sábado, agosto 23, 2014

A Laura e os desanimados da vida de hoje

Faz parte do grupo de desanimados da vida de hoje. Cuido que hoje o desânimo faz mais parte da vida das pessoas do que no tempo em que as contrariedades não eram mais que obstáculos da vida. Cuido que hoje as contrariedades da vida se transformam excessivamente em formas de viver sem vontade. A Laura é boa senhora, boa mãe, boa funcionária, boa cristã. Mas ultimamente entrou pela porta larga deste grupo, passou a fazer parte dele. Anda cansada de não ser fácil o emprego, a relação com os seus e com os que não são seus, e com mais uma série de coisas que nem soube enumerar. Ó Laura, quando estamos bem connosco, o problema pode ser grave, mas será sempre pequeno. Quando não estamos bem, o problema pode até ser pequeno, que será sempre grave. Por isso, Laura, antes de te debruçares sobre os teus problemas, debruça-te sobre ti. Encontra-te e encontrarás todas as respostas. Procura estar bem por dentro e tudo será mais fácil por fora. Na verdade os problemas têm sempre duas formas de se encararem. Ou com desânimo. Ou com ânimo. Em ambos os casos os problemas são o mesmo. Mas são vistos e sentidos de forma diferente, assim como têm peso diferente na nossa vida. Um, de tão pesado, deita-nos por terra. O outro tem o peso que tem, mas lança-nos em frente.

2 comentários:

PR disse...

Bom dia,

"interessante" muito interessante.

"as contrariedades da vida se transformam excessivamente em formas de viver sem vontade."
Partilho a mesma opinião.

Sinto-me cansada muito cansada... e foi o peso do cansaço que me encaminhou no sentido da porta mas por estranho que possa parecer a porta é a mais estreita aquela que nos obriga a despir porque não cabe mais nada mesmo nada.

"Encontra-te e encontrarás... " Jesus Cristo, aquele que alivia o peso do fardo.
"Na verdade os problemas têm sempre duas formas de se encararem.", no passado alguém terá escrito que "a vida vista de perto é uma tragédia, vista de fora é uma comédia".
Não sei se me encontrei ou se apenas me vou encontrando nos encontros e desencontros do dia a dia. Também não sei se consigo ver-me do lado de fora, o que sei é que a direcção a percorrer é espaço muito estreito, apertado sem no entanto sufocar, não sei se é um caminho ou se vai dar a algum lugar... Sei que uma força interior me impele a continuar a andar, a continuar a respirar, sei que foi uma força desconhecida que me trouxe de novo a esta dimensão depois de ter permanecido por muito tempo no túmulo escuro e gelado. É muito bom sentir as coisas de uma forma até agora desconhecida.
Se me perguntarem se é difícil, eu responderei que sim. Não é fácil nem simples.
As circunstâncias tocam-me, não seria normal se assim não fosse, choro muitas vezes de dor, de desespero pela impotência que me limita... SEI no entanto que tudo isto não toca não modifica a minha essência. E amo essa "Essência" na proporção em que eu digo que Amo a um Deus que eu costumava dizer que desconhecia.
Reconheço-me no esboço, nos contornos deste ROSTO de um Deus que é Deus de Todos e que por ser de todos a todos nos considera por igual.
Só houve uma afirmação com a qual não concordo ou não entendo, ou talvez apenas não consiga entender o significado que lhe quer atribuir "Ó Laura, quando estamos bem connosco, o problema pode ser grave, mas será sempre pequeno." eu penso que é quando "estamos bem" que conseguimos ver claramente o tamanho do problema, a diferença é que quando "estamos bem" não nos deixamos aterrorizar/paralisar por esse mesmo problema. Lidamos com ele de uma forma nova diferente, porque não nos queima ou consome.

PR

Anónimo disse...

Bom dia,
Não sei que dizer!
"as contrariedades da vida se transformam excessivamente em formas de viver sem vontade", esta frase realmente assenta (me) como uma luva, só Deus sabe como é verdade. O meu refúgio, é mesmo Deus, que no silêncio, tem tempo e paciência para ouvir as minhas confidências, pois as vezes parece que além de eu ter pouco tempo para mim, os outros ainda têm menos, ou mesmo nenhum!
Como as aparências enganam!
Ás vezes parece-me que não sou a mesma pessoa, quando estou sozinha e converso, choro (uma coisa que me alivia muito) com Ele, fico aliviada e acho que ao outro dia vai ser diferente, mas depois, diante da realidade sinto-me impotente, sem vontade e fico triste pois não sou capaz de fazer aquilo que Lhe prometi.
Depois de ler este texto, pensei: infelizmente não estou sozinha neste desânimo, mas vou continuar a ler este texto, pois acho que me vai ajudar muito. daqui a uns dias vou tentar comentar outra vez, e espero que seja um comentário um pouco diferente.
è que este texto está mesmo, mesmo muito bem concebido, muito interessante e oportuno.
Obrigada.