domingo, fevereiro 01, 2009

Nem uma palavrinha de agradecimento, parte III

A zeladora dos altares não demorou muito a vir ter comigo de novo. Estivera a meditar em casa. Queria perceber ainda mais. Pelo menos melhor. Contei então uma história. Os membros do corpo estavam cansados de trabalhar para que o estômago tivesse comida. Então decidiram fazer greve. Deixaram de exercer as suas funções. Não é difícil descobrir como em pouco tempo começaram a sentir-se fracos. A desfalecer. Depressa concluíram que todos os membros deviam cooperar se queriam sentir-se saudáveis, e o estômago reconheceu também que devia repartir com igualdade tudo o que chegasse a ele. Depois do final da história, que não alonguei nem adornei, repeti: Todo o cristão tem um lugar na comunidade, que não pode ser apenas o de mero espectador. Deve cumpri-lo não como um prolongamento do ministro ordenado, mas pela missão que Deus lhe tiver reservado. Aliás, o sacerdócio comum dos baptizados não faz inútil o sacerdócio ministerial, não o substitui. Um e outro participam do sacerdócio de Cristo. Vem na Lúmen Gentium. A organização da comunidade não se trata de mera eficácia administrativa. Tem a sua raiz numa consciência mais profunda do Povo de Deus. O grupo da comunidade cristã crescerá na corresponsabilidade tanto quanto mais houver partilha de responsabilidades. E, minha senhora, não deve haver motivo de invejas, ciúmes ou arrogâncias. É como numa família: cada um faz o que pode para contribuir para ela e assim cumpre o seu papel. Por detrás não podem estar subjacentes nem poder, prestígio social, remuneração económica ou elogios. Por detrás deve estar a nossa missão sacerdotal. O melhor lugar pode até ser o mais discreto! O melhor lugar, a meu ver, é aquele em que se pode servir o irmão mais e melhor.
Deu-me um abraço e passou a fazer arranjos de flores muito mais bonitos.
Se querem saber, há dias elogiei-lhe não só o arranjo de flores como o seu arranjo com o rímel. Porque sim, porque estavam mais bonitos e sinceros.

12 comentários:

Luisinha disse...

Fiquei muito contente com este desfecho! :) E achei a história dos membros e do estômago bem interessante. Não me leve a mal, mas numa oportunidade até dá para contar às crianças a título de exemplo sobre um assunto que seja oportuno (é que lido com crianças eheheh).

Paz e Bem! :)

Anónimo disse...

pois é, já deu para entender ...

o que a sra. queria era um abraço e

o tal elogio, e não sei se ficará

por aí, ou será que ainda vem a

parte 4!

vamos aguardar pelo desfecho.

um abraço.

Canela disse...

Boa!!!!!!!!

voltarei com mais calma.

Anónimo disse...

como foi bom lê-lo.............
adeus
mjg

Renata Cavanha disse...

O melhor que há é a partilha...

Deus abençoe
Renata

CJovem disse...

É bom saber que estas coisas são dialogadas, ponderadas para que não acabem num amuo, quase eterno, de parte a parte. Creio que todos nós temos muitas coisas a dizer a respeito deste tema. São situações que envolvem sentimentos, emoções, ciúmes, invejas... E tudo isso junto costuma ser causa de muito mal estar nas comunidades. Trabalhar questões como a que aqui é descrita com algum humor e seriedade ajuda muito.

CrisR disse...

Mas viu padre...o elogio simples sempre caiu bem! :)

Anónimo disse...

Confesso que lendo o "Nem uma... I e II", fiquei a pensar que algumas pessoas realmente fazem determinadas coisas pensando nos elogios e/ou agradecimentos, também faço algumas atividades em minha paróquia e conheço muitas pessoas assim. Lenda a parte III peguei-me a pensar que as vezes, custa tão pouco fazer alguém feliz, um sorriso, um elogio. Algumas vezes estamos realizando uma determinada tarefa em nossa paróquia com o coração e a cabeça cheios de problemas em casa ou no trabalho e um carinho ou sorriso ou elogio aquecem a alma e nos lembra quanto somos importantes para DEUS.

Mafalda disse...

Tem razão , Padre, quando diz que todo o cristão tem um lugar na comunidade e que não deve ser o de mero espectador.Mas olhe que é dificíl entrar.As zeladores e os zeladores, que também os há, lá nos vão dificultando a vida.
Mas haja paciência, que tudo se vai conseguindo.

Um abraço
Mafalda

PS.Não quer dar um salto ao nosso blog? gafeastercas.blogspot.com

Anónimo disse...

Num momento em que a sombra do integrismo católico e do neonazismo ameaça infiltrar-se na Igreja, é importante divulgarmos e assinat esta
Petição internacional a favor do Concílio Vaticano II :

http://www.petition-vaticanum2.org/petition.php

Canela disse...

Nem a propósito Pe. C.;

Este fim-de-semana, estive com muita gente diferente, de várias paróquias, muitas delas com vários serviços nas suas comunidades.

Uma dessas pessoas disse-me: "Já viu? É que calha sempre aos mesmos. Nós também temos, a nossa vida."

Sorri-lhe e recordei-me, dos seus post's...

Disse-lhe:

"Já reparou na quantidade, de pessoas nova; rostos novos, que chegaram á sua igreja, neste ultimo ano? Já alguém os abordou? Já alguém lhes deu as boas-vindas?
Já alguém lhes perguntou, se poderiam ajudar em algo? Já pensou como se sentem deslocadas essas pessoas? Nenhuma dessas novas pessoas dirá: Olá! Estou aqui!"

Este é um exemplo, da falta de acolhimento nas nossas comunidades.

Pe. Amigo... quanto á zeladora (penso que o li mal, no inicio), ás vezes basta dizer: "como está bonito?!"

Lembre-se dos videos, que tem publicado mais em baixo!

Abraço amigo!

Anónimo disse...

Gosto da explicação que deu. De facto, há que fazer perceber às pessoas que a Igreja é um Corpo cujos orgãos cooperam entre si com a finalidade única de assegurar o seu funcionamento. Chata como sou, eu teria, também, realçado o facto de cada corpo possuir uma única cabeça. Quando há mais -bastam duas- estamos perante um monstro...
Em muitas paróquias há "bichos" destes. Eu já os vi!:)))

Bjs