Têm aumentando os estudos sobre a crise religiosa e as urgentes reformas da Igreja, mas os agentes pastorais principais, sobretudo os que têm algum poder de decisão, continuam com dificuldade em arriscar e em repensar posturas, mentalidades, pastorais e estruturas cristãs. Entretanto, as pessoas abandonam os bancos das igrejas, os baptismos diminuem, os casamentos religiosos estão em queda livre, as vocações à vida consagrada definham, os seminários estão vazios e os padres abandonam o ministério ou adoecem com esgotamento. A pastoral continua praticamente concentrada na “paróquia” onde permanecem os mesmos ritmos, as mesmas iniciativas, os mesmos métodos de há muitos anos. Mesmo depois do concílio Vaticano II ter aberto portas a uma Igreja mais comunhão e mais missionária, há uma dificuldade enorme em sair do “sempre se fez assim”. Nem mesmo uma pandemia que interrompeu durante meses o trabalho pastoral e que foi vista como uma oportunidade para reler o tecido eclesial e as estruturas paroquiais e pastorais, conseguiu esse objectivo. O cristianismo mudou de forma muitas vezes na história. Por que persistimos em não ler os sinais dos tempos e em enterrar a cabeça na areia, propondo uma vida de fé que parece seguir essencialmente as categorias tridentinas, com alguns acréscimos e atualizações do século XIX e algumas estruturas do século XX?
6 comentários:
Não sei o que é isso das categorias tridentinas, mas tb me parece que a Igreja precisa de algum frescor, algum arrojo.
Bom dia Senhor Padre,
Ainda ontem assisti a uma celebração eucarística com a presença de inúmeros jovens, dedicada ao patrono dos grupos a que pertecem, que se tornou extensa, pesada, arrastada, demorada, diria cansativa. Penso que era um bom momento propício para cativar os jovens com uma celebração ligeira e mais apelativa.
Gostei da homilia, mas tudo o resto foi moroso. Não me admiro, por que a juventude depois das catequeses dos grupos jovens abandonem a igreja.
Talvez possa ser útil a leitura da carta do Papa aos párocos:
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2024/documents/20240502-lettera-parroci.html
eu não gosto muito da minha paróquia
Pode a Igreja local prescindir da territorialidade? Ou é apenas um contrassenso?
Como interpretar a extinção de algumas prelaturas pessoais, no tempo da expansão das comunidades virtuais?
Como querer abrir mão de uma organização territorial com raízes consistentes, entre nós, desde o século VI (cfr. o Parrochiale Suevorum)?
14 maio, 2024 19:45
Creio que algum tipo de territorialidade terá sempre de existir, porque as comunidades vivem num contexto. Não sei é se tem de ser num sistema fechado como tem sido até agora.
Quando em Portugal até já houve fusão de freguesias, as dioceses têm mantido maioritariamente as paróquias como estavam. Os padres, que são cada vez menos, percorrem muitos quilómetros para multiplicar missas e celebrar missa para meia dúzia de pessoas. Mesmo quando se procura a alternativa nas Unidades Pastorais, a acção pastoral mantém-se igual e as paróquias que constituem estas unidades vivem como se não fossem parte de uma unidade pastoral, com praticamente o mesmo tipo de serviço que tinham antes.
As paróquias continuam a ser, na minha opinião, o espaço privilegiado da pastoral e da comunidade. Os ritmos das paróquias é que parecem cada vez mais obsoletos. Ao menos de uma grande parte delas.
Sobre as prelaturas não tenho propriamente e ainda opinião formada.
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