Foi numa dessas viagens para um destino meio conhecido que tive de estacionar o carro num local desconhecido. De entre os espaços para o acomodar, aquele pareceu-me o melhor. Mas como o carro é novo, fiquei desconfiado sobre se seria o local mais abrigado dos amigos do alheio. E nisto vi rondar, a poucos metros, uns indivíduos estranhos, dos tais que aparentam gostar daquilo que não é deles. Olha o que fui pensar. Fiz o que tinha a fazer e regressei tão depressa quanto pude. Já dentro do carro, e depois de observar se me faltava algo, constatei que estacionara junto a um portão enorme e que por detrás se vislumbrava um edifício igualmente enorme. Naquele momento abre-se parte do portão, e de lá sai uma irmã, uma freira, como lhe quiserem chamar. Era uma senhora vestida de hábito. Era uma consagrada, que trazia na sua mão dois sacos que, percebi depois, continham comida. Os dois indivíduos, separadamente e de forma sorrateira, olhando para a esquerda e para a direita a ver se alguém os acompanhava com o olhar, abeiraram-se da irmã, e receberam cada um seu saco, junto com um sorriso e uma troca de palavras que não deu para escutar. Liguei o motor do carro a sorrir para dentro, e saí daquele lugar magnífico que uns minutos antes me fizera desconfiar.
Vejam o que a gente pensa e o que devia pensar.
4 comentários:
Que desenrolar lindo Padre.
Triste vivermos em meio do medo mas como minha mãe diz que tem medo é precavido. Infelizmente não dá pra confiar em tudo e em todos, o perigo é real. Como Deus diz orai e vigiai.
É uma sensação agradável, não é, padre?
Quando vemos só maldade à nossa volta, aparece a mão de Deus!
Mesmo duvidando do incerto Padre, temos de ver a mão de Deus
ao lado de toda a maldade... Afinal, eram dois pobres,
em vez de dois ladrões.
Mas é sempre preciso toda a prudência...
Linda história!!!
Muitas vezes não a sabemos ler!
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