segunda-feira, novembro 04, 2019

Ser santo é caminhar na santidade

A propósito do dia de todos os santos e do halloween, um jovem disse-me que gostava mais do halloween porque, ao menos, divertia-se. Com o dia de todos os santos, nem sabia o que fazia. Aliás, o que era ser santo? Como se torna uma pessoa santa? Dizia-me que as estátuas dos santos nas igrejas eram, para ele, apenas arte sacra. Na verdade, o João, chamemos-lhe assim, não fazia parte do grupo dos que, em vésperas do feriado de Todos os Santos, andara pelas ruas a fazer estragos, vestido de bruxa ou de monstro. Apenas se questionava sobre as coisas. Também tinha pouca fé. Sei lá. Tinha assim uma curiosidade por Deus e pelo sacro. Entendia que a vida deveria ter algo mais por detrás. Mas não sabia de que se tratava. Contudo, havia coisas na Igreja que o afastavam. E uma delas era esta coisa da santidade. Porque não lhe parecia coisa para ele. Era mais para anjos e certinhos. 
O João tem razão. Nós, os que temos alguma responsabilidade na Igreja, apresentamos quase tudo de uma forma muito dogmática. Uma forma que não é fácil de entender nem de levar à vida. Depois, fazemos da santidade algo de extraordinário, fruto de uma condição superior ou um heroísmo. Mesmo sem querer, damos exemplos de santos como se fossem eleitos, sem fragilidades e defeitos. Damos exemplos de vidas de santos como se fossem vidas perfeitas. Assim é impossível perceber que a santidade seja a forma de se ser verdadeiramente cristão. Confundimos e levamos outros a confundir a santidade com a perfeição. Um santo é apenas aquele que procura a felicidade em Deus, que busca o sentido da vida no Bem Maior, que procura configurar-se, tanto quanto possível, a Cristo e ao seu Evangelho. Um santo é um buscador constante de Deus. Um santo é apenas aquele que caminha na santidade.

7 comentários:

Cisfranco disse...

Penso que o que falta a muitos pregadores é uma verdadeira paixão pelo Mestre de modo a galvanizarem os seus ouvintes. Tal como aconteceu no princípio com os apóstolos após aquela "Força" que lhe veio do alto: a partir daí deram testemunho d'Ele no ambiente mais adverso. Claro que para ser pregador-galvanizador é necessário ter qualidades e boa preparação, mas sem essa paixão-identificação com o Mestre, a coisa não resulta. Complica-se a religião com muita coisa, desviando do seu centro que é Ele, o Cristo que ensinou e passou fazendo o bem e que finalmente selou e autenticou tudo quanto disse e fez com a Sua morte e ressurreição. Este é o núcleo do cristianismo.

Confessionário disse...

Inteiramente de acordo, Cisfranco

Ailime disse...

Boa noite Sr. Padre,
«Um santo é um buscador constante de Deus. Um santo é apenas aquele que caminha na santidade.»
Assim creio.
O problema, Sr. Padre, e com o devido respeito pela forma tão clara como explana aqui as suas ideias, que muito aprecio, sabe que há Colegas seus que não são tão explícitos nas homilias, principalmente dirigidas aos jovens. E vê-se a quantidade deles que saem dos Grupos e da Igreja depois das catequeses.
Penso que, se calhar, o problema da Igreja é a comunicação. A forma de comunicar.
Ailime

Confessionário disse...

Sim, Ailime, é também um pouco a isso que me refiro. Não que eu seja exemplo para ninguém. Mas acho que nos gastamos muito a dizer coisas para o ar em vez de ser para as pessoas.

Anónimo disse...

Muitos exemplos de servir a Deus, servindo ao próximo. Há meios sermos, santos sem que não percebemos. Cada a cada atitude direcionado ao bem comum.

Anónimo disse...

É urgente que a Igreja se convença de que é essencial MUDAR a sua linguagem. Tanto na doutrina formulada, como nas orações explícitas. É mesmo uma questão de vida ou de morte (humanamente falando, claro.) Continuamos cheios de medievalismos. Os conceitos da fé têm que ser expressos, neste nosso tempo, considerando capazmente a vivência aberta pelas modernas ciências sociais.

Anónimo disse...

Nós, os cristãos que conhece Deus, já vivemos e andamos pela fé.