A Igreja propõe que, a poucas semanas do Natal, quatro para ser mais concreto, os cristãos se preparem de forma mais especial e intensa para a festa que se aproxima. Chamamos-lhe advento, que vem da palavra latina adventus e que significa vinda. Utilizava-se para falar da chegada solene do imperador ou de alguma personalidade importante. Para os cristãos significa a espera do seu Salvador, Jesus Cristo. Por isso gosto de pensar que toda a nossa vida é um advento. De qualquer modo, cada vez que chegamos a este tempo litúrgico, somos convidados a caminhar de forma especial ao encontro de Cristo. Mas será que todos os cristãos sabem o que é o advento?
Num encontro de um grupo de meninos dos primeiros anos da catequese daqui da paróquia, a Susana, que é a catequista ao seu leme, ousou perguntar aos seus catequizandos se sabiam o que era o advento. Das duas uma, disse-me ela, ou sabiam o que era ou nunca tinham ouvido falar dele. Então uma das meninas mais atrevidotas, com ar de satisfação e, ao mesmo tempo, de um certo gozo com a sua catequista, respondeu. Ó senhora catequista, então a senhora catequista não sabe que é aquela caixa com janelinhas e que vamos abrindo uma a uma e tem lá dentro um chocolate? E sabe o que é que eu faço com ela? Abro logo todas as janelinhas, e como os chocolates que lá estão escondidinhos, porque vem a avó e dá, mas também a tia e outras pessoas dão um advento. E ria-se perdidamente, porque gostava muito dos adventos. Afinal não havia só um. Havia vários adventos, tantos quantos as pessoas amigas lhe ofereciam.
É este o advento do nosso tempo, dizia-me a Susana, para concluir. Ou melhor, para deixar tudo em aberto!
3 comentários:
Realmente as crianças são fantasticas no que repeita à sua imaginaçao...
Mas ela tem razao,Ha tantos "adventos" espalhados pelos supermercados e ainda por cima sao docinhos!
Para ela é isso!
O que me faz pensar é que aos poucos as familias nao rezam,nao explicam,pior.... nao transmitem e nao evangelizam!
Muitas crianças quando entram para o 1 ano nem sabem porque ainda teem a "tal catequese"...
Ha que reflectir...
C.c
Em vários países, os calendários de advento são um produto imprescindível no comércio e marketing natalícios. E a própria igreja católica trata de os utilizar como uma ferramenta de evangelização com bastante potencial.
Vejo aqui uma oportunidade de se transmitir aos mais novos (e não só) o valor da "recompensa adiada", que é fundamental adquirir-se na vida. Embora o exemplo narrado nos fale de uma oportunidade completamente desperdiçada...
Uma das dificuldades para se compreender e viver o tempo do Advento estará na falta de regularidade da caminhada litúrgica proposta. Há, por um lado, a questão das variações temporais: este ano temos o Advento na sua versão mais curta (três semanas, na prática), enquanto no ano passado ele nos surgia na sua máxima extensão. Também há a "interferência" no ritmo por parte de celebraçôes como a solenidade da Imaculada Conceição (e, à semana, a comemoração de alguns santos), ou a conjugação da oitava preparatória com o último domingo (ou, como este ano, com o próprio terceiro domingo). Para confundir mais um pouco temos ainda as práticas devocionais das novenas da Imaculada e do Menino.
Depois, há a estranheza de se falar de um novo tempo litúrgico e um novo ano litúrgico quando o evangelho do primeiro domingo está em continuidade com o escutado nos domingos antecedentes (com uma típica sensação de déjà vu-écouté); ou de se ouvir o evangelho da Anunciação duas ou três vezes em pouco tempo (como sucede este ano); ou de se andar a referir Isaías como uma das grandes figuras do Advento e tardiamente reparar que no leccionário dominical do ano C ele quase não aparece; ou então destacar João Baptista e reparar depois que ele continua a estar presente no tempo de Natal e no início do tempo comum.
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