quinta-feira, maio 30, 2013

A minha Igreja do futuro

A minha Igreja do futuro não tem portas. Só tem janelas para entrar muita luz. O resto são entradas. Ou estradas. Por onde se caminha e por onde se chega. Por onde se vai ao encontro e se vem ao encontro. A minha Igreja é umas mãos abertas, largas. Está ajoelhada diante do mundo, porque no mundo está Deus. Onde mais Ele podia estar! No céu trancado a sete chaves? Ele está onde deposita o Seu amor. Desconfio que vamos estar muitas vezes sozinhos na minha Igreja do futuro. Mas não estaremos a olhar para nós. Porque a minha Igreja não tem portas. Só tem janelas. Assim Deus entra como luz e sai como nós. Estou convencido que um dia as pedras das catedrais cairão quase todas. Mas vão permanecer as que sustentam os nossos altares e a nossa fé. Um dia ninguém vai querer entrar na minha Igreja, porque ela será o mundo, e no mundo já nos estamos.

18 comentários:

Bartolomeu disse...

Padre, permite-me que te acrescente um substantivo ao de confessionário, que já possuis; desafiador.
Passo a designar-te por "Padre Confessionário Desafiador" - abreviando - PCD.
;)
Pois meu amigo, este post, assim como muitos outros lá para trás e estou plenamente convicto, que muitos outros que se lhe siguirão, desafiam a nossa mente a reflectir a repensar o mundo. Aliás, na senda de tudo o que Jesus nos desafiou a fazer durante o tempo em que andou entre os Homens.
Deus, somos todos nós, os homens e mulheres de boa vontades, unidos no Espírito Santo. Está escrito que somos a sua imágem e semelhança, isto para dar alguma plasticidade ao ser, mas somos mais, somos o espírito D'Ele, desde que congregados e de pensamento colocado na Sua vontade.
Uma Igreja sem paredes!
Foi certamente esse "edifício" que Jesus ordenou a Pedro que construísse em sua memória e para Glória de Deus. Uma igreja que abranja o mundo, que o congregue e o guie pelos caminhos da paz e da entre-ajuda.
E de mais não precisamos para viver na Sua Graça, cumprindo-nos como seres humanos, esses seres que Ele criou, à Sua imágem e semelhança, dando-lhes a Terra para habitar e o Céu para a Eternidade.
Fixe PCD!
;)

Anónimo disse...

Lindo!
A minha igreja do futuro é a mesma que a sua, encontramo-nos lá!

mi

Carmen disse...

A minha Igreja do presente é uma família, um lugar de amor!

http://papa.cancaonova.com/catequese-do-papa-francisco-a-igreja-familia-de-deus/

Ana Melo disse...

Comungo também. O melhor está para vir.

Teresa disse...

Posso candidatar-me à sua nova Igreja padre? lol :)
bjs

Teresa disse...

Olá!
Eu sou cristã católica, fui baptizada com 6 meses de vida, pelas mãos dos meus pais.
Já lá vão uns bons anitos, mas continuo a querer ser cristã, pois pelo menos quero tentar seguir a Jesus Cristo, na minha forma de ser e amar como pessoa.

É verdade que muitas vezes não consigo ser tão perfeita como Ele, já que isso me é humanamente impossível. Mas tento, apesar de muitas vezes não conseguir, pois convivo e conheço gente ligada à minha religião que me tira do sério.

Dizem que nos devemos esforçar por entrar pela porta estreita para chegármos a Deus, foi isso que um dia me ensinaram na catequese na Igreja, pelos vistos o padre confessionário tem uma visão diferente, quer abrir uma porta larga, ou melhor quer acabar com as portas, para todos podermos ter a oportunidade de entrar se assim o desejármos.

Mas gostava de deixar aqui uma reflexão, todos desejamos ser felizes, cada um à sua maneira. Muitos não concordam com a forma de estar na vida de a, b, ou c e vice-versa, mas que direito temos nós de impôr aos outros, as nossas vontades, crenças e ideais?

Mesmo como Igreja Católica que dizemos ser, que direito temos nós, de julgar, a mulher adúltera, o filho pródigo, o jovem rico, etc,etc e tal?
Pois realmente podemos não concordar com muitas coisas que acontecem nesta vida, como o aborto, homossexualidade, adopção por casais do mesmo sexo, etc, etc e tal.

Mas se eu não concordo, é óbvio que não o vou praticar, nem fazer, mas que direito tenho eu de proibir os outros de o fazerem?!
Afinal sou eu que julgo a forma de ser e estar dos outros, por ser cristã católica, ou é Deus quem faz isso?

Eu não concordo com muitas coisas na vida dos outros, da mesma forma que eles não concordarão com a minha, mas que direito temos cada um de nós de impôr a nossa vontade e maneira de estar na vida, aos outros?!

Imaginem se todos decidissemos fazer justiça pelas próprias mãos, cada vez que alguém pensa, ou age de forma diferente àquilo em que eu acredito, ou quero, então onde está o respeito, amor, compreensão e perdão pela diversidade do próximo como nos ensina Jesus a nós crentes n'Ele?!

Sinceramente deixemos de ser Igreja de braços e mente tão fechados e vivamos uma Igreja de braços, mente e corações mais abertos pacificamente, o resto deixemos nas mãos de Deus...

Gostei muito deste post padre!
Bjs

Peregrino disse...

Maravilha…isso, uma Igreja onde o telhado que a cobre é apenas o Espírito Santo!

Até lá, não nos resta mais do que continuar a descer os feridos do amor por esses telhados já arrombados pelas vidas escondidas de muitos santos e santas que buscaram também construir essa Igreja que aqui partilhas! Abraço em Cristo…

Anónimo disse...

Adorei. Dos textos mais belos que li, simples e profundo. Que consiga sempre fortalecer as pessoas do Mundo onde acredito, de verdade, que é aí, na relação com os Irmãos, que somos e crescemos com Deus. Somos Todos, as catedrais, da Igreja.Uma realidade complexa que precisamos de ser especiais, como o senhor padre, para entender e adorar. Obrigada pela partilha

Maria Oliveira

Anónimo disse...

Tereza
"Mas se eu não concordo, é óbvio que não o vou praticar, nem fazer, mas que direito tenho eu de proibir os outros de o fazerem?!
Afinal sou eu que julgo a forma de ser e estar dos outros, por ser cristã católica, ou é Deus quem faz isso?"
Verdade.
Na minha igreja não há portas nem janelas nem pilares tão pouco... há vida luz harmonia paz e "amor".
Compreendo o que o confessionário quis dizer ao utilizar essas figuras, no entanto a minha igreja seria um espaço aberto sem fronteiras ou barreiras.
Gostaria de ver cair as catedrais todas, e as suas imagens, melhor dizendo gostaria de ver cair todas as imagens balofas que nos querem passar, tiraria dos altares todas as figuras dos santos... Unicamente ficaria de pé dentro de cada coração membro ou não da igreja a Figura de Jesus Cristo. Jesus Cristo o Homem Total.
Jesus Cristo dentro de mim, eu dentro do mundo e o mundo em Deus.
PR

Unknown disse...

Padre, gostei muito do teu post metafórico mas, acreditas mesmo que isso vai algum dia acontecer?
Penso que seria uma situação ideal, mais consentânea com a vontade DELE mas, o mundo e a própria estrutura eclesiástica,
não o irão permitir nos tempos mais ou menos próximos.E, depois, com tanta disponibilidade, haveria uma banalização por parte duns e um aproveitamento por outros que, provavelmente, se iria tornar num ideal de efeitos caóticos.
Temos de viver no mundo e com o mundo com regras básicas e estruturadas e sem demasiados idealismos.
Beijinho
Ruth

Confessionário disse...

Se calhar, Ruth, mas com muita pena minha!
Às vezes fico cansado da Igreja de hoje e queria muito ser desta minha Igreja do futuro!

Anónimo disse...

Pois eu creio que um dia essa Igreja do futuro chegará... Pode é nao ser para já. Mas quem sabe um dia.

Anónimo disse...

Às vezes fico cansado da Igreja de hoje e queria muito ser desta minha Igreja do futuro! Também eu Padre. Era, afinal o Reino de Deus. Vamos acreditar que caminhamos para lá. O tempo é o de Deus.

Abraço amigo

Anónimo disse...

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há arvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.


FP

Anónimo disse...

Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta!

FP

Moçambicano disse...

Olá, Caro Amigo P.e "Confessionário", Olá a Tod@s.

Este Post fez-me vir à ideia aquilo que foi escrito no Blogue Amigo "Na Paz a Verdade" sobre o Teólogo e Fiolósofo Andrés Torres Queiruga:

"Para ele, o Cristianismo não é uma trincheira nem uma cave, onde se refugiem os últimos (supostos) fiéis.

Para ele, o Cristianismo é uma Janela por onde todos os ventos passam e uma Fronteira onde todos os olhares se cruzam.".

Amparando-nos uns aos Outr@s no sonho de que, com o apoio da Ruah, esta Igreja / este Reino de Deus serão um dia possíveis, "ainda nesta Terra", cultivemos a "arte da Atenção" aos pequeninos sinais que Deus nos vai enviando, quantas vezes através de "não-cistãos".

Um forte Abraço a Tod@s.

Moçambicano

Moçambicano disse...

(...)
"O crente testemunha que Deus existe. O ateu garante que Deus não existe.

Cada um, a seu modo, contribui para a actualidade da questão de Deus.

Para um crente, o ateu não consegue provar que Deus não existe.

Para um ateu, o crente não consegue provar que Deus existe.

O crente faz sentir a Sua presença. O ateu faz notar a Sua ausência. O ateu entende que falta evidência à presença.

O crente responderá que da ausência de evidência não decorre a evidência da ausência.

O mais curioso é que muitos ateus acham que Deus está ausente em muitos que se dizem crentes. E, se calhar, acabará por estar presente em muitos que O dizem ausente.

Muito tenho aprendido com os irmãos ateus. Nunca deixo de encontrar Deus neles. Nunca deixo de os (re)encontrar em Deus.

O Deus em que acredito está presente em todo o Homem. Mesmo naquele que se diz ausente de Deus.

É bem verdade que Deus, quanto mais Se esconde, mais Se revela!
(in Blogue "Na Paz a Verdade", 5 Junho 2013)

Maria J. disse...

"Na Alvorada da esperança uma Igreja, sem muros teológicos e telhados das cores dos rituais, ressurgirá resplandecente a abraçar o Sol do Espírito Santo que sopra onde quer e como quer."

escreveu um dia um monge trapista