quinta-feira, março 17, 2022

O Não do Bispo

Numa diocese longe da minha, mas não tão distante que não me doa como se fosse minha. Porque as distâncias das dioceses são apenas geográficas. A Igreja é a mesma. Em cada uma está toda a Igreja. Numa diocese sem nome, distante geograficamente da minha, o bispo convocou uma reunião dos seus padres, isto é, o seu presbitério, com um parco grupo de leigos para que estes últimos relatassem a sua experiência num congresso de leigos em que tinham participado. Dizia-me um colega padre dessa diocese que, a determinada altura, e porque os leigos presentes faziam algumas reclamações relacionadas com a participação dos leigos na Igreja, o bispo se levantou, levantou igualmente a sua voz, e disse que não aceitava o que estavam a dizer. Aqui quem manda sou eu, referiu. E a reunião terminou naquele exacto momento. Nem uma voz mais se ouviu. Não sei o que aqueles leigos disseram nem se o que disseram era bom ou mau. Mas sei que a voz foi-lhes tão dada como calada. E é assim que vive uma Igreja que quer escutar todos, mas que não dá voz a todos. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO:  "Nós e vós"

10 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente isto é tão comum quanto desagradável, dentro ou fora da Igreja: primeiro ausculta-se, depois aborta-se a auscultação, depois faz-se o que se quer e como se quer e, pior, alegando que se ouviram todos os intervenientes antes...

Anónimo disse...

Geralmente, os bispos não saem de entre os melhores padres, mas de entre os mais carreiristas!

Anónimo disse...

PUM!

Anónimo disse...

Só vem confirmar a minha teoria "os piores inimigos da Igreja estão dentro dela"

Confessionário disse...

Caro 18 março, 2022 11:33,
Tenho de discordar, pois a Igreja é muito mais que os bispos. Os bispos são a minoria mais minoria da Igreja. Depois vêm os padres, que ainda são minoria diante dos milhares de leigos, que são 99% da Igreja.

Anónimo disse...

Santo Deus! Quanta prepotência num geste de falar. E cadê o DEUS que essa gente diz servir??? Deve ser na posição social, a hierarquia da igreja infelizmente tem dessas coisas. Dai calam os mais sábios, que muito bom por sinal. Na obtenção da fé e no camibho reto e transparente é sunal que DEUS cuide de vcs padres. Fico triste com tudo isso. O comentarista acima disse a verdade, nem sempre são os melhores padrs os verdadeiros bispos. Agora que é agora de dar a viz aos leigos r NÃO as preciosas regras sem serventias nenhuma, por isso mesmo que os templos católicos estão vários. Cabeça de gente é terra qye ninguém pisa. Tai um campo minado. Vivo. Será que assim agrada a Deus? Misericórdia, MISERICÓRDIA São Brás, que cuide da boca dessa gente e abrandais os corações pq essas mentes e agente estamos fritos.

Anónimo disse...

JESUS Cristo é misericordioso ELE suporta tudo e mais um pouco. Oremos por essa gente de mente fechada. Os piores cegos são aqueles que vêem e NÃO enxergam. Paz e bem Sr Padre.

Ailime disse...

Boa noite Senhor Padre,
Uma pena que assim aconteça.
Atitudes desta natureza desmotivam e nalguns casos originam o afastamento da Igreja, digo Igreja, mas não de Deus. A Igreja está em crise e necessita de ouvir outras opiniões. Da discussão nasce a luz.
Bom fim de semana.
Ailime

Anónimo disse...

Creio que os bispos são mais do Não que do Sim!.. ou não?!

JS disse...

É por isso que é tão, mas tão importante esta caminhada sinodal que se está a realizar no seio da Igreja. Sobretudo o captar, o aprender, o treinar o estilo, e o perseverar apesar das contrariedades, das resistências, das reacções abusivas, ofensivas e desrespeitadoras.

Quem imaginou que este seria um caminho fácil, ponha rapidamente de parte as suas ilusões.

O facto é que a grande maioria das nossas autoridades eclesiais não foi verdadeiramente formada em estilos de liderança aberta, em trabalho de equipa, em concertação com os leigos de igual para igual. Sendo que tudo isto implica uma aprendizagem permanente, quotidiana, com avanços e recuos, exigindo bastante esforço interior (conversão real) e muita persistência.

Por outro lado, há também um laicado que, se quiser de verdade ocupar o lugar a que tem direito, terá de investir em formação, terá de aprender a ler a realidade com horizontes mais largos que os seus próprios interesses individuais, terá de saber pesar consequências e custos das sugestões e mudanças que se apresentam, terá sobretudo de ser vigilante para não se deixar corromper pela sede de poder ou a ambição de se clericalizar.