sábado, dezembro 14, 2019

O telemóvel e a missa

No meio da eucaristia. No meio da assembleia. No meio da consagração. Toca um telemóvel. O som não é dos piores. Calo-me. Desliga-se. Continuo. Afinal não se desligou, mas atendeu-se. Ouviu-se o Estou no meio da missa. Calo-me de novo. Escutamos todos, respeitando a pequena conversa. Acaba a conversa. Continuo. Se houve falta de respeito? Houve. Se foi com má intenção? Quase de certeza que não. Faz parte da forma de ser de quem não sabe como usar as novas tecnologias, digo eu. Incomodou? Muito, sobretudo porque ocorreu a meio de um dos momentos mais importantes da eucaristia, a consagração. 
Mas também me fez lembrar algo que me contaram, em tempos, acerca da resposta de um colega perante uma situação deste género, com gente que ficava indignada com as pessoas que atendiam o telemóvel na missa para dizer que não podiam atender porque estavam na missa. Ficavam indignados sobretudo porque atendiam dizendo que não podiam atender quando o estavam a fazer. Mas o referido colega, um padre conhecido pela sua sabedoria de vida, com quem partilharam esta perplexidade, respondera: mas ao menos do outro lado alguém ficou a saber que ainda se vai à missa.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A geração do telemóvel"

6 comentários:

Anónimo disse...

Padre, por que não crias uma conta no Instagram e posta teus poemas? Crias com um pseudônimo, assim poderemos partilhar com os direitos reservados ao senhor. 😍❤️
Amo tudo que escreves! ❤️

Confessionário disse...

Creio que podem partilhar na mesma em qualquer rede social colocando o link ou copiando o poema e colocando na mesma o link de onde foi tirado!
Bem haja pelas palavras de incentivo

Anónimo disse...

Maravilha, eu já mencionei pra várias pessoas, sobre as tuas poesias. Mas sempre com receio da divulgação. Agora sim 🙏

Anónimo disse...

Nunca tinha pensado nesta perspectiva, padre.
A mim irrita-me quando toca um telemóvel na missa, mas faz sentido o que contas.
bjs

Anónimo disse...

a mim incomoda-me mais outra situação: os telemóveis no ar para fotografar tudo e todos. O menino que lê, o sr. padre, a consagração, o coro, o presépio. Fui um dia destes a uma missa «especial», uma missa do parto. NO início da misa avisaram que, dada a hora (eram 6:30), talvez ninguém fosse telefonar, mas que ainda assim se desligassem os telemóveis. Afinal ainda houve um que tocou. Mas pior que isso, para mim, foram os inúmeros telemóveis em punho a fotografar e a filmar. O coro, o padre, a assembleia. Ninguém deu permissão para ser filmado, ninguém cedeu direitos de imagem, uma missa continua a ser um ato privado da espiritualidade pessoal, ainda que realizado em comunidade. Não cabe no conceito de «interesse público» que permite por ex. que os paparazzi captem imagens de famosos. Alguém tem o direito de me filmar na missa? E qual o uso que vai ser feito dessas imagens? E se eu estiver ali «escondida» de algum agressor num qqr programa de proteção de vítimas ou de testemunhas? Uma filmagem destas pode pôr vidas em risco. Mas as pessoas não medem as consequências. Não gosto quando um telemóvel toca na missa. Mas custa-me mais este desrespeito pelo outro, pela sua privacidade, pelos seus direitos. Pior, a pessoa que mais filmou, tudo e todos, assembleia incluída, durante toda a celebração, mesmo à minha frente, foi uma religiosa consagrada de hábito… Na minha opinião, devia ser proibido fazer isto. Mesmo nos casamentos, comunhões e afins, o circo em volta do altar é tal que está tudo mais empenhado em ficar bem na foto do que em participar com o coração na celebração. Rezo muitas vezes isto. Nunca o tinha dito. Hoje calhou.

Confessionário disse...

17 dezembro, 2019 16:43
Muito interessante a tua reflexão!
Até eu me incomodo, às vezes.