terça-feira, janeiro 11, 2022

Deus não podia ter criado o covid-19

Uma senhora devota, em resposta ao padre que dissera na televisão que Deus, às vezes, manda uma doença como a covid-19 para que as pessoas se convertam e mudem de vida, estava muito zangada numa rede social a queixar-se do padre. Como poderia ele pensar que Deus cria um mal – pois que o vírus é um mal – para o homem?! 
Embora a senhora tenha boa intenção e tenha uma imagem de Deus muito boa, como um Pai que ama sem medida e tudo faz de bem pelos seus filhos, a verdade é que ela também se aproxima de uma heresia, pois parece dar a entender a existência de uma outra entidade criadora para além de Deus. Os vírus, tal como as bactérias fazem parte da natureza. Assim como as minhocas, os mosquitos, os elefantes, e demais seres vivos. Assim como os vulcões, os terramotos e as inundações, e demais fenómenos naturais que causam aflição, destruição e mortes. Contudo, o facto de o mundo criado por Deus ser assim, não quer dizer que Deus seja mau ou que crie e proceda com maldade. Apenas diz de um mundo transitório como este, no qual nos é dada a oportunidade de nos superarmos, por dentro e por fora, num caminho que não é feito só de rosas. O que nos acontece de mal, embora doloroso, às vezes até é uma oportunidade. Uma oportunidade de fazer escolhas, de estar atento ao mais necessitado, de sermos maís fraternos uns com os outros, e com todos os seres criados, de tomarmos consciência da nossa finitude e humanidade frágil. 
 

5 comentários:

JS disse...

Caramba, Confessionário, tu acabas este post quase na mesma posição em que o anterior começava. Bastava somente acrescentares: Uma oportunidade dada por Deus para se converter...

Confessionário disse...

ahahahah, JS. Creio que te entendi.
No entanto, com uma leitura mais atenta, também creio que darás conta da diferença. Transformar algo numa oportunidade não é o mesmo que fazer desse "algo" um objectivo.

Anónimo disse...

Confessionário, Deus é Amor, portanto o mal não vem ao mundo por Ele. Agora que Ele se sirva de acontecimentos, provocados pela mão humana,(e tudo leva a crer que esta pandemia é resultado disso) para reverter no bem para a humanidade, isso atrevo-me a acreditar que sim.

Anónimo disse...

Há aqui uma possibilidade de leitura que faz falta ter presente.
Lembremo-nos que, segundo a nossa fé, Deus fez o ser humano co-criador.
E mantêm-se suspeitas fortes de que a contaminação tenha acontecido por falha humana e que o virus tenha tido origem em manipulação num laboratório.
Teremos andado uma vez mais a brincar a Deus, a brincar ao Criador? Mas a ciência que nos traz a desgraça é também a mesma que nos dá o remédio...

Anónimo disse...

Mais uma coisa a reter, a partir dest post: a natureza não é uma realidade perfeita, nem nunca houve um tempo em que o tivesse sido. A violência, a destruição, as alterações são constantes do mundo natural, bem para lá da existência e da intervenção do ser humano.

Esse panteísmo naturalista tornado moda pelos movimentos ecologistas e animalistas actuais, que advogam um estádio perfeito da natureza (endeusando holisticamente a Mãe-Natureza) enquanto demonizam o ser humano ao colocá-lo como único culpado das disrupções duma pretensa harmonia primordial, é uma visão ultimamente falsa, absurda e desonesta da realidade. O resultado são esses apocalípticos anúncios de fim do mundo à conta dos nossos crimes atmosféricos, com o apelo mais ou menos consciente à extinção do género humano (ou pelo menos o regresso ao tempo das cavernas) como única forma de salvação do planeta (se ainda se for a tempo). Loucura.