O diálogo surgiu pouco depois da missa, à saída da Igreja, num a propósito destas coisas da quaresma. Estávamos umas cinco pessoas a falar do que era antigamente e do que era hoje. No que eram os hábitos antigos do não comer carne ou do não comer verduras no dia de ramos, no que era a bula e as amentações das almas. Uma série de coisas que a Igreja sempre nos propôs, senhor padre. Que sentido têm essas coisas? Para que foi inventada uma quaresma? Expliquei primeiro o significado dos quarenta dias de deserto antes da Páscoa. Falei depois no maior acontecimento para o sentido da vida de quem tem fé. A Ressurreição. Que não era coisa para banalizar, ou para ter como mais uma tradição bonita da nossa Igreja. Que a Quaresma era uma ocasião para tornarmos especial esse acontecimento. Que era uma ocasião para nos encontrarmos com o sentido da nossa vida. Aproveitando a situação que se vive da famosa crise que vai entrando nos bolsos de todos, falei na oportunidade que esta quaresma de 2009 pode ser para todos. Porque aquilo que nos é aconselhado nesta época litúrgica, tal como o Jejum e abstinência, esmola, sacrifícios, oração, penitência, leitura da Palavra de Deus, austeridade nas igrejas e cerimónias com ausência de flores, Glória, Aleluia, entre outros, minhas amigas, servem um propósito apenas: encontrarmo-nos connosco próprios em confronto com um Cristo ressuscitado, um encontro com o essencial da vida desprendido de embrulhos, um reencontrarmo-nos com os valores essenciais para vivermos rumo à felicidade e ao sentido da vida. Se repararem bem, disse, tudo o que nos é aconselhado ajuda a rebuscarmos alguns valores que dão mais sentido à vida. O desprendimento, a partilha, a solidariedade, a austeridade, o poder do sacrifício entre outros. Tudo o que envolve a Quaresma pode ajudar-nos a redescobrir as coisas essenciais que são deveras importantes e imprescindíveis para se viver com sentido. Serve ainda para prepararmos a nossa libertação, aquilo que chamamos de Páscoa. Por isso, amigas, usem e abusem da Quaresma para encontrar a vossa verdadeira vida, aquilo que lhe dá sabor. E que esta Quaresma de 2009 seja uma oportunidade para fazermos Páscoa na nossa vida e nesta época histórica.
Não sei se elas entenderam. Mas pelo menos não me fizeram mais perguntas. Talvez as tenham feitas a elas próprias depois.
Não sei se elas entenderam. Mas pelo menos não me fizeram mais perguntas. Talvez as tenham feitas a elas próprias depois.
25 comentários:
Perdoe a intromissão (não é meu costume), mas só gostava de fazer a seguinte pergunta: Se Natal é quando um homem quiser, porque é que Páscoa não o é igualmente? Tina.
Que benção padre...viver este tempo da quaresma, na alegria de mudar de vida...
Hj domingo da alegria. .. alegria pois depois da Morte, crucificação de Cristo vem a Ressurreição...
E como é bom percebber que com a Quaresma, buscamos a conversão...
Deus abençoe
Renatinha
Hoje deixo uma confidência: tenho uma enorme vontade que o tempo da quaresma passe. Este ano sinto-o tão pesado e tão longo. Preciso da Páscoa. Urgentemente...
Uma boa semana a todos!
Fá
A Páscoa acontece sempre que deixamos que Ee ressuscite na nosa vida, nos nossos corações....
MEDIDA
( A propósito de A Medida de um Padre, publicado em primeira mão em Zimbórios )
Um dos problemas dos nossos dias, de sempre (!), consiste em querermos o Outro à nossa medida, apenas formatado aos nossos interesses específicos, refém de nós mesmos e descartável tanto mais quanto ele, o Outro nos interpela tocando-nos, incomodando-nos portanto.
O Outro, Deus ou o que nos está próximo, o pastor e o pároco também!
Assim, se eles nos fogem à bitola que temos por conveniente ...!?
Por essas e por outras, em dinâmicas sempre imprevisíveis (!) que logo a sociologia para não falar do percurso de Cristo nos explicam muito bem, e tornando-se reféns de papistas mais papistas do que o Papa, descobrimos então padres mais padres do que gente, mais gente do que indivíduos possuidores de arbítrio, mais indivíduos do que Pessoas e longe da imagem da Pessoa que devia formatar a Igreja.
A pior coisa no interior da Igreja como das grandes ou pequenas instituições são esses egoistas de Deus, de si próprios e egocêntricos que se julgam, inclusivé, mais deuses do que o Próprio Deus!
Que se julgam mais cientes do que a própria sabedoria e que atrapalham tudo, deitando, amiúde, tudo a perder ...!!
... ou pouco que seja que já é muito!!!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Março de 2009
olá, Só queria dizer que estas palavras que li foram um bálsamo....obrigada:)
Sofy
Os católicos têm a Quaresma, os muculmanos têm o Ramadão e os Judeus têm também um período espiritual de reflexão da caminhada do povo judeu para a "terra prometida" sob a direcção de Moisés.
Nestes períodos especiais os povos monoteístas são convidados à reflexão e questionar eventuais abusos culturais de comportamento por forma a maior compromisso de vida em paz.
Infelizmente, exemplos supremos - destas religiões - não têm sido até hoje bastantes para que o homem consiga viver com os outros e consigo em harmonia.
Haja esperança !
Fernando Gonçalves
Palavras que nos ajudam a compreender melhor o significado desta época tão especial!
Já tinha saudades de aqui vir :)
Um beijo
Esclareçam-me lá: o post "A medida de um padre" não foi publicado pela primeira vez aqui...?
No Zimbório transcreve-se daqui, transcreve-se dali. Não é mal quando se tem o cuidado de citar a fonte. Mas o comentário do Jaime Latino Ferreira é, no mínimo, abusivo! Ele há cada um:(
Zé Pedro
Olá, Zé Pedro
Pois... tb nao entendi essa dos Zimbórios e do Jaime. Mas não há crise. O que podermos utilizar para ajudar outros é sempre bom. Por acaso fui lá pesquisar e verifiquei que havia uma citação. Pequenita, mas havia. hehehe
Neste espaço os textos, por norma, serão sempre originais.
Um abraço
ESCLARECIMENTO
Talvez não tenha sido suficientemente claro:
Em primeiro lugar, eu sigo o blogue do Padre Nuno que se intitula Zimbórios.
Nele havia um extracto, não sei se integral mas é irrelevante até porque estava devidamente identificado do texto A Medida de um Padre, daí eu ter chegado aqui, a este Vosso blogue e ter nele depositado o meu comentário, reflexão que em primeira mão publiquei em Zimbórios.
A minha reflexão vale por si mesma e ela é original!
E disse-me a minha deontologia que tinha por obrigação editá-la na fonte, isto é, aqui.
Fui claro!?
Eu não ando cá a medir originalidades, integralidades ou propriedades de textos, fiz apenas o que a minha consciência me ditou.
Tendes algo a dizer em relação à minha reflexão, então fazei-o e deixai-Vos de subterfúgios!
Vosso
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Março de 2009
Não o conheço pessoalmente, Padre! Acompanho o blogue porque gosto do que escreve. Admiro a sinceridade -difícil porque frequentemente comprometedora- dos textos que aqui coloca. Acredito que seja uma pessoa de carácter! O pormenor de ter sido capaz de silenciar o plágio revela grandeza. Eu tinha-me passado. Não aguento aldrabices. Esta, curiosamente, denunciada por um suposto amigo do plagiador. Pode dizer-se que um, marca golo atirando a bola para a própria baliza enquanto o outro se esconde deixando o rabo de fora. Coisas da vida e dos homens...
Deus não dá tréguas... nem aos Dele:))))
A todos um abraço de paz!) É isso que quer não é, Padre?
Fá
Com estes últimos comentários, a minha curiosidade veio ao de cima.
Já fui ao Zimbórios.
Engraçado: abaixo do texto "A medida de um padre", com uma citação minúscula, está outro texto retirado do Confessionário, "A Morfina da Ti Maria" sem qualquer tipo de citação. Mas o que mais me indignou foi ter lido um comentário que dizia assim: "Abençoado seja por lhe levar conforto", e o autor do blogue pura e simplesmente não emendou a direcção deste comentário, assumindo-o como dirigido a si (pelo menos deixou-o passar). Parece-me abusivo.
Depois vem este senhor Jaime dizer que não disse que o texto "A medida do padre" tinha sido escrito pelo autor do Zimbórios quando, e cito, diz assim: "( A propósito de A Medida de um Padre, publicado em primeira mão em Zimbórios )". O que significa primeira mão?!... e depois recrimina quem dá conta do plágio como se estivessem com "subterfúgios". E insinua "o vosso blogue", o que me parece fazer com desdém.
Realmente, Zé Pedro, ele há cada um.
Padre, pode não fazer nada. Mas imagine que um dia alguém edita um texto seu como sendo seu autor? Hoje é num blogue; amanhã num livro. E pelos vistos nem há moral que resista porque o autor do Zimbórios é um padre.
Ele há cada um.
Ó senhor padre por que não coloca aqui no seu cantinho uma fotozinha da sua pessoa.
É que uma pessoa vem aqui fala fala mas não vê o rosto do senhor padre.
Estou certa que não será como com o Júlio Machado Vaz. Enquanto era o programa de rádio, Sexo dos Anjos, aquele homem parecia-me encantador aos meus ouvidos. Depois que apareceu na pantalha, perdeu todos os encantos. Ele há coisas assim.
Por exemplo o meu padre que sempre fez homilias soberbas, numa quase articulação perfeita da história com a teologia, agora anda numa de colar com cuspe situações prosaicas de infortúnios amorosos de jovens estudantes.
Assim não dá! É que a Teodora ficou a pensar "De que fala a criatura de Deus!" E como é Quaresma, época de reflexão, agarrei nos Exercícios Espirituais de Loyola e dei início a uma meditação profunda. Suspeito que já vejo luz!
É que nem a Teodora conseguiu ficar nostálgica!
Teodora:
O confessionário é simplesmente lindoooooooooooooooooooooooooo.
Imagine-o como sendo parecido com o Albano Jerónimo (actor).
Luísa
Para evitar manifestações azedas e juízos precipitados foram removidas as mensagens. Que pena as pessoas serem tão imediatas na condenação! Ainda bem que há Quaresma. Oxalá o azedume seja vencido pela caridade fraterna!
Luísa
Obrigadinha pela dica, mas eu não gosto muito desse género. É branquinho, olhinhos de fumitos e com ar de quem num ______ nem sai de cima. No fundo um pseudo galã.
Com o perdão do nosso padre!
ESCLARECIMENTO II
Nem sei porque me dou a este trabalho porque quando não se percebe ou não se quer perceber, que dizer!?
1 - Em Zimbórios, em defesa do Padre Nuno, cumpre-me dizer que o texto estava devidamente identificado e com o link que permitia chegar aqui;
2 - ( A propósito de A Medida de um Padre, publicado em primeira mão em Zimbórios ) isto quer dizer, tão só que o meu comentário foi publicado em primeira mão em Zimbórios, o meu comentário e não o texto em epígrafe;
3 - Se há quem se refugie num anonimato sem nome, eu assino com nome próprio, sem evasivas e dou a cara;
4 - A mim, se me publicassem um texto meu devidamente identificado como o fez o blogue Zimbórios identificando a fonte, sentir-me-ía lisongeado e não me indignaria com possezinhas que só assentam mal a quem se diz cristão e logo o é com toda a generosidade ou não o é de todo neste clubismo ou arrobo de capelinha que se torna, verdadeiramente, constrangedor;
5 - As ideias como tudo o mais, são para ser partilhadas e o que aqui se patenteia apenas confirma o que escrevi no meu primeiro comentário e, nomeadamente quando digo que a pior coisa no interior da Igreja como das grandes ou pequenas instituições são esses egoistas de Deus, de si próprios e egocêntricos que se julgam, inclusivé, mais deuses do que o Próprio Deus!
Disse
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009
AGORA, EM DEFESA DE CONFESSIONÁRIO DE UM PADRE
Depois de toda a polémica cumpre-me dizer em justiça, que fica muito bem ao blogue Confessionário de um Padre não ter suprimido nenhum dos meus comentários ou do próprio Padre Nuno o que, estou certo, abrirá pontes na partilha e no diálogo que se querem profícuos!
Bem haja
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009
OLá, amigos
Gostaria que esta situação um pouco constrangedora a vários níveis sobre o plágio ou não, a citação ou falta dela do Pe Nuno, que muito prezo, ficasse por aqui. Tudo está sanado no local devido.
Por mail, eu e o pe Nuno encetámos um diálogo amigo e esclarecedor. Relativamente à citação "A Morfina da Ti Maria" foi um pequeno lapso. O Pe Nuno pediu as devidas desculpas de forma correcta. Aliás, tb é lisongeador, como diz o Jaime, que alguém publique textos nossos (citados).
Não entendi (ou melhor, entendi, mas vou fazer de conta que não entendi) o que o Jaime queria dizer no ponto 4. Mas, como diria o outro: "tá-se bem".
De resto, aqui quer-se a paz e a liberdade: não uma paz fingida ou forjada, mas uma paz que resulte do bom entendimento e do chegar à luz da razão.
Um abraço amigo a todos e em especial ao Pe Nuno e ao Jaime, que são sempre bem vindos.
COFESSIONÁRIO DE UM PADRE
Caro Amigo,
Não releve o ponto quatro e, em todo o caso e uma vez mais, bem haja e o meu muito obrigado.
Da reflexão nasce a luz!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Março de 2009
Oh Teodora, quem desdenha quer comprar!!! Como estamos em Quaresma, aceite um abraço amigo e o perdão respectivo.
Ó pe. Nuno
Não tem que pedir desculpa.
Confesso que não gosto do género artista, gosto de pessoas mais simples; menos elaboradas.
E depois padre (julgo que é novo na casa?!) escrevo aqui muitas coisas e nem tudo é para levar a sério.
Já agora o sr. tem um bronzeado fantástico. É surfista?
"A casa não é minha" mas atrevo-me a dizer volte sempre.
Oi, Teo-dora! Estava só a meter-me consigo pois acha muita graça ao seu comentário. Não sou surfista mas nasci e vivi sempre junto á praia e por isso o mar é a minha grande paixão. Graças a Deus, neste momento tenho o privilégio de viver e trabalhar numa paróquia junto ao mar, na linha de Cascais. Talvez explique o meu lado africano... ehehe Na verdade, nasci em Angola.
Ó pe. do Confessionário
Só agora refleti no que disse anteriormente.
É claro que eu refiro-me ao actor. Quando li o nome nem sabia quem era. Consultei a net e descobri.
É que não o imagino assim.
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