Não falo dos padres que se esforçam por ter uma grande espiritualidade. Refiro-me aos que vivem uma espiritualidade exclusiva. Uma espiritualidade que exclui. Uma espiritualidade que tranquiliza e sossega. Uma espiritualidade que se justifica para não ter mais nada que fazer. São aquele tipo de padres que gastam a sua vida na sacramentalidade das celebrações e não dedicam nada do seu tempo à sacralidade da vida. Padres que se esgotam a pregar e se desculpam com as mil pregações que têm de fazer. Padres que precisavam sentir na pele a pele de outra pessoa. Ou sentir na carne o peso de outra pessoa. Padres que entram na casa das pessoas para as abençoar, mas se esquecem de curar as suas feridas.
Eu sei que não dá de beber quem não tiver o copo cheio. Sei que a espiritualidade sacerdotal é uma das dimensões mais fundamentais do sacerdócio. Sei que muitas vezes é a sua ausência que faz um mau sacerdócio. Mas também sei que outras vezes é a desculpa certa para ficarmos por ali, por uma espiritualidade exclusiva, que exclui.
17 comentários:
e a falta que faz padres que sejam capazes de amar e sentir as feridas pessoas. e a falta que fazem padres capazes de ser as mãos de Deus e tentar chegar com a boa nova do amor de Deus não chega. são precisos padres, seculares, irmãs, irmãos, leigos que sejam capazes de evangelizar, de ir ao encontro do outro. são precisas pessoas capazes de ser testemunho e sê-lo na vida de todos os dias.
Boas!
Ai! parece-me que esta quaresma está a fazer-lhe cabelos brancos e a trazer um cansaço acrescido.
Quando essa espiritualidade serve para fugir ao trabalho e à cooperação, há sempre alguém sobrecarregado.
bj
EU PENSO...NO MEU PONTO DE VISTA QUE É EGOÍSMO E FRUSTRAÇÃO!
perdoe se o ofendo mas as vezes sinto que foi para padre por imposição ou por promessa de outrem...
um padre não deve viver só por si próprio mas em função dos outros!
Não queremos padres bons....
queremos sim padres livres...testemunhos de Cristo,com defeitos é certo..
mas,humildes! que estejam atentos ao seu "rebanho"..
que sejam capazes de engolir o orgulho e saber pedir perdão quando muitas vezes,não o são!
quando muito...falam...falam...falam de espiritualidade,mas esquecem-se de AMAR O PRÓXIMO!
la porque estudam... já pensam EU ESTUDEI TEOLOGIA...FIZ ISTO...AQUILO!
sabe o que eu fiz durante o tempo que andou maravilhado com a sua teologia?
REZEI POR SI SIMPLESMENTE...
apenas caminho na fé pois sou apenas mendigo de DEUS!
24 março, 2017 09:54
Creio que não deve ter percebido o texto. Dá a sensação que até o interpretou ao contrário do que ele diz. Mas agradeço na mesma as suas palavras, recomendações e orações... que parecem dirigir-se a mim.
Olá
Confesso que também nao entendi o seu post, por isso nem fiz comentário. Ia pedir para explicar melhor, mas se quiser, claro!
bj
ó padre, o que é que fizeste à 24 março, 2017 09:54?
Parece uma das tuas paroquianas frustradas com alguma falta de atenção tua... Vê lá vê.
Agora a sério, eu também acho que ela não interpretou bem o texto. Chama-te frustrado, egoista, orgulhoso, palrador, incoerente, porque estás a questionar os padres que são exclusivamente espirituais e que se desculpam com isso, e ela vai para cima de ti!!!! ó my god
Tem cuidado com essa ressabiada
... e já agora, outra coisinha que ia esquecendo: o que quer dizer "promessa de outrem"?!
amigos(as)
Peço desculpa se o texto é demasiado complicado de ler, mas é assim que escrevo!
Não costumo explicar, porque creio que cabe a cada um tentar ler na sua medida. Mas para evitar mais confusão:
O texto fala de uma inquietação (pessoal) acerca de padres (no geral, mas no qual me poderei incluir) que, às vezes, se refugiam na espiritualidade (porque mais cómoda de certa maneira) para não ter de cuidar do seu rebanho, aqueles que se refugiam na multiplicação de sacramentos (porque é menos incómodo) do que em procurar uma pastoral, como diz o Papa, em saída missionária!
Caramba...tanta complicação por um texto, que na minha opinião basta lê-lo com olhos de ver e coração aberto, e está muito claro e expressivo.
Eu gostei e acho que percebi, bastante bem...
E também rezei..
advirto que sou a anónima de 24 março, 2017 11:47 e 11:55
Fora de brincadeiras e pedindo desculpa à "24 março, 2017 09:54" se por acaso a ofendi: mas depois da explicação do padre do confes não achas que devias pedir-lhe desculpa?!
primeiro quem fpi que disse que era mulher?
ah..esperem é para mulhares este confissionario???
nao devo pedido de desculpas...sou catolico e tenho muito respeito pelo paroco ca da terra...
de certo nao é o mesmo que aqui escrve em anonimato...
portanto nao preciso da atençao de alguem que desconheço...
tenho amigos padres e tenho acesso a blogs e sempre se identificam....
por tanto...
cada um diz o que pensa...
alias so com a aprovaçao do autor é que é publicado...se nao agrado miudas....tenho pena
nao careço de nada...
nem deste padre...
tenho mulher e um filho a quem dou e recebo o que preciso.
ofendi???
sory
Padre:
Questiono-me se, às vezes, não se rirá (no sentido de se surpreender), das interpretações tão dispares que são feitas ao que escreve e do modo como cada um de nós transporta para estes comentários o nosso modo de ser ou as nossas vivências.
Eu vou-me deixando surpreender mesmo que nem sempre me traga vontade de rir mas sempre algo em que pensar.
Um bom domingo
Sim, Gui
Muito mesmo.
Umas vezes dá para rir, outras para pensar, outras tb para ficar triste ou apreensivo.
Eu sei que (dizem os estudos da comunicação) uma coisa é a mensagem que é dita e outra a mensagem percebida. Entre elas há uma distancia cheia de circunstâncias. Percebo que assim tenha de ser.
O que já me custa entender, ou me ultrapassa mesmo, é quando alguém lê a partir de si mesmo, com os seus preconceitos, juízos pré-formulados, ideias pré-concebidas, como se o mundo do outro tivesse de ser como eu vivo ou penso as coisas dentro do meu mundo. Quando alguém lê o outro a partir da vida própria. Ou em defesa. Faço-me entender?
Já lá dizia um velho amigo: quando alguém vive desconfiando dos outros, é sinal de que não deve ser de confiança!
A meu ver, o Sr. padre do confessionário já falou algumas vezes sobre este assunto, só que agora lhe dá um nome "pomposo" de espiritualidade, que levou ao não entendimento de algumas pessoas.
Pode não ser refugio esse tipo de espiritualidade exclusiva, pode ser não ter o dom de cuidar do rebanho, acredito que exista. às vezes falamos com padres sobre assuntos e eles ficam calados, é verdade que alguns pura e simplesmente fogem disso, e a meu ver é por não ter o dom. Recordo-me uma vez ter uma duvida de fé, e o padre me dizer que me respondia um dia. Respondeu-me numa homilia...que para mim foi pouco esclarecedor. Achei que se ele tivesse preparado para me responder, o teria feito pessoalmente, nao sei.
ó 26 março, 2017 23:19
Não se trata de um nome pomposo. Trata-se de algo real. E não se refere apenas a não saber cuidar do rebanho, mas a uma forma de vida refugiada na espiritualidade (que tem muitíssimo de bom, mas que não pode ser exclusiva), muitas vezes como desculpa. Mas... pronto (como diria o outro), não me expressei suficientemente bem.
"Eu sei que não dá de beber quem não tiver o copo cheio." E como se enche o copo? A nossa espiritualidade, além de dom de Deus, não será também uma construção que se faz em caminhada com os irmãos?
Precisamos de mais padres que vivam o Evangelho no meio do seu rebanho em vez de se esconderem atrás de ritualismos. E acreditem, apesar do discurso de muitos padres falar de Evangelho e de ir ao encontro dos mais necessitados, a verdade é que, a maior parte deles, continua prisioneiro de preciosismos e miudezas. Como estará o "copo" deles? Que terão para dar de beber?...
Zu
Já li este texto várias vezes para ver se não me enganava na primeira leitura que fiz dele. Da primeira vez pensei, olha olha o sr. padre a dar uma no cravo e outra na ferradura... lembrei-me logo daquele post dos seres perfeitos que são os padres e fiquei a pensar que afinal não são só os outros que exigem muito dos padres. O padre do confessionário parece exigir também muito de si e dos outros padres. Exige-lhes espiritualidade e ao mesmo tempo proximidade... e não é fácil nem uma coisa nem outra, e muito menos as duas juntas (penso eu).
Eu percebo as criticas e tenho pensado muito na diversidade que a Igreja apresenta através dos seus padres, uns são próximos e afáveis, outros distantes e rudes, uns novos, outros idosos, as diferenças não acabam... Algumas características fazem determinado tipo de pessoas aproximarem, outras afastarem-se, para umas pessoas o padre x é ótimo para outras não é... Há para todos os gostos, literalmente... e talvez não possa ser de outro modo pois a Humanidade é diversa. A questão que podemos colocar é se deve ser de outro modo, se devemos procurar um ideal, se um modelo é melhor que outro (excluindo os modelos que claramente não deveriam existir).
Creio que cabe também a cada pessoa, cada cristão procurar primeiramente uma comunidade com a qual se identifique e mais tarde (se assim o entender) procurar servir numa comunidade que necessite dele (sendo que nessa comunidade a identificação possa ficar em 2 plano). Crescemos na Fé e na vida através do desafio, não é? Também cabe aos cristãos de determinada comunidade questionarem o seu padre, exigirem novas atitudes e comportamentos (no bom sentido) , desafiarem-no, senão como pode ele crescer?
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