terça-feira, maio 17, 2022

Boa tarde, meus andores e minhas andoras

igrejas cheias...
A igreja engalanara-se para a festa. Estava engalanada por todos os cantos e buracos. Mal se lá cabia. Passados dois anos sem festa por causa da pandemia, a vontade avolumara-se. Os cuidados sanitários e a segurança passaram para segundo ou terceiro plano. Ainda sugeri aos mordomos que colocassem os andores, com as respectivas imagens, na rua, junto à Igreja, de modo que a assembleia coubesse em segurança e distância. Mas qual quê! Os santinhos é que tinham de estar na Igreja, que é lá o lugar deles. No meio das flores e dos andores, para serem admirados. A festa é deles. Nem que se limitasse o número de pessoas na missa! Onde já se viu os andores na rua? Perguntou uma senhora mais atrevida, com ar de afirmação. E tinha razão. Os andores não é para andarem na rua, não senhora. Onde é que já se viu! Claro que eu também não fiz disto um cavalo de batalha. A maturidade vai-nos ensinando pelo que vale a pena lutar. E assim lá estávamos nós na Igreja engalanada por todo o lado. Pessoas de um lado e andores do outro. Metade metade. Muita gente na rua. A maioria com vontade de estar na rua. A missa começou com o habitual acolhimento. E o simpático do senhor padre começou por cumprimentar os presentes. Boa tarde, meus senhores e minhas senhoras. Boa tarde, meus andores e minhas andoras... 

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO:  "santinhos e missinhas"

7 comentários:

Anónimo disse...

... que fartote de rir!
Ó padre, que malandreco!

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Deixou-me a sorrir rsssss.
As suas paróquias são muito peculiares.
Até é engraçado pregar para os santinhos!
Continuação de boa semana.
Ailime

Anónimo disse...

E que tal andores e andorinhas? Os paroquianos estão a cuidar que os santos não se constipem😀!

Anónimo disse...

Bom dia! Gostei. Terminou da melhor forma. Parabéns!(Também oiço a Comercial.) MAC

Anónimo disse...

Muito divertido. É sempre bom ter alguém por perto que nos diverte. Bem haja. Aposto que os seus paroquianos também se divertem muito. Algo me preocupa, porém. Com esse espírito crítico tão propenso à gargalhada não se eximiram os seus paroquianos à devida orientação espiritual. Matéria para reflexão.

Outro assunto. A pandemia veio para ficar. Paroquia em versão «telescola»? Se sim, bem que podia disponibilizar o endereço (pois bem, mudanças tão significativas impõem maior ousadia.

Na minha paroquia as cadeiras são mais madernas, tão modernas que nem tem costas.

É sempre um prazer dialogar com o senhor padre X.

Bjs

JS disse...

Festas e procissões são uma fonte de eterna consumição nas paróquias.

É claro que a relatada proposição do padre faz muito sentido. Mas também é certo que alguns padres não conseguem ser sensíveis (demasiada teologia?) ao sentimento dos populares contrariados, nem conseguem vislumbrar que há razões para os andores estarem dentro da igreja, e que há um simbolismo na sua saída e recolha.

Por outro lado, penso que a maturidade levará também a entender que algumas mudanças exigem preparação e argumentação, e devem ser pensadas mais a médio prazo. Ir já falando com a comissão de festas do próximo ano, estudar o lugar onde os andores poderão ficar, com dignidade e protegidos dos elementos (uma coisa que o pessoal teme é o sol ou o vento danificarem os arranjos florais), mandar fazer uns cavaletes para suporte, apelar à vaidade à conta da maior visibilidade...
Ou então, rever a celebração: pensar numa missa campal, ou passar para a oração do terço transmitida para o exterior, ou até reduzir ao mínimo, no caso do desinteresse ser gritante.

Confessionário disse...

JS,
... uma consumição que tento não alimentar mais... digo, ensino, proponho, e depois largo e alargo-me para sorrir ou rir sem me desgastar.
Rezo por eles.