A senhora, que é minha paroquiana, falou-me com amizade sobre o que presenciara nessa tarde. Hoje estava numa mesa de café quando ouvi falar mal de si, de alguém que não gosta de si porque não o deixou fazer o Crisma. O senhor que falava mal de si disse que teve de recorrer a um colega seu aqui do lado que não lhe pediu nada nem fez nenhuma exigência. Foi só aparecer no dia e já está. Por esse motivo o outro padre é que era bom e o senhor não prestava.
Com curiosidade e alguma mágoa, perguntei que fizera a senhora ao ouvir estas coisas. Respondeu que se levantou, manifestando o seu desagrado, porque pensava exactamente o contrário, ou seja, que o outro padre é que não era bom, porque pouco mais lhe interessava do que agradar e ficar bem visto com os seus sins, sem preocupação por uma real evangelização ou formação de fé. Sorri como quem não sabe mais que fazer. Ficámos assim, eu sorrindo e ela olhando para mim com algum dó.
Quando cheguei a casa, voltei a pensar no assunto, que afinal é recorrente. Fiquei a pensar se a senhora amiga que me confidenciara a situação, deveria responder ao dito senhor ou não, expressar a sua opinião ou não, defender seu pároco ou não. Há ocasiões em que o silêncio diz mais que as palavras ou as discussões. Mas também há outras em que uma palavra que clarifique diz mais que o silêncio.
14 comentários:
O silêncio tem que ser eficaz, falar por si só. Neste caso o silêncio da Senhora na mesa ao lado não teria sido eficaz e portanto a Sra. fez bem.
Já contar-te Padre, soa me a mexerico... Aí o silêncio teria sido eficaz.
Vocês Padres, utilizam demasiado o silêncio. O silencio é de ouro... Mas também serve conveniências.
bjinho,
SL
SL, não sei se tem algum interesse, mas creio que muda um pouco as circunstâncias: a senhora estava na mesma mesa.
Neste caso um olhar talvez fosse suficiente... Mas continuo a achar que deveria guardar o silêncio contigo :-) . Este é para mim, desta história, o silencio mais importante, embora não o tivesses referido no teu post. Se calhar nem pensaste nele...
esqueci me de assinar o comentario SL
sim, SL, pensei, mas o que quis propor à nossa reflexão foi somente esse silêncio ou esse não silêncio.
Então desculpa desviar do tema, foi o sentimento que tive de imediato. vou-me remeter ao silêncio :-)
SL
Pessoalmente gostei da tua alusão, SL!
Sim. A sua paroquiana, devia ter continuado em silencio. Vindo com a queixinha!, não acrescentou nada.
(Quanto ao assunto do crisma, á pessoas, á situações, houve todo um tempo de não exigência, e ainda existem os "fiadores", se tudo for gente de bem, qual é o problema em começar a catequese, pelo pedido e pelo sacramento.)
Sinceramente,
a senhora deveria ter-se manifestado durante a discussão na mesa de café ou então, ao calar-se, calar-se-ia para sempre e não deveria ter ido fazer mexerico com o pároco. São coisas que não resolvem nada e só atrapalham. Ou se manifesta logo o que se sente ou fica-se quieto e calado. Por isso é que Deus nos deu dois olhos, duas orelhas, duas narinas e UMA só boca.
beijinhos padre e um bom-fim-de-semana.
"Mas também há outras em que uma palavra que clarifique diz mais que o silêncio. "
Não se pode criar uma regra geral sobre manter o silêncio ou proferir uma palavra sempre que sentimos que a igreja ou o Pároco são alvos de ataques injustos. Coisa que não é rara.
Desculpem a expressão, por favor não a interpretem de forma literal, mas não me ocorre outra coisa: " não devemos dar pérolas a porcos", eles não saberão o que fazer com elas.
Há um discernimento, que qualquer cristão deve pedir nas suas orações, e que fará toda a diferença nestes momentos - determina o silêncio ou não. Se as pessoas não estiverem abertas a escutar a nossa opinião, de que servem as palavras? Fomentar a discussão?
A coerência das nossas atitudes enquanto Cristãos, creio que nos levará muitas vezes a optar pelo silêncio..
SL
Concordo com o último comentário da SL
Também achei muito interessante este último comentário da SL
Também acho que o silencio ou nao depende com quem falamos. Se esta conversa tivesse vindo de um amig, nao teria dúvidas que lhe chamaria a atenção que estava errado. Se fosse de um conhecido, optaria pelo silencio.
Nestas alturas era tão mais fácil falar, chamar a atenção mostrar o quanto estão errados nas críticas, que silenciar é um duro exercício e discernir entre um e outro mais difícil ainda. Por vezes é preciso literalmente morder a lingua pois senão salta disparada da caixa.
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