Já deve ter dado para perceber, pelas vezes que escrevo diante do Senhor exposto, que gosto imenso desse espaço de oração. Ficaria horas por ali. Gosto de estar sozinho com Ele. De preferência com mais gente à volta, mas que não me distraia. Gente que me faça sentir Igreja e comunidade naquela hora de intimidade com o Senhor. Gosto e pronto. Mas isso não significa que o tempo passe sempre sem que se dê conta. Também dou por mim a olhar o relógio, a distrair-me com uma mosca, com a beleza do espaço. Além disso falo bastante. Entrego-lhe muitas coisas. E entre estas distrações e palavras, custa-me o verdadeiro silêncio. Estar assim. Sem dizer nada e à escuta.
Em tempos li que um determinado asceta gastava horas a respirar e em silêncio até descobrir Deus nesse tudo. Mas que foram meses e anos de trabalho interior. Gostava de também ser asceta, mas em muito menos tempo, que eu sou fruto desta época de imediatismo. Gostava de um dia poder dizer, como aquele camponês que passava horas na Igreja do Cura D’Ars, quando este último lhe perguntou o que fazia nesse tempo. Eu olho-o e ele olha-me.
6 comentários:
Bom dia, gosto muito deste texto, porque eu aprendi isso não há muito tempo, pois o que nos ensinavam era que devíamos rezar, cantar..., mas depois que tive oportunidade de participar num retiro onde tivemos a oportunidade de termos O Santíssimo exposto e fomos convidados a ficar em silêncio, a falar com Ele em silêncio, a abrirmos o nossa coração e tentar ouvir o que Ele tinha para nos dizer, foi uma experiência Única, e que agora gosto de repetir sempre, sempre que tenha essa oportunidade.
Ás vezes parece que estou ali a dizer coisas "meio loucas" mas sei que Ele me entende e percebe o porquê destes meus desabafos.
Aconselho todos que experimentem...É uma sensação especial, que não dá para explicar, tem que ser cada um a fazê-lo, porque também todos somos diferentes e a experiência será concerteza diferente para cada um.
Bj
Padre. E como é que se sabe, quando ficamos assim em silêncio perante Ele, o que é a Sua voz e o que é fruto da nossa mente e da nossa imaginação?
É que eu já fiz a experiência algumas vezes e fico sem saber se o que me vem ao pensamento é só isso mesmo,o meu pensamento, ou é a Sua Voz.
Fico sempre admirada quando ouço pessoas que me dizem que o Senhor lhes disse isto ou aquilo!
Maria do Mar.
Boas tardes!
é bom esses minutos de paz em que^, em silêncio, nos sentimos envolvidos pela Sua presença.
Mas isso de fazer silêncio, não só de lábios mas também dentro de nós, é um "pouquinho" mais difícil.
Deixar de pedir, deixar de falar, de agradecer, louvar e estar apenas nesse nada que se torna tudo.
Maria do Mar
Voz propriamente dita provavelmente não ouvirás. Mas és bem capaz de a sentir!
Quando sai do hospital estava amedrontada, valeu-me o tempo que passei em frente ao sacrário.
E não lhe dizia nada ficava ali sentada sem pressa... Até que viessem fechar a porta, outras vezes fechava-se a porta e ficavamos do lado de dentro...
Chorámos, outras vezes não dizíamos nada...
Talvez um dia conte como era sentir-me preenchida por Ele... Ouvi-Lo!!!
Sim, recebê-Lo no silêncio e dar-Lhe o silêncio. Tão bom, mas tão difícil... pelo menos sinto muitas vezes essa dificuldade! Desligar do barulho, perder-me na imensidão do nada que pode ser um Tudo tão grande, tão grande e senti-Lo assim só quase como um pulsar, constante, forte e seguro....
Olhar para Ele só... e Ele para mim... como dizia o camponês...
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