sexta-feira, fevereiro 11, 2022

pedras [poema 345]

as pedras doem nos sapatos e alargam-nos 
fazem ali a calçada para os passantes 

e os que passam não dão conta 
que as pedras doem por dentro 
sem o dizer, na calçada 
da vida, à noite são mais pedras 
a doer

6 comentários:

Anónimo disse...

Injustiças, ingratidão, tempestades da vida... que provocam dores... pedras que apertam e fazem doer. O que se tira de positivo... ajuda a crescer.

Zilda disse...

...a noite são muitas perdas a doer..

Anónimo disse...

Ó confessionário, acho intrigante o modo como tu vês as pedras: ora como dores que pesam (algo que magoa), ora como escadas (algo que constrói)!

Anónimo disse...

Brilharete

Tão pequeninos, alto voam
São os aviões
Aonde os olhos pousam
E se neles se desenham
O sonho escondem
Onde voam os aviões
Lastros brancos, alvos laços
Neles vão
Outros ficam
Indo agora para lá deles


Ps. Estou a começar a minha incursão no campo da poesia. Gostava muito de pedir a opinião do senhor padre na matéria. Já agora, por gentileza, podia ensinar a rimar? Muito grata.

Confessionário disse...

12 fevereiro, 2022 01:05
Não se ensina a rimar. A rima existe dentro do poeta. Por isso ele nem sempre rima.
A diferença entre os que tentam ser poetas e os que o são - na minha humilde opinião - é que tanto a métrica, como o ritmo das palavras, como a eventual rima, surgem de dentro, só com o esforço de se escrever...
mas, como não faço parte desse número, inclino-me diante da poesia como um todo!

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Belíssimo poema.
Tantas são as pedras, tantas são as dores que ninguém vê.
Bom fim de semana.
Ailime