quinta-feira, maio 09, 2024

Leigos a presidir eucaristias?

Um bispo espanhol em Africa, para visitar uma das muitas comunidades que tem a sua diocese, tardou mais de uma hora para percorrer uma distância de 13 quilómetros, o que informa como é a estrada. Por isso não é de estranhar que, associado à falta de padres, a última eucaristia que aquela comunidade tivera fora há 8 anos. São duas ou três centenas de pessoas, a maioria cristãos. Não deixam propriamente de ter fé, mas têm imensa dificuldade em alimentá-la. A eucaristia não resume nem aglutina em si a vida da fé mas, se é o centro e o cume da vida do cristão, que dizer a estas duas ou três centenas de cristãos que não têm possibilidade de aceder à eucaristia? A acção da Igreja vai para além da eucaristia, porque a sua missão é evangelizar. No entanto, a realidade leva-nos, ao menos, a equacionar a hipótese da presidência da eucaristia ser feita por um leigo. A este propósito, Tomás Muro Ugalde publicou em 2020 um artigo na revista Scriptorium Victoriense “Sobre a presidência da Eucaristia”, onde faz a mesma pergunta recorrendo a grandes autores e teólogos. Sabemos que na origem da Igreja não existiam ministros ordenados e que o sujeito eclesial era a própria comunidade. Com a metamorfose constantiniana, cimentada pela Igreja da Idade Média, o sujeito eclesial passou a ser a hierarquia. Sei que é um assunto melindroso e também não tenho certezas. Assim como não pretendo ver nisto a solução para a falta de vocações ao sacerdócio ministerial. Talvez assim se recuperasse um pouco mais a comunidade como sujeito eclesial. Não precisamos de leigos clericalizados, mas a pergunta é pertinente. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Nós e vós"

5 comentários:

Anónimo disse...

...e porque não?!

Anónimo disse...

Seria um tema premente a discutir no Congresso Eucarístico nacional, no fim do mês.
Mas a audácia na Igreja portuguesa é coisa rara...

Confessionário disse...

14 maio, 2024 19:24
Seria uma boa oportunidade

Ailime disse...

Bom dia Senhor Padre,
Na verdade uma questão pertinente, que a mim me coloca algumas dúvidas no que respeita à Consagração do Pão e do Vinho.
Emília

Confessionário disse...

Ailime,

Há sempre dúvidas (eu tb as tenho), mas também há possibilidades. A Deus tudo é possível, não?!

um abraço muito amigo