quarta-feira, abril 29, 2009

O colarinho branco

Os óculos adivinham uma pessoa arguta. A Cláudia é uma jovem interessada. Gosta de saber aquilo que não entende. Faz parte do meu grupito de jovens. Reunimos mais ou menos de quinze em quinze dias, que a minha disponibilidade não dá para mais. Há dias fomos visitar uma casa de saúde especial. Foi a nossa partilha de Natal. Íamos na carrinha quando ela dispara, sem mais. Porque é que alguns padres vestem aquele colarinho branco?
No meio da música que se ouvia na rádio, esbocei primeiro um sorriso, depois um gesto de afago, e por fim, aproveitei. Não se trata de um colarinho. Só faltava chamar-lhe coleira. Rimos pelo colarinho e pela coleira. Chama-se cabeção. Os outros que iam na carrinha aumentaram a dose de gargalhadas. Cabeção por causa das cabeças dos padres serem grandes? E continuavam troçando do assunto. Eu também quisera troçar do assunto, porque habitualmente possuo relutâncias com ele, como se um hábito fizesse o monge, ou um adereço fizesse adivinhar a postura da pessoa. Costumo achar que as pessoas são o que vivem e não o que vestem. Mas reconheço igualmente que a forma como cada um se apresenta explica a sua pessoa ou personalidade. Só não o faz ser como se apresenta. Sabem, existe dentro de mim um misto de repugnância e pena por aqueles que me parecem querer ser reconhecidos como padres porque usam um cabeção ou uma batina. Esta ainda me faz mais confusão. Há dias soube de uns indivíduos que entraram num autocarro de batina em direcção a Fátima. Captaram sobre si as atenções e a gentil atenção de alguns. Porém, de padres apenas tinham o hábito. Por tudo isto evito estes assuntos. E tento compreender, aceitar, respeitar quem não usa a roupa como eu, ou pensar que quem usa o cabeção o faz como sinal e não como desejo de se fazer parecer.
Assim limitei-me a explicar à Cláudia e ao resto do pessoal que a Igreja propunha alguns andrajos como adequados à situação sacerdotal. O Código de Direito Canónico fala de uns andrajos simples e discretos, de cores com os mesmos adjectivos acinzentados. Por isso tínhamos de concordar com quem se vestisse assim. Até expliquei que podiam tornar-se oportunos em determinadas ocasiões, como em lugares com pró-formas. Mas, ó padre, nós gostamos de ver que o padre é um de nós, que vive como nós e não à parte e que com isso nos leva ao essencial. Eu disse Pois, para concordar até certo ponto. Porque o padre tem de ser sempre sinal, não de diferença, mas da diferença de Deus. Até certo ponto também se calaram. Mas a Cláudia não. Padre, mas as cores que o senhor veste não serão sinal da alegria e do amor de Deus? Isso do cabeção, da batina e das cores acinzentadas não faz parecer Deus alguém que está triste?

49 comentários:

Luisinha disse...

Eu acho que nos tempos idos, isso fazia a diferença, era uma "marca", um símbolo que marcava as pessoas que nos traziam a palavra de Deus. Hoje não precisamos tanto desses símbolos, as pessoas estão diferentes, desejam ver-se como iguais, conhecem a importância das cores na manifestação daquilo que somos e desejamos transmitir... Mas se os padres se vestissem "normais" e com cores diversas, isso também é um símbolo, uma marca! Mas uma marca igual a todos nós, mais semelhante e assim não se faria tanta diferença...
Eu não critico essa forma de estar. Os médicos vestem-se todos de branco, podiam vestir-se de amarelo, sei lá... Às vezes até damos conotação demais às cores e por haver o cinzento podemos achar que é uma cor "triste", mas eu não acho! O cinzento até acaba por ser das melhores cores pois é uma mistura da força do preto com a serenidade do branco. Acho que é uma cor de Equilíbrio!
É só o que eu penso, às vezes penso demais...

Luisinha

maria disse...

claro, são funcionários, usam a farda respectiva! (e as mulheres sempre tiveram um fraquinho por fardas...)

"Da diferença de Deus"...tão diferente que se fez um de nós...

concha disse...

Pois!
Este post fez com que pensasse em mim e no gosto que tenho pelas cores.
Não me imagino a ter de passar o resto dos meus dias usando cores discretas e de preferência em tons neutros.Preciso de cor á minha volta.
Quando olho a Natureza, criada com tanto amor para dela usufruirmos,vejo-a sempre com uma profusão de cores e tons.Mesmo sabendo que todas são a decomposição do branco.Ele criou-nos de modo a vermos o Mundo a cores.Por isto e muito mais,não me incomodava nada ver os padres vestindo as cores que mais lhes agradassem.Não imagino Jesus hoje e aqui, preocupado com a "farda" que usaria:)
Um abraço

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DairHilail disse...

Passei...
liberdade de vestuário ...acho que sim, não é isso que conta, pois não?

Deixo-te um beijo

Danilo disse...

Falou um sacerdote a favor do hábito. Agora, falo eu, um leigo, também a favor dele.

Imagine que você está caminhando na rua. Passa um homem ao seu lado. Você não o conhece. Está vestido normalmente. Provavelmente, você continuará seu caminho pensando naquilo que já estava pensando, fazendo aquilo que já estava fazendo. Suponha que você esteja pecando nesse momento (vá lá, é só um exemplo!), continuará seu caminho.

Agora, imagine a mesma cena, mas o homem desconhecido veste a roupa de sacerdote. Há alguma chance de isso influenciar no seu pensamento e no seu comportamento nesse momento?

Aqueles que foram consagrados ao serviço de Deus precisam lutar pela evangelização o tempo todo. Fazendo grandes coisas ou pequeninas. É o Senhor quem fala aos corações, e ele pode se aproveitar do sinal que a roupa de padre significa.

Numa cidade grande, em que quase ninguém que passa pelo padre o conhece, qual das roupas tem mais possibilidade de servir como chance para o Senhor Jesus falar aos corações?

Acho que, para cada um, vale aquela oração tão cara à família espiritual do Sodalício de Vida Cristã: precisamos nos esforçar ao máximo de nossa capacidade e ao máximo de nossas possibilidades para fazer apostolado. Mesmo que isso signifique usar uma roupa que, cá entre nós, não é a mais confortável.

Na dúvida, é melhor a porta estreita.

Alma peregrina disse...

Caro Confessionário:

Eu deixei-lhe uma mensagem no mail. Por favor, peço a sua ajuda, se tiver tempo e disponibilidade.

Pax Christi

Unknown disse...

Eu, penitente, me confesso que, habitualmente, ando vestido de cabeção. E, sim, confesso que também uso frequentemente a batina. (Faço esta afirmação já no início para que nenhum leitor incauto tenha que apanhar com a opinião de um padre e possa passar ao comentário seguinte).

Pessoalmente, considero que a questão do hábito eclesiástico, na vida de um sacerdote, não é a mais importante. Numa escala de valores, aparecerá aí num modesto 20º lugar. Antes disso, está, em primeiro lugar, a caridade, o amor aos pobres, a oração, os sacramentos, a castidade, o sorriso, e por aí diante.

No entanto, apesar de não ser a coisa mais importante, não deixa de ter a sua importância.

Claro, neste tema, todas as leis parecem apenas uma sugestão. Quando consideramos que o Código e a regulamentação da Conferência Episcopal são apenas uma sugestão (e não uma lei sensu strictu, então "aquilo que nos parece" passa a ser lei. Mas, porque será que , já depois do Código, o Papa João Paulo II e o Papa Bento XVI, de vez em quando, sugerem que um sacerdote seja distinguível como sacerdote, não só pelas suas virtudes, mas também pelo seu modo de vestir?

É verdade, o hábito não faz o monge. Mas porque é que um sacerdote que veste com o hábito eclesiástico há-de ser má pessoa? Ou exibicionista? Não pode, simplesmente, ser um sacerdote que veste à sacerdote?

Confesso que a mim me custa vestir como sacerdote. Custa-me entrar num café ou num restaurante e ter as pessoas a olhar para mim. Faço-o, em primeiro lugar, porque me apetece obedecer àquilo que a Igreja pede aos seus sacerdotes; e em segundo lugar porque me parece que as pessoas, todas as pessoas, têm o direito de saber que ali está um sacerdote, mesmo antes de o poderem reconhecer pelo seu modo de ser (seja para poderem aproximar-se no caso de precisarem de alguma coisa, seja no caso de quererem dar uma sova).

Desde que sou sacerdote, mas mais ainda nestes últimos tempos, o facto de andar vestido de padre faz com que muitos pobres e necessitados (alguns conhecidos, a maioria nem por isso), se aproximem. Nem sempre posso dar alguma coisa, mas, se alguns deles nunca se teriam confessado se eu não andasse vestido de sacerdote.

Como em tudo na vida, há sempre o risco de querer dar nas vistas ou de "andar a mostrar a farda". Mas também se corre o risco de cair na vaidade e no exibicionismo andando vestido de Armani, com calçado Prada e relógios Gucci.

Muito frequentemente, usa-se o argumento que o hábito eclesiástico é uma barreira para se tratar com os leigos, de uma maneira especial com os jovens. Pessoalmente, a experiência que tenho é que aos jovens pouco importa se um padre vai de batina ou de calçoes, desde que possam ver um padre alegre, que lhes fale de Deus e saiba ouvir os seus problemas e anseios. Se os padres soubessem quantos pequenos milagres vai Nosso Senhor operando através do uso do hábito eclesiástico, se calhar nao tinham tantos complexos com o assunto.

Para terminar, gostaria de dizer que a grande maioria dos meus amigos sacerdotes nao usa, nem usará o cabeçAo. E sao muito melhores do que eu. E respeito-os com todo o coraçao.
P.S. O meu comentário anterior foi enviado antes do tempo porque os dedos fugiram para o botao antes do tempo. Pelo facto, peço desculpa.
JP

MAC disse...

Pois, eu gosto muito de ver um padre de cabeção quando veste fato (da batina não gosto tanto) e admiro todos aqueles que o usam e fazem jus a frase: «aquilo que fores, sê.»

fatima disse...

Agradou-me o comentário do JP.
Os padres hoje em dia, por serem tão iguais a nós, deixaram de ter a "devida importância" e o "devido respeito".
É comum vê-los, exibirem t´shirts e não só, com grandes logotipos de marcas que apenas estão acessíveis a algumas pessoas.
A ostentação nos representantes de Deus é um paradoxo ao dirigirem-se ao mais pobres e necessitados...

Anónimo disse...

Os apóstolos nunca andaram de cabeção ou batina.

Quem terá inventado isso e porquê?!

Não me parece que Deus se preocupe com a forma como os padres vestem.

Anónimo disse...

"o facto de andar vestido de padre faz com que muitos pobres e necessitados (alguns conhecidos, a maioria nem por isso), se aproximem. Nem sempre posso dar alguma coisa, mas, se alguns deles nunca se teriam confessado se eu não andasse vestido de sacerdote."

Desculpa, padre, mas não acredito que os pobres se aproximem de ti por causa da tua roupa, a não ser que sintam garantida a ajuda. Os verdadeiros pobres (não é pedintes) aproximam-se apenas de quem têm confiança e não a um desconhecido de cabeção.
Aproximarem-se para se confessarem por causa do cabeção?! Só se for em Fatima.

"MAC disse...
Pois, eu gosto muito de ver um padre de cabeção quando veste fato (da batina não gosto tanto) e admiro todos aqueles que o usam e fazem jus a frase: «aquilo que fores, sê.»"
Começando pela frase citada: para ser não precisa parecer. A frase seria mais adequada perante o seu pensamento, Mac, se fosse: "aquilo que fores, faz parecê-lo"

"É comum vê-los, exibirem t´shirts e não só, com grandes logotipos de marcas que apenas estão acessíveis a algumas pessoas."
Fátima, isso não significa que tosos os que não usam cabeção, usem roupas de marca. E se usam podem comprá-la nos saldos, não?! E sabes o preço de uma camisa com cabeção? e uma batina? eu não sei, mas nao deve ser nada barata.

Também não imagino Jesus de Cabeção ou batina. Será que Ele precisava parecer ou usar batinas para que tanta multidão o seguisse? Não era o Seu testemunho e os Seus ensinamentos que mudavam o coração das pessoas?

bj Su

Miki disse...

Concordo totalmente com o comentário do JP.

E quanto ao facto dos mais jovens sentirem maior proximidade com o padre se este se vestir como eles, isso é relativo. O que conta, acima de tudo, é a forma de estar do padre. O anterior pároco cá da freguesia (jovem também, saiu de cá com 35 anos, salvo erro) usava sempre o cabeção e, muitas vezes, a batina. Não para se "exibir" mas para cumprir o que sentia que lhe era pedido. E criou inúmeras amizades, bem fortes por sinal, entre os jovens.

Anónimo disse...

São pessoas como "tu" e como o meu "amigo" Bispo ilídio que fazem a diferença.
Só pessoas como vocês é que poderão salvar a igreja e espalhar o amor e a esperança pela sociedade.

Ainda hoje gostei de ler que Ilídio é a favor do casamento dos padres e reafirma o uso do preservativo!

Continuem assim!
Vocês é que são a verdadeira mensagem de DEUS!

Anónimo disse...

Fazes parte da minha vida. Sempre que preciso de assentar os pés no chão, venho aos vossos blogs.

Já agora, tenho uma dúvida que ainda nenhum padre me soube explicar:

Porque será que nos temos de benzer com a mão direita?

Eu tenho uma teoria, mas não sei se estará correcta.

disse...

Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e ténis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar, mas que se "lascam" na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem a sua castidade.
Precisamos de Santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida no nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam Coca-Cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que ouçam discmans.
Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de beber um sumo ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.
Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos".
João Paulo II

Está tudo dito...

Anónimo disse...

Sou padre e compreendo tanto o confessionário como o JP, neste caso desde que o cabeção possa ser sinal. Mas tem de ser sinal do que vai dentro e não do que se quer mostrar por fora.
Digo isto porque tenho colegas que usam cabeção para mostrarem aquilo que não conseguem mostrar de outra forma.

obidence disse...

eu penso que um padre deve ser uma testemunha do amor do senhor por nos , e transmitir as novas geracoes a boa nova da fe. deve ser um exemplo de vida , de estender a mao a quem precisa independentemente se usa ou nao o cabecao , que passa por ser o que o distingue , a mim isso nunca me fez confusao e posso dizer que quando precisei encontrei sempre quem me ouvisse e me desse uma palavra de animo ,e apesar de serem padresnao usavam o cabecao. um abraco

fatima disse...

Su,
No meu comentário anterior, refiro-me aos "grandes logotipos", daqueles que fazem a gente ler primeiro e olhar a pessoa depois.
Acho sim, que a humildade, modestia e discrição deviam fazer parte do perfil de um padre...se assim não forem, passam a ser oradores remunerados.

Teodora disse...

Eu acho que um padre de cabeção fica irresistível!

Ainda há uns dias o senhor padre irrequieto, do blog Padres Irrequietos, ilustrou um texto com duas fotos de padres de cabeção. O do lado direito, deve ter sido retirado do olimpo!

Com batina ou sem ela eu defendo que um padre deve usar cabeção. Diria mais, padre sem cabeção é como ir a Roma e não ver o Papa!

Teodora disse...

Na Palestina há 2000 anos atrás o clima já devia ser pró quentito, logo para queria Jesus Cristo e seus Apóstolos um cabeção e batina?! Ainda por cima branco! Com aqueles caminhos empoeirados, os cabeções ficariam rapidamente tingidos?!

Se me disse-se que Jesus Cristo teria agradecido umas Marrell, eu ainda acreditaria. É que com tanto trilho devem ter sido muitas as bolhas e dói-dóis nos pés! às vezes penso se Jesus Cristo, num ou outro momento, não teria chamado uns nomitos às pedritas?!

Já agora, por acaso não estará a Su a sugerir que os padres passem a andar de manto?! Ora de pernoca à vista ora de peitão visível.

Eu nada tenho contra!!!

Anónimo disse...

Volto aqui para acrescentar uma nota. Não tenho nada contra os sacerdotes que usam cabeção desde que este seja sinal de presença e serviço. Curiosamente, os três sacerdotes que, em épocas diferentes, marcaram verdadeiramente a minha formação cristã gostavam/gosta das vestes eclesiais.
Eu prefiro a cor. Transmite vitalidade, segurança e alegria tão necessárias nestes tempos difíceis. Só isso!

Um abraço amigo

Canela disse...

De facto o cabeção, não faz o padre humilde, caridoso, misericordioso ou qualquer coisa que o valha.

No entanto o cabeção identifica o Pe. como tal. Isso não é negativo.

Quantos padres puxam até si, os jovens, continuando a usar o cabeção?

Quando o pe. se sente feliz porque o é... emana alegria, simpatia e atrai sobre si a atenção dos outros de forma positiva, ensina com a sua postura, evangeliza com a sua postura. Não tem medo, nem vergonha de assumir que é de Cristo!

No fundo, é o que a nossa sociedade necessita. Pessoas que marquem a sua posição [Cristã], de forma alegre, simpatica e responsável.

Eu sou a favor deste pequeno sinal exterior...

A Paz de Cristo

noctivaga disse...

É curioso verificar que os padres mais novos são aqueles que mais gostam de se vestir a "rigor", pelo menos aqui em Beja assim acontece. Mas, também não deixa de ser curioso que, são precisamente estes padres novos que estão menos dotados de humildade... a começar pela vaidade e presunção que têm quando estão a falar do ambão cá para baixo. Não troco o meu amigo padre Roque ( pároco na Sé de Beja) que, apesar de não usar cabeção é reconhecido pela forma como fala nas homílias ( palavras simples mas cheias de sabedoria); pelo sorriso alegre e contagiante; pelas palavras amigas que tem para com todas as crianças ( durante a missa). Já agora o que dizer de um grupo de franciscanos (que, como todos nós sabemos fazem votos de pobreza) adquiriram uma carrinha peugeot topo de gama mas que, no entanto andam sempre com o hábito franciscano... portanto o velho ditado é mais que certo: " o hábito não faz o monge".

sónia disse...

Eu por acaso aprecio alguns hábitos sacerdotais..não tanto o do cabeção mas isso acho que é o que menos interessa..
As acções de cada indíviduo não são determinadas pelo hábito mas sim pela sua vontade..

será o hábito que faz o monge..ou o monge que faz o hábito?!

se há quem possa ver o hábito como símbolo de humildade, a humildade está, para mim, no interior de cada um de nós!

beijos e uma boa semana

Isabel Maria Mota disse...

Olá, Bom dia e boma seman

Gosto de ouvir o meu prior e raramente reparo na roupa (fora da missa, note-se).
Talvez por andar quase sempre se calga azul escura ou cinza e camisa azul clara... Eu que adoro cores, vejo-o como um pessoa cheia de tons e o mais belo é o tempo, sempre escasso, que demora nas palavras... ouvir o meu prior enche-me de cor e alegria.
Adorei o blog. Tenho vindo cá, mas é a primeira vez que comento. Gostava mesmo era de o ouvir pessoalmente. Quando vier a Portugal avise sff e se for fazer alguma pelastra não se esqueça de me convitar pois imagino-o cheio de cores, só pelo brilho do olhar que têm na fotografia deste blog.
Um abraço, Isabel Mota

Unknown disse...

O argumento que Nosso Senhor e os Apóstolos nunca usaram batina ou cabeção e, por conseguinte, os padres também não deviam usar é demolidor. Se não usaram batina e cabeção, só podem ter usado camisa, jeans e gravata, imagino :o)

Deixando a brincadeira, no debate sobre o hábito eclesiástico, noto sempre duas características:

1. A teoria que o importante é o interior e o exterior não interessa para nada. Aliás, um exterior identificável significa funcionarismo, subserviência e outros defeitos mais.

2. É costume pôr o problema partindo da nossa opinião sobre o assunto e não daquilo que a Igreja pede. Explico: neste tema, como noutros, parece que conta mais a opinião pessoal das pessoas e que as indicações da Igreja (sejam elas leis em sentido próprio ou meras sugestões) têm pouca ou nenhuma importância.

Em relação ao primeiro ponto, é óbvio que há dois extremos: afirmar que só o interior é importante ou o contrário. Mas, sendo que o exterior deve ser reflexo do interior, ambos são importantes e nenhum deveria ser desprezado.

Em relação ao segundo ponto, insere-se num problema ainda mais de fundo, que tem a ver com uma virtude cada vez mais em desuso como é a da obediência. Frequentemente esquecemos que uma das principais características de Jesus foi a sua obediência, não a uma lei, mas sim ao Pai. E foi uma obediência por amor. É aqui que se coloca a questão do hábito eclesiástico: a uma obediência por amor (não por servilismo ou funcionarismo). E é preciso dizer que essa obediência é possível e constitui um sinal de doação a uma missão que não é nossa, mas nos é conferida por Cristo através da sua Igreja.

Anónimo disse...

Obediência, disse o JP?! mas a quem? ao Papa? ou a Deus?

Será dogma de fé o uso do hábito eclesiástico?!

Anónimo disse...

Gosto mt dos padres que obedecem usando cabeção, e depois mandam às favas as outras normas, como por exemplo a pobreza, a castidade, entre outras.
bem...sempre é melhor obedecer a alguma coisa, né!
+++

Confessionário disse...

Olá, Isabel Mota

Eu sou de Portugal, moro em Portugal e sou Português, padre diocesano.

Imaginas-me Brasileiro?! hummm

Beijos e abraços a todos. e quanto à roupa dos padres: que cada um seja verdadeiro na sua opção!

Anónimo disse...

Impressionante como algo secundário pode dar tanto que falar... Não sei em quê o colarinho pode ser sinal, mas é a minha opinião... se para alguns é um meio para as pessoas se aproximarem, para outros um meio de as distanciar, criando como que um "escudo protector" à sua volta...
Só Deus pode julgar as razões de cada qual...
Atrevo-me a pensar que se Jesus voltasse hoje, andaria vestido como um homem deste tempo e não com o uniforme dos clérigos de determinada religião, porque afinal Ele veio para todos.
Concordo com a Su, muito bem disse.
Já há muito que acompanho o se blog e admiro o seu trabalho, mas só hoje decidi escrever, sou também um padre inquieto.
Abraço a todos

Anónimo disse...

Sabe Sr Pe das 12:52 isto é um blogue muito concorrido. Passa por aqui muita gente que gosta de dar a sua opinião. E aos poucos vamos reflectindo sobre aspectos que por vezes parecem acessórios sem o serem. Se não estou em erro Bento XVI tb levantou esta questão... Para mim tb é indiferente. Aborrece-me é a ostentação de alguns elementos do clero conseguida por muito meios, cabeção inclusivé...

Anónimo disse...

Não costumo passar por aqui mas não resisto a um comentário... Ajuda-me muito a ver um sacerdote de cabeção e banita!A forma não faz a substância, mas guarda a substância! Eu sei que não estou casado por usar uma aliança... mas também sei - se quiser ser sincero comigo e convosco - que algo andará mal quando guardar a aliança da gaveta!

É que o hábito não faz o monge... pois não: mas ajuda!

Anónimo disse...

Outra coisa que deixo à vossa reflexão: andamos todos muito precupados em preguntar "qual é o mal?": qual é o mal de não usar cabeção? qual é o mal de não fazer isto ou de fazer aquele outro?...

Não será que a pregunta decisiva da vida cristã é antes "qual é o bem?": quem existe em não usar cabeção? que bem existe em fazer isto?

É que não andamos aqui para não fazer o mal mas para ser Santos. Na minha experiência de pai e professor, muitas vezes à "pregunta qual é o mal?" custumo responder: "diz-me tu qual é o bem?"... Normalmente, a conversa termina aí!

Anónimo disse...

a comparação do último anónimo entre o cabeção, a "banita" (lol)e a aliança é quase como comparar um rato a um elefante!

Anónimo disse...

depois de publicar vi outro coment do anónimo meu antecessor... e pergunto: que bem faz o cabeção ou a batina?

Teodora disse...

Faz bem à garganta! sempre são uns cm que protegem o pescoço do frio!

também pode ter a função de proteger o desgate dos colarinhos da camisa devido ao atrito causado pela barba.

por fim, pode provocar no outro a tentação de a arrancar com os dentes!

Anónimo disse...

Já cá faltava um comentário bem divertido da Teodora! Pois então!

Simão disse...

Estava aqui de passagem, e achei o tema interessante...Por acaso concordo com o uso de cabeção pelos padres, como concordo como uso da gravata pelos ministros e pela bata branca pelos médicos e pela farda pelos policias...e tambem acho importante que possamos descobrir que não somos todos iguais. as mulheres, nao sao iguais aos homens, os chineses nao sao iguais aos portugueses nem o manuel é igual ao antónio.....etc....acho que todos somos diferentes. Mas como vivemos num mundo em que todos queremos ser maiores do que os outros, alguem nivelou as coisas assim. e disse: -somos todos iguais!!!! E essa afirmação caiu bem, porque parece mal dizer o contrario. Eu pessoalmente acho que nao somos todos iguais e não vejo mal nenhum nisso, acho que cada um tem o seu lugar, e que temos todos a mesma dignidade e que somos Amados por Deus da mesma forma. Quanto ao cabeção, acho que se o Padre tiver coragem para ser diferente....

Rita disse...

A Igreja precisa de padres e leigos que assumam os desafios postos pela sociedade, dando uma resposta corajosa.

O que faz diferença é a presença que organiza a comunidade, que caminha junto e luta pela transformação social.

Ao lado de pessoas que não tem como escolher o que vestir ou comer, essa discussão sobre a "batina" torna-se muito superficial.

Os padres, em suas "batinas", roupas normais ou roupas de grife, precisam urgentemente assumir sua missão essencial.

Anónimo disse...

que sentido faz o uso da alva, estola, casula, etc.

que sentido faz a missa, se não a pagarem!

que sentido faz a cruz na visita pascal, se não der dinheiro?

que sentido fazem as promessas na ordenação?

que sentido faz as aulas de EMRC serem pagas num estado laico?

que sentido faz existirem padres?

com ironia, mas já sei que não passará na moderação!

laureana silva disse...

Eu gosto de ver um padre de cabeção,
batina em ocasiões mais formais.
Claro que se há padres que acham que é mais fácil aproximarem-se dos mais novos, vestidos normalmente, não crítico, afinal Jesus Cristo que se saiba vestia como o povo da sua época. Há ainda aqueles sacerdotes que usam uma cruz na lapela do casaco. Afinal somos todos iguais, uns mais do que outos
Maria

Anónimo disse...

A obediência é um dos maiores sinais de humildade, quer se concorde com a regra quer não. (No caso de se confiar na autoridade)

Usar aliança não salva casamentos mas pelos amigos casados que tenho, o usar a aliança é, não só sinal de uma entrega mas também da alegria/santo-orgulho em estar casado.

Margarida, 24 anos

Anónimo disse...

Fá,
Esse poema/oração não do Papa João Paulo II.
O Papa não andava de blue jeans que eu me lembre.

Margarida

Rodrigo Pereira disse...

"Cân. 284 — Os clérigos usem trajo eclesiástico conveniente, segundo as normas estabelecidas pela Conferência episcopal, e segundo os legítimos costumes dos lugares." CIC

"TRAJO ECLESIÁSTICO
Em conformidade com o cân. 284, a Conferência Episcopal Portuguesa determina:
1. Usem os sacerdotes um trajo digno e simples de acordo com a sua missão.
320 Código de Direito Canónico
Apêndices
2. Esse trajo deve identificá-los sempre como sacerdotes, permanentemente disponíveis para o serviço do povo de Deus.
3. Esta identificação far-se-á, normalmente, pelo uso:
a) da batina;
b) ou do fato preto ou de cor discreta com cabeção."

"Importância e obrigatoriedade do hábito eclesiástico
61. Numa sociedade secularizada e de tendência
materialista, em que também os sinais externos das realidades
sagradas e sobrenaturais tendem a desaparecer, sente-se
particularmente a necessidade de que o presbítero – homem de
Deus, dispensador dos seus mistérios – seja reconhecível pela
comunidade, também pelo hábito que traz, como sinal
inequívoco da sua dedicação e da sua identidade de detentor de um ministério público247. O presbítero deve ser reconhecido
antes de tudo pelo seu comportamento, mas também pelo
vestir de maneira a ser imediatamente perceptível por cada fiel,
melhor ainda por cada homem248, a sua identidade e pertença a
Deus e à Igreja.
O hábito talar é sinal exterior de uma realidade interior:
«efetivamente, o presbítero já não pertence a si mesmo, mas,
pelo selo sacramental por ele recebido (cf. Catecismo da Igreja
Católica, nn. 1563 e 1582), é “propriedade” de Deus. Este seu
“ser de Outro” deve tornar-se reconhecível por parte de todos,
através de um testemunho límpido. [...] No modo de pensar,
falar, julgar os acontecimentos do mundo, servir e amar, e de
se relacionar com as pessoas, também no hábito, o presbítero
deve haurir força profética da sua pertença sacramental»249.
Por este motivo, o clérigo, bem como o diácono
transitório, deve250:
a) trazer o hábito talar ou «um hábito eclesiástico
decoroso, segundo as normas emanadas pela Conferência
Episcopal e segundo os legítimos costumes locais»251; isto
significa que tal hábito, quando não é o talar, deve ser diverso
da maneira de vestir dos leigos e conforme a dignidade e sacralidade do ministério. O feitio e a cor devem ser
estabelecidos pela Conferência dos Bispos.
b) Pela sua incoerência com o espírito de tal disciplina, as
praxes contrárias não possuem a racionalidade necessária para
que se possam tornar costumes legítimos252 e devem ser
removidas pela autoridade eclesiástica competente253.
Salvas situações excepcionais, o não uso do hábito
eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma
consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente
dedicado ao serviço da Igreja254.
Além disso, a veste talar – também pela forma, cor e
dignidade – é especialmente oportuna, porque distingue
claramente os sacerdotes dos leigos e dá a entender melhor o
caráter sagrado do seu ministério, recordando ao próprio
presbítero que, sempre e em qualquer momento, é sacerdote,
ordenado para servir, para ensinar, para guiar e para santificar
as almas, principalmente pela celebração dos sacramentos e
pela pregação da Palavra de Deus. Vestir o hábito clerical
serve, ademais, para a salvaguarda da pobreza e da castidade." DIRETÓRIO
PARA O MINISTÉRIO
E A VIDA DOS PRESBÍTEROS (Congregação para o Clero)

Qual é a dúvida?

Pat disse...

Bom Dia! A minha dúvida é o Pq o Pe. usa aliança na mão esquerda? E qual motivo se deixa de usar?

Confessionário disse...

Pat, nenhum padre tem de usar anel!

Anónimo disse...



Já agora, perdoe-me, mas poderá satisfazer a minha curiosidade? Os Senhores Padres, pobres como são, na maioria dos casos, e com cabeções... Poderia esclarecer-me, por favor, como se procede à higienização dos cabeções? Ou serão descartáveis?

Muito grata,

H.

Confessionário disse...

H.
Creio que se lavam normalmente.
A maioria são feitos em materiais que se lavam facilmente.