quinta-feira, abril 26, 2018

Os coelhinhos da catequese

Num dia destes, qual não é o meu espanto quando, à saída do centro pastoral, umas crianças dos primeiros anos de catequese traziam em suas mãos uns desenhos, bonitos por sinal, com uns coelhinhos de Páscoa. Em tons de brincadeira, perguntei se os tinham feito na escola e responderam prontamente que os haviam elaborado na catequese com a catequista. 
É verdade que, segundo dizem, o coelho sempre foi visto como símbolo da fertilidade, os judeus assumiram-no como um símbolo e a cultura popular foi-o adoptando como um símbolo da ressurreição. Li em tempos que eles deveriam ter sido, de tão madrugadores, as primeiras testemunhas do maior milagre da história. De modo similar, fala-se dos ovos da Páscoa como símbolo de algo que parece não ter vida, mas que origina vida, e assim se pode considerar símbolo de Cristo que rompe a pedra do sepulcro. Contudo, nenhum destes argumentos me convencem. Não será antes a expressão de um comércio que usa e abusa do tempo pascal, tal como o Pai Natal é apanágio do mesmo interesse por alturas do Natal? 
Ainda não conversei como deve ser com a catequista. Já lhe disse da minha admiração. Não creio sequer que ela tenha mandado fazer o desenho sem boa intenção. Talvez ela tenho uma muito boa justificação para a sua opção. Também não a julgo, porque a continuo a considerar muito boa catequista. Mas estas coisas metem-se comigo, porque me parece que a Ressurreição de Cristo está muito para além de qualquer um destes potenciais símbolos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Bem...a Páscoa já foi à um mês...por isto, se ainda nao teve um minuto para falar com o catequista, aproveitava o minuto que perdeu a escrever mal dele para o fazer!!!

Anónimo disse...

São os coelhinhos e ovos de Páscoa são tantas e tantas outras promiscuidades bem mais inquietantes, na ânsia de absorver a cultura de todos deixamo-nos corromper pelas suas palavras "paganidades".

Confessionário disse...

27 abril, 2018 23:39

Olhe que eu não escrevi mal dele, que afinal é um "ela".
E a situação foi muito depois da Páscoa, após recomeço da catequese.
E continuo a gostar imenso desta catequista e achar que é uma optima catequista. Se não falara com ela foi mesmo porque quer da parte dela quer da minha ainda não tinha havido essa oportunidade.
E eu não estava a reflectir propriamente sobre ela, mas sobre a utilização destes símbolos que que me parecem mais comerciais que outra coisa.

Mas agradeço o reparo

Paulina Ramos disse...

Olá confessionário

Percebi o que escreveste e concordo quando escreves que não será isso que a torna má catequista.
Também eu sou de catequista e bem sei dos "deslizes" que cometemos, as vezes sem nos apercebermos, acho que o meu comentário anterior foi um pouco "atabalhoado".
Um dia destes, começava uma frase desta forma "a Páscoa é tempo de ...," pedia aqui que os jovens a completassem, então um daqueles que às vezes não sei se brinca se fala convicto completou-a dizendo " dar ovos de chocolate".
Isto porque tem um tio padre que todos os anos pela Páscoa oferece ovos de chocolate aos sobrinhos.
É aqui também não estou a julgar o tio do pequeno, constato apenas que muito facilmente nos deixamos "profanar" pelas leis do comércio, que inventa sem se preocupar com mais nada a não ser com o lucro.
Peço desculpa pelo comentário anterior, foi realmente muito infeliz e mal explicado.


Confessionário disse...

Ainda não tinha tido a oportunidade de vos contar que gostei imenso da explicação da catequista. Afinal estávamos em sintonia, e não foi lapso nenhum. Foi exactamente com o objectivo de os fazer descobrir o que era o essencial na Páscoa.

Anónimo disse...

Como catequista já tinha entendido que só podia ser essa a explicação. Só podia, porque referiu ter admiração por ela, se nao tivesse feito essa referencia provavelmente acharia que era alguma catequista tipo ""tapa buracos.