quarta-feira, fevereiro 08, 2017

Igrejas a fechar

De entre as milhares de paróquias que existem no mundo, mormente na Europa, existem bastantes que são demasiado pequenas. Quer pela exiguidade dos seus membros, porque uns vão morrendo e não nascem crianças para, pelo menos, os repor, quer pela descida crescente do número de crentes e de praticantes, de gente que se interessa verdadeiramente pela sua paróquia. 
São paróquias que geralmente recusam deslocar-se à paróquia vizinha para fazer um número mais plausível de fiéis. Paróquias que em cada eucaristia têm pouco mais de dez ou vinte pessoas, inclusive nas dominicais. Na minha diocese tem aumentado o número de paróquias deste género. E nós, os seus párocos, vamos aumentando o número de paróquias a nosso cargo, sete, oito, dez, e mais para cada um. Paróquias a morrer. Paróquias que exigem a missa deles, mesmo que já não caibam nas horas do dia tantas missas. Paróquias que merecem Deus e que merecem ser comunidade. Todas as localidades o merecem por si mesmas. Mas não sei se estas questões passam por merecimentos. E também não sei se algumas delas não deveriam ser extintas legalmente. 
O que sei foi o que a senhora Graça, uma das persistentes de uma dessas paróquias a meu cargo, me contou. Dizia que há dias, numa conversa com um senhor lá da terra que não quer saber da paróquia a não ser nos funerais, casamentos e baptizados, ela esboçara o seu descontentamento pela paróquia estar assim, a morrer. E qual foi a resposta, clara, directa, sem meias medidas, quase como se tanto fizesse ou se fosse o destino desejado? Deixe morrer duas ou três beatas que lá andam sempre, e vai ver como a Igreja se fecha.

27 comentários:

Anónimo disse...

Há-de ver a Basílica do Sagrado Coração de Jesus na Póvoa de Varzim, que os jesuítas querem fechar porque não há padres. E é uma igreja enorme, com missas com imensa gente (não tantas como quando eu era pequeno, em que nem havia lugar para sentar), e uma catequese com quase 250 crianças! Uma igreja com sacramento da reconciliação diário, frequentado por pessoas dos concelhos vizinhos. Bem queria fazer alguma coisa para impedir que esta igreja feche! Vai fazer muita falta!

JS disse...

Igrejas a fechar mas também igrejas a abrir (ainda ainteontem via no JN uma reportagem sobre uma acabada de inaugurar no Norte do país).

As comunidades são, afinal, como as pessoas: nascem, crescem, envelhecem, morrem. É algo de muito natural; o que não significa que não seja vivido como drama.

A questão é que fechar uma igreja é como desligar uma máquina de suporte de vida (tal com encerrar uma escola, ou transferir um centro de saúde...). Estará a comunidade já morta, ou será o dito acto aquilo que vai provocar a morte definitiva? Estaremos a eutanasiar comunidades?

Por outro lado, até onde poderemos ir na exigência de que um padre (ou um médico, ou um professor...) se desmultiplique na assistência a múltiplas comunidades? Correndo de umas para outras, celebrando a contra-relógio, tratando de dar a mesma atenção aos vinte velhinhos duma que às 500 crianças doutra? Até onde se poderá esticar a disponibilidade do padre, antes que lhe dê o badagaio? Será justo trocar funerais de comunidades por funerais de padres?

Confessionário disse...

JS, a questão não fica por aí, pois na verdade uma paróquia não deve existir só porque legalmente assim está constituída. Ela deve ser uma comunidade paroquial... e se não o é, como proceder então?

JS disse...

Confessionário, primeiro é preciso ver o que é que entendes por comunidade paroquial...

Confessionário disse...

Caro amigo JS, a meu ver não há paróquia autêntica sem comunidade paroquial, isto é, sem ser comunidade! Mas claro que há paróquias que tb se justificam existir mesmo sem ser comunidade... mas pelo menos que hajam alguns pontos de comunidade!

Anónimo disse...

Para mim comunidade é uma agregação em torno de algo ou de alguém. Pelo menos eu vejo-a assim.
Assim sendo uma paróquia é, ou deveria ser, um grupo de pessoas que se agregam em torno de Deus.
E sendo Deus a maior das razões que deve unir uma comunidade cristã, deve-Lhe ser dado o 1º lugar , custe o que custar.
Não consigo, por isso, entender o que se passa por exemplo na minha paróquia.
O Padre já não é novo e em conjunto com ele, um grupo de leigos, decidiu que num dos domingos do mês só ouve-se uma única missa em toda a paróquia (sendo a mesma celebrada na Igreja matriz) , também para unir a comunidade toda no mesmo espaço.
Resultado: só la vão os da terra onde a igreja está implantada, os das outras aldeias preferem passar o domingo sem a eucaristia ,porque nem pensar em andar 2 ou 3 km para ir á missa a terra estranha e com pessoas de quem ,dizem, não gostam nada .
Mais grave ainda é o facto de que os maiores opositores são pessoas que ocupam funções dentro da igreja que ,creio, os deveria levar a dar um exemplo de fraternidade.
E este é só um pequeno exemplo. Deus sabe o que vai por esse mundo...
Maria Ana

JS disse...

Confessionário, continua a não estar bem claro o que entendes por comunidade, ou os critérios que valorizas no sentido de definir se há ou deixou de haver comunidade.

Tomas por referência os pilares mencionados nos Actos?
Tens em linha de conta o factor quantitativo?
Consegues distinguir entre sócios e simpatizantes?

Confessionário disse...

amigo JS
ser comunidade paroquial não passa por números; no que referes nas tuas perguntas, teria mais a ver com os actos e com S. Paulo, o corpo de Cristo; é possível distinguir entre diversas formas de caminhar dentro da comunidade...

o que eu acho que não tem a ver com comunidade paroquial é ser apenas uma terra que tem lá Igreja e que não quer perder direitos de ter missa todos os domingos porque sempre assim foi, mas que pouco fazem para viver como comunidade cristã, e, provavelmente, como comunidade social, que pouco se interessam uns com mos outros e muito menos com a vida da paróquia ou inclusive Deus...

é mais ou menos isto, JS, embora não se restrinja a isto

Anónimo disse...

Segundo a opinião do dito senhor (e de muita gente!), a Igreja é uma espécie de clube para beatas...Engraçado, porque esta opinião é a de quem se coloca de fora e quer ficar de fora para poder criticar à vontade...
Nesta perspectiva, considero-me uma beatinha. Estou com os poucos que, na minha paróquia, querem continuar a ser comunidade mesmo quando são alvos de críticas e rótulos. Compreendo bem como, por vezes, é difícil ao nosso pároco "acudir" a todos os "fogos" sem que lhe dê "um badagaio" como alguém já disse. Muitas celebrações têm pouco mais que dez ou vinte pessoas e por vezes, nem isso. Não desespero. Acredito que a vivência da fé não se mede pelo número de fiéis que enchem os bancos das igrejas (embora gostasse que fossemos mais!). Entristece-me profundamente cada funeral na minha paróquia. Quando somos poucos, nota-se mais o vazio que fica naquele lugar que quase sempre era ocupado por aquela pessoa. É como um coração que deixa de bater, sente-se a morte sempre mais perto...
Gostava que a minha pequena comunidade continuasse a ser paróquia não por orgulho ou vaidade mas porque naqueles momentos em que estamos juntos, partilhamos uma identidade comum. Vivemos, quase todos, os mesmos problemas de solidão e isolamento. Conhece-mo-nos desde sempre.Fomos quase todos baptizados na mesma pia baptismal e antes de nós, os nossos pais e avós, que também foram Igreja no mesmo lugar... Custa ser o último elo da cadeia. Custa deixar morrer uma paróquia que tantos se esforçaram por edificar...

JS disse...

Maria Ana
Para te ajudar a entender um pouco as resistências:

Imagina que pertences a uma família daquelas para quem o almoço de domingo é momento especial: comida e bebida melhorada, refeição sem pressas, os da casa é suposto não faltarem, quem já vive fora faz um esforço valente para se juntar à família nesse momento. Imagina que este ritual se repete durante quarenta, cinquenta ou setenta anos(!) naquela casa. E imagina-te a anunciar àquela gente: "A partir de agora, o almoço de domingo passa a ser em casa do vizinho, e com os que lá estiverem".

É bem difícil, para quem criou um hábito arreigado, para quem se acostumou longamente a uma rotina da sua manhã de domingo, para quem associa indelevelmente a sua fé à sua igreja, àquela casa que viu a muitos nascer, crescer, casar-se, trazer os filhos e os netos, despedir-se de familiares e amigos, viver dias de festa e também momentos comuns, é bem difícil para essa pessoa abrir mão da familiaridade e segurança do seu "cantinho" e aceitar de coração aberto acolher-se a uma casa estranha, que nos meios pequenos é frequentemente olhada com uma (sã) rivalidade, e que obrigará à mudança das rotinas que davam tanto conforto.

Não significa isto que o processo possa ser parado. A realidade da situação impõe as decisões. Mas fará falta passar uma ou duas gerações até que aquela igreja vizinha passe a ser a "minha igreja" para os que residem nas aldeias circundantes. É um trabalho a longo prazo que implica paciência e perseverança, e o aceitar do inevitável período de luto para uma parte significativa dos atingidos pela mudança.

JS disse...

Confessionário

Pelo que dizes no segundo parágrafo ("o que eu acho que..."), temo que acabássemos por ter de fechar 90% das nossas comunidades...

De modo que permanece a questão: estarão mesmo mortas, ou fará falta soprar no borralho? Lança-se o machado à raiz da árvore ou haverá lugar para mais uma oportunidade? É um discernimento extremamente complicado e muito subjectivo.

Por isso mesmo, pode ser sensato recorrer a um critério quantitativo, mesmo que porventura dê azo a injustiças. Foi o que se usou para fechar escolas: as que têm menos de 20 alunos são consideradas inviáveis. E na minha zona também foi definido critério semelhante: assembleias dominicais com menos de trinta pessoas são para ser extintas.

Confessionário disse...

Entendo-te, amigo JS
Não é fácil. Creio que os requisitos para a extinção legal de uma paróquia têm de ser bem reflectidos, e exige-se um longo e cuidado processo de clarificação. Não sei se aqui para os meus lados seremos capazes de dar esse passo. E já, agora, deixa-me dizer-te que o critério das 30 pessoas acabaria com algumas das minhas paróquias, umas três pelo menos. E como as minhas, mais umas centenas delas em todo o pais.

JS disse...

Ok, eu sei que as questões canónicas de extinção/fusão de paróquias são assunto altamente problemático, ainda para mais num país como o nosso, em que já havia paróquias 500 anos antes de sermos país.
Mas pode-se perfeitamente fazer caminho numa perspectiva pastoral, aceitando o desconforto de uma ligeira esquizofrenia.
Já em muitos sítios vão nascendo as chamadas "unidades pastorais" ou "comunidades inter-paroquiais" que, sem mexer na nomenclatura legal, passam efectivamente a congregar num mesmo núcleo várias comunidades anteriormente autónomas. A igreja central passa a ser a igreja-matriz; as restantes igrejas são consideradas igrejas menores, equiparáveis a capelas. O cartório passa a estar integrado (mesmo que se tenha ainda de funcionar com diversos registos paroquiais). As festas de catequese passam a ser celebradas em conjunto. Etc.
Mais uma vez, podemos por os olhos na reforma do Estado e no êxito da criação das Uniões de freguesias, que acabaram por gerar muito menos contestação do que à partida se temia.

Anónimo disse...

1-ordenar homens casados (julguei q a ordenação de diáconos era o primeiro passo)
2-remeter aos padres o múnus próprio da consagração e confissão
3-entregar as outras tarefas aos leigos, com a orientação do padre.

Será que poderia resolver as carências manifestadas ?

Confessionário disse...

JS, esse caminho das Unidades Pastorais é interessante e tem sido mt debatido. Eu gosto da ideia. Mas isso não evita a multiplicação administrativa das muitas paróquias: muitos livros de registos, muitas contas económicas, bem como muitas outras situações em que uma paróquia canonicamente erecta pode complicar as coisas.
Não sei se as Unidades pastorais resolvem a coisa... Tenho dúvidas, e olha que ando a reflectir no assunto

Confessionário disse...

09 fevereiro, 2017 16:42

Creio que o 2º e 3º aos poucos vão acontecer; o 1º talvez não.
Creio, no entanto, que isso só não basta!

Anónimo disse...

Mas não era assim que funcionava a Igreja nascente? E bem...

Gui disse...

Boas tardes!
È esta desertificação e cada vez menor número de pessoas que me entristece. Ter "grupos" de catequese com dois ou três. Estes miúdos até podem ter tudo de nós mas vai-lhe faltar as vivÊncias do grupo e da comunidade.Mas tentar explicar aos pais que até seria interessante, pelo menos as festas da catequese serem juntas com outros pequenos grupos de outras freguesias do conselho. já para não falar das pessoas de maior idade que não conseguem aceitar uma gradativa diminuição do número de celebrações (bem, pelo menos ao domingo, lá anda pela centena, pouco mais ou menos) mas de semana por vezes tenho dedos das mãos para contar as pessoas presentes. E a culpa é do padre ou por afininade de quem o ajuda com as coisas da paróquia pois "no meu tempo, eu fazia...." mas até eu me ponho a pensar como é que comecei a dar catequese à uns vinte anos e tinha vinte e tantos garotos, com uma tábua e um catecismo ao colo e agora tenho dois que até vai dando para lhe dar catequese na sacristia que sempre é mais acolhedora que a sala que antes era exígua.

Gui disse...

Algumas paróquias terão mesmo que fechar por falta de pessoas mas essa solução também me assusta com a população envelhecida como está. Por estas aldeias são muitos que não tendo carro e transportes públicos, nem de semana, ou vão a pé ou se vão resignando a ficar em casa.
Ao aumentar a distância a uma igreja aumentam ainda mais as dificuldades destas pessoas, pois não é raro haver pessoas a fazer vários quilómetros a pé para irem À missa, ao médico...

Anónimo disse...

Tenho gostado de assistir a esta pequena discussão. Pergunto-me, no entanto, se uma Diocese pode fechar paróquias ou acabar com elas?! Não sei muito do assunto

JS disse...

Para o anónimo 10.02, 09:47

Para um cristão católico, a comunidade de referência oficial é a comunidade diocesana, a Diocese, que abrange um determinado território, está sob a responsabilidade de um bispo e tem como igreja-mãe a sé catedral.
As paróquias são sub-unidades, porções desta Igreja local que é a diocese, que estão confiadas a sacerdotes enquanto cooperadores do bispo e sob sua autoridade.
Compete, pois, ao bispo diocesano, apoiado nos seus conselhos consultivos, e depois de seguida uma série de procedimentos previstos, criar ou extinguir paróquias, para maior bem do povo de Deus.

Duas notas:
- escrevi acima "oficial" porque na prática não é dessa forma que uma parte significativa dos católicos olha a organização da igreja. Para muitos, a sua comunidade de referência é a paróquia, que é vista como uma mini-diocese, sendo o pároco equiparado ao bispo; a diocese é olhada como um Vaticano e o bispo equivale à figura do Papa.
- escrevi acima "criar e extinguir", mas talvez fosse mais adequado referir apenas a criação de paróquias, de duas formas: por cisão ou por fusão. Porque, no nosso país, por exemplo, todo o território está há muito repartido em paróquias; de modo que o nascimento de uma nova paróquia acontece ou por separação de uma paróquia anterior, ou pela agregração de paróquias anteriores. Ou seja: o fechar ou acabar com uma paróquia tem sempre correspondência com o ser integrado numa outra comunidade, que renasce como nova paróquia.

Também as dioceses podem ser criadas ou extintas. No Norte temos, por exemplo, a de Viana do Castelo que é uma das mais recentes (tem cerca de 40 anos); ou a de Miranda do Douro, que foi fundida com a de Bragança (há 200 anos e pico).

Anónimo disse...

Se acaso fechasse a Igreja das quatro paredes, não poderíamos ser mais fiéis nós, a Igreja vivente?!

Servir com Alegria disse...

Temos que ser Luz que ilumina e não candelabros sem Luz. Deixem os leigos trabalhar, o presbítero tenha funções mais de acolhimento e recepção de tantas almas perdidas que andam em psicólogos e se tivessem a ajuda espiritual andariam melhor. A Igreja somos todos, templos de Deus, que temos que ir ao encontro de tanta alma desesperada, e que não encontra em nós Crentes e Templos Vivos a Luz de Cristo e os afastamos.Essa é a realidade que temos, acolher famílias que estão a viver momentos diferentes, filhos que existem de varias famílias, porque os tempos estão muito difíceis, com o núcleo familiar desunido e isso vem tudo atrás, menos crianças baptizadas menos crianças nas catequeses, nas missas, bem um grande de numero de pessoas afastadas, porque nós Igreja os afastamos com tanta imposição, com tanta regra, bem Jesus se volta-se o que fazia???
Sejamos Amor e Carinho, Mansos e Humilde Coração.

Anónimo disse...

Jesus veio ao mundo para que o ser humano entendesse o que é ser livre, Ele jamais daria certas obstinações para que nos o recuse os seus mandamento. Ele jamais iria e vai excluir ninguém. Por isso Nesse Homem só existe AMOR.

JS disse...

Para o anónimo 11.02, 16:25

Estarás a advogar uma Igreja itinerante, à imagem do seu Mestre, que não tinha onde reclinar a cabeça? É uma proposta radical, um testemunho tremendo, um sinal reformador através da História.

Mas será sempre para poucos. A maioria precisa da mediação de um espaço, de quatro paredes que congregam e protegem, que são sinal de presença no seio da aldeia ou da cidade, que convidam à entrada, contemplação e celebração, que permanecem e atravessam gerações.

Também foi essa a experiência do povo bíblico: do nomadismo no deserto com a sua Arca da Aliança transportada em ombros e recolhida numa tenda, à permanência numa terra prometida onde se edificará uma casa para Deus, o Templo de Jerusalém, centro do culto hebraico.

Confessionário disse...

JS, aproveito para deitar mais umas achas à fogueira da reflexão.
E não poderá ser esse o destino da Igreja quando hoje a globalização nos faz viver numa "casa comum", quando o mundo se transformou num só espaço, com as migrações recorrentes, com o movimento constante, com o multiculturalismo, com as paróquias da cidade a acolher cristãos das periferias porque os horários são mais agradáveis ou ajustados?
EU creio que precisamos de um poiso... mas não sei se o futuro não nos demonstrará o contrário!

JS disse...

Confessionário, esse mundo de que falas encontra-se já em convulsão. Os muros estão de regresso, ouve-se um leve rufo dos tambores de guerra no mundo dito civilizado. Não vai ser nossa escolha ficar sem poiso. Voltaremos a pendurar as nossas harpas nos salgueiros...