Não quero complicar muito. A pequena Rafaela tem poucos anos, mas os suficientes para sentir o seu redor, para se sentir, para que os seus sentimentos puros e desinteressados a façam chorar. Na semana passada dedicou toda uma noite a chorar. Tem dedicado muito tempo às lágrimas. Mais à noite que durante o dia. Os pais separaram-se sem que lhe dessem a certeza que não se amavam. Sem lhe dar as certezas que ela precisava e tanto merecia para viver. Vai-se habituar a viver assim e a pensar o mundo como se descartar fosse o mais normal. Como se fazer sacrifícios não fizessem parte do viver. Como se os problemas se ultrapassassem afastando-se deles.
Não quero complicar muito. Mas as lágrimas da Rafaela, e o seu rosto envelhecido por estas coisas, amadurecido à força por coisas que não entende, triste pelo amor que deixou de perceber, tocam-me e tornam-me a tocar fundo.
Eu sei que a vida de muitos casais não é fácil. Mesmo para os casais cristãos que deveriam ter percebido que a cruz é um sinal mais na vida da fé. E não os julgo. Tenho ouvido alguns aos quais as razões válidas ou insuportáveis sobram. Sinto que não é por terem perdido a força e o ânimo que Deus os deixa de amar. Mas quando penso na Rafaela, também a mim me vêm umas lágrimas durante a noite.
4 comentários:
É verdade, infelizmente nestes tempos aparecem muitas "Rafaelas", e poucos pais preocupados com isso, pensam mais neles do que nos filhos.
Pois como diz o velho ditado "Longe da vista, longe do coração"
A mim tb me entristece esta sociedade sem valores, ou melhor, com valores muito voláteis!
Será que às vezes o sacrifício dos pais para o bem dos filhos, esforçando se por uma vida em comum fechando os olhos ao que faz doer não pode prejudicar ainda mais os filhos? Não sentem também eles as dificuldades dos adultos? E nos casos complicados em que o sofrimento vai para além da dificuldade em partilhar uma vida de casal e envolve álcool, violência e afins? Talvez, a separação por vezes não seja o perder as forças mas o ter coragem de lutar pelo melhor para os nossos pequenos. Pena é separarem se e usarem os filhos como um bem que fica para um dos pais e se negoceiam como tal.
É verdade... o matrimônio tem que ser entendido como um equilíbrio entre as "bodas de caná" e as "bodas da cruz" e esta vertente da Cruz é tantas vezes pouco aflorada nas preparações para o casamento. E depois, a tendência que há de não se falar com os miúdos, escondendo-lhes verdades que lhes saltam à vista!! Pobre menina, que Deus a ajude e aos pais também!!
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