As senhoras domingueiras estavam vestidas a rigor. Umas com mais preto. Outras com menos. Mas todas com muita vontade de se confessarem. Tanta vontade que armaram uma rixa para irem na frente umas das outras. As vozes confundiam-se, mas percebiam-se algumas palavras. Invejosas. Falta de educação. Têm a mania que são melhores que as outras. Os bancos eram arrastados com e como as palavras. Restava-me sorrir do caricato. O colega pároco abria os braços. Mas a vontade delas abafava os braços do padre e o meu sorriso. A hora do arrependimento e do exame de consciência deu lugar à hora das confissões e ponto final. O que interessa é confessarmo-nos, que é assim todos os anos. Eu sei que a paciência é um dom difícil de possuir ou alcançar. Sei o que custa esperar. Porém, é-me difícil entender que o perdão possa ser alcançado mais rápido à custa de uma certa forma de pecar.
23 comentários:
Em cheio…risadas… bom melhor calar a boca… hoje “adorei” o teu post Irmão Padre… andava a precisar de rir e conseguistes…
Cada vez me irritam mais as beatas e os padres beatos. No domingo passado à saída da igreja era ve-las a querer chamar a polícia para afastar uns mendigos. Depois da seca da missa (brrrrr) celebrada por um desses padres muito tristes mas muito santos, aquela cena. Deprimente.
Acho que deve ser difícil encontrar algo mais irritante neste mundo do que ver alguém a passar à nossa frente numa fila. Ainda o podemos tolerar se nos pedirem por favor e/ou se nos derem uma razão plausível. Por vezes, até podemos ser nós a sugeri-lo, se estamos numa onda de generosidade, ou se vemos que a coisa não nos vai causar grande transtorno. Mas quando se trata de um xico-esperto (e, no nosso país, eles abundam), mesmo uma paciência de Job se esfuma num instante. É que a sensação de desrespeito e de injustiça é verdadeiramente forte e intensa.
É certo que muitas vezes optamos por não reagir, pelo silêncio, ou ficámo-nos pelo ranger de dentes. Porque sabemos que qualquer conversa com esse tipo de gente inevitavelmente descambará, ou que provavelmente não conseguiremos controlar-nos e acabaremos por faltar à boa-educação. Por outro lado, sabemos que o silêncio só incentivará ainda mais a xico-espertice. Complicado.
No caso relatado, há ainda um pormenor a acrescer à indignação. É que os "ultrapassados" interrogam-se: que é que um xico-esperto (neste caso uma xica-esperta) vai fazer a uma confissão? Ou vai para confessar os pecados dos outros, ou para tranquilizar a consciência. Seja como for, a ideia com que se fica é que se trata de uma perda de tempo: para ela, para os outros que esperam, para o senhor padre que está a confessar e até para o próprio Deus. Um completo desperdício.
Dito isto, uma ressalva e um conselho.
A ressalva é que alguém pode passar à frente de outros por distracção e não necessariamente por manhosice. O que não tira que deva pedir desculpa e tratar de ocupar o lugar certo.
O conselho é para o Confessionário: talvez tenha chegado a altura de instalar máquinas de senhas para os confessos...
Uma gargalhada.
Observada do lado de fora a cena é digna de uma "comédia", vivida na primeira pessoa será certamente uma tragédia...
"...é-me difícil entender que o perdão possa ser alcançado mais rápido à custa de uma certa forma de pecar. " não só a si.
De rompante sorri... parece anedota. É motivo para dizer: "até me confessar, posso pecar..."
Mas na realidade é triste... um dia acompanhei um Sacerdote, no momento da distribuição da Sagrada Comunhão... as "boas" senhoras discutiam quem iria comungar primeiro...
O Sacerdote, gentilmente pediu às prezadas senhoras que se afastassem o suficiente e discutissem bem longe, de onde se distribuia N. Senhor!
Sabe... isto confunde-me, estas "guerrinhas"... quem fala primeiro ao Sr. Padre, quem tem coisas mais importantes para dizer ao Sr. Padre, quem faz melhor... quem chega primeiro... quem é dali (da casa)... quem tem "direito" a...
Ultimamente vou só á Missa ao Domingo! Rezo diáriamente sózinha... deixei-me de grupos da paróquia. Certamente estarei errada, mas não tenho alma competitiva... gosto de paz, serenidade... e acima de tudo gosto de ouvir "Deus", e com tanto tumulto não se ouve a Deus, apenas orgulhos feridos e vaidades...
Acho que me saltou a tampa! Ups!
-Eu sorrio também!!
-Deus, olha mais para o que fazemos bem do que para o que fazemos mal.
Queria comentar mas penso que as palavras até podem não traduzir exatamente o que quero dizer.
O meu Prior dizia de que vale fazer uma Via Sacra,andar com a Cruz,se quando tudo acaba e no outro dia passam pelo irmão ,não o ajudam,não mexem uma palha para nada e é tudo em nome do «parecer bem»,e a contemplação,a adoração o escutar Deus, que nos fala de tantas formas.
Amar Jesus, para mim é muito mais que tudo isso,é entregar a minha vida e Lhe pedir para me ajudar a compreender o meu irmão que precisa de mim,é viver a vida que ELE me concedeu com amor e Misericórdia.Às senhoras respondia:Temos tempo, estamos na casa de Deus e o nosso tempo é Dele. Discordo um pouco do Anónimo,é pecar julgar...
Bom dia!
Estou totalmente de acordo com o que Filha de Maria disse.
Eu também cansei com a "competição" e "guerrinhas" que se vive hoje nos grupos da paroquia.
Fico triste quando preciso de uma palavra amiga do meu paraco, que tenha um bocadinho para mim, não são e foram assim tantos os momentos que precisei e, como respota tive e tenho;os padres são os únicos que não tem tempo para nada.
Para mim é uma grande desilusão!!!!
Desisti!!!!
Estas histórias de contradição entre a “fidelidade na devoção ” e a incoerência de vida cristã, por vezes numa paróquia trazem danos colaterais muito acentuados…e nem sempre dão vontade de rir, pois destroem muita pastoral.
HDias
Á/ao Anónima (o) de 28 Março 10:54
Apenas para que fique bem claro, não culpo os Padres, que coitados aturam estas "guerrinhas" e competições.
Fartei-me foi mesmo das pessoas em si, da forma como agem em igreja... desisti de frequentar dos grupos da Paróquia.
Não desisti de Deus, porque é Ele que não desiste de mim!
Fartei-me de ouvir queixumes, de A, B, C e D, dos seus orgulhos feridos porque não lhes deram atenção primeiro, porque não as quiseram ouvir, etc...
Continuo a rezar diáriamente, a ler e meditar a Sagrada Escritura diáriamente, vou à Missa de Domingo e não "faço sala" no Adro da Igreja sequer, acelero o passo e aceno de forma apressada a quem conheço, para não ferir susceptibilidades!
Foi isto que eu quis dizer!
Concordo plenamente com o comentário "Filha de Maria" 23:14,28 Março
Que culpa tem os padres se as pessoas querem ser o centro das atenções.
Já agora, uma pergunta: porque é que, quando alguém toma a atitude de enfrentar um xico-esperto e de o chamar à razão, as outras pessoas que assistem tomam, a maior parte das vezes, partido pelo xico-esperto? Censuram aquele que reclama, acusando-o de não ser compreensivo, de não ser tolerante, de não ser humilde, de não ter boa-vontade, de não gostar de facilitar a vida aos outros... e o xico-esperto a pisgar-se todo lampeiro (quando não fica a rir-se dos papalvos). Que mania é esta de ver uma pessoa a faltar à justiça e ao respeito aos outros, e ainda o considerar um coitadinho e ter pena dele?!...
Para a Filha de Maria:
Também eu compreendo a tua saturação. Há ambientes que se tornam muito complicados de suportar.
Mas, já que lês a Bíblia diariamente, recorda-te do que dizia S. João: ninguém pode amar a Deus se não amar a seu irmão.
Claro que amar não significa "comer e calar". Para isso, é bom também reler as cartas de S. Paulo, e ver como ele se passava dos carretos com as intrigas e as sacanices no seio das suas comunidades.
A questão é que não se pode desistir nem perder a esperança. Se te afastas, como é que os outros poderão aprender do teu exemplo e sentirem-se provocados a mudarem o seu comportamento?
O maior problema das nossas comunidades é quando a gente boa e capaz baixa os braços e opta por se retirar do campo de batalha. O terreno fica entregue à bicharada e as silvas não tardam em açambarcar o espaço. É como na política: sempre que uma pessoa competente e honesta se afasta, é mais um lugar disponível para os corruptos. E, se estávamos mal, ainda ficamos pior.
Eu culpo pos padres. Nunca estão disponíveis para nada nem ninguém. Só estão prontos para receber dinheiro nas mais variadas situações. Nada fazem do que apregoam. Das poucas vezes que tentei recorrer a eles em momentos de aflição nunca me ajudaram. Que exemplo é o deles? As comunidades funcionam mal pois claro. Dizem-me que há excepções. Benditas sejam. Eu também me deixei disso. Peço a Deus que me vá ajudando.
Neste poste crítica os leigos mas será que o padre que o escreveu não conhece a realidade do outro lado?
Rosa
As pessoas nem na periferia estão e ainda tem o descaramente de as colocar no centro da atenção dos que deveriam ser pastores? Tretas!
E mais uma coisa: se calhar, está na altura de armar mais confusões nas nossas igrejas.
Se calhar, andamos numa paz podre nos nossos templos, em nome do respeito a Deus e à Sua casa; e as pessoas vêem-se e desejam-se para sair pela porta fora da igreja para poderem desabafar, reclamar e acertar contas uns com os outros. E depois, ainda são acusadas de serem hipócritas, de dentro da igreja parecerem umas santinhas e, quando estão fora, tratarem de chamar os bois pelos nomes.
Uma vez, falaram-me dum padre novo que fazia as assembleias paroquiais sempre na igreja. Muitas pessoas ficavam danadas, porque achavam que o espaço não era apropriado para se discutir as coisas, e que as pessoas não estariam à vontade para dizer aquilo que pensavam. O padre só respondia que, o que tivessem a dizer, Deus o ouvia na mesma, dentro ou fora da igreja. E que já era tempo de não andar a esconder de Deus as dificuldades de entendimento e de decisão da comunidade. Não sei se ele foi bem sucedido com esta forma de pensar e actuar; mas não deixo de simpatizar muito com ela.
Colaboro ,por exigência evangélica,...mas discretamente...permanecendo e saindo de mansinho, "sem deixar queimar as asas " nessas disputas de poder,uma das tentações de Cristo e que subsiste mesmo em cada pedacinho da actividade humana..
Meu caro:
A mim resta-me fazer muitas perguntas para tentar esclarecer o enigma:
Quem pecou?
Quem passou à frente? Quem não soube perdoar (mesmo estando em momento de contrição)?
O Padre que viu a (in)justiça e não interveio?
Ou nos todos que estamos a fazer julgamentos sumários?
Aquele abraço
Querido padre! Amigo, ao fim de tanto tempo consegui encontrá-lo novamente. Que bom! Fazia-o através do Migalhas que, entretanto, deve ter mudado de nome ou de sítio e, também a ele eu perdi. É um prazer ler o que coloca no seu blog. Sempre tão oportuno, tão terra-a-terra e o coração em Cristo. Beijo grande e muita saúde. Filó
Para o JS:
"A questão é que não se pode desistir nem perder a esperança. Se te afastas, como é que os outros poderão aprender do teu exemplo e sentirem-se provocados a mudarem o seu comportamento?
O maior problema das nossas comunidades é quando a gente boa e capaz baixa os braços e opta por se retirar do campo de batalha. O terreno fica entregue à bicharada e as silvas não tardam em açambarcar o espaço. É como na política: sempre que uma pessoa competente e honesta se afasta, é mais um lugar disponível para os corruptos. E, se estávamos mal, ainda ficamos pior."
Concordo com o comentário, mas e quando (a gente boa) como lhes chama, se cansam de humilhações, risinhos, comentários e são excluídos dos grupos "Cool" da sociedade, ou do grupo "cool" de amigos, ou do grupo "cool" do emprego, etc?
O que fazer quando eles se sentem sozinhos, sem forças para continuar a lutar, sem apoio. E o seu bom exemplo, não passa disso mesmo para o próprio e de uma dor de cotovelo para outros.
JS, este país tem muitos xico-expertos como diz, mas estaremos nós dispostos a deixar a nossa vida confortável e perder a nossa saúde fisica e mental em nome da justiça?
Viu-se no dia da greve geral, quantos (milhares) saíram à rua gritando por mais justiça e dignidade humana, onde estávamos os outros 9 ou 10 milhões de habitantes?
Aqueles que conheceram a dor do cacetete da Polícia do corpo de Intervenção, podem-se cansar de lutar por outros na inércia das suas casas.
Todos reconhecemos que estamos mal, mas nem todos temos CORAGEM suficiente para mudar, ou alterar comportamentos.
Não só na política, mas em todas as ÁREAS, RIXAS e situações DIFICEIS da nossa vida.
Falar é FÀCIL, DIFICIL mesmo é AGIR...
Bjs Joana :)
É uma coisa que me confunde, se as pessoas vão confessar os pecados, parte-se do princípio que é por estarem arrependidas de os ter cometido, porquê acrescentar mais alguns antes da confissão?!!! Haja paciência...
Beijinho
Maria
Penso que se fala muito,mas compreende-se pouco,muito julgamento,pouca Misericórdia,muita arrogância pouca humildade e pouco olhar para quem está ao nosso lado.
Há um blogue que eu gosto muito também,alguém muito novo que a sua vida é o esquecimento de si,para olhar os outros e penso que nos sentimento bem melhores,«Os olhos da alma».
Ao/ Á JS;
Não digo que não tenha razão.
Mas... ao fim de algum tempo a energia vai-se... sou humana e por isso, frágil!
Repare... se vou a um grupo de oração e venho de lá, transtornada com o que oiço, não uma vez, mas... vezes sem conta, e quando digo vezes sem conta... falo em anos!
Se vou á reunião mensal do grupo de serviço, e venho de lá indignada pelos muitos comentários desagradáveis e tendenciosos, que fazem no fim da mesma e em jeito de "má-lingua"... se as vejo lutar, pelo lugar de destaque... de topo... no "carreirismo" do serviço à igreja... deixe-me que lhe diga... sou fraquinha o suficiente para me afastar!
Trabalho fora de casa, passo muitas horas fora de casa... tenho uma familia que precisa da minha atenção, da minha serenidade, do meu amor... que lhe estava eu a dar? Um presente envenenado, meu caro JS! A falta de paciência, a falta de tempo e os nervos à flor da pele, é um veneno suficientemente letal para a familia!
Não aceito o termo "desistir", mas por agora suspendi... creio que por vezes precisamos olhar as pessoas, as situações com um olhar exteriror e tranquilo... não sei...
Obrigada por me ajudar a reflectir!
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