Já não é a primeira vez que, numa das minhas comunidades mais pequeninas, os animais vizinhos dão sinal de vida e presença. Aliás, costuma andar por ali um cãozito que vai guardando a porta de entrada da igreja. E há dias, enquanto eu, durante a homilia, fazia a minha brilhante pregação, deu-lhe para se por a ladrar. Ladrava sem parar, ao ponto de, na igreja, nos começarmos a incomodar e a olhar na direcção da porta. Eu não desistia de continuar a minha brilhante homilia. Contudo, e perante a insistência do nosso amigo, tive mesmo de intervir. Ó meus amigos, vejam lá se o indivíduo se cala. Ou prego eu, ou prega ele. E assim nos rimos despregadamente durante um bom bocado. Olhem que uma destas! A dona saiu à rua e lá lhe disse qualquer coisa que não se ouviu. Eu imagino que lhe deve ter dito que ou pregava o senhor padre ou pregava ele. E não é que o cãozito se calou?
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Quem canta, seu mal espanta"
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Quem canta, seu mal espanta"
9 comentários:
Engraçada a tua história.
Ri com vontade!
Aqui na paróquia onde moro também de vez em quando acontecem umas cenas engraçadas, só que o padre não tem a tua paciência, nem a idade que é algo mais avançada.
Às páginas tantas já não se percebe se rimos do comportamento do animal ou da reação do Padre.
Boas Festas!
Imagino a cena. A alegria fez o cãozinho. Ao ouvir as beleza das tuas palavras. Retrucando as vezes.
Pobre,ão, ão, deve ter ficado mal pregado!
Kkkkkkkkkkk adorei!!
Muito boa, afinal tem que ter um pouco de humor na vida, parabéns pelo seu entendimento.
hihihihihi
ahahah .boa
Uau, au,au, KD o vovô, estava procurando o seu dono. Uai! Estou com fome, a pregação tá uauuau... enorme.vamos logo vovô.
Como fervorosa defensora dos animais em geral e de todos os caninos em particular, gostava mais do tempo em que eles, os bichos, eram frequentadores das missas e defensores acérrimos das bolsas dos seus donos. Com o seu refinado faro musical acompanhavam solenemente a missa, num patamar mais baixo. Assim, durante a homilia pontuavam RRRRs, seguidos de consonantes bébéus, mais aqui e ali, em alegre assentimento (ou não) ao que se ia palreando. Velhos tempos. Então os bichos não tinham consagrada a mesma protecção de que hoje alegremente gozam. Mas no chão de pedra, coberto de palha daqueles edifícios seculares aqueciam o ambiente tantas vezes gélido. Eu que ainda sou desse tempo, e só venho aqui de quando em vez, recordo com emoção o velho Carpoto, um velho dog holandês, perfeitamente rafeiro, que enfiava o focinho sob a palha e dormia embalado pelas sábias palavras. As suas orelhas ajudavam ao efeito, cruzavam uma sobre a outra, ambaz sobre o nez, este já sem faro. E era vê-lo despertar a meio da consagração com a lingua envolta em palha, abanando vigorosamente as pendentes orelhas. Auuuuuuuu, dizia Carpoto. Ao fundo ouviu-se uma vozinha mais fina, e aos joelho dela um pequeno menino dizer entre dentes: É o meu Carpoto, cheio de palha, tinha que me acordar!
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