sexta-feira, maio 01, 2020

A Igreja que está aí

A pandemia do coronavírus fez com que as celebrações religiosas passassem a ser recebidas através dos meios de comunicação social e virtual. A Igreja passou a viver e a expressar-se nestes meios. Mas esta não é a Igreja. Esta é a Igreja de uma situação difícil. A Igreja, por si mesma é uma comunidade real. É o Povo de Deus que caminha no acto da fé e do seu amadurecimento, no acto da caridade e do testemunho, no acto da Palavra e dos sacramentos. 
É verdade que a Igreja vive à volta dos sacramentos, e especialmente do sacramento da eucaristia, fonte e cume da vida cristã. Mas não depende exclusivamente deles. Ela depende do Senhor Deus. Por isso também pode viver sem eles. Não pode é banalizá-los ou dar a ideia - demasiado clerical, por sinal – que, sem eles, não há forma de se alimentar, celebrar e viver a fé. Se já antes muitos dos nossos sacramentos perdiam alguma autenticidade, porque ausentes de fé, agora esse risco aumentou. Tanto que o Papa Francisco, na homilia da Missa na Casa Santa Marta de 17 de abril, sublinhou este risco de viver a comunhão eclesial apenas de modo virtual. 
Os sacramentos valem por si, mesmo à distância. Há uma certa presença, embora virtual, através destes meios de comunicação social e virtual. Não são falsos, mas também não são a realidade, mesmo que a reproduzam muito bem. 
Talvez a pastoral das nossas comunidades, nestes tempos de contingência, se tenha vindo a centrar em demasia na celebração eucarística, absorvendo muitas das nossas energias, salientando o quantitativo, em detrimento do serviço da Palavra, da formação e, nalguns casos, da caridade. Talvez seja um hábito que vem de trás. E talvez seja este o salto que a Igreja que está para vir deveria fazer. O salto de uma Igreja sacramentalizadora para uma Igreja missionária, de uma Igreja eclesiocêntrica para uma Igreja cristocêntrica. 

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Gostava de fechar a minha Igreja.

9 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Um texto reflexivo, clarividente, sobre a Igreja destes tempos.
Não posso deixar de estar mais de acordo, porque à minha maneira, penso deste modo.
Culmina com chave de ouro no último período.
Desejo-lhe bom fim de semana, com saúde.
Ailime

Anónimo disse...

Não sei como seria a Igreja nos seus primeiros tempos ou naqueles que imediatamente se lhe seguiram, os coincidentes com as perseguições religiosas. Calculo que então a Igreja se escondia da rua e fervilhava nas casas onde os primeiros cristãos se encontravam ou onde os apóstolos iam evangelizando. Também então, embora em moldes diferentes, interior e exterior estavam nitidamente marcados independentemente do que ia em cada um dos cristãos. A analogia com estes tempos não é perfeita. Fazendo um simples exercício de imaginação, supondo que o estado actual se perpetuaria, pergunto o que seria ou como seria a Igreja. Morreria nos que hoje a vivem? E os mais pequenos, os que dão os primeiros passos nesta Igreja «Covidis» como a viverão? O cristianismo terá algo de inato, cultural, como se manifesta o «religioso»? E nós, que tanto falamos das fragilidades da Igreja, da que se tem vindo a fermentar comunitariamente, ao londo dos séculos, como olhamos para esta Igreja? Transportaremos um moribundo nos braços? Terá condições de sobrevier? Onde assenta, afinal, a força da nossa Igreja?

Confessionário disse...

01 maio, 2020 19:40
Grandes perguntas!
Vou pensar nalgumas delas, seguramente...

Anónimo disse...

Houve mudanças graças a Deus. No passado um William, antes de Shykpeere, foi morto condenado por traduzir a bíblia. Graças ação deste corajoso homem a palavra, o evangelho foi levado aos cristãos, mas a igreja também já condenou e matou muitos devido alguma posição, que não cabia aos mais conhecedores na época. Ainda hoje Deus tem muita paciência, pra suportar tudo e todos, principalmente aos falsos profetas. As pessoas estão fque echadas, graças muitas vezes foi pregado a palavra, onde a mãe de Deus é a chave principal deste mundo e poucos reconhece. Mas como poucos entende que a igreja somos nos. Um local é um templo pra coletividade. Ainda vira novos rumos sim. Pra igreja acordar ou sofrerá as consequências da desobediência.

Anónimo disse...

Boa reflexão! Não sei nada de teologia, muito menos de filosofia, mas de convivensiologia? Um pouco, suficiente pra entregar as poucas palavras. Que na atualidade da situação, as oportunidades são grandes as mudanças: de pensar e de agir do homem em ter um bom relacionamento com Deus. Mas na conjuntura geral os viventes terrestres, ainda assim acham perdidos por qual igreja seguir. São tantas depois da que Pedro assumiu. As criadas pelos homens é inúmeras. Mas o deus é um só. Mas os grandiosos templos tem que existir pra coletividade, mas tornam na atualidade locais perigosos. É esse o momento de aceitar o comando de se cuidarem. E buscar forças nas orações por entre paredes como nos primordiais tempos passado. Até retornarem nós nós ensinamentos em grande escala. Como Jesus fez. Com mais convicção em atender os anseios de Deus. Pra Deus, somos bens preciosos e renováveis na fé. Os atributos que tem hoje, as riquezas, os palcos arrojados, os veículos de alto padrão, as vestes de cetim e seda. Tudo é passageiro, somente Deus que é eterno. Conheço padres que ficam muito bem, com sua calça jeans e sua camisa de quadros e sapatos simples, que atuam muito bem, no seu caminhar com a igreja. Não e as batidas de cetim, os casulos de sedas javanesa. Que faz o carácter ca um servidor de Cristo. Não e frotas de carros e fazendas, que devemos aceitar como seguidor de Deus. A humildade é o bastante. As condições de falar, pensar, agir que traz uma igreja digna do conhecimento. E pode transportar aos demais seguidores. Perdoe pelo texto. Mas o tema é oportuno na realidade que vivemos.

Anónimo disse...

Excruciante!

Anónimo disse...

Uma excelente reflexão, padre.
No entanto, os padres e os bispos estão demasiado agarrados ao seu umbigo para fazer uma revolução dessas!

Anónimo disse...

Nossa, Estive lendo meu texto, nossa erros, batida = batina, entre os outros e acentos. Ahh!! Minha língua portuguesa, está de lascar.b

Paulina Ramos disse...

A partir da minha experiência criei uma nova religião, uma nova igreja.
Tem, por enquanto, apenas dois membros Deus e eu.
E nesse viver em comunhão com a igreja católica romana vamos nos aperfeiçoando e certamente aperfeiçoando os outros.
De facto a atual igreja está deveras em apuros para se manter de portas abertas e com fiéis dentro, mas penso que a mudança tem que começar em mim, em cada um de nós.
Muda e tudo ao teu redor mudará.
Fica bem, com saúde.