quarta-feira, junho 04, 2008

Quem entrasse nos meus pensamentos, ouvia-me berrar

Tinha acabado de escutar uma senhora que ainda usa o véu, cumpre todos os preceitos e sabe todas as orações, mas que não conhece a verdade do amor de Deus. Segundo ela, o amor de Deus existe para se sentir, e não para que seja distribuído por quem não merece. O amor de Deus que eu conheço não é assim. E por mais que lhe explicasse que Jesus perdoou, inclusive, aos que o mataram, ela não quis saber. O senhor padre não percebe nada. Eles maltrataram-me. Perguntava-lhe sobre ela e ela respondia sobre os outros. Perguntava-lhe se no coração já os tinha perdoado e respondia-me que eles não eram bons. Perguntava-lhe se conseguia ter o coração disponível para eles e insistia que eles não eram bons. Informava-a que não precisava de confiar e ela dizia cruz credo. Mas que precisava de perdoar para se sentir bem consigo própria e repetia-me que eles é que não estavam bem. Tentava encontrar algo de bem nela que sobressaísse e a fizesse repensar a vida e ela persistia falando mal dos outros. Afirmei que o mal dos outros não devia fazer espelho em nós, mas ela repetia o palavreado. Ensinava-lhe que era mais fácil amar quem nos ama, mas que o cristão também ama quem nos magoa e ela virava a cara. Eu acrescentava e ela repetia. Acrescentava e ela repetia, até esbracejar por não me ouvir dizer o que desejava ouvir. E cansei. Cansei por ver nesta interminável conversa um coração cristão confundido. Cansei por rever nesta conversa milhares de corações cristãos confundidos. O senhor padre não sabe nada.
Por isso quem entrasse nos meus pensamentos, ouvia-me berrar. Um grito mudo, seco, que me fez cerrar os punhos por debaixo da casula antes de iniciar a eucaristia.
Porquê, meu Deus?! Porque é que as pessoas te confundem com as suas superstições?! Porque é que se dizem cristãos como forma de sossegar a consciência?! Porque não entendem a tua beleza?! Porque não te entendem?! Porque não amam como tu amas?! Porque não sabem perdoar?! Porque apontam o dedo umas às outras, esquecendo os seus próprios erros?! Porque é que juntam as mãos para rezar, mas não as juntam para amar?! Porque é que estendem a mão para receber, mas não a abrem para dar?! Porque é que a nossa forma de nos afirmarmos cristãos não nos faz melhores?

27 comentários:

Ab imo corde disse...

Ao ler esta postagem só me conseguia lembrar do evangelho da semana passada.Tanta gente a dizer "Senhor, Senhor"...tanta gente a bater no peito e a não lhe sentir a força de um verdadeiro cristão. Se não nos deixarmos conduzir pela mão do Pai na coerência da fé, que mais não é do que a adesão da própria vida a Cristo, onde está a prova que justifique o sermos cristãos? Se não houver prova, amar é uma palavra vã...Amar é o resumo de todos os mandamentos!
Tantas mais perguntas para além daquelas que colocou...é difícil, sim, senhor padre, fazer entender tudo isso, mas também creio ter feito o que estava ao seu alcance para chamar a senhora ao ideal de Jesus. Não é fácil perdoar, mas é possível. A dificuldade não está nas adversidades da vida nem nos erros dos outros, está nos sentimentos que deixamos crescer e cultivamos dentro de nós!

Beijinho sereno com coragem e paciência***

osátiro disse...

A essência do Cristianismo é o perdão!
Sem dúvida.
Mas é muito difícil, no dia a dia, na realidade da vida, perdoar.
E não me refiro sá aos crimes: ao ladrão, ao assassino, etc...
O problema maior é em relação a pessoas conhecidas.
Por isso, se vê, de vez em quando, "corte de relações", ainda que subtis--sob a forma de não ligar, "marimbar", "é para este lado que durmo melhor", borrifar.
todos nós já passamos por isto, creio eu.
Não quero atirar a primeira pedra a essa senhora: pelo que vejo no dia a dia, poucas pessoas-sejam católicas ou não- conseguem ter a humildade de perdoar.
Até porque a sociedade classifica logo de "bananas", nabos ou pior quem tem a nobreza, o carácter, a humildade, a grandeza de perdoar.

Luis Carlos disse...

Olá,

Entendo a tua incompreensão em relação à senhora, pois ela é resultado das catequeses que eram dadas às pessoas antes do Concílio Vaticano II, mas que ainda hoje muitos padres, bispos e até papas, continuam a fornecer às pessoas, teologias da Cristandade Ocidental e a missão abreviada, como aliás resultou nas alucinações aterrorizadoras daquelas crianças de Fátima, de infernos e más pessoas a serem consumidas pelo fogo.

Como o CVII continua ainda por se pôr em prática na Igreja, continua-se a encontrar estas pessoas com essa mentalidade de o mundo e as pessoas (menos elas) serem um vale de lágrimas em que se geme e se chora e há o ranger de dentes, como num inferno, de que é preciso rezar muito e bem pelos maus vulgo os pecadores para os livrar do fogo do inferno,.

Gritar para dentro, estavas a conter os teus sentimentos, estavas a perder as estribeiras, mas não quiseste mostrar isso, não entendes que essa senhora te veio ao caminho para te reveres a ti próprio, irritaste com ela, como ela se irritou com os que a maltrataram, os quais ela não perdoa.

«Os seus discípulos disseram-lhe: "Quem és tu que deves dizer-nos estas coisas a nós?"
"Não percebeis quem sou pelo que vos digo, mas tornastes-vos como judeus, que amam a árvore mas odeiam os frutos, ou amam os frutos mas odeiam as árvores.”» do Evangelho de Tomé, versículo 43.

Até já,
Luis Carlos

Anónimo disse...

Caro Pe.;

Não é só essa Senhora, que ainda usa o véu e até sabe as orações todas, que não conhece a verdadeira dimensão do PERDÃO.

Se de repente fizessem um questionário (anónimo), meramente p/ estatistica... certamente iriam reparar que muito há para ensinar, sobre o verdadeiro Amor de Deus, e, sobre o perdão.

Quando a dor é humanamente impossivel de perdoar... resta-nos apenas a nossa vontade, e, crêr que pela Divina Misericórdia, Deus N. Senhor nos conceda essa Graça (Dom do Perdão).

É um pedir ao PAI constante,orar sem fórmulas, abrindo o nosso coração Áquele que nos conhece, que sabe até onde vão as raizes da nossa mágoa... no fundo... é abandonar-mo-nos a esse AMOR de DEUS... para isso é preciso que alguém oriente a pessoa....

Quem sabe, talvez começar por questionar se quer realmente perdoar?

Afirmando sempre a verdadeira dificuldade, não adianta mentir... custa mesmo perdoar de forma integral... sim é dificil... sim não é de um dia para o outro...

Mas questionando sempre: - "Quer mesmo perdoar?"

Está nas Sagradas Escrituras, o quanto é importante o perdão...

Foi assim que um Pe. me orientou... rezou muitas vezes comigo... rezou muito por mim...e a Graça foi derramada, foi uma vida de mágoa que foi embora, como que levada por uma enxurrada... a lama foi.... ficou a cicatriz (sarada).

A história permanecerá, mas a dor, essa vai embora, jamais fará chorar!

Um bom antibiotico, é o perdão. Como todo o medicamento, deverá ser usado continuamente, na respectiva dosagem, para que as feridas do coração não ganhem gangrena... é lastimável vêr tantos corações amputados......


Kalos

Anónimo disse...

Caro Senhor Padre,

sou leitora assídua do seu blog o qual gosto muito e tiro algumas lições para o meu dia-a-dia. Sou Católica praticante, rezo (deveria rezar mais), vou à Missa e tento ajudar o próximo.

A verdade S. Padre, é quando aqueles que nos magoam são os nossos próprios Pais...que nos mandavam para a escola sem o pequeno-almoço, porque não tinham paciência de levantar-se mais cedo da cama, aqueles que discutiam e se batiam à frente dos filhos, que fingiam matar-se, qua saíam de casa com o irmão mais novo e desapareciam durante um dia inteiro...e atenção, eu não venho de uma Família destruturada com problemas de alcoolismo ou droga. Simplesmente os meus Pais, a meu ver, colocaram os sentimentos deles, mas nunca o "material" (porque tinhamos sempre do bom e do melhor) à frente dos Filhos.

Se estou a ser injusta? Sim, reconheço que sim, tentaram criar-me da melhor maneira...mas agora com 30 anos e eles com 60 continuam a "maltratar-nos" psicologicamente...continuam a discutir e a bater-se, à frente dos filhos, genros, noras e netos...

Agora não falam comigo, e o mais ridículo é que eu ainda vivo com eles, e sim, eles não me dirigem a palavra. Se eu me esforço para falar com eles? Sim, tentei uma vez, continuam a achar que têm razão, porque tiveram uma vida difícil no trabalho e em casa quando eram solteiros...perdoar? Infelizmente já não sei fazê-lo, o que é uma contradição pois atrás disse que era CATÓLICA E PRATICANTE.

Adoro os meus Pais e se eles me algum dia faltarem parte de mim vai com eles...mas então...porquê esta maneira estranha de mostrar o Amor.
Explique-me Sr. Padre, como Perdoar? :(
Cumprimentos,
J

Confessionário disse...

"Adoro os meus Pais e se eles me algum dia faltarem parte de mim vai com eles...mas então..."

J, quer-me parecer, assim à partida e sem certezas, que tu no fundo já lhes perdoaste. Parece-me inerente em ti esse amor para com quem te faz ou fez sofrer. Para perdoar o mais importante é o nosso sentir interior, a forma como nos situamos perante a pessoa. a disponibilidade do nosso coração para essa pessoa.

Uma coisa é perdoar e outra esquecer, fazer de conta que nada se passou.
Em tempos alguém me magoou de forma extraordinária. Ao outro dia estava ao seu lado com normalidade, porque no meu íntimo não quis ter qualquer tipo de ressentimento.
Mas nunca esqueci (por isso me recordo agora!) e sempre tenho algum receio em confiar nessa pessoa.
No entanto, amo-a, ajudo-a, estou a seu lado, porque estou em paz com ela... ou melhor, estou em paz comigo!

Não sei se expliquei. Talvez alguém expique melhor.
Beijinhos de força

Anónimo disse...

Na continuidade do que vem sendo dito, é DIFÍCIL perdoar, principalmente áqueles que fazem parte da nossa própria família, que nos maltratam, física e psicológicamente...

Se na nossa vida de adultos, apesar de Católicos e Praticantes, nos apercebemos que muito do que somos (ou não somos) foi alterado por abusos que sofremos, durante toda a nossa vida, pergunto como conseguiremos estar "(...)ao seu lado com normalidade, porque no meu íntimo não quis ter qualquer tipo de ressentimento."?

O ressentimento instala-se, atrás dele vem a raiva e o ódio, e o sofrimento, porque deveríamos ser capazes de perdoar, até porque o mal que sentimos é "um veneno que destinado ao outro, nos vai envenenando a nós, a cada dia que passa", até porque Cristo perdou a quem O matou e deixou-nos a esperança de uma vida nova, baseada no perdão...

Mas na nossa imagem e semelhança de Deus, somos apenas humanos, e este caminho para o perdão é por vezes demasiado árduo, além de que, em vez de perdoarmos apenas ao outros, teremos de ser também capazes de nos perdoar a nós mesmos...

Anónimo disse...

Caro Sr. Padre,

Perdoar não implica esquecer? Porque assim tornamo-nos pessoas rancorosas...e ao mínimo deslize lembramo-nos de tudo o que aconteceu e que acontece.
Obrigada pela sua resposta, pela sua força e carinho. Sinto-me um pouco mais aliviada e já não me considero, assim, tão má Cristã (apesar de ter de melhorar muito).
Obrigada pelo seu blog. Acredite que ele me tem ajudado muito.
Cumprimentos,
J

joaquim disse...

Tenho para mim, que um dos problemas que se coloca na falta de perdão, ou melhor “no perdoar”, tem a ver precisamente com a concepção, a meu ver errada, de que «perdoar é esquecer».
Perdoar não é esquecer!
Deus deu-nos uma memória e nós não a podemos “apagar”, podemos sim, por acto da nossa vontade e por graça de Deus, dispormo-nos ao perdão, abrirmo-nos à vontade de perdoar.
Se quisermos verdadeiramente perdoar e formos aceitando e construindo esse caminho, mais tarde ou mais cedo a recordação do acto que nos magoou, não passará disso mesmo, um acto que nos magoou, mas já não magoa.
É também muito importante colocarmo-nos perante os nossos erros, ou seja, as ofensas que já fizemos a outrem, para podermos perceber que não somos assim tão diferentes e para percebermos que também nós desejámos ser perdoados.
Da minha experiência pessoal, e corroborando o que alguns autores escrevem sobre o assunto, para além obviamente da Doutrina, o rezar por aqueles que nos ofendem é sempre uma fonte de graça, que nos leva a perdoar, que nos leva à paz e à certeza de que o Senhor do infinito perdão está sempre connosco.
Se nos lembrarmos do Pai Nosso, «perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos», podemos perceber, (não como “moeda” de troca), que o nosso perdão às ofensas que nos fazem faz parte integrante do perdão de Deus a nós próprios, embora o Seu perdão vá muito mais para além da nossa humanidade.
Muito mais há por dizer, mas o espaço é dado a todos…
Abraço amigo em Cristo

Alma peregrina disse...

É de facto, extremamente lamentável...

Há pessoas que abusam dos preceitos da Lei, para poderem viver uma vida sem Amor (como os fariseus).

E há também aqueles que utilizam o Amor e a Misericórdia de Deus (invocando más interpretações dos concílios) para viverem uma vida sem Amor.

Ambos cometem o mesmo erro... ambos julgam que obtêm a Salvação ignorando selectivamente as partes da doutrina que lhes são particularmente adversas. Ambos pensam que podem atingir o Céu sem se despojarem deles próprios, sem se deixarem transformar por Deus. Ambos pretendem prosseguir as suas vidas intocáveis, enquanto batem no peito e clamam: "Eu é que conheço o verdadeiro Deus"

Se eles apagam partes substanciais dos evangelhos, ou substituem os evangelhos por outros que não têm qualquer valor, como podem conhecer a Boa Nova?
Se eles continuam vivendo como traçam os seus próprios desígnios, se divinizam as suas próprias opiniões (e, por extensão, se divinizam a si próprios), como podem conhecer algo que seja exterior a eles próprios?
Se não se deixam transformar por Deus, até comungarem n'Ele (e uma vez que Deus é Amor) como podem eles saber o que é Amor?

A esses, cuja única diferença é o contexto temporal em que estão imersos, cuja única dissemelhança é o mainstream ao qual eles vão beber (ficando depois demasiado saciados para escutar a Palavra)...
a esses, bastam dois versículos da Bíblia que falarão mais eloquentemente do que eu:

"Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade (Amor), porque toda a lei se encerra num só preceito: Amarás o teu próximo como a ti mesmo"
Gal 5:13-14

Fata Morgana disse...

Eu acho que perdoar não implica esquecer. Até acho que, se esquecermos, o perdão tem menos valor, porque já não está em nós a marca do que nos foi mágoa; ao passo que, sem o esquecimento, sabemos muito bem que perdoámos de verdade aquilo que eventualmente vai doer-nos ainda muito tempo... ou para sempre.

Não me lembro de alguma vez deixar de perdoar, fosse o que fosse, ou quem fosse. Mas não esqueço. A memória que guardo não é um ficar de "pé-atrás" ou um estar "na retranca", é apenas um conhecimento que fica em mim. Aquela pessoa é a mesma que era antes de me magoar. Ela é assim, e eu gostava dela antes de saber que ela podia fazer aquilo que me magoou e continuo a gostar... ou não. Mas se for uma coisa que me impeça de continuar a gostar da pessoa, não passo a detestá-la ou a querer-lhe mal, penso que me enganei a avaliar, que também eu tenho culpa - não acredito em culpa só de um lado.

Tenho muita pena de não ter muitas qualidades como esta, de perdoar sempre. Mas não tenho.


Fata Morgana

Alma peregrina disse...

Cara J.

Pense nestes termos: Quando alguém lhe faz Bem, você esquece?

Se não, por que haveria você de esquecer o Mal que alguém lhe faz?

Independentemente do valor moral que é atribuído a uma acção de alguém em relação a si, você não pode esquecer. Você tem memória. E as experiências passadas fazem parte da forma como você percepciona uma pessoa/objecto. Faz parte do nosso funcionamento psicológico básico e normal. É através da memória que nós podemos definir uma imagem interior de uma dada pessoa/objecto e responder de forma aproriada às circunstâncias que dele advêm...




Agora diga-me: se uma pessoa que lhe faz Bem lhe pedir ajuda, você ajuda-a tendo como única motivação o Bem que ela lhe fez?

Espero bem que não, porque isso significaria que você teria uma visão utilitária do Bem. Eu faço Bem porque fulano me fez Bem. Eu faço Bem para receber Bem.

Ou seja, os seus actos devem ser independentes dos actos do terceiro a quem eles são dirigidos. Você não faz Bem por causa do que outro fez, você faz Bem por si própria, pelo Amor que tem pelo outro.

Ora se os seus actos são independentes dos actos do terceiro, então, obviamente, você deverá fazer Bem também a quem lhe fez Mal.

Você deverá fazer sempre Bem. Ponto final. E deverá fazer Bem numa perspectiva de Amor. Ou seja, numa visão não-utilitarista. Se você fizer Bem a quem lhe fez Mal (praticando esse Bem tendo como única motivação o Amor) isso é Perdão.




Espero ter-me feito entender...

De resto, quanto à questão "Como perdoar?", não posso responder. Essa resposta apenas pode ser encontrada no próprio coração da J., porque apenas você conhece a sua consciência e a sua situação. Sugiro que siga a sugestão do Joaquim e reze. Reze pelos seus pais. Mas tenha em atenção que eles apenas mudarão o coração deles se eles próprios aceitarem a graça dessa oração no exercício do livre arbítrio deles. Nesse sentido, será mais proveitoso não rezar para que eles mudem, mas rezar para que você própria mude.

Espero ter ajudado alguma coisa.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Com o devido carinho que a anónima das 8H26 merece, permita-me a partilha Estimado Pe. C.;

A nossa dor aumenta, quanto maior é a nossa proximidade com quem nos magoa.

A familia magoa mais do que os amigos, os pais magoam mais do que a restante familia....

Não há formulas milagrosas, apenas muita entrega á Divina Misericórdia, abandono até á mesma... mas é algo constante, diário...

Depois do perdão concedido, fica a nossa história (sempre), mas não dói mais falar sobre o assunto, não nos faz chorar, nem perguntar porquê?

Um exemplo: Uma ostra, corpo frágil escondido numa concha dura. No entanto; quando o seu corpo frágil é atingido por uma pequena impureza (areia), ela começa a fabricar uma substância (nácar)que irá protegê-la, quanto maior for a impureza, mais nácar ela produzirá... no fim... extrai-se uma bela pérola da ostra!

Com as mágoas passa-se o mesmo. Perdoar sempre!!!!!!!!!!
Enquanto perdoa, está a produzir o "seu nácar".
Esquecer jamais (vai querer perder a sua pérola?), é a sua história, a sua estrutura firme, bem assente em solo fértil (porque não tem ervas daninhas).

Quantas mais mágoas perdoadas, mais pérolas terá para apresentar ao PAI, no dia do encontro.

Os outros que irão dizer-lhe. "como consegues? Não entendo como continuas a falar-lhe?"

Esses nunca entenderão... sabe porquê? Porque você estará a ser rosto de Cristo (Rosto cuspido, maltratado, batido... e que tudo perdoou e continua a perdoar).

O rosto de Cristo, dificilmente será reconhecido pelos outros humanos... apenas alguns o notarão.

Ninguém falou aqui que era fácil!

Entendeu?

Faça um "belo colar de pérolas", e, seja feliz em Cristo!

Kalos

sofia disse...

Senhor Padre, tenho passado por cá, embora de forma discreta, sem me pronunciar. No entanto é mais por falta de disponibilidade e de arte (para escrever) que não o faço, pois gosto muito dos textos que aqui publica, por essa razão, convido-o a, se tiver tempo, é claro, passar pelo meu blog: http://www.viacristo.blogspot.com/,pois tem lá uns presentes para si.
Um abraço

Sofia

Anónimo disse...

Obrigada a todos pelo carinho das respostas! :)
E sim, tento "fazer o bem, sem olhar a quem" e isso deixa-me mais descansada. Que Deus esteja convosco. :)
J

Jorge Oliveira disse...

É amigo padre,
O véu dela (e nosso) está sobre o coração.

Abraço

osátiro disse...

Tinha que aparecer um "progressista" armado em bom e a meter as crianças de Fátima ao barulho.
Ora o que se vê( e começo pelos mues pais de + de 80 anos), é que os católicos de idade t~em mais facilidade em perdoar, no dia a dia, nos casos concretos da realidade da vida, do que a malta nova.
E isso é que conta.
provavelmente Mr. LC na sua vida diária não será um exemplo de perdão constante, mas vem para aqui dar lições de sabichão, disposto a perdoar tudo, desde as bocas por ser católico( muito frequentes neste mundo ateu)-se é que as ouve(eu ouço muitas), até ao vernáculo do trânsito, etc.
Nestes pormenores é que se vê o perdão católico, porque é mais difícil do que se imagina.
Felizmente, a grande maioria dos católicos portugueses ( e do mundo) acredita em Fátima e não olha o Vaticano II como uma tábua rasa sobre o Cristianismo, mas como uma reafirmação da boa nova trazida por Cristo.

abelhinha disse...

Por vezes é assim, não nos lembramos, que quando temos um dedo apontado ao outro, temos três apontados para nós...
Gostei de andar por aqui e já te bloguei.
Bjo

Lisa's mau feitio disse...

Padre tão querido!!
Que saudades de aqui parar com aquela calma necessária para a leitura da forma que me merece.

Perdoar...

Perdoar, perdoa-se... Mas e depois? Quem nos faz mal, continua. Quem não perdoa, persegue-nos... Até que o nosso mesmo perdão se transforma em "causa".

Há uma citação, não me lembro de quem, mas que quando a li, não me saiu mais da cabeça: "As coisas não se esquecem. Superam-se."

Antes do perdão, não terá de vir antes esta virtude pessoal do saber seguir em frente de sorriso em riste, sem olhar para trás com rancor?

Ou não será esta forma de entender a vida uma forma de puro e verdadeiro perdão nos dias obscuros que nos passam pela mão?

"As coisas não se esquecem. Superam-se."

Nunca mais me esqueci disto...

Beijinhos enormes para si, para o Kephas e para o Kalos

Lisa

Possato Jr. disse...

Ó eu indo na contramão de novo...

Uma atitude tão intransigente assim não me parece ser somente fruto de uma falsa imagem de Deus!

Claro... Eu não conheço aquela senhora, nem os detalhes da conversa entre vocês...

Mas sei que também a Bíblia tem um livro chamado Lamentações, onde o povo chega a colocar a culpa em Deus por seu sofrimento! E tem um salmo que pede a Deus para esmagar a cabeça das crianças dos povos inimigos contra as rochas!

Tanta revolta assim só pode ser fruto de grandes injustiças!

Desculpe, padre... Mas apenas pelo teu texto não posso dizer que a senhora seja idólatra (cultue uma falsa imagem de Deus)! Pode ser uma situação momentânea, causada por muita dor!

Em todo caso, o que vejo é uma pessoa precisando de ajuda (um toque, um carinho, um ouvido, ou mesmo um chacoalhão)! Por isso não posso concordar com tantos comentários de seus visitantes apedrejando quem precisa, no mínimo, de oração!

Paz & Bem!!!

Zé Luiz.

Unknown disse...

o ultimo paragrafo deste post conem perguntas k eu faço tds os dias..ainda ontem.....o padre aki da paroquia omitiu o credo na missa....acho k se esqueceu ou nao sei...enfim, a tarde era um «falatorio» (tipico de aldeia) acerca de ele n ter rezado o credo......mas s eu perguntasse alguma daquelas pessoas o k falavam as leituras d domingo, acredito k nenhuma me saberia dizer...ela apenas reparam nos erros, nas falhas....errar e humano, mas elas n percebem...e esquecem se de ouvir o essencial, que é a palavra de Deus....

Maria João disse...

É verdade... Infelizmente ainda existe muito esta fé individual. Ainda não se percebe ou não se sabe que Jesus prefere a misericórdia ao sacrifício...

beijos em Cristo e Maria

The Pescador disse...

Egocentrismo ao invés de Cristocentrismo vejo ser uma boa explicação.

"Disse-lhe Jesus: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.'" João 14:6

Deus abençoe
www.thepescador.blogspot.com

Anónimo disse...

Caro Confessionário,

Concordo em tudo o que a Lisa's Mau Feitio escreveu. Recentemente tive que falar tb com o Padre da minha paróquia sobre um assunto muito delicado. Pedi-lhe ajuda. Infelizmente, creio que ele, apesar de ser mto boa pessoa, não entendeu a minha mensagem. Quem passa por certas situações muito humilhantes, acaba por perder a confiança nas pessoas, principalmente quando se tinha confiança em algumas delas...Bem que eu pedi para termos uma conversa (com essas pessoas) para esclarecer a situação...mas nada. Deve ter havido falha na comunicação!!! Por vezes, ao tentar resolver uma situação já por si complicda, acabou-se ainda por complicar ainda mais. Que Deus nos dê paciência e compaixão nestes momentos.

Um abraço em Cristo

Anónimo disse...

Caro padre! Como pode se perdoar a alguém que teve a coragem de me trair? Dois cristãos praticantes! Com grande cumplicidade!Sentimentos profundos!
Hoje o resultado foi,n me dirigir uma única palavra eu morri para ele, existe apenas ódio no seu coração. Pergunto: onde existe o perdão?

CrisR disse...

E quando a falata de perdão é a nós próprios? Quando sentimos que já derramamos aos pés de Deus todo o nosso arrependimento pelos erros trerriveis da nossa vida, e sabesmos que Ele nos perdoou. Mas e se nós não nos perdoamos? É uma angustia que mata e corroi por dentro.

Z disse...

Amei... amei...