sábado, fevereiro 17, 2024

A meia homilia

Estava a meio da homilia do funeral quando a senhora entra na igreja, sobe a coxia até ao cimo, perto do altar, como se nada estivesse a ocorrer ao seu redor. Todas as atenções se voltaram para ela. Também a minha. E depois as atenções passaram para os beijos e abraços sentidos aos familiares. Gestos que nunca mais paravam. Parei eu de falar. Porque paralisei, sem querer, o raciocínio da homilia. Perdi-o. Mesmo assim, ela não parou porque eu parara. Provavelmente nem deu conta de que tudo parara em seu redor. A homilia terminou pouco depois porque eu perdera o fio à meada e não consegui mais saber que dizer. Ela não teve propriamente culpa. As minhas capacidades é que não chegam para tanto.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Um senhor Joaquim"

4 comentários:

Ailime disse...

Bom dia Senhor Padre,
A atitude dessa senhora foi, no mínimo, de uma emorme falta de respeito para com a cerimónia que estava a acontecer, para quem a celebrava e assistia.
Haja paciência de santo.
Ailime

Anónimo disse...

E preciso saber ficar em segundo lugar

JS disse...

Talvez tenha sido uma forma de o Espírito Santo dizer ao celebrante que meia homilia já era mais do que suficiente; ou que simplesmente não estava a dizer nada de jeito... :)

Anónimo disse...

A liturgia dos abraços e cumprimentos é um verdadeiro sacramental. Às vezes exagerada, às vezes inoportuna, às vezes hipócrita, mas sempre marcante.
Os senhores padres que se enervam com ritos da paz transbordantes fariam bem em recordar o que sentiram quando foram abraçados pelos colegas ou saudados pelo povo no dia da sua ordenação.