sábado, outubro 25, 2014

Não há caminhos certos

Não há caminhos certos. O único certo, a única certeza é que se chega lá se fizermos caminho. Deus tem estas coisas, a que não devia chamar coisa, de deixar que Lhe cheguem por diferentes caminhos, mesmo os mais inóspitos. Os mais desapreciados.
A Catarina chegou a Ele na morte do avô. O Pedro chegou a Ele quando descobriu que não tinha grande valor. A Dina chegou a Ele no meio da doença. O António chegou a Ele no meio de uma confissão que depois se tornou oração. O Lucas chegou a Ele porque estava zangado com Ele. O paradoxo é que às vezes quanto mais nos afastamos Dele, mais próximo Lhe ficamos. Deus tem esta coisa de esperar que cada um faça o seu caminho.

20 comentários:

Anónimo disse...

"deixar que Lhe cheguem por diferentes caminhos... Os mais desapreciados..."

E quando sentimos dor, até uma certa "culpa", porque constatamos que Lhe chegámos, a Ele e a outras alegrias, tendo como ponto de partida o acontecimento mais desapreciado da nossa vida...
o que fazemos a esse sentimento Padre?

Nestes últimos dois anos só vejo duas pegadas na areia... Descobri-O e não pretendo caminhar mais sem Ele.

Ainda assim não posso deixar de pensar na ironia da vida e nos Seus mistérios...Tirou-me tanto e Deu-me outro tanto.

SL

PR disse...

"Não há caminhos certos"
Não há caminhos feitos diria eu, cada um de nós fará o caminho.

Também penso que Ele nem espera nem deixa de esperar permanece n'Ele quem assim o desejar, ou não o puder evitar... sem que se explique esse impulso, essa ânsia de infinito, e na medida em que as circunstâncias o proporcionarem...

Confessionário disse...

PR, tens alguma razão com a observação de que poderia ser mais apropriado dizer "feitos" do que "certos", mas na realidade o texto fala de caminhos que não são certos (e não propriamente não feitos). Acontece que na nossa vida e na nossa caminhada de fé às vezes podemos julgar que só há uma forma de caminhar, quando na realidade há muitas estradas e tão diferentes para caminhar!

Confessionário disse...

SL,
"o que fazemos a esse sentimento Padre?"

Transformamo-lo...

PR disse...

"tens alguma razão com a observação", quando fiz esta observação não pensei em ter ou não razão.
Essa questão será a de menor importância.
Pretendia salientar que na fase em que me encontro e de acordo com a minha forma de ser e de estar na fé... Apenas reconheço um caminho (feito) que é Jesus, todos os outros terei que ser eu a desbravá-los.
Não gosto que caminhem ou que façam por mim, em termos de fé, também, o que me impuserem como verdade absoluta sem me darem espaço para o meu raciocínio e entendimento pessoal, será rejeitado.
Tive uma educação cristã na igreja católica, num meio ambiente bastante reservado e castrador, a única palavra válida era a do SR.Padre quem ousasse contrariá-lo era banido.
Achei que limitando-me no conhecimento dessa a ânsia de infinito que me "consumia" estavam a "matar-me".
Saí à procura sem bagagem, ingénua, mas aberta a tudo o que fosse bom e agradável, que deixasse em mim a tal paz permanente.
Estudei bastante e mergulhei a fundo em determinadas organizações que dizendo-se cristãs e livres apenas amedrontam o ser humano e fazem um perigosíssimo jogo psicológico.
Talvez pela minha ingenuidade de sentimentos e a tal prudência de que Jesus fala nunca me deixei sufocar por essas ideologias.
Hoje vivo a minha fé na igreja católica (de novo) que entretanto também mostrou claramente sinais de mudança de mentalidades acima de tudo.
Mas considero-me algo "rebelde" relativamente a determinadas situações, e o pároco responsável pela minha paróquia que o diga.
Acho que nutrimos uma grande admiração um pelo outro, eu admiro-o pela seriedade que ele incute à comunidade nesta coisas da fé. Ele admira-me pela ousadia pela ternura pela paixão que eu coloco no que faço, são palavras dele. Chocamo-nos mas enfrento-o com uma delicadeza e respeito que nunca ninguém demonstrou para com ele que tem mais ou menos 70 anos.
Ambos reconhecemos que "há muitas estradas e tão diferentes para caminhar!" mas respeitamos cada uma delas, as próprias e as alheias... somos assim traços indeléveis do novo rosto de uma igreja que se quer mais humana, para poder humanizar toda a gente.
Alonguei-me desculpe... mas soube bem escrever desta forma.

Anónimo disse...


Como não há caminhos certos, se Cristo é o único caminho?
O caminho direito, seguro, luminoso.
Porque não encarreiramos num caminho assim?
Porque preferimos perdermo-nos, mesmo conhecendo o caminho certo?
“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Mas como podemos renunciar a nós próprios, quando estamos mais apegados às coisas deste mundo do que à Vida a que fomos destinados? Como podemos tomar a cruz, quando rejeitamos o sofrimento? Como podemos aceitar que se faça a sua vontade, quando o que queremos é impor-Lhe a nossa?
É mais fácil resistir até não poder, seguir por caminhos não sinalizados, metermo-nos em becos sem saída, caminhar às cegas, afastarmo-nos do caminho, do que seguir pelo caminho certo, aquele que Cristo deixou traçado com as suas próprias pegadas. Somos tão tontos que acreditamos, que assim conseguiremos fugir de Deus. Como se isso fosse possível. Como se Ele não pudesse tornar certo, o mais incerto dos caminhos.

Confessionário disse...

28 Outubro, 2014 13:22

olha que disseste?

"Como se Ele não pudesse tornar certo, o mais incerto dos caminhos"... o que prova o que disse: Jesus é, de facto, o Caminho, mas esse caminho faz-se de muitas maneiras e muito diferentes, porque Deus pode tornar qualquer caminho incerto no certo!

Anónimo disse...


Eu sei o que disse, e disse-o porque percebi o que tu querias dizer. Foi uma espécie de abébia, digamos assim...

Anónimo disse...

Deixa-me aproveitar, o facto de estares tão receptivo aos comentários que por aqui vamos fazendo, para ver se me explicas esta passagem, que me tem deixado um tanto ao quanto baralhada e que acho que está relacionada com esse outro assunto dos caminhos:
“Ninguém pode vir a Mim, se o Pai que Me enviou o não atrair”.
A frase tem uma leitura aparentemente simples. A fé em Cristo não é algo que brote naturalmente em nós, uma coisa nossa, é um dom de Deus que não é concedido indiscriminadamente. Mas esta interpretação desresponsabiliza-nos totalmente em matéria de fé. Está bem que sempre posso pedir a Deus que me atraia a si, mas este pedido só fará sentido se eu já tiver alguma fé.
E se eu não tiver nenhuma, não haverá salvação para mim? E porque razão Deus
Não atrai todos para Cristo? Não somos todos Seus filhos?

Confessionário disse...

Não é que esteja muito receptivo... estarei mais imbuido...lol

Assim, sem pensar muito e a ver se digo algo de jeito:
porque não pensares que quem não se apaixonar por Ele nunca irá até Ele? Isto já teria a ver com a fé, e claramente é ser atraído a Ele.

Anónimo disse...

Eu até sei(mais ou menos) qual é o caminho mais certo, mas porque é que ás vézes me desvio desse caminho,vou por atalhos..., mas quando regresso ao caminho certo, reconheço que quem se mete em atalhos, mete-se em trabalhos, mas Ele continua lá á minha espera e também sei que Ele sabe que eu vou voltar... Só não queria ter "tantos" atalhos.
Eu acho que há um caminho certo. Há é muitas maneiras de lá chegar!

PR disse...

Bom dia!

Há cerca de duas semanas que ando a reflectir acerca de ser pessoa crente e ter fé.

Ser pessoa Crente é o tema de uma das lições do 9º ano de catequese.
Gosto de levar a fundo as coisas preparar-me o melhor possível para debater os temas propostos e este em particular tem-me dado muitas "dores de cabeça" na medida em que me confronta com os meus princípios e atitudes.

Sempre me achei uma pessoa sem fé e ultimamente descrente.

Ao aprofundar o que é ser pessoa crente verifico que realmente acredito em pouca coisa, acredito pouco nas pessoas não acredito nos mediadores tais como Maria mãe de Jesus e Santos a nível geral, acredito que se Deus os ouve a eles terá de me ouvir a mim também...
Afinal o Espírito é um só seja de que lado estivermos.

Ao aprofundar o que é ter fé comecei por pensar que não tinha fé nenhuma até que me detive na afirmação "Tem fé aquele que tem uma ligação concreta a um Deus concreto, o Deus de Jesus Cristo. Tem fé o Espírito que está sintonizado com o Espírito de Deus".
Reconheço Jesus como o Filho o enviado de um Deus que afirmo não conhecer.

Nem sempre é assim mas há dias em que me sinto una com o que me rodeia é como se tudo falasse comigo numa voz não audível, consigo sentir a agonia natural de uma planta perante um período de seca tão claramente como consigo compreender e pôr a nu as intenções ocultas das pessoas que me rodeiam.

Hoje antes de vir para o trabalho parei para observar de perto o mar... pude sentir o vai e vem das ondas que me falaram de tantos desastres e tantos sorrisos que presenciaram... pude sentir a tal sintonia a tal plenitude dos elementos da natureza em redor...

Surgiu a pergunta: "Ainda achas que não tens fé?"
Ajoelhei-me sobre o calhau pouco preocupada se alguém me estava a observar e chorei...

Desculpe este desabafo, tinha necessidade de falar disto a alguém, é que nestas alturas temo deveras pela minha sanidade mental.
Será que afinal tenho alguma fé apesar de não ser pessoa crente?

PR

Confessionário disse...

Olha, PR
acreditar é um assentimento a verdades; ter fé é uma adesão a uma pessoa, Jesus...

PR disse...

Bom dia!

"acreditar é um assentimento a verdades; ter fé é uma adesão a uma pessoa, Jesus..."
Acho que compreendi.

Acredito numa verdade "Jesus", tudo o resto são derivações de uma doutrina "pura" na sua origem que vai sendo adulterada à medida da conveniência / exigência do próprio tempo.

Posso estar a dizer um grande disparate para muitos mas cada vez estou mais convicta que muitas das verdades da igreja católica romana, não são as verdades de Jesus Cristo daí eu dizer que não acredito. :(

Depois de assentar ideias uma vez que amanhã será um dia para "avaliação" do meu desempenho (vou "dar" uma catequese assistida pelo padre), posso afirmar que acredito em Jesus e no que com a sua vinda nos transmitiu.
Aderi a ELE sem reservas, logo posso afirmar também que tenho fé.
Esta constatação fará com que me sinta mais segura amanhã ao abordar o tema.

Obrigada por tudo o que me tens permitido escrever neste espaço.

Obrigada também por ajudares a minha frágil fé.

PR

Confessionário disse...

quanto mais te adentrares nos mistérios de Deus, mais sentido farão muitas das verdades da Igreja católica (refiro-me às verdades apenas)

PR disse...

"Não há caminhos certos"
Não há caminhos certos mas também não há caminhos errados.
Termino mais esta intervenção neste teu espaço afirmando que finalmente admiti que estou mentalmente doente e só eu sou responsável por isso.
Ingenuidade por acreditar ao longo destes anos todos que existiria um Deus que lutaria por mim que me procuraria se eu me perdesse, que me ajudaria se eu precisasse.
Ao fim deste tempo verifico que sempre "O" mendiguei por insegurança ou por parvoíce ou sei lá bem por quê.
Hoje a pancada na cabeça deu para isto... só é real a afirmação do último confessor "não conhecerás o amor de Deus porque não és amada" posto isto e desta forma, acabou a minha luta, posso descansar em paz.

Confessionário disse...

Ó PR, em resposta aos teus últimos comentários, tenho de te dizer que às vezes o mais obscuro é tb um sinal do caminho...

Não mendigues Deus. Mendigar Amor não é amor mas obsessão. O melhor e tão somente amar. Ai vais ver a diferença...

Porque é que teimamos em que Deus nos resolva tudo e depressa, e com sinais visíveis?!

PR disse...

Bom dia!

"Não mendigues Deus. Mendigar Amor não é amor mas obsessão. O melhor e tão somente amar. Ai vais ver a diferença..."

A primeira vez que li esta frase (soou a conselho)não gostei muito.
Rejeitei-a como primeira reacção.

Levei-a comigo para reflexão dei-lhe voltas e mais voltas, não sabia muito bem por onde lhe pegar.

Sinto que mendiguei a vida inteira de uma forma ou de outra algumas vezes disfarçada das melhores intenções mas bem lá no fundo admito que se tratava disso mesmo... Tentar preencher um vazio existente desde que fui "concebida" foi uma tarefa desgastante... quase que me levava à exaustão.

E não vale a pena, não é por tentar preencher o vazio que ele desaparece, ele continua, acho que o que é necessário é aprender a lidar com ele, e não permitir fique maior.

Onde fica Deus no meio disto tudo e não preocupo em saber, mas deixarei de mendigar o que quer que seja, o que vier virá, hei-de enfrentar cada momento com a dignidade que me for possível, sem me preocupar minimamente se Lhe agrada ou não.

Não deixarei de fazer o que faço nem sentir da forma como sinto, é assim que eu sou é dessa forma que sou feliz, atrevo-me a dizer que não temerei mais a opinião de quem não me conhece.

Sou feliz desencadeando sorrisos tocando nas mãos das pessoas, abraçando-as umas vezes com o olhar outras com o pensamento algumas vezes faço-o com os braços.

Sou feliz repartindo o que tenho ainda que isso contrarie toda a lógica humana, e tenha como contrapartida observações maldosas.

Sou feliz e só me sinto completa fazendo desta forma, vou continuar independentemente da aprovação/compreensão ou não de algumas pessoas uma vez que só eu sei que o que faço é desprovido de qualquer intenção à priori e sem uma ideia pré-concebida de agradar a quem quer que seja nem a Deus nem às pessoas.

Até sempre.

Anónimo disse...


“Tanto procurei
Que me esqueci de Te encontrar”

De verdade, quem é que tu tão insistentemente procuras, PR?

(Responde a ti própria).

Abraço

Anónimo disse...

"De verdade, quem é que tu tão insistentemente procuras, PR?"
"(Responde a ti própria)."
Anónimo, achavas que isso estava por fazer. :(
PR