mas é precisamente por ser de pedra que espero que continue por ali, mesmo depois de mim, por muito e muito tempo.

Peregrino disse...

Anónimo -00:47… são só algumas ventanias da alma que empurram por vezes o coração a fechar as janelas.. já acalmaram… e o ninho dos pardais já pode voltar a ouvir os chilreios dos voos da graça do Pai… peço perdão, mas confesso que depois de saborear tal pão deste forno, vontade não me faltava para perder as chaves… peço deculpa…

abraços no Pai...

Anónimo disse...

Há assuntos que não mudam, boas pedras essas, multirresistentes, suponho. As Igrejas, ainda em ruína, quase eternas. Históricas.