E ela falava abertamente como se fosse a mais culta no assunto. Pois, sim senhor, eu casei-me numa missa sem missa. Que a diferença é ser muito mais curta e não fazer os convidados aguentar tanto tempo na missa. Só não tem a parte da comunhão e do ofertório. Txaraaaaaaaaaan! Disse, como se tivesse destapado a mais curiosa verdade que a Igreja permite. Quer dizer, pelo menos nalguns lados, dizia. Assim como a possibilidade de casar sem estar baptizado. Que isso dependia de padre para padre. Pois ela casou com um não baptizado. Bem vistas as coisas, a Igreja até está mais moderna do que alguns pensam, dizia. E dizia e dizia, e dizia mais coisas como se tivesse tirado um curso de sacramentologia. O que ela não sabia é que a missa sem missa, a que ela se referia, não era uma missa. Era uma celebração da Palavra. E que a grande diferença entre a primeira e a segunda, é que esta última não tem o momento da consagração. Na verdade até pode ter distribuição da comunhão. E também não sabia que já há muitos, mas muitos anos, a Igreja prevê a possibilidade de casamentos mistos ou com disparidade de culto. Ela casou como se a Igreja fosse uma boutique ou um híper-mercado, isso é que foi.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Casamentos sem missa"
5 comentários:
Gostei do sacramentologia, ficou top.
Existem muitas pessoas assim, mas o que mais me chateia são os jornalista de "meia tigela" que falam das coisas da Igreja sem se prepararem convenientemente e dizem cada barbaridade!!!!
Isto é o cúmulo da ignorância. Não distingue Missa de uma Celebração da Palavra e, decerto que lhe foi dito que se tratava de um casamento misto. Acho que a pessoa em causa estava no mesmo nível do companheiro não batizado. Casar na Igreja oara que? Somente porque é mais bonito para a fotografia.
Boa noite Senhor Padre,
É muito triste esse tipo de afirmações, brincando com coisas muito sérias.
Casar na missa, sem missa é algo grave quando dito com essa leviandade, ou melhor com tanta ignorância.
Neste caso será um casamento na Igreja por tradição, sem o mínimo de sensibilidade religiosa.
Desejo-lhe uma boa semana.
Ailime
"O que ela não sabia é que a missa sem missa, a que ela se referia, não era uma missa. Era uma celebração da Palavra."
Se bem que eu compreenda o que queres dizer, Confessionário, pode ser que valha a pena um esclarecimento. Para se ser correcto, não se tratou de uma celebração da Palavra mas sim da celebração do sacramento do Matrimónio "fora da Missa", isto é, sem incluir-se na celebração do sacramento da Eucaristia, como habitualmente acontecia (e talvez ainda aconteça)
Embora a liturgia da Palavra seja communmente associada pelas pessoas à Missa, o facto é que ela é parte integrante e indispensável também dos outros sacramentos e sacramentais. E daí a possibilidade de confusão.
Por outro lado, se é certo que a graça específica de um determinado sacramento seja plenificada quando associada à fracção do pão, também é verdade que a celebração por si só do sacramento é válida e legítima, e em diversas circunstâncias pastorais aconselhável mesmo.
Infelizmente, não costuma ser fácil para as pessoas entender esta diferença de modos de celebração, muitas delas ainda presas ao pressuposto de que todas as coisas têm de ter missa para valerem aos olhos de Deus. O argumento decisivo acaba bastas vezes por ser o mais pragmático: sem missa, a cerimónia será na mesma bonita mas mais curta. Aí, todos ficam contentes (e o padre também).
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