terça-feira, março 01, 2022

Os padres fixes

Veio ao meu encontro com uma das mãos no peito e um pouco acabrunhada. Senhor padre, olhe, às vezes ouço dizer mal do senhor padre, porque não faz as vontades às pessoas, como outros que aceitam qualquer um para padrinho e o número de padrinhos que as pessoas quiserem, aceitam qualquer um para se crismar, não exigem preparação aos noivos, entre outras coisas parecidas. Eu fico triste ao ouvir estas coisas e nem lho queria dizer. Mas ela disse. E eu sei-o. E já nem sei se fico triste, porque muitos desses que ela designou de ‘outros’, fazem, geralmente, parte do grupo de colegas que apenas celebra sacramentos, espera receber o contributo respectivo e vive para agradar. 
O que eu gostaria mesmo que dissessem de mim não é que lhes fazia as vontades e que era um fixe, mas que os ajudava a crescer na fé. Que lhes anunciava a Boa Nova de Salvação. Que, quando me escutavam, conseguiam estar mais próximos de Deus. Que confiavam nas palavras de alento que lhes dou no meio do desalento. Porque quem conta não sou eu, mas Deus. O importante não é o padre, mas Deus. Não é Deus que existe porque o padre existe, mas ao contrário.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A queixaria"

8 comentários:

Anónimo disse...

Parece que isto nada tem a ver, mas tem. A minha vizinha tem um gato doido por esgravatar o lixo. Apurou técnicas de guerra para alcançar o seu objectivo, ou já nele vinham incorporadas. Com isto, já vê, é o mal que cheira e a porcaria que fica. O gato escapa-se porque é matreiro e a minha vizinha é pessoa de cruzes e idade avançada. Mas não quer ver que as outras todas, vizinhas entenda-se, em vez de culpar o gato, culpam a sua dona?! Assim vai o mundo pela minha terrinha…

Anónimo disse...

Fiquei triste hoje, padre, ao ler o seu texto.

Fiquei triste porque vejo essa realidade muitas vezes: os padres que tentam fazer bem as coisas são muito criticados por aqueles que só querem festas e romarias e infelizmente são a maioria.

Tenha coragem pois também Jesus morreu na cruz!!!

Ailime disse...

Boa noite Senhor Padre,
Por restrita que seja a sua popularidade continue a agir dessa forma, porque o mais importante aos olhos Deus é fazer a Sua vontade.
Ailime

JS disse...

A tua dor, Confessionário, é a dor de uma professora, de um polícia, de um pai ou mãe..., de quem tem de exercer a autoridade ou de zelar pelo cumprimento de regras para o bem comum.

Terás razão na invectiva que deixas sobre um certo grupo de colegas "faciliteiros". Mas não te esqueças do outro lado da moeda. E lembra-te que Jesus, se não foi um sacerdote, também não foi um burocrata obcecado com papéis e carimbos. Conhecia a Lei como ninguém, bastas vezes a interpretou de forma radical; mas sabia distinguir prioridades entre leis, denunciava incoerências de autoridade, colocava sempre como critério o ser humano e sabia buscar a intenção primordial.

JS disse...

Um exemplo: que sentido faz impedir alguém de se inscrever para a recepção do Crisma por não estar casado pela Igreja, quando a Igreja recomenda insistentemente que tenham recebido o Crisma aqueles que desejam casar-se religiosamente?

E outra: a que propósito exigem alguns senhores padres que os padrinhos de casamento façam prova de idoneidade (tal como previsto para o Baptismo ou Confirmação), e se submetam a uma preparação espiritual?

Confessionário disse...

Js, estamos em sintonia.
Penso de modo similar.
A exigência tem de se aliar ao acolhimento!

É o que tento fazer na prática, embora nem sempre consiga, porque o sentido da justiça a favor dos pares também pesa. Tenho muita dificuldade em aceitar pessoas que querem chegar à meta sem fazer o caminho, sobretudo quando há pessoas que estão a fazer honestamente caminho.

Quanto aos exemplos que dás: sobre o primeiro, recordas um pormenor muito pertinente; e sobre o segundo, nem me passou pela cabeça que pudesse haver quem exigisse isso!

...e já não sei se é dor se é apenas inquietude!

Anónimo disse...

E os padres disck jockey?! Uma vergonha. E cada vez são mais.

Anónimo disse...

Sensibilizou-me. De facto, ser fixe e padre parece incompatível. Aos padres todo o rigor é devido. A flexibilização da palavra é contraproducente. Por favor tente dizer uma palavra de duas sílabas sem flexibilizar...Não dá!
No entanto, a palavra cantada pode ser um pouco mais descomprimida e portanto mais livre ainda que plena de simplificados, sobretudo naqueles casos em que o canto se percebe sem que se entenda mais nada que senão a música.
Posto isto, era muito fixe que o senhor padre fosse mais selectivo no seu gosto musical, o que é dizer mais livre. Já se respiraram por aqui melhores ares, depois surgiram umas espanholadas completamente desnecessárias e agora, por aqui, vive-se um silêncio brutal (cante-se: sepulcral).

Bom, era só isto que tinha a dizer.

Com a graça de Deus,

Oração, jejum e esmola para não cair em pecado.


Orante