O título soa a poema ou a palavras que se fazem beleza. Contudo soa também a dois lados que se separam, que se afastam, que vivem juntos mas não se juntam. E eu não tenciono escrever palavras belas ou poemas. Tenciono deixar meu coração falar do que tenho sentido ultimamente na Igreja. Na minha Igreja que quero Corpo de Cristo. Na Igreja onde tenho sentido que coabita um nós e um vós.
É um nós e um vós entre padres e leigos. Um nós e um vós entre leigos que participam habitual e sacramentalmente na vida da Igreja. Um nós e um vós entre aqueles que se gostam de afirmar católicos de direitos, mas diferentes dos católicos com deveres. Um nós e um vós entre aqueles que agora, porque vem uma festa ou um sacramento de festa, querem fazer parte do grupo, mas que depois falam da Igreja como se fossem os que lá vão habitualmente. E mais um nós e um vós entre aqueles que acham sempre que a Igreja é para se desconfiar, mas foram baptizados e baptizam os seus filhos. E um nós e um vós entre padres e o seu bispo. E um nós e um vós entre os próprios colegas de sacerdócio. Creio que chega a haver um nós e um vós entre nós e Cristo.
Há tantos nós e vós, que às vezes já não sabemos se somos parte ou somos o todo.
Há tantos nós e vós, que às vezes já não sabemos se somos parte ou somos o todo.
4 comentários:
Provavelmente não é só na Igreja que há um nós e um vós. Parece que o mundo se tem construído dessa forma, uns contra os outros. Ou não?
18 outubro, 2016 11:17
A esse propósito, era interessante ler a cristologia da não violência, de James Allison. Muito interessante. Postula a ideia de que não devemos estar sempre à defesa perante o outro, com o qual geralmente somos violentos, pelo medo que nos causa e porque nos põe em causa. Foi disso que Jesus (a inteligência da vítima) nos quis libertar na cruz...
Vale a pena conferir, a sério.
É isso.
A relação entre as pessoas é mesmo a tarefa mais difícil que nos foi dada a TRABALHAR. O que se sobrepõe, o que fica/ficará, são/serão, as relações caminhadas em verdade, e muita dedicação. O resto são castelos de areia. Estejamos sempre preparados para os ver desmoronar-se.
Creio que quando o altar passar a estar no centro a relação entre nós e vós passará a ser mais autêntica mais verdadeira, espontânea, diria mesmo sem reservas.
Enviar um comentário