sábado, junho 03, 2023

o padre tem de ser um homem de relação

A fé define-se como uma relação com Deus através de Cristo com a força do Espírito Santo, mesmo num mundo de frágeis relações e de redes virtuais. A fé vive-se no encontro e na relação. Por isso o padre tem de ser um homem de relação. E é paradoxal, por um lado, porque os padres trabalham cada vez mais sozinhos e, por outro, não estão a ser formados em relações. Têm vários anos de formação no seminário, fazem cursos de teologia e de pastoral, mas falta-lhes a formação das relações. O risco é tornamo-nos homens de relações, mas que vivem a relacionalidade de forma muito solitária e autorreferencial. Às vezes, de forma desequilibrada. Fala-se muito de sinodalidade e de comunhão, elaboram-se muitos documentos a falar disto, mas depois, na prática, os padres estão cada vez mais isolados e ensimesmados.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "O padre que morava sozinho"

6 comentários:

Anónimo disse...

Em breve depois do sinodal, só ficará sozinho por opção.

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Mas isso não passará também pelo acolhimento antes e depois das missas em que os senhores padres vêm para a rua falar com os paroquianos?
Depois há as reuniões, orações, palestras, em que intervêm, mas deve ter razão, porque só isto não bastará.
A formação é essencial, sim!
Ailime

Anónimo disse...

Aqui no Brasil é muito comum os padres "adotarem" como suas, famílias de paroquianos. E isso é bom para ambos lados, tanto quanto providencial, pois todos compreendemos o quanto é saudável sentir o conforto na alma resultante de uma acolhida sincera e duradoura, traduzida numa amizade.
Atualmente, porém, há uma dinâmica diferente nas nossas dioceses, a qual regulamenta a permanência dos padres numa Comunidade, por um tempo pré determinado muito menor do que em tempos passados. Quando são padres diocesanos, no máximo 6 anos e quando religiosos, normalmente 4 anos.
Essa é uma questão que tem causado muita discussão, atualmente, entre os leigos de nossas Comunidades Religiosas. Uma discussão que compromete todas as vertentes relacionais e seus impactos, que são muitos e infelizmente, a maioria, significativamente negativos.

Confessionário disse...

13 junho, 2023 23:43
é muito interessante essa prática, mas não deve ser muito generalizada, ou é?
Gostava de a conhecer melhor. Podes dar-nos mais pormenores de como funciona?
bem haja

Anónimo disse...

Sr Padre, quanto aos períodos que hoje um sacerdote se dedica à sua igreja/comunidade, aqui no Brasil, o código 522 do Direito Canônico fala em período "indeterminado", ao mesmo tempo porém, que o próprio Direito Canônico sugere a permanência de 6 anos.
Mas o Conselho Episcopal (constituido pelo Bispo da Diocese) é que realmente tem determinado tal permanência, mediante decreto.
Não queiras saber o misto de sentimentos que isso tudo tem causado, principalmente na minha diocese (uma das tantas nesse grande Estado Brasileiro, chamado São Paulo).
Muitos padres mal completam um ano ou às vezes, sequer dois de trabalho numa comunidade e são "remanejados".
Estamos todos a viver tempos difíceis por aqui. Sofre a comunidade/paróquia com a descontinuidade de trabalhos pastorais, sofre o padre por não concluir seus projetos e viver de recomeços. Vale lembrar que este sacerdote estará a chegar sempre numa nova comunidade em que o povo, fatalmente estará farto de tudo isso e sempre muito saudoso do padre que saiu.
No último ano, inclusive, por conta de tudo isso, tivemos que presenciar a desistência vocacional de importantes padres.
Imaginas como anda por aqui, a fé do leigo, na igreja?
Isso, porque somos um povo dedicado ao crescimento do catolicismo em nosso país, acostumados à igrejas católicas lotadas e também somos muito participativos nos trabalhos comunitários e na vida dos nossos sacerdotes.
Por ser nova esta dinâmica, os fiéis se dão ao direito de compará-la aos tempos atrás e infelizmente, ficarem cheios de dúvidas.

Um forte abraço para o senhor.
Paz e Bem e..
... Salve Maria Imaculada♡

Confessionário disse...

18 junho, 2023 13:20
Grato pela explicação e partilha