Está mais que provado que hoje as pessoas pouco querem com Deus, com a Igreja, com os padres ou com a fé. Contudo, persistem em querer realizar as festas do baptismo, primeira comunhão e Crisma. Sobretudo estas. Dizem que, tendo-as feito, fizeram “tudo”, como se esse tudo fosse a garantia de serem cristãos. Segundo estes, quem vai à missa são as beatas. E quando algum jovem vai à missa, é apontado como anjinho, santinho ou parecido. Não está na moda ir à missa. A Catequese serve, na generalidade, para que se habilitem as crianças e jovens e fazer estas festas. É comum ouvir pais afirmarem que, porque eles fizeram tudo, também querem que os filhos façam tudo. O tal “tudo”. É comum que, embora honestamente, alguns dos catequisandos respondam que o objectivo deles ao participar na Catequese, é poder fazer o Crisma. Depois dele, como se sabe, já não querem nada com Deus, ser do qual foram questionando a existência, mas não o expressaram para evitar não fazer o Crisma. Depois vêm os funerais e as festas populares, acções que manifestam, de forma clara, que a Igreja tem servido, quase exclusivamente, para cumprir sacramentos, sacramentais e festas religiosas populares. E a nós, padres, pedem-nos que sejamos funcionários destas coisas todas. Aquele tipo de empregado que deve estar ali no território que chamamos paróquia, para quando se precisa de alguma destas coisas. Nem formação, nem evangelização, nem entusiasmos, nem dinamismos ou estratégias, têm conseguido inverter a situação. Bem reflectem os peritos pastorais, mas a coisa teima em ser difícil. No meio disto tudo, valha-nos ao menos que, graças a Deus, ainda vai havendo quem não desista de Deus ou da Igreja e precise verdadeiramente da missão dos padres. Ainda assim, como podem resistir as vocações sacerdotais ou como podem surgir vocações ao sacerdócio?
14 comentários:
esta reflexão tem muita dor e indignação
como isto é verdade
já a muito tempo ..as pessoas querem um Padre para festas .......as festas de baptismo e catequese é fantochada para as fotografias ......o casamento ..etc é mais pomposo ..a entrada na igreja...Mas no funeral é que aí porca torce o rabo.........se o Padre não está disponível...e a missa 7º dia´aí Sr tinha que ser uma missa sozinha para a minha pessoa............que as tantas nem ia á igreja...Mas as vezes é o Sr Dr...........lá do sitio ......e o Padre vai porque também fica bem .........é duro mas tudo isto é a realidade.............eu tenho muita pena..........
Vai te mundo cada vez mais sem jeito .. abraço amigo
Quanto desânimo na sua reflexão, Sr. Padre! E o mais caricato é que escolhe um ambiente manifestamente festivo, de animação sacramental e popular, para exprimir a radicalidade do seu actual sentir, que oscila entre tudo ou nada. Ora, quem tudo quer, tudo perde e quem não nada… bóia. É Deus, e em mais ninguém, que devemos encontrar a nossa bóia de salvação. Mas é claro que e preciso alguma intermediação, alguém que explique, abra os olhos, aponte, oriente e faça brilhar a luzinha interior com que o Senhor nos dotou a todos, para que não nos percamos no caminho. Infelizmente os padres com quem eu tenho contactado são – e, sinceramente não imagina quanto me custa dizer isto - muito fraquinhos, lamurientos, desalentados com a vida e em permanentes crises de vocação. Já as freiras que tive a sorte de conhecer, mostram outro dinamismo e alegria. É nelas que resistem as vocações, quer-me parecer, mas quem melhor saiba que ajuíze, este meu parecer.
Anónimo(a) de 28 setembro, 2018 11:47
É bem capaz de ter razão. Talvez nos faça falta aos padres uma maior intimidade com Deus. Mas creia que a ideia de Igreja com que sonho e desejo não está a ser muito fácil de concretizar, e isso, às vezes, desalenta!
Tudo = os 4 carimbos na cédula da vida cristã (baptismo, 1.ª comunhão; profissão de fé; crisma - os "4 sacramentos")= passaporte para o céu! Este é o objectivo da Catequese, uma mistura de fé e ...superstição(?). E nós catequistas não estamos isentos de culpa neste "queimar etapas" para chegar ao Crisma que se tem visto ao longo dos anos.
ó 28 setembro, 2018 11:47
Tb não queiras comparar a responsabilidade de uns com os outros.
Aliás, tb me parece que as vocações para freiras têm diminuido ainda mais que para padres. Mas isto sou eu a dizer sem dados!
Há quem diga que sendo os padres essenciais à Igreja, e creio nisso, são, no entanto, no nosso tempo, a pior coisa que a Igreja tem. Porque, salvo honrosas excepções, são tão fraquinhos, tão fraquinhos, como acima dizem, e isso hoje é inconcebível para esta missão. Até se tem ouvido comentários de que o bispo ordenava nem que fosse um burro com calças, tal era a vontade de os ter. Mas com as exigências e possibilidades do séc XXI, ser padre aos vinte e poucos… é o que dá: não fazem o que deviam (oh quanta falta de preparação! oh quanta ostentação! oh quanto pretensiosismo infundado!) e o que fazem, fazem mal (pois).
Sem entrosamento correcto e esclarecido, vivido, na comunidade local (que dizem querer, ah ah ah), nada feito.
Rezar por vocações destas ?!…
Valha-nos o Espírito Santo, que sabe o que faz e às vezes escreve direito por linhas tortas, fazendo orelhas moucas a rogações ritualistas e desfocadas no tempo.
Se calhar, abençoada penúria que, dolorosamente, nos há-de colocar nos eixos da salvação...
Não querendo defender este padre em concreto, mas lembrei um texto que ele escreveu há uns tempos e que me fez pensar no muito que esperamos dos padres! E também lá falava do desalento das freiras!!
https://eupadre.blogspot.com/2018/05/a-sindrome-da-bournot-e-os-padres.html
Ai 28Set201813.51, não podia concordar mais consigo, fico-me pelas honrosas excepções, só para me afastar de generalidades, coisa que sempre me incomodou. Quanto às dificuldades do Sr. Bispo, espero que não se espelhe nessa situação tão particular e, com certeza extraordinária. Só lhe peço confiança, esclarecida, tal como deve ser a fé que nos alumia. De resto, é seguir sempre a direito.
Conf.
Acredito, mas não desespere, não será com esses seus “mea culpa” que a situação de resolverá.
em tudo no mundo está preocupante. Ainda bem que temos o Deus maior em tudo só basta exercitar a fé.
Boa tarde Sr. Padre,
Nas paróquias dos grandes centros ainda existem grupos de jovens que participam nas missas e continuam pela vida fora a prática cristã.
Mas que não está fácil, não está e as igrejas têm cada vez menos fiéis.
Sobre as catequeses, crismas, baptizados, etc. o tudo" é pela tradição e não por convicção.
A Igreja tem neste momento um desafio enorme pela frente para cativar novos fiéis e ser mais desafiante para os jovens quando terminam os catecismos e muitos a abandonam.
Bom domingo.
Ailime
Mas tem padres que são bem ocupados com certas regras da igreja e tem outros que já estão levando pro oito lado para se promoverem publicamente usando a evangelização. Será pecado ? ? ?
É sentida a tua reflexão.
Sinto-a do outro lado, o da comunidade, da catequista e da pessoa que fracassada no seu querer receber apenas do que dá, se entregou por completo e sem reservas ao coração da vida, àquilo que julgava ela, iria aliviar as suas dores.
Nunca tinha construído uma ideia de Deus, achava que isso não era importante, que importante era mesmo dar-se por inteiro e porque assim acreditava.
Tarde percebi que quem se entrega sem reservas acaba por ser o bobo da corte.
Na simplicidade, na ingenuidade do meu acreditar, amava sem subterfúgios, não colhida as flores para não as matar antes alimentava-as, regava-as cuidadosamente por julgá-las frágeis delicadas e belas, muito belas, cada qual com as suas características próprias embelezavam aquele Éden em que eu acreditava.
Tarde percebi que as pessoas são exatamente o que determinam ser e que a maior parte delas determina usar as coisas de Deus, para se justificar perante os homens.
E foi ao perceber isso que eu morri.
ò Paulina, morreste lá agora! E mesmo que morresses para ti, o que é espiritualmente muito profundo, não morrerias nunca para Deus.
Entendo-te, como tu me entendes!
Mas deixa-me lembrar-te que não se devem construir ideias de Deus. Deve-se viver em Deus, amando, pois é a sua forma mais identitária de ser... Os outros não são como gostaríamos. Mas nos podemos ser como gostaríamos. Força aí!
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