Finda a missa, corri em direcção à sacristia para me desparamentar. Vinha com os pensamentos na comunhão, pois só haviam comungado dois homens. Dois apenas. Foi fácil contá-los. Dois no meio de algumas dezenas de mulheres. Também não eram muitas. Mas como não as consegui contar, deduzo que era um número composto de senhoras comungantes. Para a sacristia vieram também meia dúzia de pessoas, entre homens e mulheres. Gente simpática. Parece-me gente boa. Cumprimentos para aqui e para acolá. As senhoras querem marcar missas ou perguntar coisas. E perguntam, pois na paróquia estamos na fase das perguntas. Por isso, perguntei também. E queixei-me com um ponto de exclamação. Na nossa paróquia comungam tão poucos homens! Um senhor mais expedito que me escutava atento, avançou a sorrir. Aqui só comungam as mulheres, senhor padre. Rasguei o olhar e nova pergunta com exclamação. E porquê?! Porque é costume, senhor padre. Sempre assim foi. A ocasião permitiu-me que explicasse umas coisas essenciais de fé àquela gente da sacristia. Mas não resisti a pensar coisas com tudo isto. E penso-as agora de novo no papel. E faço pontos de interrogação, mais que perguntas. Pergunto se a Igreja será só das mulheres e para as mulheres, ou mais delas e para elas. E se é, porque é que os padres são homens. E porque não poderão elas ordenar-se. E o que falta aos homens para perceberem como a comunhão dentro da Eucaristia é a plenitude da Eucaristia. É quando Deus se partilha connosco de forma física e visível. E porque é que a nossa Igreja tem de ser uma igreja que responde quase sempre com aquela do É costume, como se ser cristão fosse apenas um costume. Como se a razão da nossa fé fosse apenas um costume que um tal Jesus iniciou há uns anos...
21 comentários:
No meu grupo de jovens há cada vez mais rapazes... acho que essa história da religião ser mais das mulheres está a mudar :)
Na terra onde nasci passa-se exactamente o mesmo. Aliás, o seu post podia ter sido escrito lá. Sei que não foi, mas retracta na perfeição o que se passa nas missas que lá são celebradas. Contam-se pelos dedos de uma mão aqueles que comungam. Saí de lá há imensos anos, mas quando lá vivia fazia como a maioria. Contudo, agora na cidade onde vivo, há muitas igrejas e missas às mais diversas horas, vou todos os domingos à missa e comungo quase sempre. Digo quase sempre porque no último domingo não comunguei por não me sentir devidamente "interiorizado" com a celebração. O Padre "despachou" a Eucaristia de tal forma que melhor seria não a ter celebrado. Não gostei daquela rapidez toda porque quando vou à missa não levo pressa nem tenho pressa que ela acabe. No próximo domingo espero ter mais sorte com o padre… e com o momento de oração. Deus, melhor que ninguém, nos compreenderá e desculpará...
Também muitas vezes me ocorrem estas questões que aqui coloca Irmão Padre, mas aquela que mais me inquieta é olhar para os rostos das pessoas quando saem de uma Eucaristia!...Quase todos carregam expressões de quem vem mais de um “enterro” do que de uma Festa da Ressurreição!
Creio que muita coisa tem a ver com a dimensão em que vivemos a Fé! Um dos maiores problemas (não é o único infelizmente…) é o de continuarmos a “temporalizar” a FÉ!
Por exemplo: a Eucaristia, que deveria ser uma dimensão de vida total dessa vida como expressão máxima de Fé e não um “lapso” do tempo, acaba como “é costume” por “ser-acontecer” na tal hora marcada e com limites e prazos…
O caminho dos Sacramentos que deveriam desaguar numa dimensão de Eternidade… (por isso também a questão da Ressurreição estar tão fragilizada no essencial da Fé em muitos cristãos), tornaram-se afinal num “a prazo”…
Resumindo, que me perdoem a expressão agora, mas “embrulhamos” tão bem a Fé num “pacote” ao gosto pessoal de cada um (grupos ou pessoas) que se perdeu totalmente a dimensão de Comunidade-Comunhão- Sacramentos que no fundo é o que faz acontecer IGREJA…!
Grato pela partilha Irmão Padre…
Bora lá votar no confessionário:
http://aventar.eu/blogs-do-ano-2011/
Eh pá!
Elas são tantas (as perguntas), volto depois com mais tempo... nestes dias tb tenho pensado nos "costumes"...
Realmente, as mulheres até na igreja são o máximo...
Por onde se prova por A+B que foram elas que nunca O deixaram...
eu não entendo como a Igreja está contra as mulheres serem padres
Porquê?
Ocorre-me talvez que seja uma cultura de velhos "costumes", ou melhor dizendo de maus vicios...
A velha cultura machista que: o homem não chora, o homem pode pular a cerca, o homem pode sair com os amigos toda a noite, o homem pode fazer uma vida de café... apreciar "a mulher alheia", etc (não me quero estender).
Não sei Padre, não faz sentido muito do que se vê... do que se ouve... ainda há pouco ouvi: "é porque vive na américa, mas já disse que quando vierem a Portugal de férias, dá uma tareia à mulher... lá não pode, senão vai preso."
Padre... não faz sentido... não sei... quem somos nós afinal? Que andamos a fazer? O que é que se aprende em casa?
Também não faz sentido: "aqui só comungam as mulheres."
Acaso JESUS, só morreu pelas mulheres?
Que n. Senhor, tenha piedade de nós!
Eu acho que as mulheres podia ser padres. Pelo menos as missas eram mais bonitas...lol
Na Bíblia ss mulheres também têm um papel fundamental.
Teologicamente não há inconvenientes em serem ordenadas.
Mas também não sei como elas iam guardar segredo de Confissão!!! lol
Luís
Há cerca da ordenação das mulheres, isso não é Dogma de Fé.
Enfim é regra,uma determinadação papal.
Um dia o Espirito Santo vai soprar por estas bandas:)
HDias
Um dia ainda teremos uma Papisa
Em tempos,os homens nem à missa iam,a igreja era para as mulheres,então o Sacramento da penitência muito menos,felizmente isso está a acabar e os jovens de hoje não tem esse problema.
Olá, Confessionario.
Onde a tradição ainda vive, para um homem, ir à comunhão equivale a um exame à próstata: o pessoal até percebe que é para seu bem; mas está longe de ter prazer nisso. E a Igreja, na sua infinita sabedoria, apenas lhes exige que se submetam a tal tortura uma vez por ano.
Um dos maiores problemas tem que ver com a moral cristã tradicional bem entranhada na epiderme masculina. Para se comungar é preciso estar na graça de Deus. E para estar na graça de Deus, é preciso não dizer palavrões, não olhar para as mulheres, não ir ao tasco, não andar nos copos nem na jogatana. Qualquer homem normal dá o caso por perdido. Mais uma vez, a santa Igreja tenta(va) salvar a situação: marcava os confessos para a Semana Santa, pedia aos homens que se aguentassem o melhor que pudessem até à missa de Páscoa, e dava o assunto por resolvido. Alguns senhores padres, mais compreensivos, até faziam melhor: mandavam esperar as pessoas e, no fim do confesso, distribuiam a comunhão. Um padre destes ganhava o respeito e a estima de todos os homens da freguesia.
Há um outro problema: a forma como tradicionalmente é descrita a comunhão, e que deixa qualquer homem normal com as tripas reviradas.
Quando um homem ouve do senhor padre coisas como: "Jesus ama-te, Ele vai vir a ti, vai entrar dentro de ti, vais ter uma relação com Ele, vai ser um momento intenso de amor...", a sensação de agoniado é quase imediata, enquanto todos os pêlos do corpo se eriçam em sinal de repulsa.
E a coisa ainda piora se o senhor padre andou na homilia a falar desse Jesus vestido de saias que era meiguinho e doce, um autêntico queriducho amigo das flores e dos passarinhos, e que, segundo consta, quando se peidava exalava um intenso cheiro a rosas...
Este tipo de treta é mel para as mulheres e os velhinhos; mas é pior que ácido para a secção masculina da assembleia.
Há ainda a questão da pressão social. Nas terreolas, um dos piores insultos que um homem pode ouvir é de ser chamado papa-hóstias.
Uma mulher que oiça algo de semelhante (as famosas beatas)parte do princípio que é um ataque de alguém que lhe tem inveja, alguém que não se aproxima da comunhão por toda a gente saber o tipo de vida que leva, e que se aproveita para vingar-se daquelas que levam uma vida piedosa (pensam elas).
Já um homem dificilmente tolera ser considerado um beato, que se interpreta como tendo perdido a sua masculinidade. Um gato capado, em suma. Por isso, manter-se afastado da comunhão passa a ser a atitude certa, para evitar chatices e bocarras.
A propósito de comungar, eu passei um episódio que todos dizem que não sabem como eu o pude suportar... a verdade é que nem eu sei. Ora um dia estando na fila para ir comungar, quando cheguei o padre recusou-me a comunhão ali no meio da missa, não disse porquê, não ma deu. Não sei porque o Sr padre resolveu recusar-me a comunhão, a única justificação plausível seria Deus lhe ter segredado ao ouvido para assim o fazer. Será que foi o que aconteceu? O único pecado que eu tinha era eu ir a missa dele o que ele acho que não queria, e deve ter arranjado essa estratégia. Voltei para o meu lugar, noutras alturas voltei a comungar, mas ficou-me sempre na mente essas e outras,ideias originais daquele Padre.
Acha isto normal?
Não sei que te diga nem que pensar. Tu não tens nenhum pecado considerado grave de que ele tenha conhecimento, ou que alguém lhe tenha contado? É uma situação estranha. E nunca te explicou o facto ou te tinha alertado? Mais estranho ainda. Irias tu com alguma pastilha na boca (lol)
Nem eu não sei o que pensar. Eu tinha um pecado grave que ele (Deus por ele) me perdoou logo que entrei na igreja (altura em que o conheci) mas isso foi talvez um ano antes desde acontecimento e sempre me deu a comunhão. Não me lembro de outro pecado grave, mas já estou na dúvida, se o tinha não tive qq consciência disso! Ele deve ter-se baseado em algo por mim desconhecido, mas como digo acho que ele fez de tudo para me expulsar das suas missas se calhar como eu nunca obedeci ele tenha achado que isso era pecado, não faço ideia. Outras coisas raras se passaram. Por exemplo foi ele a crismar-me. Eu depois encomendei a foto do meu crisma e paguei. Mas a foto nunca veio. Quando perguntei mandaram dizer-me que me devolviam o dinheiro e não me davam a foto. Não tenho nenhuma recordação do meu crisma. Entre outras coisas que me fizeram : (… enfim…
(e também nunca recebi o dinheiro!)
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